Leite: Apesar de entressafra, agentes esperam recuo nos preços

Publicado em 31/05/2012 14:27
Mesmo em entressafra, a expectativa da maior parte dos compradores de leite consultados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, é de queda dos preços ao produtor no próximo mês, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste do País. O principal motivo é a redução da margem de lucro das indústrias e cooperativas, segundo os agentes ouvidos, tendo em vista o aumento da matéria-prima nos últimos meses e a relativa estabilidade dos valores dos derivados no segmento atacadista. Entre janeiro e abril, o preço médio pago pelo leite aos produtores ficou 12% acima do observado no mesmo período de 2011 (em termos nominais), enquanto o preço do leite UHT, por exemplo, manteve-se estável. Outro fator que tem prejudicado as vendas da indústria nacional é o volume de lácteos importados a preços relativamente baixos se comparados aos do produto nacional. Do ponto de vista do produtor rural, no entanto, os custos de produção têm “apertado” sua margem de lucro. Em abril, o custo operacional efetivo (COE) ficou 7% acima do observado no mesmo período do ano passado e 20% superior ao de abril/10 (sem considerar a inflação do período). Esse encarecimento foi puxado basicamente pela alimentação concentrada e pela mão de obra, que normalmente é indexada ao salário mínimo. Neste cenário, segundo a pesquisa mensal realizada pelo Cepea referente às expectativas sobre o comportamento dos preços a serem pagos no mês seguinte, 59% dos compradores de leite entrevistados (que representam 79% do volume de leite da amostra) acreditam em queda dos preços do leite a serem pagos em junho. Para 23% dos agentes consultados pelo Cepea (que respondem por 15% da amostra), deve haver estabilidade e 18% dos agentes (responsáveis por 6% do volume amostrado) acreditam em alta de preços. Em maio, o preço médio pago pelo leite aos produtores (referente à produção entregue em abril) teve leve aumento de 0,8% em relação ao mês anterior, indo para R$ 0,8742/litro (valor bruto, inclui frete e impostos). O valor considera a média ponderada pelos estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA. Em termos reais, o preço do leite ficou 0,5% abaixo do registrado em maio/11. Desde aquele mês, justamente, que o preço real não ficava abaixo do verificado em igual período do ano anterior. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) registrou ligeira queda de 0,5% entre março e abril – o cálculo é feito com base na variação da captação média diária nos estados de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA. A principal redução foi verificada em Santa Catarina (quase 8%), seguida pela Bahia (recuo de 5,4%). Em função da seca no Nordeste, no estado baiano o índice ficou cerca de 20% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado. O índice geral de abril teve aumento de 4% em relação a abril de 2011. Considerando-se os últimos doze meses, entretanto, ainda há redução de 1,5% do ICAP-Leite/Cepea em relação aos 12 meses anteriores. No Sul do País, a produção de leite ainda é influenciada pelas consequências da estiagem registrada no início do ano, tendo em vista a menor produção de silagem de milho e também a qualidade deste produto, que foi afetada pelo clima. A safra de inverno na região tende a começar entre junho e julho, sendo que o desenvolvimento das forrageiras está atrasado em algumas regiões em função da falta de chuvas, segundo agentes. NOVAS PRAÇAS - Em maio, o Cepea passou a pesquisar também o mercado de leite nos estados do Espírito Santo e Ceará. No primeiro estado, por enquanto, serão divulgados os preços médios apenas da mesorregião Sul Espírito-Santense. Já no Ceará, passam a ser divulgados valores para três mesorregiões: Sertões Cearenses, Metropolitana de Fortaleza e Centro-Sul Cearense. AO PRODUTOR – O maior preço pago aos produtores pelo leite em maio foi observado novamente em Goiás, de R$ 0,9169/litro. Naquele estado, houve ligeiro aumento de 0,5% em relação ao pagamento de abril. Em Minas Gerais, houve alta de 1% no mesmo período, com o preço médio a R$ 0,8916/litro. Em São Paulo, o valor médio foi de R$ 0,8956/litro, ligeira alta de 0,9% frente a abril. No Espírito Santo, a média foi de R$ 0,8607/litro, o menor valor observado na região Sudeste. No Rio de Janeiro, o valor médio foi de R$ 0,8811/litro, leve queda de 0,5% frente ao pagamento de abril. Na Bahia, houve aumento de 9% no preço médio pago em maio em função da seca, indo para R$ 0,8475/litro. No Ceará, o valor bruto médio foi de R$ 0,8706/litro. Segundo agentes do setor, a expectativa no estado cearense é de alta de preços devido à escassez de oferta da matéria-prima. No Mato Grosso do Sul, houve aumento de 4,8%, com média de R$ 0,7694/litro. No Sul, de forma geral, os preços permaneceram nos mesmos patamares de abril. No Paraná, a média foi de R$ 0,8347/litro (alta de 0,1% frente ao mês anterior), no Rio Grande do Sul o preço foi para R$ 0,8519/litro (leve aumento de 0,2%) e, em Santa Catarina, de R$ 0,8191/litro (ligeira queda de 0,3%).
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Cepea

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