Falta de chuvas prejudica desenvolvimento da soja no Rio Grande do Sul
Devido ao prolongado período de estiagem, o desenvolvimento da cultura da soja está muito prejudicado no Rio Grande do Sul. As lavouras que estão na fase de desenvolvimento vegetativo (29%) encontram-se com o porte baixo, entrando em floração (48%) em situação atípica e com formação de vagens e grãos (23%) de maneira desuniforme. Essa situação vem ocorrendo principalmente nas cultivares precoces, que ocupam cerca de 70% da área cultivada. Nos municípios onde voltou a chover, os produtores foram motivados a replantar as áreas afetadas.
A cultura do milho segue com seu quadro evolutivo de forma alterada devido às condições adversas do clima. Os produtores que conseguiram cultivar na primeira quinzena do mês de agosto conseguiram uma safra considerada normal, alcançando até 8.000 kg/ha. Entretanto, como o inverno foi rigoroso, a grande maioria dos produtores só conseguiu semear após a segunda quinzena de agosto, ou mesmo meados de setembro. Com isso, as lavouras atingiram as fases de floração e enchimento de grãos em plena estiagem, que se intensificou a partir de dezembro. Atualmente, cerca de 43% das lavouras ainda se encontram nessas duas fases.
A colheita da lavoura do feijão já atinge 2/3 da área plantada no Rio Grande do Sul. Em decorrência da estiagem, as perdas, até o segundo decêndio do mês de janeiro, eram de 6,47% na produção. A partir de agora, as condições meteorológicas é que deverão ditar a tendência da produtividade final até o término da colheita. Em algumas regiões, os produtores já iniciaram o plantio da 2ª safra do grão. A estimativa inicial ainda se prende aos atuais acontecimentos, ou seja, estiagem com perdas e preço em alta. A maior procura pelo produto e o aumento do valor da saca de feijão podem reverter a tendência inicial de redução da área plantada. Na comercialização, a saca de 60 kg do feijão preto, no RS, nesta semana, subiu mais 3,4%, passando a valer R$ 87,50.
Nos Vales do Taquari, do Caí e do Rio Pardo, as temperaturas elevadas têm dificultado a produção de hortigranjeiros, principalmente das folhosas. Na região, já há estimativa de quebras de 60% na produção, o que se reflete no mercado, encarecendo o produto final para os consumidores. Na Fronteira Oeste, no município de Uruguaiana, concluída a colheita de tomate e pimentão produzidos em estufas, os produtores, a partir de agora, estão apostando no cultivo de folhosas, pois nesta época a procura aumenta significativamente, forçando o aumento dos preços. Os cultivos de verão de batata-doce, mandioca e abóbora estão em fase de tratos culturais.
Devido à estiagem, os campos nativos estão muito secos, as plantas, amareladas, com baixo valor nutritivo, apresentando um baixo volume de massa verde, insuficiente para atender as necessidades nutricionais dos animais, causando perda de peso dos rebanhos. As pastagens cultivadas, assim como as lavouras de milho e sorgo destinadas para a produção de silagem, também apresentam baixa produção, tanto de massa verde quanto de grãos. Em alguns municípios, devido ao baixo teor de umidade do solo, os produtores encontram dificuldade para a implantação de novas áreas com forrageiras, sendo que algumas lavouras apresentam falhas na germinação e outras nem foram implantadas pela falta de umidade.
O rebanho de gado de corte, de maneira geral, ainda apresenta condições corporais satisfatórias, mesmo na situação com os campos nativos em desenvolvimento vegetativo muito lento. O longo período de restrição alimentar deverá reduzir a produtividade do rebanho, com menor taxa de natalidade e desfrute, pois os animais estarão com baixo peso corporal no início de outono e inverno, estação crítica em relação à disponibilidade de alimentos.
Na região de Bagé, onde o período de reprodução ainda está em andamento, devido à estiagem, deverá haver redução na produção de terneiros. No caso dos municípios de Alegrete e Lavras do Sul, há expectativa de redução de até 30% de nascimento de terneiros, em relação ao mesmo período do ano passado. Na maioria das bacias leiteiras do Rio Grande do Sul, ocorreram perdas aproximadas de 15% a 20% da produção de leite em relação ao mesmo período do ano anterior, embora os municípios mais assolados pela estiagem apresentem perdas bem superiores.
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