Soja: Com preços acima dos US$ 10 em Chicago, negócios nos portos do Brasil batem nos R$ 82

Publicado em 20/04/2016 17:28

O mercado internacional da soja registrou uma nova sessão de altas nesta quarta-feira (20) e os preços terminaram o dia com altas de mais de 20 pontos nos principais vencimentos e superando os US$ 10,00 por bushel. O contrato maio/16, referência para a safra brasileira, terminou o pregão valendo US$ 10,09 por e subindo 24,25 pontos, já o julho e o agosto/16 foram a US$ 10,19, com ganhos de, respectivamente, 24,25 e 22,50 pontos. 

O dia começou com uma leve realização de lucros após as altas de mais de 30 pontos na sessão anterior, porém, os futuros da oleaginosa retomaram sua força e voltaram para o campo positivo de forma consistente, renovando suas máximas. Os futuros do farelo também subiram vertiginosamente e terminaram os negócios com altas de mais de 4% entre a posições mais negociadas, levando os contratos julho e agosto a superarem os US$ 320,00 por tonelada. 

E as altas em Chicago foram prontamente refletidas na formação dos preços da soja no Brasil. Os ganhos no mercado internacional foram precificados, principalmente, nos valores praticados nos portos nacionais, estimulando, inclusive, um aquecimento no ritmo da comercialização da safra 2015/16, a qual já passa dos 70%. 

"Vimos muitos negócios a R$ 82,00 nos portos nesta quarta-feira", relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. "No momento, a soja do Brasil está saindo em bom ritmo e há muitos navios na nossa costa. E assim é mais vantagem para os compradores levarem nosso grão, porque na Argentina os embarques estão atrasados e nos Estados Unidos ainda há pouca pressão de venda", completa. 

O consultor explica ainda que o bom momento dos preços na Bolsa de Chicago tem sido um dos principais fatores de estímulo aos produtores para que possam ir a mercado, realizar novadas vendas, fazer caixa e quitar suas dívidas nests momento. Em Paranaguá, o produto disponível fechou a quarta-feira valendo R$ 82,00 por saca, registrando alta de 2,50%, enquanto em Rio Grande, o ganho foi de 3,59%, para R$ 80,80. Já no mercado futuro, embarque em março de 2017, R$ 85,00 no terminal paranaense e R$ 85,50 no gaúcho, que registrou um ligeiro avanço de 0,59%. 

Dólar e Prêmios

Além de Chicago, os dois outros componentes do tripé de formação para os preços da soja no Brasil - dólar e prêmios - também contribuem nesta semana. 

A moeda norte-americana vem atuando com expressiva volatilidade nos últimos dias, princpalmente após a aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, no último domingo (17), e pelas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. Ainda assim, a divisa tem mostrado resistência na casa dos R$ 3,50. 

E mesmo com o novo e mais elevado patamar assumido pelas cotações em Chicago, os prêmios pagos pela soja do Brasil seguem altos. As principais posições de entrega ainda exibem valores que variam, nos princpais portos de exportação, de 55 a 60 centavos de dólar sobre os valores praticados em Chicago. Assim, a soja com referência julho/16 vale US$ 10,77 por bushel. 

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, há três principais fatores que seguem dando sustentação a esse novo momento dos preços da oleaginosa, segundo explicam analistas. O clima adverso na América do Sul, as incertezas sobre o clima nos Estados Unidos e a volta dos fundos de investimentos às commodities, em especial à soja neste momento. Além disso, há ainda os bons números e boas notícias que chegam da demanda internacional e complementam o novo cenário para os preços.  

"Há muita ordem financeira atrelada ao efeito clima e á demanda mundial", diz Vlamir Brandalizze. Os fundos voltaram à ponta compradora do mercado e "o financeiro também joga o mercado pra cima para dar fôlego aos produtores norte-americanos, que estavam com os custos maiores do que o valor da soja em Chicago. Agora, o quadro econômico começa a se equilibrar", conclui o consultor.

Na Argentina, seguem as chuvas intensas e, consequentemente, a deterioração das lavouras de soja, bem como um aumento no atraso da colheita, que já é o maior em dez anos. Nesta quarta, o governo local, via Ministério da Agroindústria, reportou sua primeira estimativa das perdas em 5,4% da safra 2015/16. A projeção é de que o país colha 57.586,530 milhões de toneladas, contra o número de março de 60.917,050 milhões. A pasta informou ainda que pode revisar essa estimativa nos próximos dias dada a agressividade das adversidades climáticas. 

Ao mesmo tempo, os traders acompanham ainda o desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. Por hora, o início dos trabalhos de plantio contam com favoráveis condições climática, no entanto, as atenções estão concentradas na semeadura do milho. 

"As previsões de clima continuarão a ser acompanhadas. Até esse momento, as útimas previsões indicam, no curto prazo, chuvas no Meio-Oeste americano, porém, mais adiante, o clima deverá contribuir para o andamento do plantio", diz Bob Burgdorfer, analista de mercado do site internacional Farm Futures. 

Como explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, o atual momento do weather market exibe uma situação que combina as duas janelas, com o final da janela da América do Sul e o início da América do Norte. "E certamente, com o forte interesse de reposição de carteira dos fundos - fruto de um ajuste amplo nos diversos mercados internacionais - o mercado tem sido explosivo", conclui.  

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Márcio José Gasparelo Rio Verde - GO

    No porto R$ 82 e em Rio Verde (GO) R$ 63... será que custa mais de 22% (R$ 19,00) do valor da saca pra levar para Paranaguá???? ou tem gente ganhando muito dinheiro em cima do produtor??r... MILHO: Se essas consultorias fossem realmente ao campo e andasse pelo menos em 5 a 10% das áreas saberiam que a quebra vai ser no mínimo 2 a 3 vezes ou mais do que estão prevendo...

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    • Lino Gaspar Rocha Aguiar Rio Paranaíba - MG

      Para abaixar os preços qualquer motivo é imediato. Para subir, embora exista fundamentos comprovados , si só vai acontecer depois que sair da mão do produtor !

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Márcio, a soja de cada região deve ter o seu "preço base". Esse preço não pode sofrer influências relevantes quanto ao frete e, outros preços que em épocas de safra extrapolam. Veja que muitas tradings alugam silos para depositar grãos em épocas de safra e, depois vão retirando paulatinamente, ou seja, eles têm o "preço base" da commodity e não saem do custo de maneira nenhuma, por isso estão no mercado há quase 1 século. Muitos quebram, mas eles se mantem em pé, pois seus custos são pré-definidos.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Ah! Eles também agem "fortemente" no mercado futuro e de opções, ou seja, SABEM FAZER AS CONTAS !!!

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    • alex victor marca medianeira - PR

      Estamos sendo sugados por especuladores nacionais e estrangeiros. Tem muito cidadao ganhando mais para dar opiniao furada que plantador de soja.

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    • Valdomiro Rodante Junior Porangatu - GO

      Os produtores(nós) tem que conscientizar que só seremos donos do nossos produtos, quando armazenarmos nossa produção nos nossos armazens, como nos USA , ai passaremos a mandar no que produzimos e deixaremos de aer expoliados pelas treyding, pois após a colheita só ficamos com papeis na mão e os produtos talvez já chegaram em toda parte de mundo , se estiver no nosso armazem o produto eles tem que correr atras para comprar , ao passo que hoje é totalmente o contrario nós que temos que correr atraz para vender, praticando o preço que muita vezes não corresponde o preço de mercado . Até que não fazermos como os americanos , dançaremos como azeitona na boca de banguela!!!

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    • beto palotina - PR

      Falou tudo sr. Valdomiro so o problema do agricultor e um so desuniao pois poucos tem consicoes de conatruir uma estrutura para armazenar produtos e fazer de socio mais dificil ainda pq geralmente todos os supostos socios querem por o seu na frente mandar fazer do seu geito

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    • Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS

      Olá amigos.Passo fundo honten oferta safra nova pagamento 30-05-2017 a 80 reais.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Marcio, sugiro que cote o frete da sua cidade ate o porto, é sempre bom conhecer toda cadeia do mercado, você vai conseguir isso sem muita dificuldade com um transportador de sua cidade.

      Eu por exemplo, estou a 500 km de santos, transporte dentro do estado de SP, em torno de 9,5 R$ por saca.

      O custo do frete, como tudo no país, infelizmente é pesado mesmo.

      Creio que na sua região deva ser mais caro em função da distancia do porto e de condições rodoviárias.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Realmente o que mais nos faz falta é ter capacidade própria de armazenagem. Nada como controlarmos o que é nosso e também vivenciarmos o dia a dia da armazenagem e seus custos, isso serve para educar também.

      Estudo da CNA mostra que, do total da capacidade armazenadora brasileira, apenas 13,6% pertence a armazéns dentro da fazenda, um percentual muito baixo em comparação com países como os Estados Unidos e das nações integrantes da Comunidade Econômica Europeia. No caso dos EUA, por exemplo, 55% da armazenagem está dentro da fazenda. Na Europa, pelo menos 35% estão nessa situação.

      http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/148520-cna-mostra-que-o-brasil-possui-serias-deficiencias-na-capacidade-de-armazenagem-de-graos.html#.VxkCu0dgiDk

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    • JOÃO FÉLIX DO NASCIMENTO Bom Jesus - GO

      Foram realizados vários negócios em Rio verde ontem a R $ 71,00, porém soja disponível, se pegarmos R $ 82,00 menos R $ 11,00/sc que é a média de frete da região para Santos está dentro do praticado no Porto. Agora igual muitos colegas comentaram se a soja estiver em Trading ou cooperativas, infelizmente a margem deles são enormes.

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