Armazenagem e Estoques Reguladores

Publicado em 03/09/2012 15:11 e atualizado em 07/03/2020 11:48
Por Rui Wolfart, engenheiro agrônomo, especializado em administração. Consultor na área fundiária. Produtor Rural há 27 anos em Mato Grosso.
Na Carta de Brasília, na década de sessenta, se atribuiu à política de armazenagem, um papel importante no abastecimento do país, em decorrência de seu caráter estratégico no processo de comercialização da produção agropecuária. Na década de setenta, foi implantado o Programa Nacional de Armazenagem – PRONAZEM, prevendo a construção de: Armazenagem em nível de fazenda; Armazenagem intermediária e Armazenagem terminal. O programa, à época, financiou a expansão da capacidade armazenadora em aproximadamente cinco milhões de toneladas. Com o advento das políticas neoliberais e dos desastres na condução da política econômica brasileira, o setor teve baixo crescimento, motivado entre outras coisas pela extinção do PRONAZEM e da inviabilidade em se tomar recursos do MODERINFRA ou do FCO. As taxas de retorno dos investimentos eram incompatíveis com os prazos de carência e de amortização, contidos nessas linhas de financiamento. Com isso, a expansão foi brecada, justamente quando a produção passou por um crescimento notável. As montanhas de produtos a céu aberto são o retrato desse quadro.
 
Mais do que isso, o estrangulamento em armazenagem, para quem conhece, era uma questão de tempo. Isso iria acontecer fatalmente. Em 2.011, o déficit da capacidade de armazenagem, segundo empresa privada, só no Rio Grande do Sul, já era estimado em dezenove milhões de toneladas. O Governo Federal precisa retomar esse assunto e colocá-lo na ordem do dia, somando aos investimentos na área de logística. O cenário macroeconômico com a taxa SELIC a 7,5% a.a., favorece a aplicação de recursos em armazenagem. A hora é agora, repetindo cenário dos anos setenta. Também, o Governo Federal face aos brutais problemas de fornecimento de milho às cadeias de suínos e aves no Sul do Brasil tem por obrigação, sob pena de ficar a reboque do problema, voltar a fazer estoques reguladores.  Os recursos financeiros necessários para essas operações, não deveriam entrar no Orçamento da União sob a rubrica de Despesas (ótica neoliberal), mas como “hedge” para fazer frente a acidentes como os vividos no momento. O preço que o setor produtivo e a sociedade pagarão por essa falta, é muito mais elevado do que aquele que seria gasto para fazer esses estoques reguladores e/ou estratégicos. Antigos procedimentos continuam valendo, pois desde que o homem deixou de ser nômade, se concentrando em cidades, fazer estoques é um imperativo para a manutenção da paz social.
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Rui Wolfart

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário