Pecuária brasileira sofre com os altos custos da alimentação

Publicado em 24/08/2011 08:53
Enquanto o preço dos frangos e suínos segue pouco valorizado no mercado brasileiro, o custo da ração está 34% e 27% mais alto, respectivamente - São Paulo

Com a alta nos preços das commodities agrícolas no mercado internacional, o custo de produção da pecuária brasileira registrou altas consideráveis nesse primeiro semestre do ano. De julho do ano passado até o mesmo mês deste ano, a ração de frango aumentou 34%, e dos suínos 27%. Para os bovinos o cenário não é tão assustador, já que a alimentação não subiu tanto quanto os preços de venda dos ruminantes. O uso de arroz e sorgo na alimentação dos animais pode ser uma saída momentânea para minimizar os custos de produção.

Com a estimativa de que a demanda por ração animal cresça 5% esse ano, passando de 63 milhões de toneladas no ano passado, para 64 milhões de toneladas esse ano, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), prevê um ano difícil para os pecuaristas do País.

Segundo o vice-presidente da entidade, Ariovaldo Zani, com a valorização das carnes no ano passado, puxadas pela alta dos bovinos, os criadores brasileiros, principalmente de gado de corte tiveram a chance de se capitalizar, já que os preços do milho e do farelo de soja estavam mais baratos que hoje. "No ano passado o produtor de boi teve a obrigação de se capitalizar, porque a arroba atingiu uma valorização histórica e estratosférica, em boa parte do ano principalmente no primeiro semestre foi muito positivo para a produção pecuária, porque o custo dos principais ingredientes para alimentação estava mais barato", contou Zani ao DCI.

Nesse primeiro semestre a história se inverteu e os preços das carnes começaram a recuar, enquanto o valor do milho e do farelo de soja subiu. Zani destacou que apesar da carne bovina não estar em um patamar tão baixo, isso não segurou a queda nos valores de aves e suínos. O preço do frango vivo que até março estava 29% mais alto que julho do ano passado, fechou julho deste ano com uma valorização de apenas 13 pontos percentuais. "Nesse ano o primeiro trimestre foi terrível, as commodities agrícolas tiveram uma grande valorização, e os preços das carnes não estavam tão altos. A carne bovina ainda estava em um patamar bastante elevado, mas o frango e o suíno tiveram preços mais baixos. A avicultura até que teve um desempenho menos pior. De julho a julho deste ano o preço da ração para as aves se elevou 34%", contou o vice presidente.

Já para os suínos o cenário foi mais desesperador, lembrou Zani. Apesar da ração suína ter subido menos que a de frango, o animal vivo fechou o período com uma desvalorização de quase 60%. Já o custo da ração está 27% mais alto do que em julho do ano passado. "A suinocultura sofreu e sofre um problema de custos dramático, e teve um desempenho medíocre nesse primeiro semestre de 2011. Isso deve limitar a oferta para o próximo ano".

Uma alternativa para o combate aos altos custos da alimentação animal podem ser resolvidos momentaneamente pelo arroz e o sorgo. Para o vice-presidente do Sindirações, historicamente o sorgo já era bastante usado na produção de animais, principalmente em períodos de dificuldades para as tradicionais rações, dado que os preços do produto acompanham as cotações do milho. "Os preços do produto normalmente acompanham as cotações do milho, entretanto existe um teto para essas altas, senão ele se torna desinteressante para substituir o milho, por exemplo".

No caso do arroz, Zani afirma que essa foi uma oportunidade conjuntural, ou seja, essa valorização expressiva do milho, por conta de uma série de fatores externos, como a produção de etanol americano, o apetite voraz da China que cada vez compra mais, as perspectivas futuras de falta de alimentos, e o clima, geraram essa necessidade. "Todos esses fatores levam a uma super valorização do milho. No Rio Grande do Sul, que é um grande produtor de arroz, suínos e frangos, essa é uma alternativa para tentar desfrutar dessa oportunidade momentânea facilitando a aquisição de arroz para alimentação dos animais, aliviando o custo do produtor. E isso faz parte do jogo. É claro que o produtor não leva em consideração somente o custo mais barato, mas qual a produtividade que isso trará", finalizou.

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Fonte:
Gazeta do Sul

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