Fala Produtor - Mensagem

  • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS 02/08/2016 09:58

    Excelente Entrevista. Há muito tempo que não ouvia uma Liderança Agrícola tão lúcida em seus posicionamentos e coerente na avaliação dos cenários de mercado. Concordo totalmente que o Seguro Agrícola é um dos pontos nevrálgicos que precisam ser resolvidos no País, mas considero que a viabilização desse instrumento passa pela cobertura dos Custos de Produção denominados naquilo que foi investido pelo Produtor e não por uma Projeção de Faturamento que está sujeita a variações imprevistas, o que torna o Premio do Seguro muito caro. Há que se diferenciar também os fatores de risco que são diferentes de uma região para outra. A tentativa de colocar a todos numa cesta para se chegar a uma média é uma utopia porque a conta simplesmente não fecha. A crise que a Agricultura está atravessando no momento poderá ser a grande oportunidade para corrigir distorções que há muito tempo estão impedindo um desenvolvimento mais sadio.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Sejamos práticos e objetivos, precisamos de redução do estado para haver uma redução geral da carga tributaria, isso seria o melhor "seguro" para o produtor rural, custo de produção baixo da maior margem para suportar quebras de safra sem depender da "vontade" de terceiros.

      O seguro agrícola precisa ser feito individualmente como nos EUA, onde o nível de cobertura se da com o histórico de produtividade de cada produtor e se possível como lá fazer seguro do preço com base no valor corrente de mercado.

      Que se for o caso no Brasil, deixe esse negocio entre produtores e seguradoras, de maneira que o produtor tenha liberdade de escolha de contratar ou não o serviço de acordo com o preço cobrado, visto que subvenção estatal no Brasil se situa na casa da utopia ou piada macabra.

      Como disse Harry Browne, "O Governo é bom em uma coisa. Ele sabe como quebrar as suas pernas apenas para depois lhe dar uma muleta e dizer: "veja, se não fosse pelo governo, você não seria capaz de andar!"."

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    • wellington almeida rodrigues Sucupira - TO

      Esse seguro que pagamos na safra passada para mim não virou nada, simplesmente nada, o valor foi de 98 mil para 463 há , no caso seguro de faturamento, paguei 30 mil na contratação do custeio com o valor da saca em média de 72 reais, o governo ficou de pagar 68 mil de subvenção, mas não pagou até hoje , tive que pagar do bolso na hora de quitar o custeio, ficou o seguinte,

      Sucupira TO 2900 kgs por há

      Contratei 65%

      Sendo 1885 sacas por há

      Em sacas 31,4 sacas por há, mais ou menos no papel, como vcs vêem não cobre nem o custo de produção que de 38 sacas por há sem arrendo, no meu caso,

      Agora na prática,

      Colhi 7,5 sacas por há , certo,

      O corretor do Brasil não me falou que tinha uma produtividade mínima de 20%,

      Sendo o mínimo que o seguro cobre no meu município e de 9,66667 sacas por há, sendo, colhi 7,5 menos 9,66667 , dançou 2,16667 sacas por há, um dos fatores, outro fator, no caso do cálculo do faturamento e em cima de um preço de 79,1818, sendo que vendi no mercado com os contratos a 61,06 livre de funrural, chegando a conclusão, uma indenização de quase 1500 reais por há , o que paga isso, se o custo e de 2500 reais por há , para que serve esse seguro , a não ser enriquecer o seguro e quebrar o produtor rural, seguro para inglês vê, não cobre nada,nada, nada, simplesmente...!

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    • wellington almeida rodrigues Sucupira - TO

      Digo corretor do banco do Brasil.

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    • Roberto Cadore Cruz Alta - RS

      Sr. Wellington, sou um produtor rural assim como o senhor, pelo que entendi o sr. recebeu R$1.500/hect. para um desembolso de R$212,00/hect(98.000/463=212). Sei que isso não cobre todos os custos de produção, mas ainda assim restou uma pequena margem de R$1.288,00/hect.. Não teria sido pior sem o seguro?

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    • wellington almeida rodrigues Sucupira - TO

      Com certeza senhor cadore, seria muito pior, talvez nem planetária essa safra que vem, quero que vocês observem e o seguinte, total do seguro contratado 31.4 sacas,

      Menos 9,66666 que é o mínimo do seguro: 21,75 sacas, de garantia de seguro, certo

      Vamos lá: 21,75x 70,1712: 1526 reais por há,

      1526 - 212 - 134( 2,16 sacas que não cobre, colhi 7,51 sacas por há): 1180 reasi o líquido do seguro indenizado, certo,

      Vamos

      Então 2500 (custos)- 1180 ( indenização): 1320 reais +466: 1786 reais com a produção,

      2500 - 1786: 714 reais por há de prejuízos, 463x714: 330.582,00 , fica muito longe de você lucrar com os seguros, somente eles lucram você não tem direito, isso é que nós temos que ficar atentos, então o que falta pagar? Investimentos, seu salário, custo máquinas, enfim não vou por capital investido, nem depreciação de bens nada disso, mais um ano você velho e adoecendo, enfim está muito longe de sermos bem remunerados pelo nosso país , resumindo trabalhar de graça para esse bando de urubus famintos, entende essa é minha indignação, nos produtores se contentam com muito, muito pouco, não tem condições alguma de sobreviver dessa forma, entra ano sai ano, máquinas mais velhas, você mais velho, não é fácil...

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    • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS

      Senhor Cadore, peço licença para contribuir nesse debate. Produzir no Brasil é uma tarefa hercúlea, literalmente coisa pra Macho, com todo o respeito às Mulheres que atuam muito bem no Setor! Quero dizer que é uma atividade para gente preparada tecnicamente, com vontade de trabalhar e com nervos de aço. Não é coisa pra frouxos.

      Quando não são os impostos escorchantes, as distorções no mercado de insumos que tornam os preços mais elevados do que outros países competidores pagam, os juros excessivos, a falta de uma malha logística decente, a insegurança jurídica causada pelo Governo ou pelos "Movimentos Sociais", vivemos numa eterna incerteza se amanhã estaremos vivos ou não. Temos ainda por cima que saber como nos virar com os Caprichos do Clima. Acho que independentemente do Governo que assuma, essas questões continuarão em maior ou menor grau sempre presentes.

      No que se refere ao Seguro Rural, me parece que essa ferramenta essencial está sendo desvirtuada há muito tempo no Brasil, na tentativa nobre, mas inviável, de se estabelecer um "Prêmio Justo" que cubra as expectativas de Renda dos Produtores do Oiapoque ao Chuí.

      A dificuldade técnica disso é absurda. Imagine que uma Seguradora ganha dinheiro quando a quantidade de Sinistros ou de Coberturas que ela deve indenizar for menor do que os valores arrecadados na forma dos Prêmios. É assim que funciona no Mundo inteiro. Ao se pensar numa Política Brasileira de Seguro Agrícola que não leve em consideração os fatores de risco regionais, estaremos diante de Preços ou valores de Prêmios que apresentarão distorções muito sérias. Nos locais de baixo risco, os Prêmios simplesmente não serão interessantes para o Produtor porque estarão muito acima da sua capacidade de pagamento ou do prejuízo potencial que pode vir a ocorrer. Nos locais de alto risco de Sinistros, a disposição das Seguradoras sempre será menor de participar se elas não contarem com uma reserva bancada por outras fontes. A dificuldade de implementação do Seguro Agrícola olhando apenas por essas duas razões já é grande, sem falar quando se incluem outras questões na Balança. Por isso que me posiciono sempre contrário a tentativa de uma "Cobertura de Renda" a nível nacional, mesmo entendendo que a intenção é ótima, porque entendo que é uma Utopia. Na minha visão e (abordei isso num Artigo publicado aqui ontem), o Seguro Rural deveria ter um foco bem definido sobre o Custo de Produção determinado no somatório dos desembolsos dos Insumos, mais os outros componentes como Combustível, Mão de Obra e até o Pró-labore do Produtor. Dessa forma, se elimina o Risco do Agricultor ficar insolvente por falta de capacidade de honrar seus compromissos com terceiros, dito de outra forma, se evita a falência do Produtor e também de quem lhe forneceu Insumos ou Serviços. O Prêmio sobre essa exposição de Risco deve necessariamente ser menor do que é cobrado nas Apólices que levam em conta o Faturamento, pois se elimina a variável incontrolável desse cálculo que é o comportamento dos Preços e a variabilidade dos rendimentos agrícolas, de região para região e de propriedade para propriedade. De maneira simplificada, a Apólice seria semelhante a de um veículo que é proporcional ao valor de mercado do mesmo, no caso Rural se contemplaria o valor desembolsado individualmente pelo Produtor (que pode variar muito numa região) e levaria em conta a incidência de problemas climáticos de cada local. O Seguro sobre os Preços que afeta o Lucro do Produtor pode ser feito diretamente na Bolsa de Futuros & Opções, seja BM&F ou Chicago. Aí existem mecanismos eficientes e que podem ser operados a valores acessíveis para se garantir um nível adequado de Preços, conforme o plano de cada Produtor. Outra confusão conceitual que muita gente comete está relacionada a remuneração sobre os investimentos como um fator agregado dos custos. O "Custo de Oportunidade" é uma medida que todo Investidor ou Agricultor deve levar em conta quando avalia a conveniência ou não de plantar, comparando com outras opções de maior ou menor Risco. Decidir não plantar em anos desfavoráveis ou quando se está completamente descapitalizado é muito melhor do que planta de qualquer jeito. Ninguém obriga o Agricultor a plantar e tampouco diz o que ele deve fazer dentro da sua Propriedade, assim como não importa a absolutamente ninguém o Lucro que alguém tenha numa atividade lícita e muito necessária como a Agricultura. Dessa forma, me parece que também não podemos culpar a Sociedade quando os resultados não saem como esperado, tampouco exigir-lhes que participem do nosso Risco através de subsídios, subvenções ou medidas do gênero. Se o Lucro é sagrado e pertence a quem o gerou, o mesmo vale para o Prejuízo. Do contrário, estaremos fomentando a instauração de um Regime Comunista que irá interferir no quanto, como e quando iremos plantar e a que preço teremos que vender. Provocará o que o MST tanto deseja que é o extermínio do conceito de Propriedade. Deixo essas reflexões.

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