Variações apontadas para os principais estados exportadores de frango estão distorcidas

Publicado em 10/07/2020 08:47

Analistas mais atentos com certeza devem ter observado que embora as exportações brasileiras de carne de frango venham se mantendo em relativa estabilidade comparativamente a 2019 - no primeiro semestre o volume total exportado aumentou pouco mais de 1% - vários dos principais estados exportadores registram altos índices de variação em relação aos seis primeiros meses do ano passado.

Exemplificando, as exportações de Santa Catarina foram quase um terço menores (redução de 32,2%), enquanto aumentaram 50% no Rio Grande do Sul, 90% em Goiás e surpreendentes 248% em Mato Grosso. Isto, sem contar os incrementos de 17% em Minas Gerais, de 21% em São Paulo e de 36% em Mato Grosso do Sul. No entanto, considerado o total exportado por esses sete estados constata-se que a variação em relação a 2019 não chega a dois milésimos (0,19% a mais que no ano passado).

Isso teria alguma lógica se tivesse ocorrido no semestre forte migração nas exportações de um estado para outro em decorrência, por exemplo, da interrupção dos abates nos abates em estabelecimentos exportadores (como ocorre neste instante em decorrência de casos da Covid-19) ou – outro exemplo – da desabilitação de abatedouros por parte de importadores.

Nestes casos, porém, as grandes diferenças estão sendo registradas desde, praticamente, o início do ano, antes mesmo da manifestação da pandemia. E ocorrências como a interrupção dos abates têm sido, além de recentes, mínimas. Como explicar, então, o que aparenta ser apenas uma discrepância de caráter estatísticos?

Em busca de uma resposta, o AviSite levantou, desde 2015, a participação dos 8 (oito) principais estados exportadores nas exportações totais de carne de frango. Sintetizados na tabela abaixo, os dados relativos ao quadriênio 2015/2018 são anuais, enquanto os de 2019 e 2020 são semestrais (o que não faz maior diferença em comparação ao dado anual, pois no decorrer de cada exercício as participações permanecem praticamente as mesmas, com pequenas variações).

E qual foi o objetivo do levantamento? Verificar se, no período analisado, a participação de algum desses estados fugiu à curva normal. A resposta: sim, em 2019.

Veja-se o caso de Santa Catarina: entre 2015 e 2017 sua participação esteve na faixa dos 23%; subiu para 29% em 2018 e chegou a quase 36% em 2019; agora cai para 24%. Já o Rio Grande do Sul, na faixa dos 17% entre 2015 e 2017, caiu para 12% em 2018 e, novamente, para menos de 11% em 2019. Agora, quase que retorna à faixa inicial.

Em resumo, comparativamente à média dos quatro anos anteriores, em 2019 a participação de Santa Catarina aumentou 45%, enquanto a do Rio Grande do Sul recuou 33%.Já neste ano e frente à mesma base de comparação, Santa Catarina e Rio Grande do Sul registram recuos, mas em índices bem mais aceitáveis (-2,95% e -0,25%) - o que sugere terem voltado ao padrão.

Claro, há estados que, ainda em 2020, continuam apresentando índices de queda elevados, casos, sobretudo, de São Paulo e Minas Gerais. Mas são estados que, no decorrer do tempo, já vinham perdendo participação nas exportações. Por outro lado, ressalta o crescimento contínuo de participação do Paraná.

Ainda que aponte as distorções existentes, o presente demonstrativo não oferece resposta à questão básica: qual é o real aumento (ou diminuição) de 2019 para 2020? Ainda que não ofereça uma resposta precisa, talvez o mais adequado seja comparar a participação de 2020 com a média do quadriênio 2015/2018 (na tabela abaixo, última coluna à direita).

Neste caso, o volume exportado por Santa Catarina em 2020 recuou menos de 3% (e não 32%), enquanto o do Rio Grande do Sul, em vez de aumentar 50%, manteve-se estável, com recuo de apenas 0,25%.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
AviSite

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário