Pressão da ômicron provoca baixas de mais de 30 pontos no trigo e superiores a 4% do óleo de soja

Publicado em 30/11/2021 17:50

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Em um novo dia de perdas intensas e generalizadas, marcado por intensa aversão ao risco, as commodities agrícolas, metálicas e energéticas aprofundaram as perdas e terminaram a terça-feira (30) no vermelho e com os investidores preocupados. Além das commodities, os índices acionários também despencaram mundo a fora. Os temores com a nebulosidade que a variante ômicron do coronavírus são grandes e se intensificam ou diminuem na medida em que as informações vão chegando. 

"Temos uma boa convicção de que (essa nova cepa) é mais contagiosa, o que ainda não sabemos é se é mais mortal", disse Randy Frederick, diretor-gerente de negociação e derivativos do Schwab Center for Financial Research à Reuters Internacional. "O mais importante é que o mercado não gosta de incertezas, e isso cria um novo nível de incerteza que ainda não tínhamos". 

A maior preocupação dos especialistas e, consequentemente, dos mercados é a rapidez e o número de mutações que a nova variante apresenta. “O número de mutações neste vírus é surpreendente. Temos que interpretá-lo como a séria ameaça que representa", disse o co-fundador da Moderna em uma entrevista à Bloomberg. Já ao Financial Times, o CEO do laboratório, Stephane Bancel, afirmou que as alternativas, neste momento, são limitadas para um novo imunizante dadas as características da ômicron. 

Ainda de acordo com a agência internacional de notícias, "o tom utilizado pelo CEO da Moderna parecia bem determinado e pareceu ter assustado os mercados". 

Todavia, as declarações mais preocupantes da Moderna, de líderes europeus e da própria OMS (Organização Mundial da Saúde) acabam divergindo de outras mais serenas de especialistas da África do Sul, onde a variante foi primeiramente detectada. 

Além das preocupações com a variante ômicron - que carrega inúmeras incertezas e deixa o mercado ainda mais apreensivo - as declarações de Jerome Powell também alterou o humor do cenário macroeconômico. O presidente do Banco Central norte-americano afirmou que o risco de uma inflação ainda mais alta nos EUA cresceu. 

"De forma geral, os preços mais altos que vemos estão relacionados a desequilíbrios entre oferta e demanda que podem ser atribuídos diretamente à pandemia e à reabertura da economia", disse o chairman da instituição durante uma audiência perante o Comitê Bancário do Senado dos EUA nesta terça-feira. "Mas também é o caso de que os aumentos de preços se espalharam muito mais amplamente...e acho que o risco de uma inflação mais alta aumentou". 

E para alguns analistas internacionais, a postura do FED se mostra agora mais agressiva do que o mercado esperava, mas não o suficiente para que os investidores acreditem em um aumento das taxas de juros já no ano que vem. 

Os futuros do petróleo - tanto WTI, quanto o brent - caíram mais de 5% somente nesta sessão. O barril do WTI foi a US$ 66,28 e o do brent a US$ 69,38. No gás natural, as perdas também passaram de 5%, enquanto o ouro caiu 0,50%, a prata 0,1% e o cobre 1%. 

Entre as agrícolas, o destaque no complexo soja, mais uma vez, se deu sobre o  óleo. Os futuros do derivado terminaram o pregão desta terça-feira com baixas de 4,18% a 5,41% entre as posições mais negociadas, com o dezembro valendo 55,11 cents de dólar por libra-peso. O mercado, tradicionalmente, acompanha de perto a a movimentação dos preços do petróleo e hoje não poderia ser diferente.

No farelo, as quedas foram bem mais brandas. Depois de testar mais de 1% de recuo ao longo do dia, o derivado terminou a terça-feira com perdas de 0,09% a 0,26%, e o janeiro sendo cotado a US$ 341,80 por tonelada curta. 

Já entre os futuros do farelo de soja as perdas se aproximaram dos 30 pontos neste pregão. As posições mais negociadas perderam de 24,25 a 26 pontos, levando o janeiro a US$ 12,17 e o o maio a US$ 12,35 por bushel. 

Segundo os analistas de mercado da Agrinvest Commodities, não só os componentes do complexo soja, mas também trigo e milho perderam sua média móvel de 50 dias, com forte pressão vinda do cenário macroeconômico. As recentes declarações dos representantes da farmacêutica Moderna intensificaram a aversão ao risco ao trazerem ainda mais incertezas sobre a eficácia das vacinas para a variante ômicron. 

"O CEO da Moderna diz que as vacinas serão muito menos eficazes contra a ômicron, levando novamente os ativos de risco para um mergulho. O CEO também disse que, provavelmente, levará meses atgé o desenvolvimento de uma vacina em escala", explicam os analistas da Agrinvest.

FUNDAMENTOS DOS GRÃOS

Ainda como explica o time da consultoria, a baixa no trigo - que agora se aproxima de 1,5% -  vem da revisão para cima na produção do grão na Austrália. A notícia acaba pressionando também o milho na carona, já que reduz a competitividade do trigo com o cereal. 

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia com perdas de 14 a 15,75 pontos nos principais contratos, enquanto o recuo do trigo variou de 30,50 a 35 pontos, o que exerceu ainda mais pressão sobre os mercados vizinhos. 

Sobre o farelo, a menor competitividade do produto norte-americano. "O farelo dos EUA está muito caro no mercado internacional e as vendas semanais já começam a se desacelerar. Os farelos argentino e brasileiro estão bem mais baratos", diz a consultoria.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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