Milho: além dos riscos que vêm com o cultivo da safra, preço do grão comercializado é correlacionado a uma variedade de commodities

Publicado em 27/04/2023 11:15
São muitas as variáveis que podem influenciar nos preços e gerar ganhos, mas também prejuízos, de acordo com análises da hEDGEpoint

O milho é, hoje, um dos grãos mais produzidos no mundo. Apesar de a América ser a sua origem, hoje ele é cultivado em regiões espalhadas globalmente. “Foi na América do Norte, mais especificamente no México, que ele foi encontrado, há pelo menos 7 mil anos. Depois, espalhou-se pelo continente inteiro, até que foi levado para a Europa, servindo de alimento para a população mais pobre”, observa o analista de Grãos e Proteína Animal da hEDGEpoint, Pedro Schicchi. 

“No Brasil, quando os portugueses chegaram, o milho já era cultivado e consumido pelos povos indígenas. Então não se tem certeza de quanto tempo faz que ele está presente em terras brasileiras”, acrescenta. 

Se em tempos passados o milho era cultivado basicamente para a alimentação humana, hoje, além de ainda ter muita relevância na culinária, também é matéria-prima para outros produtos, como alimentos e bebidas (a pipoca e a cerveja, por exemplo), mas também em outras indústrias, como na ração animal, farmacêutica e biocombustíveis.

A produção anual do grão nos últimos anos é de mais de 1,2 bilhão de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). E a expectativa é que se mantenha acima de 1,1 bilhão na safra 2022/2023 também. Com tanta oferta, o mercado também tem diversas características próprias, indica a hEDGEpoint.

“O milho é um ingrediente comum, e até tradicional ou típico, em muitos pratos e áreas da gastronomia”, diz Schicchi. Segundo ele, o consumo humano desse grão é pequeno se comparado aos números da produção global.

“Atualmente, o principal produto gerado a partir do milho é a ração, principalmente para suínos, na China, além do etanol”, sinaliza o especialista. No ranking dos países que mais produzem o cereal estão, nesta ordem, Estados Unidos, China, Brasil e Argentina.

A China consome praticamente todo o milho que produz, devido ao gigantesco rebanho suíno do país. “Existe, lá, uma política de produzir internamente 95% de todo o milho que é usado. Ainda assim, eles precisam importar para dar conta de toda a demanda”, acrescenta Schicchi.

Já nos Estados Unidos e Brasil, há consumo interno, mas também altos índices de exportação. Nos EUA e Brasil, o consumo interno também é alto, mas as exportações são parte integral da demanda. No mercado de ração, frangos, suínos e bovinos são os maiores consumidores de milho nos Estados Unidos. No Brasil, o gado bovino representa uma parcela menor, já que aqui ele é alimentado majoritariamente de pasto.

Sendo assim, em termos de exportação, os Estados Unidos lideram, seguidos de Brasil e Argentina. O próximo país desse ranking seria a Ucrânia, que nos últimos anos teve sua participação prejudicada pela guerra. A região é muito favorecida pela posição geográfica, que facilita e torna mais barata a importação da Europa e da Ásia.

O mercado de etanol também demanda milho como matéria-prima, apesar de no Brasil não ser tão comum quanto a fabricação a partir da cana. Assim como no mercado de açúcar, existe o dilema: destinar o milho para a alimentação ou para o combustível? Essa decisão acaba acontecendo através dos preços que, seguindo a oferta e demanda, ditam quais dessas indústrias poderão oferecer uma melhor proposta de compra, sem prejudicar suas margens.

Produção de milho

O milho é produzido e consumido em muitos locais do mundo – diferente de commodities, como a soja por exemplo, que tem sua produção e consumo concentrada em um número menor de países. Mas, é claro, ainda assim existem os grandes players, que produzem e exportam em maior quantidade. É o caso dos Estados Unidos e do Brasil.

O Brasil tem uma peculiaridade na produção, pois tem duas safras do cereal, conforme destaca Thais Italiani, gerente de Inteligência de Mercado. Muitos produtores plantam soja no verão e utilizam a mesma área para plantar milho no inverno como forma de rotação de 

cultura. Assim, após a colheita da soja – entre final de janeiro e início de março – a terra recebe o plantio de milho. Em meados de julho ele já começa a ser colhido. “É importante mencionar que nos últimos anos, esta segunda safra do milho cresceu expressivamente, dando importante posicionamento para o Brasil no cenário global”, afirma a especialista.

Já nos Estados Unidos, o milho é plantado entre abril e maio e será colhido a partir de setembro, até novembro.  “Os EUA plantam sua safra em abril, junto com a safrinha do Brasil e coincidindo com o período de enchimento de grãos do milho argentino.  A safra dos EUA emergirá no período de colheita do milho brasileiro/argentino. A safra americana acontece pouco antes do plantio na Argentina.  Cada um desses períodos oferece sua própria oportunidade de gerenciar riscos do ponto de vista da produção”, informa John Payne, relationship manager na hEDGEpoint.

“Além dos riscos que vêm com o cultivo da safra, o preço do milho comercializado é correlacionado a uma variedade de commodities”, alerta Payne. Confira a relação:

  1. Açúcar/óleo cru/gasolina – dado o componente etanol também obtido através do milho;
  2. Gás natural – é um insumo para fertilizantes aplicados no milho, ou seja, implica no custo de produção;
  3. Soja – é o principal concorrente por área de produção nos EUA e na Argentina;
  4. Farelo de soja – o milho é usado como ração em conjunto com farelo de soja;
  5. Óleo de soja/canola – o óleo de milho compete com cada mercado;
  6. Trigo – é um substituto para o milho na ração alimentar, dependendo dos preços;
  7. Pecuária – é o principal uso do milho no mundo.

Sendo assim, é possível e muito importante fazer operações de hedge nas transações em qualquer etapa da cadeia do milho. São muitas as variáveis que podem influenciar nos preços e gerar ganhos, mas também prejuízos.

Como e por que gerenciar riscos no mercado de milho?

Muitos fatores políticos e econômicos que ainda estão em aberto afetarão a formação de preço do milho, seja num futuro próximo ou no mais distante. O especialista John Payne alerta para alguns deles.

“A Ucrânia pode se tornar um produtor de milho para o mundo novamente? Os produtores brasileiros continuarão a aumentar sua área e sua produção nos próximos ciclos? As políticas para o etanol dos EUA mudarão? A China continuará a ser um importador global?”. Todos esses são questionamentos relevantes e ainda sem resposta.


“O milho CBOT é um mercado de futuros e de opções muito líquido, muito mais do que as bolsas da concorrência. Ele oferece a capacidade de negociar três anos à frente”, acrescenta Payne. Por isso, proteger os preços no momento adequado é a melhor estratégia.


Para fazer hedge de forma segura e estratégica, a melhor opção é contar com um parceiro especializado, como a hEDGEpoint. Além de tecnologias e ferramentas para analisar as perspectivas futuras, os especialistas possuem conhecimentos nas mais diversas commodities, como o milho.

Assim, podemos oferecer um trabalho personalizado para cada negócio, independente de que etapa da cadeia ele esteja.

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Fonte:
hEDGEpoint Global Markets

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