Captação de leite cai 13 mi/l dia em MG, varejo começa a ficar sem produto e simpatia pela greve pode cair entre a população
Celso Moreira, diretor-executivo do Silemg, conversou com o Notícias Agrícolas nesta quinta-feira (24) para destacar como a greve dos caminhoneiros está afetando a principal bacia leiteira do Brasil, localizada no estado de Minas Gerais.
Segundo ele, a situação se agrava dia após dia. A captação já teve uma queda de 13 milhões de litros por dia, já que os caminhões se encontram vazios ou carregados nas estradas, incapacitando a indústria de captar.
Apenas 20% dos 16 milhões de litros de leite que saem com destino à indústria de laticínios estão conseguindo chegar ao destino final. Enquanto a indústria tiver capacidade de armazenar esses produtos, eles irão existir. Contudo, o transporte deles também segue impedido de ser realizado por conta do desabastecimento de combustíveis em todas as cidades do país.
Ele também aponta que o varejo não possui um estoque muito maior do que 10 dias desses produtos, de forma que a população também pode ficar sem os laticínios nos próximos dias.
O número de caminhões retidos nas estradas é grande e a situação, sem entendimento dos caminhoneiros com o Governo Federal, é difícil de resolver. Para Moreira, é preciso dar prioridade às cargas vivas.
Mais de 1 milhão de pessoas estão ligadas diretamente à atividade leiteira primária, das quais muitas são pequenos produtores. O transporte da ração para alimentar o gado também está prejudicado, ameaçando a falta de alimento para os animais.
Veja a situação em outros estados:
Produtores de SC jogam milhões de litros de leite fora por não conseguirem escoar a produção
Produtores de leite catarinense estão descartando o produto por não conseguir escoar a produção em função da greve dos caminhoneiros. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa (Faesc) estima que boa parte dos 5 milhões de litros de leite que são tirados para envio às indústrias foram jogados fora nesta quinta.
Em Santa Catarina, segundo a Faesc, entre 70 mil e 80 mil produtores rurais trabalham com a ordenha de vacas e a produção diária de leite no estado é de 8 milhões de litros. Conforme o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, os 3 milhões de litros restantes são comercializado nas regiões dos produtores, atendendo a demanda interna.
"O aumento no preço do diesel é algo que afeta toda a cadeia, por isso de certa forma apoiamos a paralisação. Entretanto, com o leite é sempre um dos mais afetados. Não tem o que fazer. A vaca precisa ser ordenhada diariamente, às vezes até três vezes ao dia. Só jogando fora mesmo", explicou Barbieri.
Confira a notícia na íntegra no site do G1 SC
Mais de 80% da captação de leite do RS está comprometida
O Sindicato da Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat) informa que mais de 80% da captação de leite do Rio Grande do Sul está comprometida nesta quinta-feira (24/5). Segundo levantamento realizado com associados nesta manhã, várias empresas suspenderam integralmente a ação de caminhões nas diferentes rotas e aqueles que ainda estão operando o fazem com dificuldades e sob ameaça. Todos os dias, em condições normais, são captados 12,6 milhões de litros de cru de 65 mil propriedades rurais do Rio Grande do Sul.
Compreendendo as complicações e o prejuízo que a interrupção desse serviço traz aos produtores e à indústria, o Sindilat ingressou com ações na Justiça Estadual para desbloqueio das rodovias interditadas em movimento de caminhoneiros desde a segunda-feira (21/5). Ontem (23/5), a Justiça determinou a liberação de cargas de empresas associadas ao Sindilat em Cruz Alta e Ijuí. Soma-se ao movimento, liminar obtida nesta quinta-feira (24/5) pela Advocacia Geral da União (AGU) que permite a livre circulação nos estados do RS, SC e PR. Até este momento, o cumprimento das decisões judiciais para liberação dos caminhões ocorre de forma lenta e insuficiente para repor o fluxo de coleta no campo. O Sindilat recomenda a seus associados que, de posse das decisões acima citadas, solicitem a liberação das cargas retidas em diferentes rodovias.
As empresas associadas ao Sindilat ainda informam que estão com seus setores de expedição lotados de produtos e já há registro de falta de insumos para atender ao processo industrial, o que indica que, se a manifestação prosseguir, as linhas de produção também serão desativas integralmente.
O Sindilat e as indústrias associadas informam que, tão logo o transporte seja normalizado, a coleta no campo e o abastecimento dos centros urbanos serão retomados.
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