Eleição atípica até na apuração; Bolsonaro perde e ganha; PT diminui e Psol avança

Publicado em 16/11/2020 05:04 e atualizado em 16/11/2020 05:34

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(Reuters) - Os resultados das urnas que encerram o primeiro turno da eleição municipal neste domingo são a conclusão da primeira etapa de um pleito marcado pela excepcionalidade (desde seu adiamento em mais de um mês por causa da pandemia), até a apuração dos votos, muito mais lenta do que o histórico das eleições com urna eletrônica no Brasil por causa, segundo o TSE, de um problema técnico inesperado na totalização dos votos.

As duas maiores cidades do país --São Paulo e Rio de Janeiro-- terão segundo turno em duas semanas, no dia 29 de novembro.

Na capital paulista, Guilherme Boulos (PSOL) venceu a disputa por uma vaga na rodada decisiva e duelará com o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB). No Rio, o candidato à reeleição, Marcelo Crivella (Republicanos) também deixou os rivais para trás e conseguiu chegar ao segundo turno contra Eduardo Paes (DEM).

Embora ainda longe do final da apuração, os resultados parciais confirmavam as pesquisas de boca de urna que apontavam para segundo turno nessas duas capitais, assim como em Recife.

Na capital Pernambucana, o duelo será familiar: João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos e bisneto de Miguel Arraes, e Marília Arraes (PT), neta de Miguel Arraes.

Em outra grande capital nordestina, Fortaleza, a apuração estava praticamente concluída e, no dia 29, José Sarto (PDT) enfrentará Capitão Wagner (Pros).

Em Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) foi reeleito e, em Salvador, Bruno Reis (DEM) venceu já neste domingo.

As urnas fecharam no final da tarde e os eleitores passaram a aguardar os resultados. Mas, ao contrário do histórico das eleições brasileiras desde o advento da urna eletrônica, a divulgação dos números está sendo lenta. Em São Paulo, por exemplo, a apuração ficou por horas parada em 0,39% das seções eleitorais.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse que a lentidão foi consequência em uma falha técnica no processador de um computador que totaliza os votos. Ele descartou que o problema possa gerar questionamentos quanto à confiabilidade dos resultados das urnas.

"Houve um atraso na totalização dos resultados por força de um problema técnico que foi exatamente o seguinte: um dos núcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo. Essa é a razão técnica pela qual houve o atraso", disse Barroso em entrevista coletiva.

"Eu lamento que tenha acontecido... foi um pequeno acidente de percurso, sem nenhuma vítima, salvo um atraso na divulgação final do resultado", acrescentou pouco depois.

O pleito transcorreu com tranquilidade ao longo deste domingo nas principais cidades do país, inclusive em relação aos protocolos sanitários para frear a disseminação do coronavírus. Seções eleitorais forneceram álcool em gel para os eleitores, que também foram aconselhados a levar suas próprias canetas para assinar o caderno de votação.

Mais cedo, Barroso disse que a Justiça Eleitoral frustrou uma tentativa de ataque cibernético, sem repercussões para o processo eleitoral.

O presidente do TSE reconheceu, por outro lado, que a Covid-19, que já matou mais de 165 mil pessoas no Brasil, poderia afetar o nível histórico de abstenções, em torno de 20%.

No Rio de Janeiro, a dona de casa Maria Fonseca, que é idosa, chegou a ir ao local de votação, mas acabou desistindo de votar.

"Estava muito confuso na minha seção e fiquei com medo da Covid. Voltei pra casa para não correr risco", disse ela à Reuters.

"VOLTANDO AO TAMANHO NORMAL"

O presidente Jair Bolsonaro, que na última semana fez transmissões ao vivo pela internet quase diárias para declarar apoio a candidatos a prefeitos e vereadores, votou pela manhã no Rio de Janeiro, debaixo de um forte esquema de segurança.

Ele chegou ao local de votação pouco depois das 10h e foi recepcionado por eleitores que o aguardavam. Bolsonaro deixou o local sem dar entrevistas e deveria acompanhar a apuração em Brasília.

Com alguns de seus apoiados tendo desempenho ruim nas urnas --casos de Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, e de Delegada Patrícia (Podemos), no Recife--, Bolsonaro corria o risco de ver sua força como cabo eleitoral colocada em xeque nesta eleição.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não perdeu a oportunidade para fazer uma rápida análise desse cenário.

"Havia em 2018 um sentimento que ele (Bolsonaro) acabou representando, mas não necessariamente era a base dele", disse Maia a jornalistas, após votar em uma escola na zona oeste do Rio de Janeiro.

"A base dele sempre foi até o momento da facada e até o voto útil, um candidato de 18%, 20%. A avaliação positiva era perto disso com 23%, 24% de ótimo e bom“, acrescentou o deputado. "Eu acho que agora representa o tamanho do núcleo dele que era muito menor que os 46% de intenção de voto que ele teve, ele está voltando ao tamanho normal e a influência é menor, especialmente nas capitais onde a cobrança é muito maior do que nos municípios do interior."

Mas se Russomanno e a Delegada Patrícia ficaram longe de uma vaga no segundo turno, Crivella, no Rio, e Capitão Wagner, em Fortaleza, que também receberam o endosso do presidente, foram à etapa decisiva.

Devido à campanha mais curta, ao contrário do que aconteceu no pleito municipal de 2016 e nas eleições para presidente e governadores de 2018, os eleitores não deram grande espaço para nomes pouco conhecidos, os chamados outsiders.

Bolsonaro minimiza derrota de aliados e mira eleições de 2022 (no Poder360)

Ao comentar os resultados de seus aliados nas eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a influência de seu apoio aos candidatos. Disse que sua ajuda “resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas” e fez uma comparação com as eleições de 2016.

O presidente publicou ainda que os partidos posicionados à esquerda no espectro ideológico sofreram uma “histórica derrota” nas últimas eleições presidenciais.

“Clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar”, declarou.

O chefe do Executivo finalizou comentando as próximas eleições presidenciais: “Para 2022 a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado”.

Até a noite deste domingo (15.nov), apenas 2 dos 13 candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro nas “lives eleitorais” tinham sido eleitos em 1º turno. E outros 2 haviam garantido vaga no 2º turno: Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza.

SÃO PAULO, CAPITAL

A manutenção ou ruína da hegemonia do PSDB no maior centro urbano do Brasil depende do sucesso ou fracasso de Bruno Covas na busca pela reeleição em São Paulo. Ele lidera as pesquisas de intenção de votos e deve avançar ao 2º turno, que terá votação em 29 de novembro.

Sozinha, a cidade de São Paulo abriga mais de metade (56%) dos eleitores da região metropolitana. 

O governador paulista, João Doria, terminou o domingo com o desafio de manter  seu domínio na região metropolitana de São Paulo. A chamada Grande São Paulo incorpora 39 municípios e abriga mais de 15,8 milhões de eleitores.

No restante do País, com vitórias no 1º turno, o PSDB conquistou 10 das 96 cidades mais importantes do país (o grupo que engloba as capitais e os municípios com mais de 200 mil eleitores (G96). Outros 13 candidatos da sigla irão à 2ª fase do pleito, em 29 de novembro. Mesmo se conseguir eleger todos esses políticos (algo improvável), o partido terá menos prefeituras sob seu comando em relação a 2016 (29).

PT DIMINUIU -- 

sigla de Lula não elegeu nenhum prefeito logo de cara. Mas tem 15 no 2º turno. O partido tem chance de sair dos grotões. Na última eleição, conquistou o comando de apenas 1 grande centro. Em seu auge, em 2008, dominou 25 cidades do G96.

DEM CONQUISTA CAPITAIS --

Os demistas saíram da sombra do PSDB. Depois de 1 longo período de declínio, terão a possibilidade de comandar importantes cidades.

O pelotão de frente dos democratas nas capitais é composto por Rafael Greca (Curitiba), Gean Loureiro (Florianópolis) e Bruno Reis (Salvador) – já eleitos no 1º turno.

Eduardo Paes (Rio) irá para a 2ª fase do pleito. 

Carlos Fávaro é eleito senador pelo Mato Grosso (Poder360)

Com divisão entre apoiadores do Agro, Carlos Fávaro (PSD) foi eleito senador pelo Estado do Mato Grosso neste domingo (15.nov.2020). O novo senador recebeu 370.472 votos, o que representa 25,97% dos votos válidos. 

Outros candidatos tiveram a seguinte votação: Coronel Fernanda (apoiada por Bolsonaro): 20,49%; Nilson Leitão (candidato do Agro/PSDB) ficou com 11%; José Medeiros (ex-senador/Podemos): 9,7%; Valdir Barranco (do PT): 8,24%; Procurador Mauro (PSOL): 6,82% e Pedro Taques (ex-governador): 4,98%. 

Fávaro vai ocupar a vaga que era da ex-senadora Selma Arruda (Podemos-MT)., cassada pela Justiça Eleitoral, em dezembro de 2019, acusada de abuso de poder econômico, na campanha de 2018. Fávaro participou da disputa em 2018 e ficou em 3º lugar.

Centro-Oeste: Trad vence em Campo Grande; Cuiabá e Goiânia terão 2º turno (Poder360)

O prefeito de Campo Grande (MS), Marquinhos Trad (PSD), foi reeleito neste domingo (15.nov.2020) com 52,58% dos votos válidos. Goiânia e Cuiabá vão decidir seus mandatários no 2º turno, em 29 de novembro.

A reeleição de Trad era prevista pelas pesquisas de intenção de voto. Com 100% das urnas apuradas, ele recebeu 218.418 votos. (Marquinhos Trad é primo de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro).

Cuiabá (MT) vai decidir por Abílio Júnior (Podemos) e Emanuel Pinheiro (MDB). Tiveram 33,72% e 30,64% dos votos, respectivamente.

Em Goiânia (GO), Maguito Vilela (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD) receberam 36,02% e 24,67% dos votos válidos, respectivamente. Ambos vão para o 2º turno. 

Maguito Vilela, também do MDB, concorre pelo partido em Goiânia. Ele teve 217.194 votos, o que corresponde a 36,02% dos votos válidos. O candidato foi entubado no fim de outubro depois de ter dificuldades de respirar, por complicações com a covid-19.

Nesta 5ª feira (12.nov.2020), uma foto publicada nas redes sociais mostrava ele sorrindo e em recuperação. “O nosso candidato a prefeito de Goiânia, Maguito Vilela, mandou um recado para vocês: está se recuperando bem, aumentou a carga dos exercícios de fisioterapia e, em breve, estará aqui, junto conosco”, afirmou.

Vanderlan Cardoso (PSD) ficou na 2ª posição com 148.739 votos (24,67% dos votos válidos).

 

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Fonte:
Reuters/Poder360

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