Europa ameaça investimentos no BR em dia que país lança plano para agricultura sustentável

Publicado em 23/06/2020 17:16 e atualizado em 24/06/2020 00:02

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A imprensa internacional deu destaque nesta terça-feira (23) a uma campanha entre investidores contra o Brasil se valendo no discurso do desmatamento da Amazônia. A ameaça foi repercutida por grandes nomes da mídia mundial como o Financial Times, The New York Times, The Washigton Post, Bloomberg, MercoPress. 

De acordo com os veículos, um documento assinado por 29 empresas, entre elas a maioria europeia, foi enviado a embaixadores brasileiros expressando sua preocupação com o aumento do desmatamento ilegal da Amazônia. Entre as instituições, que gestam um fundo de US$ 3,75 trilhões em investimentos, estão a Legal & General Investment Management Ltd, a Sumitomo Mitsui Trust Asset Management e a NN Investment Partners. 

Na sequência, imagens dos jornais internacionais mostram as manchetes. 

Ameaça aos investimentos do BR - MercoPress

Ameaça aos investimentos do BR - NYT

"O desmantelamento de políticas ambientais e de direitos humanos está criando uma incerteza generalizada sobre as condições de investimento ou prestação de serviços financeiros ao Brasil", diz a a carta, endereçada às embaixadas brasileiras na Noruega, Suécia, França, Dinamarca, Holanda, EUA e Reino Unido. 

Também na carta, as empresas afirmam que irão deixar seus investimentos em grupos frigoríficos, de comércio de grãos e até mesmo títulos do governo brasileiro caso não vejam mudanças e um progresso nas políticas de conservação do meio ambiente. 

Ameaça aos investimentos do BR - The Guardian

Ameaça aos investimentos do BR - TWP

O tal documento, todavia, chega logo na sequência de um decreto do governo brasileiro que otimiza e impulsiona o mercado de títulos verdes no país. Nesta terça-feira, o Ministério da Agricultura e a Climate Bonds Initiative (CBI) lançaram o Plano de Investimento para Agricultura Sustentável, durante o webinar “Destravando o Potencial de Investimento Verdes para Agricultura no Brasil”.

“Queremos ser protagonista desta nova tendência. Daí a importância de se fortalecer esse mercado de finanças verdes no Brasil, que é uma potência agroambiental, comprometida com a sustentabilidade”, afirmou a ministra Tereza Cristina durante a divulgação. 

Leia mais:

>> Mapa e CBI lançam Plano de Investimento para Agricultura Sustentável

Para a Dra. Samanta Pineda, especializada em direito ambiental, este é mais um movimento claro contra o potencial sustentável do agronegócio brasileiro. "Temos iniciativas sustentáveis que outros países não têm, como o plantio direto, o etanol, a reserva legal em áreas de preservação. Então, com essas mudanças nós dominaríamos esse mercado de green bonds. Então, essa carta me parece um movimento de reação, de tentativa de barrar essa transformação do mercado", explica. 

A especialista lembra ainda que no ano passado ficou provado que os ataques do presidente francês Eduardo Macron às queimadas brasileiras era uma tentativa de impedir o acordo do Brasil com a Uniao Europeia. "Isso além de fazerem grandes redes de supermercados como Wallmart e Carrefour não comprarem produtos brasileiros, o que não deu em nada". 

Além das questões ambientais, a carta também destaca as questões indígenas de forma bastante unilateral, afirmando que o objetivo era dar procedimento a processos sobre a demarcação de terras enquanto a imprensa brasileira estaria "distraída com a pandemia do novo coronavírus". A questão fundiária e o andamento da lei que regulariza justamente esta questão também constam no documento. 

Bloomberg

Ameaça aos investimentos do BR - FT

Em 26 de maio, o Notícias Agrícolas entrevistou o jornalista, ex-ministro e relator do Código Florestal Brasileiro, Aldo Rebelo, tratando da pauta com a devida abrangência, incluindo o ponto do Marco Temporal, que define os limites das terras indígenas. 

"A mídia internacional não sabe o que está falando, são induzidos pelos nossos jornaistas e, para eles, ao invés de levarem a paz e a properidade para a nossa gente, querem tirá-los de dentro do sertão, transformando-os em párias dentro do nosso próprio País", disse Rebelo a João Batista Olivi, em sua entrevista ao Notícia Agrícolas.

Relembre:

>> A Regularização Fundiária decide também a manutenção (ou não) do Marco Temporal. Você decide!

Investidores globais exigem debater desmatamento com diplomatas do Brasil

Área desmatada da Amazônia brasileira em Itaituba, no Pará

  • Área desmatada da Amazônia brasileira em Itaituba, no Pará 26/09/2019 REUTERS/Ricardo Moraes/

BRASÍLIA (Reuters) - Um grupo de 29 empresas globais de investimento que administram 3,7 trilhões de dólares está exigindo reuniões com diplomatas brasileiros em todo o mundo para pedir ao governo do presidente Jair Bolsonaro que detenha o avanço do desmatamento na Floresta Amazônica.

Os investidores, liderados pela empresa de seguros e pensões norueguesa Storebrand Asset Management, enviaram cartas a embaixadas do Brasil em sete países pedindo reuniões e expressando o receio de que o Brasil esteja eliminando proteções ambientais, de acordo com um comunicado que incluiu uma cópia da carta.

"A escalada do desmatamento nos últimos anos, combinada a relatos de um desmantelamento de políticas ambientais e de direitos humanos e de agências de vigilância, está criando uma incerteza generalizada sobre as condições para investir ou oferecer serviços financeiros no Brasil", disse a carta.

Ambientalistas culpam Bolsonaro por enfraquecer as proteções e causar um aumento no desmatamento e nos incêndios florestais desde que tomou posse em 2019.

Bolsonaro argumenta que o Brasil é um modelo de conservação, ao mesmo tempo em que pede mais mineração e agricultura na região amazônica.

O Ministério das Relações Exteriores confirmou, em nota, que algumas embaixadas receberam a carta e que está examinando a questão em coordenação com as agências governamentais responsáveis pelas políticas ambientais.

O presidente-executivo da Storebrand Asset Management, Jan Erik Saugestad, disse em uma entrevista que, embora iniciativas anteriores tenham se concentrado em pressionar empresas brasileiras, o novo esforço visa precisamente o governo.

Entre as 25 empresas europeias que assinaram estão a também norueguesa Nordea Asset Management e a Igreja da Inglaterra, que tem um fundo de pensão equivalente a 3,5 bilhões de dólares. A britânica Legal & General Investment Management (LGIM) está entre as maiores investidoras com seus 1,2 trilhão de libras esterlinas sob gerenciamento.

As norte-americanas Domini Impact Investment e Pax World Funds também assinaram a carta. A Fram Capital, que tem sede em São Paulo, é a única signatária brasileira.

A carta não fala em consequências se o governo brasileiro não agir, mas na semana passada sete empresas da Europa disseram à Reuters que podem desinvestir em ativos ligados ao país se a destruição ambiental continuar. Muitas destas empresas também assinaram a carta enviada às embaixadas.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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6 comentários

  • Karin Diaz Gonzalez São Bernardo do Campo - SP

    A verdade pode ser observada em fotos de satélite. A questão é: "Querem nosso dinheiro? Preservem o meio ambiente, respeitem os direitos humanos!" Porque, para eles, investir em empresas não sustentáveis é um risco legal e um risco financeiro também, por consequência. Entre arriscar seu capital em empreendimentos não sustentáveis e duvidosos, e aplicar em empreendimentos sustentáveis e que trarão retorno certo, por que arriscar?

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      A questão é: por que investir dinheiro na preservação ambiental dos outros países e não nos países deles mesmos? O Brasil um dos países que mais preserva o ambiente e que possui a legislação mais rigida do planeta. Interessante também é que na China e na Rússia não existe essa ação da mesma forma draconiana que tentam realizar no Brasil.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Outra questão é: quem vai mandar no Brasil, nós, os brasileiros, ou grupos de ativistas estrangeiros?

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr Rodrigo, meus anseios coincidem com os seus... Porem estou com uma pulga atras da orelha... Aproximadamente 30.000 chineses vivem em nosso pais, parte deles administram 322 empresas... Ate' na midia ja' botaram um dedo... Em 11/novembro /2019 assinaram um acordo com a TV BAND e Globo... Nessas TVs alguns locutores ja' chamaram Bolsonaro de idiota em pleno programa... Não tenho nenhuma dúvida para onde esse bonde possa chegar.... Essa presença é preocupante..., apesar de comunistas, aceitam a economia de mercado e a propriedade privada na industria e comercio, mas a terra e' toda alugada do estado...

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Meloni, nem mesmo em Cuba a economia é totalmente estatizada, os comuno-socialistas descobriram isso há muito tempo. A estatização dos meios de produção na China, por exemplo, produziu 40 milhões de mortos. Então eles permitem certa liberdade de mercado, porém tudo controlado pelo estado, onde a moeda tornou-se fiduciária e a propriedade também é fiduciária.... Isso significa que o estado pode tomar o que quiser de quem quiser na hora que quiser. Eles permitem que a inciativa privada funcione mas sob a supervisão e orientação do estado. O fim que pretendem é a abolição da liberdade individual.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr, Meloni, tenho um tio que diz o seguinte...falam que o estado é ineficiente mas isso não é verdade, o estado é a coisa mais eficiente que já inventaram, foi feito para não funcionar, não funciona e jamais irá funcionar.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Dizem também que nós temos uma democracia, que devemos obedecer à constituição, mas nossa constituição permite que um integrante da instituição chamada STF, o supremo, cometa todos os crimes e ilegalidades que puder e quiser... e ainda coloque na cadeia uma pessoa honesta que denunciou esses crimes.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Já foi dito muitas vezes, aqui nas caixas de comentários do Notícias Agrícolas, que não devemos nos preocupar com o comunismo, mesmo que um criminoso que integra o tal estado de direito coloque na cadeia quem denuncia seus crimes... Nós já chegamos no fim da picada, no fundo do poço, se bem que há o ditado... no fundo do poço tem porão.

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    • Karin Diaz Gonzalez São Bernardo do Campo - SP

      Interessante que meu comentário não fala nada sobre comunismo. A questão é capitalista, senhores, não há duvidas... sobre isso.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Karim, seu comentario foi lido mas descartado pela quantidade de desaprovaçoes---Seu comentario esta' fora de qualquer dignidade... Alias, o dinheiro que vem de fora nao e' muito bom, porque e' na realidade na nova forma de colonialismo moderno-----O artigo comentado por você se refere aos europeus, mas ninguem liga para os europeus pois quem esta' entrando mesmo no pais e' o capital chines que nao tem frescura com a palavra da moda *sustentavel*---As naçoes europeias apresentam agriculturas falidas porque tem excesso de doutores e precisam importar maos de obra africana---As despesas com alimentos dos europeus absorvem a metade dos salarios e os agricultores de la' tem pavor dos agricultores brasileiros e por isso inventam essas barreiras ideologicas---Você Karin e' uma brasileira que nos envergonha porque nao sebe nada do seu pais, nao tem o minimo conhecimento do Codigo Florestal Brasileiro e por isso e' presa facil da imprensa mentirosa---Você mencionou tres vezes a palavra SUSTENTAVEL ora bolas quem SUSTENTA o Brasil sao os agricultores brasileiros .

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Tiraram uma parte do meu comentario e logo em seguida entrou o novo comentario da Karin----Karin va' plantar batatas---Hacker

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  • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

    Os europeus querem continuar, a todo custo, com suas colonias na América latina. Não se conformam em perder as riquezas desse lado do Atlantico e nem os consumidores... Toda vez que um pais latino se desponta, seja na industria, comércio, agricultura, eles retaliam a todo custo; antigamente era através de invasões, depois guerras (igual a guerra da triplice aliança, quando a Inglaterra impôs ao Brasil, Argentina e Uruguai que destruissem o Paraguai porque este tinha uma importante industria bélica e estava ameaçando a industria inglesa)..., depois destruiram a industria argentina (apoiando partidos socialistas) e agora tentam a todo custo destruir o agronegócio brasileiro... Querer manter qualquer relação com a Europa é jogar prá perder..., eles não tem escrúpulos, são uns sanguinários, jogam sujo demais... O Brasil tem que mandá-los às favas e estreitar os negócios com a CHINA, paises Arabes, India, EUA, etc. ... Fora capital europeu!!!!

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    • gerd hans schurt Cidade Gaúcha - PR

      Jogam pesado contra o Brasil, usando o ambientalismo..., Basta observar com mais cuidado as dificuldades que criam para nosso Agro desenvolver a Amazônia.

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    • Karin Diaz Gonzalez São Bernardo do Campo - SP

      A questão é capitalista, senhores, não há duvidas sobre isso. A questão é que avançar sobra mais terras não vai trazer o resultado esperado. Aumentar a produção a qualquer custo vai custar caro. É necessário ter uma mentalidade política e capitalista dos tempos atuais, não adianta reclamar, novos tempos exigem novas estratégias. Essa é a realidade, nua e crua. Talvez seja necessário pensar em novas formas de produzir que sejam mais rentáveis do que na simples ampliação da produção para ganhar mais por cabeça. Que tal produzir cabeças mais valorizadas no mercado? E uma produção de grãos mais valorizada? E vender uma produção de baixo carbono, vale ouro! Consultem pessoal especializado, engenheiros agrônomos, advogados especializados nessa área, podemos ganhar muito dinheiro do "velho mundo" com produção de baixo carbono. Sejam curiosos e dêem uma espiada. Abram suas mentes! Uma dica ao Notícias Agrícolas é produzir matérias sobre esse assunto com especialistas para auxiliar na capacitação de todos os produtores.

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  • Joao Alberto Souza Soledade - RS

    Bem.. parece que eles comem fuligem e bebem água do mar... vamos ter de nos alinhar aos chineses.. kkkk. que piada.. todos morrendo de medo do Brasil, a potência agrícola do Mundo.

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  • sandro roberto lautert condor - RS

    As ONGS estão sem DINHEIRO???!!! kkkkkkkk

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  • Cassiano aozane Vila nova do sul - RS

    Buenas, ... especulação pra comprar barato, vão tirar recursos do que mais da retorno???, duuuvido..., é só louco quem é que rasga dinheiro...

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  • Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS

    Novamente a Europa com essa conversa mole. Não conseguem nem aprovar a reforma da previdência e querem impor regras absurdas aqui no Brasil. Podem espernear bastante porque o crescimento do Agronegócio mais sustentável do mundo não vai parar.

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    • Ivan Oliveira Miguelopolis - SP

      A velha conversa de sempre! Fazem de tudo para barrar o crescimento brasileiro..., já chega!, agora temos Presidente, eles não mandam no Brasil... por que não aplicam o Codigo Florestal Brasileiro em suas terras???!!!

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    • Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS

      O Brasil só não vai exportar mais grãos porque não tem mais saldo pra vender... Talvez pode ter diminuído a exportação da indústria...

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