Ibovespa desaba com cena externa e volta a nível de setembro de 2009
Publicado em 02/08/2011 19:41
As bolsas mundiais amargaram fortes perdas no pregão desta terça-feira. Um “choque de realidade” tomou conta dos mercados e a preocupação com o enfraquecimento da economia global estimulou a aversão a risco e prejudicou, mais uma vez, o andamento das praças acionárias.
No Brasil, o Ibovespa deu continuidade ao movimento do pregão passado, porém com queda mais expressiva, que o levou a perder o importante suporte dos 57.600 pontos, abrindo espaço para o movimento vendedor ganhar ainda mais força.
O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 2,09%, aos 57.310 pontos, nível mais baixo desde 4 de setembro de 2009 (56.652). O giro financeiro atingiu R$ 6,284 bilhões.
No acumulado do ano, a perda do Ibovespa já chega a 17,3%. Em relação à máxima do ano, atingida no dia 12 de janeiro (71.632), o índice tem queda de 20%, ou de 14.322 pontos.
No mercado americano, o índice Dow Jones caiu pelo oitavo dia seguido, ao recuar 2,19%, para 11.867 pontos. O S&P perdeu 2,56%, na sétima baixa consecutiva, e marcou 1.254 pontos. O Nasdaq, por sua vez, se desvalorizou em 2,75%, aos 2.669 pontos.
Acontecimento mais aguardado dos últimos tempos, o presidente dos EUA, Barack Obama, sancionou hoje a legislação que eleva o teto da dívida nacional e evita um default soberano. A Câmara dos Representantes e o Senado aprovaram o texto, após um desgastante debate que deixou os nervos dos investidores à flor da pele.
Ainda que não tenha sido o plano desejado por Obama, sua aprovação tirou um fardo do mercado. De toda forma, os receios de um rebaixamento do rating dos EUA não saíram do foco.
A percepção é de que o ajuste que precisará ser feito pelo país para que as “contas fechem” será muito agressivo e colocará pressão adicional na já deteriorada situação da economia.
“O estresse permanece no mercado, que não fez a leitura de que é melhor um mau acordo do que nenhum”, destacou o diretor da Ativa Corretora, Álvaro Bandeira. “O corte de gastos pode adiar um pouco a recuperação da economia americana e da de outros países por consequência.”
Os indicadores mais recentes divulgados reforçam as preocupações. Depois da frustração com dados do Produto Interno Bruto (PIB) e da indústria americana, hoje os investidores se depararam com uma inesperada queda dos gastos pessoais no país em junho.
Do ponto de vista gráfico, a tendência negativa do mercado acionário brasileiro foi reforçada hoje, num quadro não apenas para o curto, mas também para o médio e longo prazo, conforme observa o analista técnico da MyCAP, home broker da Icap Brasil, Raphael Figueredo.
Ao perder o nível dos 57.630 pontos, o Ibovespa caminha agora para suportes intermediários de 56.600 e 55.200 pontos.
“Estamos trabalhando em cima de um pequeno divisor de águas que certamente vai ditar o ritmo do mercado. Se confirmar a perda dos 57.630 pontos no fim da semana, o Ibovespa pode buscar até os 48.260 pontos”, diz Figueredo.
Além das tensões com os EUA, vale ressaltar que a trégua dada pela Europa pode ter chegado ao fim. Depois da “novela grega”, o mercado mostra apreensão com as próximas vítimas – Espanha e Itália.
Empresas
No cenário corporativo doméstico, a queda de ações de peso estimulou o desempenho negativo do mercado. Após reportar seu balanço trimestral, as ações Itaú Unibanco PN desabaram e arrastaram outros papéis do setor financeiro.
Itaú Unibanco PN caiu 5,79%, para R$ 29,58, e retomou um nível não visto desde setembro de 2009. O volume movimentado foi o maior do dia, equivalente a R$ 812 milhões.
Bradesco PN ainda perdeu 3,22%, a R$ 28,80, Itaúsa PN teve baixa de 5,23%, a R$ 9,78, Banco do Brasil ON cedeu 3,29%, a R$ 25,55, e as units do Santander Brasil caíram 1,23%, a R$ 14,43.
Dentre os papéis ligados às commodities, Vale PNA ainda recuou 1,71%, a R$ 44,80, com volume de R$ 559 milhões, e Petrobras PN teve baixa de 1,40%, a R$ 23,17, com total negociado de R$ 339 milhões.
Ainda na ponta negativa do Ibovespa figuraram Fibria ON (-6,12%, a R$ 17), Braskem PNA (-6,14%, a R$ 17,26) e Hypermarcas ON (-8,06%, a R$ 10,95).
Já entre as poucas altas, destaque para B2W ON (3,04%, a R$ 14,89), Redecard ON (1,34%, a R$ 27,15), Ambev PN (1,11%, a R$ 46,2) e Usiminas PNA (1,1%, a R$ 10,94), que também reportou os números do segundo trimestre.
Fora do Ibovespa, Porto Seguro ON perdeu 6,69%, a R$ 20,06. Já as ações ON da Paranapanema recuaram 10,83%, a R$ 4,61, depois de a Vale negar qualquer acordo ou negociação para compra da companhia.
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Fonte:
Valor Online
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