Indígenas da Argentina se unem para reivindicar terras

Publicado em 06/06/2013 14:49

Os indígenas da Argentina, que representam 1% da população do país de 40 milhões de habitantes, querem que sejam cumpridas as leis que os protegem. 400 representantes organizaram uma cúpula nacional de povos originários entre segunda e quarta-feira desta semana para protestar contra os despejos de suas terras, a exploração de recursos naturais, a pobreza e o assassinato de 18 deles nos últimos cinco anos. O encontro com etnias de toda a Argentina ocorreu na cidade de Formosa (1200 quilometros ao norte de Buenos Aires) e dez de seus líderes viajaram nesta quinta para a capital a fim de acampar em frente à Casa Rosada (sede presidencial) até que a presidente, Cristina Kirchner, os receba.

Perseguidos nos tempos da conquista espanhola e também depois da independência da Argentina (1810), os povos indígenas deste país estão sobrevivendo de forma precária, mas nos últimos anos foi descoberto que as terras em que eles viviam se revalorizaram pelo aumento dos preços das matérias primas. No congresso de Formosa eles se queixaram do avanço das exportações de minério, petróleo, soja transgência, agricultura intensiva e silvicultura industrializada porque ocupam seus territórios, usam de formam intensiva as reservas de água ou contaminam o meio ambiente, de acordo com o ponto de vista dos indígenas.

Em 2006, uma lei estabeleceu uma moratória sobre as expulsões de terras indígenas que, segundo a constituição de 1994, as pertencem por sua condição de povos existentes antes do nascimento da Argentina. Os despejos foram congelados enquanto o governo federal organizou um censo dos territórios considerados ancestrais. Sem embargo, no congresso de Formosa os aborígenes denunciaram que o estado gastou 76% do pressuposto previsto para essa sondagem, mas só entrou em contato com 24% das comunidades que se extendem em todo o seu território.

Em Formosa se reuniram 400 representantes de povos do norte da Argenina, como kollas, wichíes, qom, mocovíes e pilagás, do oeste, como os huarpes e da Patagônia, como os mapuches. Juntos, eles pediram também para que cesse a perseguição das polícias provinciais e de grupos de vigilantes. Denunciam que 18 indígenas foram assassinados por sua condição étnica em repressões policiais, crimes cometidos por laifundiários, supostos acidentes automobilísticos e outros ajustes de contas que oficialmente são apresentados como homicídios sem vínculo com a comunidade a qual pertenciam suas vítimas.

Ao finalizar o congresso, organizado em uma sede eclesiástica na periferia de Formosa, os participantes marcharam até a casa do governo provincial. Ali, Félix Díaz, um dos caciques do povo qom, o mais perseguido, pediu para que o governador da província de Formosa, Gildo Insfrán, que conta com o apoio da presidente, os recebessem. Não conseguiram. "Esse governador nos discrimina por sermos indígenas. Não somos oficialistas nem opositores. Queremos administrar nosso território, se trata de direitos humanos", se queixou Díaz, integrante do Conselho Plurinacional Indígena. "A terra roubada será recuperada", cantavam os manifestantes, que também repudiaram o governo de Formosa com o grito de "assassinos! assassinos!".

O encontro indígena recebeu apoio do Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS), que é presidido pelo jornalista Horacio Verbitsky, o Serviço de Paz e Justiça (SERPAJ), liderado por Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da paz, e as Mães da Praça de Maio - Linha Fundadora, que são as distanciadas da associação conduzida por Hebe de Bonafini, entre outras entidades públicas, sociais, eclesiásticas e sindicais. Pérez Esquivel e Nora Cortinãs, mãe da Praça de Maio, acompanharam a delegação indígena que viajará de Formosa a Buenos Aires para pedir que Kirchner os receba. Em contrapartida, 30 comunidades das províncias do norte de Jujuy e Chaco, de povos como os avá guaraníes, kollas, qom e mocovíes, esclareceram que nem todos os integrantes do Conselho Plurinacional Indígena aderiram ao encontro de Formosa porque, mesmo apoiando suas reivindicações, alertou que o Congresso tinha supostamente ligações políticas, sindicais e também com o principal grupo de mídia da Argentina, Clarin, que mantém um duro confronto com Kirchner.

O congresso indígena também serviu para escutar as reclamações dos povos a respeito da pobreza em que vivem pela falta de atenção do Estado quanto a saúde, a educação e o emprego. Vários dos participantes que chegaram de diversas comunidades da província de Formosa e de outros cantos da Argentina foram parados em postos policiais no distrito nos quais os uniformizados lhes pediam documentos ou lhes informavam de que o encontro havia sido suspenso, segundo informou o portal Infobae.

Tradução: Notícias Agrícolas

Por Izadora Pimenta

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Fonte:
El País

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