Soja acompanha altas das demais commodities agrícolas e sobe mais de 1% em Chicago

Publicado em 20/10/2021 17:37

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Depois de testarem os dois lados da tabela e de registrarem algumas baixas até consideráveis, as commodities agrícolas todas e mais o petróleo encerraram a quarta-feira (20) com bons ganhos nas bolsas internacionais. Entre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, as altas foram de mais de 1%, ou variaram entre 17,50 e 18,50 pontos nos contratos mais negociados. Assim, o novembro termina o pregão com US$ 12,45 e o maio/22, US$ 12,73 por bushel. 

Nos derivados de soja, as altas também foram boas. Os ganhos do farelo foram de mais de 1%, chegando a 1,80% no dezembro, que terminou os negócios com US$ 328,40 por tonelada curta. Já no óleo, altas de 2,65% a 3,70%, levando o contrato dezembro/21 a 64,70 cents de dólar por libra-peso. Ainda em Chicago, altas de quase 2% no milho e no trigo e, na Bolsa de Nova York, avanço liderado pelo algodão, que fechou com altas superiores a 2,1%, e o contrato dezembro/21 fechando com 110,73 cents de dólar por libra-peso. 

"Muita volatilidade nos mercados agrícolas. E hoje, uma presença menos maciça dos fundos vendendo suas posições", explicou o diretor comercial da Agrosoya e da Novo Rumo Commodities, Mário Mariano, em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

O mercado segue muito atento ao comportamento da demanda, principalmente por parte da China, e sabe que as baixas recentes pode atrair ainda mais a nação asiática às compras nos Estados Unidos. Os chineses ainda precisam adquirir bons volumes da oleaginosa até o final deste ano para estarem bem abastecidos e deverão concentrar estas importações de soja disponível nos EUA, onde, ao menos por enquanto, os preços são mais atrativos. 

No entanto, ainda segundo Mariano, os custos elevados de logística e os desdobramentos da crise energética na China podem limitar o ritmo das compras chinesas nos EUA por agora. 

Para a Pátria Agronegócios, o gigante asiático deverá apresentar uma retomada mais intensa da demanda chinesa, a qual deverá se dividir entre a soja americana e a soja brasileira, e os EUA deverão liderar o quadro ao menos neste último trimestre, quando possuem produto mais barato e mais competitivo para os chineses. 

"A China não precisa só de soja futura, mas também disponível, física. Em uma estimativa feita na última quarta-feira, a China teria estoques para cerca de 30 dias, então estaria abastecida até meados de novembro (...) E o que vemos é que ela irá concentrar estas compras da mão para boca no solo norte-americano. E em 2022 vai comprar onde estiver barato", explica Matheus Pereira, diretor da consultoria.

Além da demanda, outro fator que ganhou mais espaço no radar dos mercado nesta terça-feira foi o clima no Hemisfério Norte. As condições de frio intenso e chuva acima da média acabam atrasando os trabalhos de colheita em regiões importantes de produção, como Estados Unidos, Canadá, China e países da Europa. 

"A redução de oferta de curto prazo acaba puxando os preços do trigo na Europa, da canola no Canadá (que bateu nova máxima história), do milho e do complexo soja na CBOT. O movimento dos grande continua sendo comandado por fatores ligados à produção", explica a Agrinvest Commodities. 

Em seu último boletim semanal de acompanhamento de safras, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou a colheita da soja concluída em 60% da área até o último domingo (17), contra 62% da expectativa do mercado e distante dos 73% do mesmo período do ano passado. 

Por outro lado, no Brasil, as condições de clima ainda são favoráveis para o plantio 2021/22 e a semeadura chega a 24%, segundo dados de consultorias privadas.No entanto, as atenções estão sobre as previsões de um novo La Niña podendo marcar o verão na América do Sul e "a preocupação agora é com a chegada de um padrão mais seco, principalmente no Sul do Brasil e na Argentina", a partir de meados de novembro, começo de dezembro. 

Assim, o que se vê é um mercado ainda dividido entre os fundamentos - que seguem se desenhando com o avanço da colheita americana e o plantio sul-americano - enquanto monitora o comportamento dos fundos investidores e da demanda. 

PREÇOS NO BRASIL

No Brasil, os preços da soja no mercado físico subiram e chegaram a marcar altas de até 3,23%, como foi o caso de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde a saca fechou com R$ 160,00. As referências no interior, porém, chegam aos R$ 170,00/sc, que é o valor registrado em Ponta Grossa, no Paraná, nesta quarta0-feira. 

Os indicativos também subiram nos portos. Em Paranaguá, alta de 1,18% no spot, para R$ 171,00 por saca, e de 0,60% em Rio Grande, para R$ 168,00. Já para a soja da safra nova, ganhos de 0,63% e 0,64%, respectivamente, com preços de R$ 159,00 e R$ 157,00 por saca.  

O principal estímulo para os preços da soja no mercado nacional vieram hoje do avanço dos futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago. O dólar, porém, ainda tem seu papel importante. Afinal, apesar da baixa registrada nesta quarta-feira de 0,59%, a moeda americana terminou o dia com R$ 5,56. 

Os negócios com a soja 2021/22, porém, seguem tímidos e os produtores não têm realizados vendas muito volumosas. Dados da Safras & Mercado mostram que, até o último dia 8, cerca de 28% da nova safra já estava comercializada de uma safra estimada em algo entre 142 e 143 milhões de toneladas.

O índice está bem abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, quandro eram 52%. "Mas o ano passado foi um ano fora da curva, totalmente atípico", explica o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez. E ele lembra ainda que, para os últimos anos, a média das vendas antecipadas é de 28,4%, "e considerando isso não vejo que estamos atrasados", complementa.

Assim, com as vendas antecipadas dentro da média, o impacto da chegada da nova safra brasileira ao mercado não deve provocar reações muito atípica nos preços. 

"Quando colhemos a partir de janeiro, fevereiro, temos uma sazonalidade forte da safra e não será diferente este ano. Podemos ter uma pressão um pouquinho maior nos preços, mas é normal. Em uma safra normal, sem perdas, teremos a pressão da entrada de safra. E não vejo grandes problemas a frente, estamos dentro da normalidade", conclui Gutierrez. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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