China se compromete com a compra de US$ 32 bi em produtos agrícolas dos EUA

Publicado em 15/01/2020 14:08

Liu He e Donald Trump assinam fase um do acordo comercial - janeiro 2020

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A fase um do acordo comercial entre China e Estados Unidos foi oficializada e assinada nesta quarta-feira, 15 de janeiro de 2020. O anúncio, como vinha sendo esperado e especulado pelo mercado, foi morno e sem muitos detalhes. A cerimônia aconteceu na Casa Branca. 

O texto traz especificado compras da nação asiática na ordem de US$ 77,7 bilhões em manufaturados, US$ 32 bilhões em produtos agrícolas, US$ 52,4 bilhões em energia e US$ 37,9 bilhões em serviços nos próximos dois anos, ou seja, até dezembro de 2021. 

No gráfico abaixo, produzido pela Bloomberg com dados da Casa Branca, estão estimadas as compras chinesas nos setores descritos acima, com a barra preta indicando o primeiro ano e a amarela, o segundo. 

Gráfico China x EUA

Gráfico - Bloomberg

O texto detalha ainda que "as partes reconhecem que as compras serão feitas a preços baseados nas condições de mercado e considerações comerciais, particularmente no caso de produtos agrícolas, podem determinar o momento das compras dentro de um determinado ano". 

Além disso, o acordo prevê ainda que sejam importados pela China ao menos US$ 12,5 bilhões para 2020 sobre o patamar de 2017. E esse montante sobe para US$ 19,5 bilhões para 2021, também tomando como base 2017, que foi o ano antecessor do ano de início da guerra comercial e as compras chinesas foram de US$ 19,6 bilhões.

Compras China - EUA 

Em seu discurso, porém, o presidente Trump afirmou que as compras da China em produtos agrícolas norte-americanos poderia chegar a ateé US$ 50 bilhões, depois de sua equipe ter sugerido algo perto de US$ 20 bilhões. 

"Eu disse 'vamos elevar a US$ 50 bilhões'. E disse ainda que amo nossos produtores. Deixe que eles me encontrem e digam que conseguiram isso (atender à toda esta demanda da China). Diga a eles que comprem um trator maior e mais um pedaço de terra. Não tenho dúvida de que são capazes de fazer isso", afirmou Trump durante a cerimônia. 

Veja como fechou o mercado da soja em Chicago e no Brasil depois da assinatura da fase um:

>> Soja: Preços seguem estáveis no BR com competitividade mantida e dólar em forte alta

Abaixo, confira a íntegra do acordo assinado entre China e EUA nesta quarta-feira:

Na cerimônia, o discurso de abertura foi do presidente americano Donald Trump, que detalhou as relações comerciais entre os dois países, e nomeou os principais nomes que participaram das negociações entre os dois países em todo esse período de conflito de quase dois anos. 

"É um acordo incrível para os EUA, um acordo muito bom para os dois países", diz o presidente americano. "A China está nos ajudando muito e nós estamos ajudando muito a China também". Segundo ele, trata-se do maior acordo comercial da história, algo "histórico". 

E completou dizendo: "Nós nem tínhamos um acordo com a China, e eu não culpo a China. Culpo nossos presidentes anteriores. Estamos aqui promovendo uma mudança no comércio internacional. E para as próximas negociações continuamos focados na harmonia e prosperidade com a China. E isso vai nos guiar para uma paz mais forte no mundo". 

Ainda segundo o presidente americano, ambas as delegações já deverão retomar as conversas e rodadas de negociação para a fase dois do acordo assim que a primeira for concluída e implementada efetivamente. Tanto a China, quanto os EUA não acreditam que uma terceira fase será necessária. "Isso que estamos fazendo aqui hoje é algo sem precedentes", disse o presidente americano. 

O texto contempla, portanto, um compromisso da China em compras nos EUA de US$ 200 bilhões, em manufaturados, energia, produtos agrícolas e serviços - nos próximos dois anos. O acordo conta ainda com alguns padrões mais bem definidos para a relação das moedas americana e chinesa. 

Além disso, Trump ainda reforçou a manutenção das tarifas americanas sobre produtos chineses - ao menos até a conclusão da fase dois - como forma de contar com o comprometimento da nação asiática com o cumprimento dos termos do documento assinado nesta quarta-feira. 

Na sequência, o vice premiê Liu He deu início à sua fala com uma carta do presidente chinês Xi Jinping a Trump. Depois, afirmou que a China irá comprar produtos norte-americanos baseada nas condições de mercado. E fala ainda sobre o comprometimento do país em fazer valer cada termo do acordo firmado nesta quarta-feira. 

Acordo EUA-China inclui compra de oleaginosas, carnes, cereais e algodão norte-americanos

Estadão Conteúdo

Por Leticia Pakulski

São Paulo, 15/01/2020 - O texto da fase 1 do acordo comercial entre Estados Unidos e China prevê aumento de compras chinesas de produtos agropecuários norte-americanos de US$ 12,5 bilhões em 2020 e US$ 19,5 bilhões em 2021, totalizando em dois anos US$ 32 bilhões. Conforme o anexo do documento divulgado pelo governo, as novas compras chinesas no país serão distribuídas entre oleaginosas, carnes, cereais, algodão, frutos do mar e outras commodities agrícolas dos EUA. O documento, entretanto, não traz metas de compras por volume ou receita para cada grupo de commodities.

Em relação às carnes estão incluídas bovina e suína in natura e congelada. Quanto à carne de frango, o acordo indica que os EUA e a China deverão implementar protocolo de cooperação sobre notificação e procedimentos de controle para doenças de frangos 30 dias após a entrada em vigor do acordo.

Já entre os cereais, aparecem como possíveis produtos a serem adquiridos trigo, milho, arroz e sorgo. O grupo de outras commodities inclui alfafa, citros, laticínios, suplementos alimentares, bebidas destiladas, grãos de destilaria secos, óleos essenciais, etanol, cenouras frescas, frutas e legumes, ginseng, alimentos para animais de estimação, alimentos processados, nozes e vinho, além de outros itens como aves vivas e óleo de soja.

O acordo indica ainda que os dois países desejam tornar a agricultura "um forte pilar da relação bilateral". O documento sinaliza que EUA e China pretendem intensificar a cooperação na agricultura para expandir o mercado de cada país para alimentos e produtos agrícolas e promover o crescimento do comércio desses itens entre as partes.

Presidente chinês diz a Trump que dá as boas vindas à Fase 1 do acordo comercial

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PEQUIM (Reuters) - O presidente chinês, Xi Jinping, disse em carta a seu par norte-americano, Donald Trump, que dá as bolsas vindas à Fase 1 do acordo comercial alcançado com os Estados Unidos e que deseja permanecer em contato próximo com o presidente dos EUA.

Na carta --lida pelo vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, durante a assinatura do acordo em Washington nesta quarta-feira--, Xi também disse a Trump que o acordo mostra como os dois países podem resolver suas diferenças e encontrar soluções baseadas no diálogo.

(Por Stella Qiu e Se Young Lee)

Compras agrícolas mediante "condição de mercado" ampliam dúvidas sobre acordo EUA-China

CHICAGO (Reuters) - A promessa da China de comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos mediante "condições de mercado", divulgada nesta quarta-feira durante a cerimônia de assinatura do acordo comercial de Fase 1 entre os países, ampliou as dúvidas de produtores e operadores de commodities, já aguçadas pela manutenção das tarifas sobre exportações norte-americanas.

O pacto, que visa reduzir as tensões após quase dois anos de guerra comercial, inclui um compromisso da China de comprar ao menos 12,5 bilhões de dólares adicionais em bens agrícolas norte-americanos em 2020, além de pelo menos 19,5 bilhões de dólares adicionais em 2021. Ambos os valores têm como baliza os níveis de 2017, de 24 bilhões de dólares.

Segundo pessoas familiarizadas com as negociações, a insistência do presidente dos EUA, Donald Trump, em um grande acordo para compras de produtos agrícolas foi um importante ponto de divergência nas conversas. A China desejava ter liberdade para comprar com base nas demandas.

Nesta quarta-feira, falando ao lado de Trump, o vice-premiê chinês, Liu He, afirmou que as empresas chinesas vão comprar produtos norte-americanos "baseadas em condições de mercado".

A declaração pressionou as cotações da soja na bolsa de Chicago, que chegaram a recuar 1% ao longo da sessão.

"A soja despencou depois disso", afirmou Terry Reilly, analista sênior de commodities da Futures International. "'Quando o mercado ditar' significa que eles podem não retornar (ao mercado dos EUA) por 36 meses. Quem é que sabe? Isso significa 'quando eles precisarem e o preço for o certo'."

Ted Seifried, estrategista-chefe da corretora Zaner Group em Chicago, disse que a falta de números específicos para as compras também foi decepcionante.

Além disso, o acordo não reduziu as tarifas aplicas às principais exportações agrícolas dos EUA para a China, como soja, sorgo e carne suína --esta, sujeita a uma taxa de 68% mesmo com o aumento da demanda chinesa pela proteína, após a peste suína africana devastar a criação de porcos do país.

"Estou otimista e muito agradecido, mas nós realmente precisamos que as tarifas sejam removidas para que nossos produtores obtenham o máximo benefício", afirmou David Herring, presidente do Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína dos EUA.

Operadores chineses também expressaram dúvidas.

"Meu sentimento é de que a China não está conseguindo nada com isso (o acordo)", disse um operador agrícola com base no país asiático. "Só está gastando um pouco de dinheiro para ter um pouco de paz em troca."

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Marcio Magarinos Outros Tio Hugo - RS

    E a bolsa com 12 pontos em baixa, não dá pra entender..., estas desculpas da guerra comercial já estão enchendo.

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      Circula a notícia que papéis negociados na bolsa de Chicago, no caso do milho, precisaria da produção global de 12 anos e a soja precisaria da produção de 7 anos,... tem alguma explicação para esse fenomeno...

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  • Luan Henrique Guimarães do Nascimento Taquarituba - SP

    Produtor brasileiro não se engane, temos o melhor produto e a demanda para nosso país é boa, não se iludam e deem valor às suas produções.

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