Arroz: Agosto mantém alta nos preços, mas a segunda quinzena começa devagar

Publicado em 18/08/2011 08:10
Cotações tiveram recuo pontual nesta terça-feira (16/8), depois de 45 dias de alta, pela redução da oferta por parte do produtor que esfriou os negócios.
Sustentadas pelos mecanismos de comercialização do governo brasileiro e os bons resultados das exportações, que começam a enxugar o estoque interno, além da expectativa de escoamento de mais 500 mil toneladas de produto de menor qualidade para uso em ração animal, as cotações do arroz em casca no mercado gaúcho mantiveram a trajetória de alta em agosto. Segundo o Indicador do Arroz Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa , a saca de 50kg (58x10), colocada na indústria, acumulou até a segunda-feira, dia 15/8, 4% de recuperação. Atingiu o patamar de R$ 23,84, o equivalente, na data, a 15 dólares/50kg.

Nesta terça-feira (16/8), porém, o indicador apresentou um “soluço”, ou seja, uma queda inesperada e pontual, que reduziu o preço médio para R$ 23,72, ou 14,92 dólares por saca, e o acumulado baixou para 3,63%. Apesar da trajetória de alta mantida ao longo do mês, há quem leia esta oscilação como um reflexo natural de um mercado sustentado artificialmente, que abre a possibilidade de importações em preços competitivos.

Há, na fronteira do Brasil com a Argentina, oferta de arroz com equivalência abaixo de R$ 23,00 a saca. E o mercado de beneficiado do Mercosul ficou mais atraente para o mercado do Sudeste e do Nordeste brasileiro nos últimos 30 dias, apesar do varejo resistir ao reajuste das tabelas das indústrias, e forçar ao máximo uma distensão dos valores do fardo beneficiado.

Apesar de uma elevação registrada nos valores máximos das negociações entre indústria e varejo, o piso destas transações (R$ 38,00 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina) se mantém inalterado, e com muitas concessões. Ou seja, há cargas cuja média de preço do fardo não ultrapassa R$ 36,00, principalmente de pequenas e médias empresas que precisam manter o espaço na gôndola.

Boa parte dos analistas considera que o ingresso com força de arroz beneficiado do Mercosul, deve se confirmar nas próximas semanas, à medida que a diferença entre os preços internos e externos se tornar ainda mais explícita. Agora, estabeleceu-se uma queda-de-braços entre o fôlego do governo federal (= a recursos) e as regras básicas de mercado (oferta e demanda + preços da concorrência).

O governo brasileiro deve publicar até esta quinta-feira uma portaria oficializando os leilões de 500 mil toneladas de arroz dos tipos 2, 3 e 4 para ração animal no Sul do Brasil. É mais uma forma de buscar o escoamento da produção, aproveitando o momento de alto valor do milho no mercado interno e externo. O arroz, porém, não substitui integralmente o milho e só pode ser usado parcialmente, o que não garante demanda dos volumes integrais.

O câmbio, apesar de uma leve elevação do dólar patrocinada pelos esforços governamentais, segue desfavorável à exportação, que só ocorre com a força do PEP e do cenário de preços internacionais.

De qualquer maneira, é notório que a elevação de preços, ainda que artificial e impulsionada por recursos federais, vem perdendo fôlego, frente aos 12,76% de alta acumulada em julho. A retração da oferta dos produtores, começa a ser acompanhada por uma retração do interesse da indústria no arroz gaúcho, a exceção das variedades nobres, que refletem interesse das empresas do Centro do País.

De qualquer maneira, a evolução em agosto somada à de julho, já compensam a perda acumulada entre dezembro e junho, de 14%. O “soluço” do dia está associado, também, à resistência de algumas instituições financeiras em prorrogar integralmente os vencimentos do crédito de custeio e investimentos.

Santa Catarina mostra uma reação mais lenta aos preços, com médias entre R$ 21,50 e R$ 22,50 para os preços da saca de arroz. No Mato Grosso, há estabilidade. Boa parte dos produtores aguarda o posicionamento do mercado gaúcho, esperando uma alta para comercializar o arroz remanescente nos silos. A referência de mercado é a variedade Cambará, com 55% acima de inteiros.

No mercado livre gaúcho os preços ao produtor variam de R$ 23,50 a R$ 24,00, na maioria das regiões. As variedades nobres pagam entre R$ 24,00 e R$ 25,00 em São Borja (60x8) e entre R$ 25,00 e R$ 26,50 no Litoral Norte (64% de inteiros).
MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios do arroz e seus derivados em alta na última semana. A saca de arroz de 50 quilos, em casca, valorizou R$ 0,80 e alcançou a média de R$ 23,80, enquanto o saco de 60 quilos de arroz beneficiado - sem ICMS – evoluiu para R$ 46,50. Entre os derivados, a expectativa de leilão de arroz de baixa qualidade para ração animal manteve estável o preço da tonelada de farelo, em R$ 270,00 (FOB). O canjicão valorizou 50 centavos para R$ 32,50 por saca de 60 quilos (FOB/RS). A quirera, também em 60 quilos, evoluiu para R$ 30,50.

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Fonte:
Planeta Arroz

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