Soja inicia semana na Bolsa de Chicago registrando baixas de dois dígitos nesta 2ª feira

Publicado em 18/07/2016 08:30

Nesta segunda-feira (18), o mercado da soja na Bolsa de Chicago começa a semana trabalhando em campo negativo e registrando baixas signficativas. Por volta das 8h (horário de Brasília), os principais vencimentos perdiam mais de 12 pontos, levando o agosto/16 a US$ 10,53 por bushel e o novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, a US$ 10,43. 

Segundo explicam analistas internacionais, as boas condições de clima para o desenvolvimento da temporada 2015/16 dos Estados Unidos seguem atuando como forte fator de pressão sobre as cotações, fazendo os preços testarem suportes mais baixos, próximos dos US$ 10,40 por bushel, principalmente nas posições mais distantes. 

Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualiza, em seu boletim semanal de acompanhamento de safras - às 17h (Brasília) - as condições das lavouras norte-americanas e os números, bem como as especulações antes de sua divulgação, também podem mexer com o mercado. Mais cedo, chegam as informações dos embarques semanais de grãos do país, que também podem influenciar o direcionamento. 

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja: Descolados de Chicago, preços sobem no interior do BR; internacional foca clima nos EUA

O mercado da soja na Bolsa de Chicago registrou mais uma semana de forte volatilidade, porém, conseguiu fechá-la com oscilações não tão intensas como as registradas durantes os pregões. As baixas entre as posições mais negociadas, no balanço semanal, não chegaram a 1% e o contrato março/17 terminou com uma ligeira valorização, de 0,17%. 

O vencimento agosto/16, que é um dos mais negociados do momento e indicativo para o mercado spot após a saída de julho, caiu 0,99% para terminar cotado a US$ 10,72 por bushel. Já o novembro/16, referência para a nova safra dos Estados Unidos, perdeu 0,49% na semana e encerrou os negócios com US$ 10,55. 

Ao longo dos últimos dias, os preços chegaram a renovar algumas máximas, superaram os US$ 11,00 por bushel, mas a volatilidade foi implacável. O momento é de auge do momento climático e essa intensa movimentação das cotações deverá continuar sendo o padrão dos negócios. Para Vlamir Brandalizze, na continuidade desse quadro, os preços continuar atuando em Chicago entre US$ 10,50 e US$ 11,20 por bushel. 

Um saída desse intervalo, como explica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, só seria possível caso com a chegada de alguma informação que pudesse interferir de forma severa e definitiva na nova safra americana. E, por ora, isso ainda não tem sido observado. 

Clima nos Estados Unidos

No final desta semana, as últimas previsões climáticas indicavam que as chuvas deveriam continuar chegando abaixo da média, porém, alcançando áreas mais necessitadas, principalmente nos estados de Iowa e Illinois. As temperaturas, por outro lado, seguem elevadas e bem acima da média. 

"Principalmente, como as chuvas mais fortes podem acontecer em Illinois na região de Chicago, existe sempre aquele fator que é o start do operador. Se olha pelas janelas das corretoras e vê as chuvas, o primeiro impacto é de uma corrida em busca de lucros sobre um mercado que vinha em alta", diz Brandalizze.

Além disso, nos EUA, apesar de toda essa especulação sobre o quadro do clima, as condições das lavouras são bastante favoráveis e seus estágios de desenvolvimento estão mais adiantados em relação ao ano passado. "As condições de florescimento e formação de vagens estão acontecendo mais cedo do que o normal e isso é um fator que pesa sobre Chicago", afirma o consultor. 

Entretanto, para o período do final de julho e início de agosto, as previsões ainda mostram um tempo que volta a ficar mais quente e seco, com as temperaturas que continua subindo, podendo essa ser uma informação que permitiria uma retomada das cotações, mesmo de que apenas parte das perdas. Começa agora, afinal, a fase determinante das lavouras americanas para a definição da produtividade isso deve deixar o mercado ainda mais agitado.

As especulações sobre o La Niña também segue no radar dos traders, bem como o período em que deve atuar e com qual intensidade. O NOAA, o departamento oficial de clima dos Estados Unidos trouxe, nesta quinta-feira (14), uma nova previsão indicando que o fenômeno tem de 55% a 60% de chances de ocorrer entre agosto e outubro. No mês passado, essa probabilidade era de 75%. 

Leia mais:

>> La Niña tem de 55% a 60% de chance se desenvolver entre agosto e outubro, diz NOAA

E com estoques apertados e uma demanda que carrega pesadas perspectivas de crescimento daqui para frente, a nova safra norte-americana não permite erros. Nos próximos meses, a tendência é de que os importadores sigam focados no produto dos EUA, dada a pouca oleaginosa disponível no Brasil - a qual deverá ser disputada com a demanda interna - e a postura mais retraídas dos vendedores também na Argentina. Os argentinos, como explica Brandalizze, aposta em melhores momentos mais oportunos de comercialização à espera de uma redução na taxação das exportações de grãos. 

Fundos e Financeiro

Além da influência climática, o mercado de futuros da soja - e também de seus derivados - continua refletindo a atuação dos fundos de investimento sobre o andamento dos preços. "Os grandes investidores, vendo que o mercado subiu bastante, saem em busca dos lucros", explica Brandalizze. 

Leia mais:

>> Demanda por alimentos é forte e crescente apesar da turbulência financeira, diz analista

Mercado Brasileiro

As incertezas sobre a formação dos preços em Chicago é grande neste momento e, por isso, os negócios continuam acontecendo sem muito ritmo no Brasil. As referências, apesar de algumas altas pontuais ao longo da semana, são mais baixas do que as registradas há alguns meses e já não estimulam, ao menos nesse momento, uma volta maciça dos produtores brasileiros às vendas nem da soja restante da safra velha, nem da safra nova. 

No entanto, essa postura retraída dos produtores brasileiros e a pouca soja disponível permite que siga o descolamento dos preços formados no interior do Brasil. Onde a demanda interna paga melhor do que a exportação, segundo relatam analistas e produtores, os negócios são ligeiramente mais intensos. Os prêmios altos são um complemento para cotações sustentadas.

Praças de Mato Grosso como Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis fecharam a semana com ganhos de 4,67% no disponível, e a saca cotada a R$ 78,50; em Avaré/SP, alta de 3,94% para R$ 85,29 e no Oeste da Bahia, o avanço foi de 3,28%, para R$ 73,67. No Sul do Brasil, apesar de um ligeiro recuo em Ponta Grossa, no Paraná, o preço ainda sustenta R$ 86,00 por saca, enquanto em Não-Me-Toque/RS, ganho de 1,35% para R$ 75,00. 

No porto de Paranaguá, a soja disponível fechou a semana estável nos R$ 89,00 por saca, enquanto em Rio Grande perdeu 1,16% para terminar com R$ 85,00. No mercado futuro, as referências respectivas são de R$ 84,50 e R$ 83,20 por saca, com alta de 3,05% e baixa de 0,36%. 

Leia mais:

>> Soja: Apesar de prêmios fortes, oferta baixa mantém negócios limitados no BR

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário