Soja: Ainda com estabilidade, mercado em Chicago passa a operar do lado negativo da tabela nesta 3ª

Publicado em 27/09/2016 07:44

O mercado internacional da soja voltou a recuar nesta terça-feira (27), após começar o dia com leves altas na Bolsa de Chicago, em um movimento conhecido como a terça-feira da virada, ou "turnaround tuesday", como se diz no mercado internacional. Assim, os futuros da soja perdiam entre 0075 e 2 pontos nos principais vencimentos e, com isso, as referências para as safras dos EUA e do Brasil - respectivamente o novembro/16 e o maio/17 - eram cotados a US$ 9,43 e US$ 9,62 por bushel. 

O momento agora é, de fato, de pressão sobre as cotações com o chamado "efeito safra", como explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. Dessa forma, com condições melhores para a colheita nos EUA e a chegada efetiva da safra americana, os preços começam a ceder. "Não há nada de 'extraordinário' nesta momento", completa. 

Além disso, os números atualizados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trazidos no final da tarde de ontem, mostraram que a conclusão da colheita da soja em 10% da área norte-americana até o domingo (25). O índice, apesar de ficar dentro da expectativas de 8 a 10% do mercado, está bem abaixo dos 17% registrados no mesmo período de 2015, e fica aquém ainda dos 13% de média dos últimos cinco anos. 

O mercado, ainda segundo explicam analistas e consultores, deverá continuar acompanhando essas informações, bem como as condições de clima e as previsões climáticas para a continuidade dos trabalhos de campo. Ao mesmo tempo, o clima ganha espaço também nas discussões sobre o plantio da safra 2016/17 do Brasil. Com as pancadas de chuvas dos últimos dias, a semeadura da soja parece ganhar um pouco mais de ritmo na região Centro-Oeste. 

No principal estado produtor do grão, Mato Grosso, a semeadura já estava completa em 1,20% da área projetada para essa temporada até o final da última semana, de acordo com levantamento elaborado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No mesmo período do ano anterior, o índice era de 0,55%.

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>> Soja: Plantio da safra 2016/17 começa a ganhar ritmo no Centro-Oeste

E veja ainda como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja amplia baixas na CBOT com clima melhor nos EUA e aversão ao risco no financeiro nesta 2ª  

O mercado internacional da soja fechou em queda nesta segunda-feira (26) e, com as posições mais negociadas perdendo quase 10 pontos, levando o vencimento novembro/16 a atuar já abaixo dos U$ 9,50 por bushel. O vencimento novembro/16 encerrou cotado a US$ 9,45/bushel com queda de 9,75 pontos. O maio/17, referência para a nova safra do Brasil, encerrou a US$ 9,63 e com recuo de 8,75 pontos. Uma conjunção de fatores, segundo analistas internacionais, pesa sobre os preços neste início de semana. 

"Há um clima melhor para a colheita nos EUA, ao lado de um novo medo que a já ansiosa economia global vai enfrentar agora: as eleições presidenciais nos Estados Unidos, que ganha o centro das discussões nesta noite, quando acontece o primeiro debate", explica Bryce Knorr, analista de mercado do portal Farm Futures. 

O cenário, intensificado pelas previsões indicando menos chuvas para boa parte do Meio-Oeste americano, portanto, favorece o movimento de realização de lucros, o que faz o mercado ir buscar, por exemplo, o suporte dos US$ 9,40 mais uma vez, ainda segundo analistas e consultores. 

Embora algumas áreas venham sofrendo com o excesso de umidade e os trabalhos estejam comprometidos, em outras o avanço é considerável. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz, no final da tarde de hoje, a atualização dos dados sobre a colheita e as condições das lavouras e, até sua divulgação, os investidores seguem especulando. No último final de semana, alguns estados receberam até 127 mm de chuva, segundo informações do Commodity Weather Group, como Kansas e Oklahoma, e algumas chuvas ainda no leste do Corn Belt. O restante do cinturão permaneceu seco e as novas previsões indicam que deverá permanecer assim até que as precipitações retornem, na próxima semana. 

"O mercado continua preocupado com as chuvas fortes e algumas cheias em Iowa, Minnesota e Wisconsin. Porém, os trabalhos de campo avançaram bem no restante do Meio-Oeste e isso ainda mantém uma pressão sobre os preços", explica Tobin Gorey, do Commonwealth Bank da Australia em nota nesta segunda. Além disso, os reportes de produtividade têm confirmado, nos últimos dias, o potencial da safra americana. 

Hoje, o mercado recebeu ainda números fracos dos embarques semanais norte-americanos pelo boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e as informações ajudaram, apesar de um novo anúncio de venda de 240 mil toneladas de soja dos EUA para destinos desconhecidos, a reduzir a força das cotações. 

Na semana encerrada em 22 de setembro, o país embarcou apenas 383,953 mil toneladadas da oleaginosa, contra 756,026 mil da semana anterior. Os traders, no entanto, esperavam algo entre 980 mil e 1,39 milhão de toneladas. Por outro lado, no acumulado da temporada, os embarques norte-americanos de soja são maiores e somam 2.291,973 milhões de toneladas, contra 1.440,864 milhão da anterior, nesse mesmo período. 

No financeiro, o debate entre Hillary Clinton e Donald Trump é bastante aguardado e já repercute em um mercado mais avesso ao risco. Segundo especialistas, os participantes do mercado esperam uma vitória da democrtata e ainda não conseguem contabilizar os impactos de uma possível vitória do republicano. Além disso, a reunião que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) realiza nesta semana também chama a atenção, embora as perspectivas de mudança sejam mínimas. Apesar disso, em Nova York, o petróleo insiste em uma recuperação e sobe mais de 3% nesta segunda-feira. 

Com a recente baixa do dólar, os preços da soja no Brasil também recuam. No porto de Rio Grande, o produto disponível perdia 1,3% hoje, com a referência caindo para os R$ 76,00 por saca, enquanto o futuro perdia 0,26% para R$ 77,30. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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