Fala Produtor - Mensagem

  • Telmo Heinen Formosa - GO 10/12/2007 23:00

    Prezados jornalistas,

    Por favor façam uma reportagem abordando este assunto... Por quê os consumidores de milho não atuam mais intensamente no Mercado Futuro ?

    Estou farto desta choradeira de que milho é isso, milho é aquilo...

    Em primeiro lugar, subiu porque estava muito barato, é óbvio.

    Em segundo lugar, a exportação foi boa porque havia Prêmios de até 6 (seis) dolares por saco. No outro ano haverá prêmio de novo?

    Pergunto isto porque a 9.00 ou 10.00 dólares por saco que é a "retumbante" cotação ALTA em Chicago, ninguém plantará para exportar não...

    Tem muita gente precisando rever os seus conceitos...

    Abs, Telmo Heinen - Formosa (GO)

    (segue reportagem da Folha de S. Paulo)

    Indústria processadora de milho quer leilões especiais

    Elas reclamam que a política de subsídios do governo está distorcendo o mercado

    Parte do milho leiloado com subsídios é desviado para indústrias no Nordeste, retirando a competitividade das que estão fora da região (MAURO ZAFALON - DA REDAÇÃO).

    O Brasil nunca exportou tanto milho como neste ano e os preços nunca estiveram tão altos. Situação que seria perfeita para todos. Para os produtores, porque são mais bem remunerados; para os consumidores internos -avicultores, suinocultores e indústrias de processamento-, porque preços e exportações incentivam a produção e melhoram a oferta.

    Mas essa situação, que parece ser boa para todos, não agrada a ninguém. A alta veio tarde, e os produtores já tinham vendido a maior parte da colheita. Acostumados a receber R$ 12 por saca na safrinha, muitos produtores fizeram contratos a R$ 15 no Paraná. Hoje, o milho está a R$ 28 por saca.

    Avicultores e suinocultores pagam caro e têm dificuldades de encontrar o produto. Já as indústrias processadoras de milho para alimentação humana tiveram forte elevação de custos, que inviabilizam a produção tanto para o mercado interno como para o externo.

    Insatisfeitos com o mercado atual de milho, esses segmentos apontam a política de comercialização do governo. De uma forma geral, todos concordam com essa política, mas julgam ser necessários acertos para dar isonomia ao mercado.

    O ministro da AGRICULTURA, Reinhold Stephanes, diz que há milho suficiente até a próxima SAFRA. "Temos 6 milhões de toneladas." Em janeiro, são previstos 2 milhões de toneladas da SAFRA nova, e, em fevereiro, 5 milhões, diz o ministro.

    Essa alta de preços ocorre devido à procura de milho brasileiro por outros países, provocada pelo maior consumo do produto nos Estados Unidos pelo setor de bioenergia, segundo Stephanes.

    Avicultores e suinocultores do Nordeste, que recebem subsídios do governo, buscam o produto no Centro-Oeste, mas deveriam fazer importações diretas da Argentina, segundo os produtores do Sul. Sobre importações, o ministro afirmou ontem à Folha que o governo está de sobreaviso, mas precisa de um parecer da CTNBio, que não está se manifestando devido a uma decisão judicial.

    O produto argentino é TRANSGÊNICO e, mesmo com sinalização de importações por parte do governo, ninguém se arriscaria a buscar o milho no país vizinho porque pode haver problemas no desembarque.

    Milho desviado

    As indústrias de processamento de milho reclamam que a política de subsídios do governo está distorcendo o mercado. Os leilões retiram milho do Centro-Oeste para a avicultura nordestina, "o que deve ser feito devido à falta de produto no Nordeste", afirma um industrial. "Parte desse produto leiloado com subsídio, no entanto, é desviado para indústrias de alimentos nordestinas, retirando a competitividade das que estão fora do Nordeste."

    Esse industrial, que preferiu não se identificar, diz que instalou sua indústria no Centro-Oeste exatamente pela facilidade de abastecimento. Neste momento, no entanto, tem de buscar o produto em Mato Grosso, com custo de R$ 34 por saca, sendo que poderia pagar R$ 30 na região, que não tem mais milho porque foi desviado para outras regiões.

    "Isso é, no mínimo, leviandade", afirma Antonio Corrêa de Araújo, presidente da Associação Avícola de Pernambuco. A empresa que compra tem de declarar o plantel que possui e só pode comprar o necessário para essa quantidade de animais. Além disso, o programa do governo, que existe desde 1995, só movimenta 1,5 milhão de toneladas para 13 Estados.

    Nelson Kowalski, recém-eleito presidente da Abimilho (associação das indústrias do setor), diz que a política do governo, enquanto incentiva a compra por outros Estados, está deixando o Paraná sem milho. Além disso, o governo limita o crédito de armazenagem a R$ 10 milhões, dificultando a formação de estoques.

    José Ronald Rocha, da Nutrimilho, localizada em Maringá (PR), mesmo com a indústria no maior Estado produtor, tem de buscar milho em Mato Grosso, a 1.500 quilômetros.

    Com a empresa direcionada para a exportação, Rocha diz que já eliminou um turno de trabalho e que vai cumprir apenas os contratos já assinados. Falta de produto, preços elevados e dólar desvalorizado inviabilizaram as exportações. A empresa vai perder mercados que demorou anos para conseguir, diz. "Estamos sendo alijados do mercado pelas próprias regras do governo. A alta de preços é salutar para todos, porque estimula o plantio. A única coisa que queremos é participar, com o volume exportado, nas mesmas condições que estão sendo dadas a parte do mercado."

    Assim como Rocha, que opera basicamente para o mercado externo, as indústrias que atuam no mercado interno também querem leilões específicos para elas. Os leilões abertos para todo o mercado, feitos pela CONAB, não resolvem o problema, segundo Rocha.

    Favorecidos com subsídios nos leilões específicos, a avicultura e a suinocultura elevam os preços dos leilões abertos. Na média, têm preços mais favoráveis do que os das indústrias.

    Para Stephanes, o governo não pensa em mudar as regras dos leilões. "Não temos milho suficiente para todas as atividades. Não podemos chegar em janeiro a zero." Mas deixa uma abertura: "A não ser que uma avaliação aponte problemas".

    Essas distorções do mercado de milho já estão chegando ao bolso dos consumidores, principalmente os de baixa renda, os que mais consomem. O quilo do fubá, que custava R$ 1,60, em média, já está a R$ 2,00.

    0