Estímulo fiscal pode impactar mais inflação que atividade e atingir juros neutros, diz BC
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Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) -O Banco Central avalia que o impacto na inflação de "estímulos fiscais significativos" tende a ser maior que os efeitos almejados para a atividade econômica em um ambiente de ociosidade reduzida da economia, conforme ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira, que alerta ainda que o fiscal pode afetar a taxa neutra de juros.
Em meio às negociações do governo eleito para ampliar gastos públicos, o documento ressalta ainda que o tema fiscal foi debatido de forma extensa na reunião da semana passada do Copom.
“Em ambiente de hiato do produto reduzido, o impacto de estímulos fiscais significativos sobre a trajetória de inflação tende a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade econômica”, disse.
Segundo a ata, a existência de capacidade ociosa na economia e a confiança sobre a sustentabilidade da dívida são fatores determinantes para uma política fiscal expansionista atingir os impactos almejados sobre a atividade.
"O Comitê julgou que há ainda muita incerteza sobre o cenário fiscal prospectivo e que o momento requer serenidade na avaliação de riscos. O Comitê reforça que seguirá acompanhando os desenvolvimentos futuros da política fiscal e seus potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva", afirmou.
O documento repetiu a reunião de outubro do Copom ao afirmar que a política fiscal pode afetar a inflação por meio da demanda agregada, preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação, mas agora incluiu mais um elemento que pode ser impactado: a taxa de juros neutra --que não estimula nem contrai a atividade.
Em meio ao cenário de incertezas, o BC ressaltou que suas projeções de inflação tiveram leve aumento no horizonte relevante, em função da elevação das projeções para preços livres em prazos mais curtos e uma revisão da projeção de preços administrados em prazos mais longos.
"No que diz respeito a 2024, o Comitê notou com preocupação uma elevação na média das expectativas", disse.
O BC decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano em reunião na semana passada, quando deu recados ao governo eleito ao dizer que há elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e ressaltar que acompanhará com atenção o quadro das contas públicas.
(Edição de Camila Moreira)
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