EUA x China: Novas negociações trazem boas expectativas para soja

Publicado em 14/05/2018 16:43

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As negociações comerciais entre China e Estados Unidos serão retomadas nesta terça-feira, 15 de maio, com a chegada à Casa Branca do Vice-Premier chinês Liu He, homem de confiança e principal conselheiro nas questões econômicas do presidente Xi Jinping. O impacto das expectativas ao redor dessa nova rodada de conversas e tentativas de acordo é sentido em todo o mercado global, já que se trata das duas maiores economias do mundo. 

No entanto, é no comércio da soja onde as especulações são maiores. Sentindo as especulações de que os resultados podem ser positivos, os futuros da commodity negociados na Bolsa de Chicago registraram altas expressivas nesta sessão de segunda-feira (14). 

"O mercado opera baseado em um cenário otimista para os encontros em Washington nesta semana entre líderes chineses e americanos. O vice premier da China chega para o encontro na Casa Branca na tarde desta terça-feira (15) e as especulações são de que, pelo menos, a imposição tarifária dos US$ 50 bilhões - que seria implementada no fim de maio - seja postergada", diz o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Mercosul (ARC).

Antes que as novas notícias cheguem, porém, o mercado global da soja continua na pauta de discussão de traders, investidores e multinacionais - não só da China e dos EUA, mas de todos os players desse cenário, incluindo o Brasil - para que os prejuízos sejam amenizados e as oportunidades, aproveitadas. 

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Recentemente, o CEO de agronegócio da Bunge, Soren Schroder disse, em um comunicado, que a China havia parado de comprar soja dos EUA e sua fala trouxe muitas conclusões de que esse movimento da nação asiática teria sido uma "bem orquestrada estratégia para atingir o mercado e os produtores norte-americanos", como mostra uma matéria da Forbes. 

Entretanto, ainda segundo especialistas ouvidos pela publicação internacional, uma análise mais detalhada desse movimento poderia esclarecer o comportamento do governo chinês e trazer uma razão mais lógica para esse movimento. 

A ameaça das tarifas

Como disse o analista Ken Morrison, da Morrison on The Markets, "a ameaça de uma tarifaem quase o mesmo efeito de uma tarifa". O que quer dizer que os compradores de um produto ameaçado de ser tarifado se comporta como se a tarifa já estivesse em vigor. Para justificar sua fala, Morrison afirma que os esmagadores chineses de soja têm calculado detalhada e cuidadosamente seus riscos no meio dessa disputa. 

Um cálculo feito pelo analista mostra que, com a tarifação, o risco para o comprador seria de pagar pela soja norte-americana cerca de US$ 100,00 a mais por tonelada ou cerca de US$ 5 milhões ao se contabilizar um navio de soja dos EUA. Na outra mão, o mesmo comprador poderia comprar a oleaginosa no Brasil ou nos EUA pagando um prêmio de até US$ 15,00 sobre os preços americanos. 

"Os compradores irão preferir pagar um 'pequeno' prêmio pela soja não-americana ou enfrentar o risco de uma tarifa muito maior mais adiante?", quaestiona. Dessa forma, as preocupações com uma tarifa que ainda não foi efetivada não são injustificadas, já que a China, em abril, taxou o sorgo americano em 179%. 

Assim, se instala um dilema. Os importadores até poderiam pagar mais barato pela soja americana nesse momento, porém, enfrentar uma taxação mais a frente. Como alternativa, preferem pagar os prêmios sobre a soja da América do Sul e evitar o risco de um prejuízo maior. 

Medidas de Proteção

No final da última semana, uma notícia da agência internacional Bloomberg mostrou que as autoridades alfandegárias da China estaria reforçando as inspeções sobre as importações agrícolas dos Estados Unidos. Frutas, carne suína e madeira são alguns dos itens que estariam sendo mais intensamente inspecionados. 

Sobre o caso, o Ministério do Exterior da nação asiática se pronunciou dizendo apenas que "utiliza de princípios científicos e justos para conduzir suas inspeções de produtos importados". 

Com informações da Forbes, Bloomberg e South China Morning Post.

Ziguezague de Trump, agora sobre a China, volta a confundir (NELSON DE SÁ, na FOLHA) 

Um único tuíte e Trump mais uma vez tomou as manchetes do Washington Post ao South China Morning Post

O primeiro destacou o trecho em que promete ajudar o fabricante de celulares ZTE a “voltar aos negócios” dias depois das sanções que levaram a gigante chinesa a fechar as portas. O segundo prefere a passagem em que ele se disse preocupado com a “perda de empregos na China”. 

New York Times sublinhou que “o tuíte deixou muita gente coçando a cabeça”, na própria Casa Branca. O site de tecnologia Gizmodo admitiu desde logo, no título: “Que diabos está acontecendo mesmo com esse tuíte sobre ZTE e empregos chineses?”. 

Na New Yorker, a colunista Susan Glasser comparou o trabalho de quem cobre Trump ao dos que tentam entender o que se passa no Kremlin desde a Guerra Fria: “Somos todos trumpologistas agora”. Uma das saídas mais usadas é buscar sinais em declarações de “décadas atrás para decodificar”, mas ela admite: “Como Trump gosta de falar ultimamente sobre as próprias decisões: Quem sabe?”. 

PARA ALÉM DOS TUÍTES 

França e Alemanha buscaram algum sinal positivo do que quer Trump, ao abandonar o acordo com o Irã, nas várias entrevistas de seus novos auxiliares nos programas dominicais dos EUA. 

O francês Le Monde deu atenção ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que disse à Fox News que a decisão “não tem os europeus como alvo”. O alemão Frankfurter Allgemeine se voltou ao assessor de Segurança Nacional, John Bolton, que falou à CNN que não pretende mais derrubar o regime iraniano. 

SANÇÕES, PONTO 

Já o Wall Street Journal ressaltou outra frase de Bolton, à ABC, sobre o que haverá se franceses e alemães não saírem do Irã: “Os europeus vão enfrentar efetivas sanções dos EUA”. 

NOVA ORDEM 

No Financial Times, o colunista de política externa, Gideon Rachman, também não dourou a pílula, sob o título “EUA estão forjando uma nova ordem mundial baseada na força”. No futuro imaginado por Trump, “os Estados Unidos baixam a lei e os outros são forçados a seguir”. Para Rachman, poderá funcionar por um tempo, mas “é a receita para um mundo muito mais perigoso.”

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas/FOLHA

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