Na Reuters: "Rei da Soja" da Argentina abdica em favor da biotecnologia

Publicado em 16/01/2015 15:58

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Por Hugh Bronstein

BUENOS AIRES (Reuters) - A empresa que liderou a expansão vertiginosa do cultivo de soja na Argentina durante as duas últimas décadas reduziu discretamente a área que cultiva em mais da metade, com a inflação, as restrições ao comércio e os altos impostos drenando lucros dos produtores.

Los Grobo, que já foi conhecido como "Rei da Soja" do país sul-americano, abdicou do trono em favor do que o presidente da companhia, Gustavo Grobocopatel, julga o futuro: a biotecnologia.

"A agricultura na Argentina é pouco rentável, ou não lucrativa, porque os custos subiram, os preços dos grãos caíram e a carga tributária é exorbitante", disse ele. "Tornou-se a agricultura de subsistência."

Entre os problemas dos agricultores argentinos estão inflação de dois dígitos, controles pesados do câmbio de moeda e de importação; um rigoroso sistema de cotas de exportação de milho e trigo; e um imposto de 35 por cento sobre as exportações de soja.

Los Grobo reduziu sua área agrícola sob gestão para 50 mil hectares, de 120.000 hectares, há três anos.

"A agricultura tornou-se uma parte menor do nosso negócio, enquanto os serviços e a parte industrial aumentaram", disse Grobocopatel.

"Os produtores precisam de logística, financiamento, gestão de riscos e de transferência de tecnologia e know-how. Queremos ser uma loja integral."

A esperança é alta entre os produtores de que a eleição presidencial de outubro dê início a mudanças na política agrícola. Se isso acontecer ou não, a Los Grobo avalia que os agricultores que permanecerem no jogo vão precisar de mais e melhor aconselhamento do que nunca.

"Estamos investindo muito em pesquisa e desenvolvimento", disse Grobocopatel. "Os avanços na tecnologia agrícola ao longo dos últimos 20 anos vão ser pequenos em comparação com o que está vindo ao longo dos próximos 10 anos."

A Argentina permanece o terceiro exportador de soja e principal fornecedor mundial de farelo de soja.

"Por meio da biotecnologia, hoje você pode projetar plantas do jeito que você projeta objetos", disse Grobocopatel.

Isso inclui a semeadura de precisão, que identifica quais são as necessidades da cultura por metro quadrado. "O que o microscópio fez para a medicina, isso vai fazer para a agricultura", disse Grobocopatel.

Os três candidatos que mais têm chance de ganhar a presidência em outubro --o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, o governador provincial Daniel Scioli e o deputado Sergio Massa-- indicam propostas favoráveis ao setor.

A presidente Cristina Fernandez, que entrou em confronto durante anos com os agricultores por conta de suas políticas, está impedida de concorrer a um terceiro mandato consecutivo.

Grobocopatel disse que mudanças simples nas políticas fiscais e de comércio poderiam ajudar a Argentina a aumentar a produção de grãos de 100 milhões de toneladas atualmente para 160 milhões ao longo de três ou quatro anos.

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Fonte:
Reuters

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