Arroz: Agosto mantém alta nos preços, mas a segunda quinzena começa devagar
Nesta terça-feira (16/8), porém, o indicador apresentou um “soluço”, ou seja, uma queda inesperada e pontual, que reduziu o preço médio para R$ 23,72, ou 14,92 dólares por saca, e o acumulado baixou para 3,63%. Apesar da trajetória de alta mantida ao longo do mês, há quem leia esta oscilação como um reflexo natural de um mercado sustentado artificialmente, que abre a possibilidade de importações em preços competitivos.
Há, na fronteira do Brasil com a Argentina, oferta de arroz com equivalência abaixo de R$ 23,00 a saca. E o mercado de beneficiado do Mercosul ficou mais atraente para o mercado do Sudeste e do Nordeste brasileiro nos últimos 30 dias, apesar do varejo resistir ao reajuste das tabelas das indústrias, e forçar ao máximo uma distensão dos valores do fardo beneficiado.
Apesar de uma elevação registrada nos valores máximos das negociações entre indústria e varejo, o piso destas transações (R$ 38,00 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina) se mantém inalterado, e com muitas concessões. Ou seja, há cargas cuja média de preço do fardo não ultrapassa R$ 36,00, principalmente de pequenas e médias empresas que precisam manter o espaço na gôndola.
Boa parte dos analistas considera que o ingresso com força de arroz beneficiado do Mercosul, deve se confirmar nas próximas semanas, à medida que a diferença entre os preços internos e externos se tornar ainda mais explícita. Agora, estabeleceu-se uma queda-de-braços entre o fôlego do governo federal (= a recursos) e as regras básicas de mercado (oferta e demanda + preços da concorrência).
O governo brasileiro deve publicar até esta quinta-feira uma portaria oficializando os leilões de 500 mil toneladas de arroz dos tipos 2, 3 e 4 para ração animal no Sul do Brasil. É mais uma forma de buscar o escoamento da produção, aproveitando o momento de alto valor do milho no mercado interno e externo. O arroz, porém, não substitui integralmente o milho e só pode ser usado parcialmente, o que não garante demanda dos volumes integrais.
O câmbio, apesar de uma leve elevação do dólar patrocinada pelos esforços governamentais, segue desfavorável à exportação, que só ocorre com a força do PEP e do cenário de preços internacionais.
De qualquer maneira, é notório que a elevação de preços, ainda que artificial e impulsionada por recursos federais, vem perdendo fôlego, frente aos 12,76% de alta acumulada em julho. A retração da oferta dos produtores, começa a ser acompanhada por uma retração do interesse da indústria no arroz gaúcho, a exceção das variedades nobres, que refletem interesse das empresas do Centro do País.
De qualquer maneira, a evolução em agosto somada à de julho, já compensam a perda acumulada entre dezembro e junho, de 14%. O “soluço” do dia está associado, também, à resistência de algumas instituições financeiras em prorrogar integralmente os vencimentos do crédito de custeio e investimentos.
Santa Catarina mostra uma reação mais lenta aos preços, com médias entre R$ 21,50 e R$ 22,50 para os preços da saca de arroz. No Mato Grosso, há estabilidade. Boa parte dos produtores aguarda o posicionamento do mercado gaúcho, esperando uma alta para comercializar o arroz remanescente nos silos. A referência de mercado é a variedade Cambará, com 55% acima de inteiros.
No mercado livre gaúcho os preços ao produtor variam de R$ 23,50 a R$ 24,00, na maioria das regiões. As variedades nobres pagam entre R$ 24,00 e R$ 25,00 em São Borja (60x8) e entre R$ 25,00 e R$ 26,50 no Litoral Norte (64% de inteiros).
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios do arroz e seus derivados em alta na última semana. A saca de arroz de 50 quilos, em casca, valorizou R$ 0,80 e alcançou a média de R$ 23,80, enquanto o saco de 60 quilos de arroz beneficiado - sem ICMS – evoluiu para R$ 46,50. Entre os derivados, a expectativa de leilão de arroz de baixa qualidade para ração animal manteve estável o preço da tonelada de farelo, em R$ 270,00 (FOB). O canjicão valorizou 50 centavos para R$ 32,50 por saca de 60 quilos (FOB/RS). A quirera, também em 60 quilos, evoluiu para R$ 30,50.
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