INTERNACIONAL: Produtores chineses já sofrem com mudanças climáticas

Publicado em 16/12/2009 10:50
Nos campos de Zhongzhuang, vila do noroeste da China, produtores contam os prejuízos das perdas de safra e das famílias que entram na pobreza. 

Os produtores da região ainda escarificam seu solo, escavados em inclinações assim como têm feito por gerações, com animais e sulcadores de madeira. Mas este ritmo parece estar mudando em Yongjing County e província de Gansu.

Nos últimos 20 anos os verões estão se tornando mais quentes e secos, a chuva chega mais tarde e as estiagens são mais comuns, o inverno agora chega tarde, mas fresco o suficiente para que os produtores consigam plantar milho, cultura que não era possível de ser produzida nesse região há 10 anos, segundo o agricultor Pu Yanjun.

“A água é nosso maior problema. A província de Gansu tem nove anos de seca a cada 10 anos”, afirmou Yanjun, comendo seus pão caseiro com batatas, nos fundos de sua casa. “Agora a chuva nunca vem quando precisamos, mas chove quando não precisamos. Se chover agora, não vai adiantar mais nada”.

Para a China, que tem uma população de 750 milhões de produtores, as mudanças do clima pode colocar em risco a segurança alimentar nas próximas décadas. As vilas pobres em regiões prejudicadas ambientalmente, como Yongjing County, devem começar a sofrer antes.

Declan Conway, especialista em clima da universidade de East Anglia, na Inglaterra, que têm estudado a agricultura na China, afirma que o problema é localizado. “Nas comunidades remotas das áreas mais pobres da China, as pessoas estão muito expostas às mudanças climáticas”. 

Sem carne este ano
Para Ma Tuili, uma mãe de 25 anos, que carrega baldes de água para sua família todos os dias, até que a chuva chegue, durante o seco inverno, o clima já traz sofrimento. 

Ela e os outros residentes de Zhongzhuang cultivam trigo, batata e milho. A dieta deles é basicamente composta de pão sírio e batatas. Carne é considerada um luxo, ao qual eles só têm acesso uma ou duas vezes ao ano. Ma afirma que as colheitas ruins e as dívidas acumuladas no ano passado fez com que o consumo de carne ficasse quase impossível. “Porque as outras pessoas podem comer bem e nós não podemos? Nós trabalhamos muito aqui, mas não ficamos ricos”.

Um estudo na região mostrou que, desde 1980, as temperaturas médias vem subindo, o nível de chuva tem diminuído e as secas são mais freqüentes. A média anual de chuva era de 323 milímetros em 1970 e atualmente está em 279 milímetros.

“Existem incertezas sobre como o aquecimento global irá afetar a agricultura, mas os riscos são grandes, e eles irão atingir primeiro os produtores em regiões áridas e semi-áridas”, disse Lin Erda, uma das especialistas em mudanças climáticas e agricultura, na China.

Sem uma séria adaptação, por meio de irrigação e plantas mais resistentes, a produtividade das principais culturas deve cair entre 13% e 24% nas próximas décadas. Lin trabalha na Academia Chinesa de Ciências Agrícolas em Beijing. 


Tradução: Fernanda Bellei

Fonte: Reuters

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Redação N.A.

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário