Setor de cafés especiais deve ter oferta apertada depois de seca severa no Brasil em 2020, avalia BSCA

A safra 2021 de café arábica naturalmente já é de ciclo baixo para o Brasil. Após uma produção que chama atenção tanto pelo tamanho, como pela qualidade, o ano de bienalidade baixa e a falta de chuvas, ainda levantam incertezas no mercado.
Para o café tradicional, importantes especialistas da cafeicultura brasileira falam, desde o ano passado, em pelo menos 25% de quebra para este ano. Mas e para o café especial, qual será o tamanho do impacto da seca na produção?
Guilherme Salgado Rezende, presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), confirma que a tendência é de uma diminuição na oferta do café especial, consequência de uma florada desigual, altas temperaturas e falta de chuva durante o desenvolvimento da planta.
"A florada aconteceu de forma muito desigual e com uma quebra de safra tão significativa, com certeza teremos um cenário de "aperto" na oferta", afirma. Assim como demais especialistas, o presidente reforçou que apenas a partir de fevereiro será possível entender melhor os impactos da seca no Brasil.
Mais um fator preocupante para a produção deste ano, é que o retorno tardio das chuvas também resultou em um atraso nos tratos culturais. Além do presidente, o produtor de café especial Fernando Barbosa afirmou em entrevista ao Notícias Agrícolas, que a adubação do café está atrasada em toda região de São Pedro da União/MG. Fernando destaca que a adubação, que dentro da normalidade estaria na terceira aplicação, ainda está na segunda.
Um cenário de oferta mais apertado deve chamar atenção do mercado nos próximos meses, quando operadores começarem a levar em consideração que apesar da safra brasileira, no ano passado, ter sido uma das maiores, no caso do café especial, o consumo da bebida tem tempo estimado para que a qualidade não seja perdida com o tempo. "Esse tipo de café tem que ser consumido muito rápido porque a pontuação começa a ser perdida. O cenário de aperto pode se estender até o primeiro semestre de 2022", finaliza Guilherme.
É importante ressaltar que operadores ainda tentam decifrar os impactos de problemas climáticos enfrentados também por produtores da América Central. Em 2020, a região cafeeira registrou dois intensos furacões, o que também pode agravar as condições de oferta limitada para esse tipo de café.
Além disso, o Brasil vem buscando ampliar a entrega de cafés certificados na Bolsa, mas Honduras ainda corresponde a grande parcela do estoque, levando em consideração que o café monitorado também precisa atender uma série de exigências da ICE, tornando-se assim diferenciado no mercado.
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