Com ou sem acordo entre China e EUA, produtor brasileiro terá um ano com margens positivas na soja. Entenda porque
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Fechamento de Mercado da Soja - Ênio Fernandes - Consultor em Agronegócio da Terra Agronegócios
DownloadBrasil exporta recorde à China com guerra comercial, mas precisa buscar mercados
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - As exportações do Brasil à China já bateram recorde em 2018, antes mesmo de o ano acabar, com a disputa comercial entre o gigante asiático e os Estados Unidos favorecendo os envios brasileiros, sobretudo de soja, mas a neutralidade e a busca por outros mercados e alianças ainda precisam nortear a estratégia do país.
Especialistas ouvidos pela Reuters afirmam que as retaliações entre as duas maiores potências do mundo podem, em breve, afetar o crescimento econômico global, além de enfraquecer a atuação de órgãos como a Organização Mundial do Comércio (OMC), mesmo em meio à expectativa de um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping durante o G20, em Buenos Aires.
Assim, posicionar-se adequadamente neste ambiente conturbado seria essencial para o Brasil.
"Acho que a melhor posição é ficar equidistante, não tomar partido... Temos de colocar o interesse nacional acima de tudo", afirmou o embaixador Rubens Barbosa, que atuou em Washington entre 1999 e 2004. "No curto prazo, (a disputa comercial) é muito positiva, se o Brasil souber aproveitar. No longo prazo, é ruim para todo mundo."
Para Barbosa, além da neutralidade, abrir novos mercados, ampliar o leque de produtos exportados --hoje muito calcado em soja, petróleo e minério de ferro-- e até se aproximar da Aliança do Pacífico seriam ações importantes.
O embaixador disse esperar isso do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, que, entretanto, já deu sinais de querer limitar o peso da China nas relações com o Brasil. A executiva de seu partido, o PSL, até recusou um convite do Partido Comunista da China para ir ao país ainda neste ano, alegando "tempo muito exíguo", segundo o presidente da sigla, Luciano Bivar, que espera realizar tal visita em 2019.
O fato é que tomar um lado nessa "briga" pode mesmo prejudicar o Brasil.
De janeiro a outubro, as exportações do Brasil à China somaram 53,2 bilhões de dólares, alta de 28,8 por cento ante igual período de 2017. Com isso, ultrapassaram o total observado em todos os anos fechados da série iniciada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) em 1997.
A China, que já é o maior parceiro comercial do país, aumentou ainda mais seu peso nessa relação, abocanhando 26,7 por cento de tudo o que o Brasil vendeu nos 10 primeiros meses do ano, uma fatia também histórica.
As vendas de soja, principal item da pauta exportadora brasileira, foram determinantes para tanto. O avanço foi de 27,2 por cento sobre igual intervalo do ano passado, a 23,9 bilhões de dólares, em uma avenida aberta pela guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, favorecendo o Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.
Em uma das várias retaliações que adotou, Pequim impôs em julho tarifa de 25 por cento sobre a soja dos EUA, respondendo a medidas do governo de Donald Trump de taxar importados chineses para forçar a revisão da pauta comercial e diminuir o déficit com o gigante asiático.
PERSPECTIVAS
Para o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcello Estevão, é inegável que, no curto prazo, as tarifas impostas tanto do lado norte-americano quanto do lado chinês estão beneficiando o Brasil, inclusive com maior procura pelos EUA de peças e componentes feitos em território nacional.
Os norte-americanos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tendo comprado 23,8 bilhões de dólares em produtos brasileiros de janeiro a outubro, alta de 7,2 por cento sobre um ano antes.
Estevão ponderou, contudo, que a continuidade da guerra comercial tende a afetar negativamente o crescimento global, o que invariavelmente prejudicará as exportações brasileiras. Por isso, será uma questão de tempo para o acirramento dessa disputa começar a pesar negativamente para as trocas comerciais brasileiras.
"Acho que 2019, no líquido, ainda vai ser positivo para o Brasil. Mas essa é uma oportunidade para fazer mais negócios, para abrir mais parceiros porque quando dois grandes cães brigam sobra bastante farelo e pedaço de carne para os outros. E o Brasil tem de acelerar esse processo de abertura por causa disso", disse.
Tal como embaixador Rubens Barbosa, Estevão citou a necessidade de o país firmar acordos comerciais com outras nações, como Canadá e Coreia do Sul, trabalhar para o acordo entre Mercosul e União Europeia enfim ser fechado e também renegociar tarifas de importação, tornando bens de capital e bens de informática mais baratos.
Quanto a Estados Unidos e China, Estevão citou como caminho estratégico uma aproximação forte com Washington e com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com concomitante consolidação das relações com Pequim. Ele avaliou que esse foi o rumo tomado pelo governo de Michel Temer e que deveria seguir o mesmo sob o comando de Bolsonaro.
"Me parece que vai haver um aprofundamento dessa agenda (de liberalização comercial) porque vamos ter agora um presidente que foi eleito com ela", destacou o secretário, defendendo que o país siga aproveitando o fato de "não ter problemas geopolíticos com ninguém" para defender interesses diversos, sem marcar posição ideológica em relação aos parceiros.
MAIS CHINA?
O presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e ex-presidente do BNDES, José Pio Borges, disse que "a complementaridade entre Brasil e China já existe e continuará existindo com ou sem essa guerra comercial com os Estados Unidos".
Conforme ele, as exportações de carnes para a China podem passar por uma explosão nos próximos anos à medida que Pequim abre ainda mais seu mercado às proteínas brasileiras.
Pio Borges também ressaltou que a China é --e continuará sendo-- grande compradora de petróleo brasileiro, e que isso deve se acentuar com a expectativa de maior produção nacional nos próximos anos, conforme campos do pré-sal elevam a extração do país.
No acumulado de 2018 até outubro, as vendas de petróleo para a China subiram 84,2 por cento, a 11,5 bilhões de dólares, em meio a maiores preços neste ano.
A China também é a maior compradora de minério de ferro do Brasil, e os negócios foram impulsionados neste ano pelo produto de melhor qualidade da Vale, que consegue atender os chineses no momento em que o país tenta reduzir a poluição. As vendas totais da mineradora ao gigante asiático subiram mais de 10 por cento no terceiro trimestre, para 4,2 bilhões de dólares.
Diante do impulso, o Banco Central projeta que as exportações totais do Brasil ao exterior somarão 231 bilhões de dólares em 2018, melhor desempenho em cinco anos.
Para além das compras diretas de produtos, uma aproximação com a China no contexto do programa "Belt and Road" --principal plataforma de política externa chinesa-- abre oportunidades para investimentos e financiamento em infraestrutura para o Brasil, num momento em que o governo eleito de Jair Bolsonaro vem ressaltando o objetivo maximizar concessões e vendas nessa área.
AgRural vê safra do Brasil em 121,4 mi t, com recorde de produtividade em MT
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deve colher um recorde de 121,4 milhões de toneladas de soja na atual safra 2018/19, em fase final de plantio, com Mato Grosso, maior produtor nacional, registrando rendimentos históricos, informou nesta sexta-feira a AgRural.
O volume supera os 120,3 milhões de toneladas considerados anteriormente e também fica acima dos 119,3 milhões de toneladas da temporada passada, destacou a consultoria em boletim.
Para a área plantada com a oleaginosa, houve um leve ajuste para cima, a 35,87 milhões de hectares, alta de 2,1 por cento na comparação anual.
Em pesquisada da Reuters divulgada mais cedo nesta sexta-feira, consultorias e entidades estimaram a safra brasileira de soja em uma média de 120,76 milhões de toneladas, com semeadura em 36,13 milhões de hectares.
Segundo a AgRural, Mato Grosso deve ter produtividade de 57,8 sacas por hectare neste ano, superando o recorde anterior, de 56,6 sacas, de 2017/18.
"A produtividade mato-grossense, porém, ainda depende das condições climáticas ao longo de dezembro, durante o enchimento de grãos, e na colheita", ponderou a consultoria.
"No resto do país, o rápido avanço do plantio e as condições climáticas favoráveis observadas até aqui reforçam as chances de que as produtividades obtidas na última safra sejam igualadas ou mesmo superadas. Ainda muito é cedo, porém, para elevar os números acima das marcas excepcionais obtidas no ciclo 2017/18."
Conforme a AgRural, 93 por cento da área prevista já foi plantada, ante 92 por cento há um ano e 87 por cento na média de cinco anos. O plantio de soja está finalizado nos três Estados do Centro-Oeste e em São Paulo.
MILHO
A AgRural prevê que o centro-sul do Brasil produzirá 21,6 milhões de toneladas de milho na primeira safra 2018/19, colhida no verão, contra 22 milhões na estimativa anterior e 20,3 milhões em 2017/18. A área deve ser de 2,92 milhões de hectares.
"Com as últimas áreas de São Paulo, Minas Gerais e Goiás semeadas nesta semana, o plantio está encerrado no Centro-Sul e as lavouras se desenvolvem bem", afirmou a consultoria.
Com colheita em dezembro, Brasil deve produzir quase 121 mi t de soja em 18/19, dizem analistas
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil produzirá um recorde de quase 121 milhões de toneladas de soja na atual safra 2018/19, mostrou uma pesquisa da Reuters divulgada nesta sexta-feira, com o mercado já atento às condições para a colheita, cujo início, antecipado, está previsto para dezembro.
De acordo com a média de estimativas de 13 consultorias e entidades, o país deverá colher 120,76 milhões de toneladas da oleaginosa neste ciclo, alta de 1,2 por cento sobre o registrado na temporada passada.
Os números só não são maiores porque as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) são conservadoras.
Maior exportador global da commodity, o Brasil também semeará históricos 36,13 milhões de hectares com soja, 2,8 por cento acima do visto em 2017/18, conforme o levantamento.
Na pesquisa anterior, de outubro, a produção estava projetada em 120,39 milhões de toneladas e a área, em 36,12 milhões de hectares.
"De um modo geral, até o momento não temos notado reclamações relacionadas ao clima nas principais áreas produtoras. Só um pouco de reportes de ferrugem asiática em regiões isoladas, onde aparentemente acabou chovendo demais. Por enquanto temos de trabalhar com a hipótese de safra cheia", resumiu o diretor da Cerealpar, Steve Cachia.
Chuvas regulares neste ano contribuíram para o plantio de soja mais rápido da história no país, o que, por sua vez, tem levado a um aumento nos focos do fungo da ferrugem asiática, afirmou recentemente uma pesquisadora da Embrapa, alertando para a possibilidade de custos maiores para controlar a doença.
Embora derivem de casos pontuais, sem ameaças à safra, tais custos tendem a pesar sobre as margens dos produtores, as quais já caminham para ser menores frente às inicialmente consideradas em razão da depreciação do dólar após as eleições.
Neste mês, o Itaú BBA apontou que as margens dos sojicultores devem girar em torno de 1.200 reais por hectare, contra 1.400 reais estimados em agosto, antes do plantio, e mais de 2.000 reais em 2017/18.
COLHEITA PRECOCE
Mas, se há algo certo, é que a colheita desta temporada começará mais cedo que de costume, justamente em razão da semeadura adiantada.
"Tudo indica que a partir de segunda quinzena de dezembro uma parte do pessoal de Mato Grosso já vai estar colhendo em algumas áreas. O desenvolvimento de maturação (da soja) está muito acelerado... Ainda será bem pouco representativo, menos de 1 por cento da área, mas já é oferta de soja entrando no mercado", destacou o analista Aedson Pereira, da consultoria IEG FNP. Outros especialistas concordam com ele.
"Isso indica um janeiro cheio (de colheita). Poderemos fechar janeiro com 10 a 15 por cento de área colhida em todo o Brasil", acrescentou.
Assim, o porcentual colhido ao final de janeiro de 2019 poderia ser mais que o dobro do total registrado no mesmo mês deste ano e da média histórica recente, segundo números da consultoria AgRural.
Com maior oferta em janeiro, o Brasil anteciparia uma concorrência com a exportação dos Estados Unidos, que acabou de colher a sua safra.
Washington segue às turras com Pequim em meio a uma disputa comercial que resultou na taxação da oleaginosa norte-americana pelos chineses. Isso fez com que as vendas dos EUA ao gigante asiático minguassem, enquanto as do Brasil dispararam para volumes recordes neste ano.
MILHO
Assim como a soja, o milho de primeira safra, colhido no verão, apresenta um bom cenário, segundo a pesquisa da Reuters.
Dez consultorias e entidades esperam, em média, uma produção de 27,79 milhões de toneladas, alta de 3,6 por cento na comparação anual, com área 7,4 por cento superior, em 5,46 milhões de hectares.
No levantamento anteriores, a safra de milho verão estava estimada em 27,48 milhões de toneladas, produzidos em 5,36 milhões de hectares.
"Não há relatos até o momento de perdas produtivas em função do clima", afirmou o analista Victor Ikeda, do Rabobank, citando os preços mais atrativos do cereal como um dos estímulos para o aumento de área.
"Ainda assim, vale ressaltar que o crescimento não foi significativo, pois o produtor ainda opta pela soja no verão em função da maior liquidez da oleaginosa."
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Cesar Sandri Mineiros - GO
Abrir novos mercados, fazer novas alianças, dependem de os países respeitarem acordos internacionais sobre o meio ambiente, sobre a soberania, sobre a paz. Um governo brasileiro que insiste em se meter na guerra Palestina/Israel e que por último agora diz que não sediará a conferência do Clima em 2019, terá muita dificuldade de abrir novos mercados.
Sr. Cesar, tenho como regra em não "votar negativo" com relação às mensagens. Mas costumo discordar de alguns comentários, como esse que você postou. ... ... Você sabe onde está o petista que criou o "Programa Fome Zero"? Está como Diretor-geral na FAO, organização da ONU para a Agricultura e Alimentação. Em janeiro de 2015 ele concedeu ao tirano Nicolas Maduro da Venezuela uma condecoração por sua "luta contra a fome". ... Isso é verídico..., agora fica a pergunta: QUEM É NICOLAS MADURO & QUEM É JOSÉ GRAZIANO? ... ... Na atual conjuntura... ... Quanto aos acordos internacionais sobre o meio ambiente, aqueles que foram escritos por gente do "quilate" de um José Graziano, com certeza DEVEM SER REVISTOS ....