Café: produção nas alturas, preços mais altos e reflexo atinge bolso dos brasileiros
O café, um dos carros-chefes do agronegócio brasileiro, vive um período de alta valorização que afeta toda a cadeia, do produtor ao consumidor final. Segundo o IPCA divulgado no mês de junho, o café moído acumulou alta de 82,24% nos últimos 12 meses e subiu 4,59% apenas em maio.
No campo, Minas Gerais, maior produtor nacional enfrenta desafios. A produção mineira de 2024 foi de 28,1 milhões de sacas, queda de 3,1% em relação ao ano anterior. Para 2025, a projeção da Conab é de 24,8 milhões de sacas, retração de 11,6%, reflexo da bienalidade da cultura e das condições climáticas adversas.
Esse cenário afeta principalmente os pequenos produtores, que têm menos acesso a crédito e tecnologia para mitigar os custos crescentes de insumos e mão de obra. Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, empresa 100% brasileira e uma das maiores do país em fabricação de fertilizantes alerta: “O pequeno produtor é quem mais sente o peso da alta dos custos e da queda de safra, pois depende do fluxo de caixa da colheita para investir na próxima safra. A alta do café reflete um equilíbrio delicado entre oferta e demanda, além das pressões logísticas e cambiais. Uma safra cheia pode ajudar, mas não resolve tudo de imediato.”
No Brasil, a safra nacional de 2025 deve crescer 2,7%, chegando a 55,7 milhões de sacas, segundo a Cona. O país permanece como líder mundial, responsável por 38% da produção global de café, de acordo com o USDA. Vietnã, Colômbia, Indonésia e Etiópia completam o ranking dos maiores produtores.
No varejo, o preço do quilo do café torrado e moído subiu de R$ 31,77 (maio/2024) para R$ 69,29 (maio/2025), conforme dados da Abic e do IBGE. Esse impacto também chega às padarias: em São Paulo, o Procon-SP registrou valores que variam de R$ 4,80 (região central) a R$ 8,58 (região oeste), com média em torno de R$ 6,60 por xícara de café coado.
Em Belo Horizonte, levantamento recente indicou preços de R$ 5,90 para o café coado simples até R$ 15,90 para os cafés especiais, ambos com altas em relação ao ano anterior.
Fernando Lamounier, especialista em comportamento de consumo, destaca o impacto no dia a dia: “Tomar café fora de casa é um hábito cultural para muitos brasileiros, mas com o preço em alta, o cafezinho pesa no bolso e acaba competindo com outras despesas essenciais. Normalmente, o brasileiro toma em média de 3 a 4 xícaras de café por dia, totalizando cerca de 90 xícaras por mês. Considerando o valor médio de R$ 4,80 por xícara, isso representa um gasto mensal de R$ 432,00. É para cortar definitivamente o cafezinho? Não necessariamente. Mas é preciso estar ciente desses novos valores para não ter surpresa no final do mês”, explica.
Enquanto isso, o consumidor segue arcando com o custo elevado, seja no supermercado ou na padaria. Para especialistas, planejar o consumo e acompanhar o mercado são as melhores estratégias para lidar com o atual momento.
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