Dólar fica estável ante real, com exterior e cenário político interno

Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou praticamente estável frente ao real nesta segunda-feira, com o bom humor nos mercados externos ofuscando preocupações sobre o cenário político brasileiro e o governo do presidente interino Michel Temer.
O dólar mostrou variação negativa de 0,04 por cento, a 3,1677 reais na venda, após chegar a 3,1907 reais na máxima e 3,1599 reais na mínima do dia. Com isso, a moeda norte-americana permanece nas mínimas de fechamento desde julho do ano passado.
O dólar futuro era negociado perto do zero a zero no fim desta tarde.
"As moedas emergentes estão fortalecendo hoje, mas o real foi deixado um pouco de lado devido ao noticiário político", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
O dólar recuava mais de 1 por cento em relação a moedas como os pesos mexicano e colombiano nesta sessão. O movimento foi amparado na alta dos preços do petróleo, em meio a renovadas especulações sobre a possibilidade de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) adotar medidas para controlar a produção da commodity.
Além disso, os mercados externos continuavam demonstrando otimismo sobre a recuperação econômica global após os dados fortes sobre o mercado de trabalho norte-americano divulgados na sexta-feira.
No Brasil, porém, investidores mantiveram um pé atrás em meio ao noticiário político conturbado. No fim de semana, a revista Veja publicou que o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa teriam citado em delação premiada que Temer teria pedido contribuição financeira para a campanha eleitoral em 2014.
A delação envolveria ainda outros políticos, como o atual ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), segundo a Folha de S.Paulo.
Por outro lado, investidores receberam bem a decisão do governo brasileiro de separar o debate sobre a renegociação da dívida dos Estados com a União e as mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal. Alguns operadores acreditam que isso pode facilitar a aprovação do limite dos gastos estaduais no Congresso.
"O mercado está à procura de qualquer novidade sobre o ajuste fiscal, mas sabe que vai ser difícil tomar medidas contundentes até a votação do impeachment", disse o operador da corretora de um banco nacional.
O julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Congresso está marcado para o fim deste mês. Analistas da consultoria de risco político Eurasia Group atribuem chance de 90 por cento para a confirmação do impedimento.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu novamente a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.
0 comentário
Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde