Trigo abaixo do preço de custo
Maior produtor nacional, com 52% da colheita, o Paraná não recebe do mercado estímulo para ampliar o cultivo, apesar de o país precisar importar metade das 10,5 milhões de toneladas que consome. A influência da produção paranaense nos preços tem sido reduzida, a ponto de a comercialização ficar travada na hora da colheita, quando os moinhos se dizem abastecidos e o produtor prefere armazenar o cereal a vender pelo preço médio.
O cenário de preço abaixo do custo, neste ano, é atribuído ao aumento da oferta mundial do produto. A tendência, segundo especialistas, é que essa pressão prevaleça até a colheita.
“A quebra do Paraná deve passar quase despercebida pelo mercado, porque a maior influência dos preços vem de fora. Como a produção global está crescendo, acredito que o preço mínimo estipulado pelo governo deverá ser um bom valor de venda”, avalia Élcio Bento, analista da Safras e Mercado, de Porto Alegre (RS). Ele considera que a colheita de 5,4 milhões de toneladas de trigo esperada para esta temporada não mudará a situação no país. “A vocação do Brasil é importar trigo”, sentencia.
A previsão de produção do país de 5,4 milhões de toneladas tende a ser revisada para baixo, pelas perdas registradas no Paraná. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já admite redução de 400 mil toneladas e divulgará novo levantamento nos próximos dias. O Rio Grande do Sul, segundo maior produtor, com 37% da safra, deve compensar parte da quebra paranaense. Ampliou o plantio em 7% e pode ter colheita 6% maior, de 2 milhões de toneladas. Nos dois estados líderes em produção, no entanto, ainda podem haver perdas em dois terços das lavouras – que estão em fase de floração e frutificação – pela ocorrência de geada ou chuva em excesso.
O quadro está fazendo com que os agricultores desistam do trigo. Não se trata mais só de amaeça. Depois de uma sequência de prejuízos, José Roberto Mortari, de Londrina (Norte), abandonou o cereal. “Sempre plantei com seguro, mas, mesmo assim, enquanto o custo de produção estiver acima de R$ 30 por saca e o governo pagar preço mínimo equivalente, plantar dá prejuízo. Para garantir rotatividade de culturas na fazenda, Mortari planta milho e aveia no inverno.
Diante das dificuldades vividas pelos agricultores, o agrônomo Robson Mafioletti, assessor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), chama a atenção para a importância do trigo. “Apesar dos custos elevados, o produtor não pode parar de produzir no inverno. Se a produção acabar no Brasil, a dependência externa aumenta e isso pode inviabilizar os moinhos.”
Ele argumenta que o trigo brasileiro tem qualidade. Mesmo assim, somente produtividades de 3 mil quilos por hectare estariam sustentando a triticultura. A marca média do Paraná ano passado foi de 2,95 mil quilos por hectare, mas tende a cair a 2,58 mil nesta safra. Neste sentindo, ainda há um longo caminho pela frente. Em países líderes em produtividade, como a França, o clima garante mais de 10 toneladas por hectare.
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