Herdeiros de Caramuru, por Percival Puggina

Publicado em 23/11/2013 18:29
O direito dos indígenas não pode suplantar o direito de outros, na busca por uma reparação de uma injustiça histórica, por Percival Puggina, do site Opiniao & Noticia
fonte | A A A

“Agora tem o Brasil das mulheres e o Brasil dos homens até nos discursos das autoridades, o Brasil dos negros, o Brasil dos brancos e o Brasil dos pardos, o Brasil dos héteros e o Brasil dos gays, o Brasil dos evangélicos e o Brasil dos católicos, Brasil com bolsa família e Brasil sem bolsa família e nem sei mais quantas categorias, tudo dividido direitinho e entremeado de animosidades, todo mundo agora dispõe de várias categorias para odiar! A depender do caso, o sujeito está mais para uma delas do que para essa conversa de Brasil, esquece esse negócio de Brasil, não tem mais nada disso!” João Ubaldo Ribeiro

O fato é que Cabral não tocou direto para as Índias. Tivesse seguido o riscado, o Brasil de hoje seria o paraíso tropical com que sonham alguns ambientalistas, antropólogos e militantes de qualquer tese que possa gerar encrenca. Os índios do mato continuariam disputando território a flechadas com os do litoral, que índio também gosta de praia, e os portugueses, sem quaisquer remorsos, comeriam seu bacalhau no Campo dos Cebolas. Mas os navegadores lusitanos (assim como os espanhóis) eram abelhudos e iniciaram seu turismo pelos sete mares. Os primeiros descobriram o Brasil e os segundos descobriram tudo ao redor do Brasil.

Bem feito, quem mandou? Agora temos que conviver com leituras da história que nos levaram à situação descrita por João Ubaldo Ribeiro. Segundo elas, até o século 15, o zoneamento era perfeito – brancos na Europa, negros na África, índios na América e amarelos na Ásia. Cada macaco no seu galho. No entanto, graças à bisbilhotice ibérica, estamos nós, herdeiros de Caramuru, com contas imensas a pagar porque os justiceiros da história adoram acertos e indenizações promovidos com os bens alheios. Entre elas, a conta dos índios. Como é fácil fazer justiça expropriando os outros!

O princípio segundo o qual o Brasil era dos índios e deles foi tomado pelos portugueses ganhou sensível impulso com os preceitos do artigo 231 da Constituição de 1988. Mas se o princípio estivesse correto e se quaisquer direitos originais de posse pudessem ser invocados, não sei se alguém, no mundo de hoje, ficaria onde está. Não me refiro sequer aos primeiros fluxos migratórios através dos milênios. Refiro-me às mais recentes e incontáveis invasões e guerras de conquista que marcam a história dos povos. E note-se que as guerras de conquista não geravam indenizações aos vencidos, mas espólios aos vencedores.

Faço estas observações diante do que está em curso em nosso país com os processos de demarcação de terras indígenas. É o próprio Estado brasileiro, através de suas agências, reclamando por extensões mais do que latifundiárias e jogando nas estradas e na miséria legiões de produtores e suas famílias. É o braço do Estado gerando novas hostilidades no ambiente rural do país (como se já não bastassem as estripulias do MST). Índios e não índios merecem ser tratados com igual dignidade. Mas não se pode fazer justiça criando injustiça, nem se pode cuidar do país entregando o país. Não existem outras “nações” dentro da nação brasileira. E é exatamente isso que está em curso, sob pressão de uma difusa mas ativa conspiração internacional, conjugada com o CIMI e a FUNAI, que quer o Brasil e os brasileiros longe da Amazônia, por exemplo.

Índio não é bicho para ser preservado na idade da pedra lascada, como cobaia de antropólogos, num apartheid que desrespeita o natural processo evolutivo. Ou armazenado, como garrafa de vinho, numerado e rotulado, com designação de origem controlada.

 

A nossa crise e a crise global, por giuseppe tropi somma, da Cavemac

O BRASIL PEDIRÁ INDENIZAÇÃO À EUROPA E AOS ESTADOS UNIDOS PELA CRISE
GLOBAL QUE ELES GERARAM E PELOS PREJUÍZOS QUE NOS CAUSARAM. (??!!)...


Nosso problema é a crise global? Não. Nossa crise não tem nada de global, por isso brincamos com
o subtítulo acima. O nosso problema está no coração do Brasil, ou seja, em nosso governo.
O Brasil está habituado a ser periodicamente inundado por alguma crise econômica. No passado, a
crise era recebida como uma onda: enfrentávamos, superávamos e tínhamos a certeza de que ela um dia
voltaria. Desde a década de 1960, tem sido assim.
Naquela época, nossa economia era precária. Produzia-se apenas para o consumo e a custos
altíssimos. Vivíamos um longo período de industrialização e precisávamos importar maquinários a preços
“europeus ou norte-americanos”, e as nossas minguadas exportações resumiam-se quase unicamente ao
café. Com os militares no poder, abriram-se temporariamente as porteiras das florestas nacionais e, com
isso, começaram a nascer os megaempreendedores do agronegócio e a soja passou a ser um dos
produtos mais exportados. E as coisas continuaram a evoluir.
Com a centralização mundial da indústria quase totalmente nas mãos dos chineses, surgiu a grande
oportunidade para o Brasil exportar o que mais tem: minério de ferro, em surpreendente quantidade, que
gerou uma avalanche de divisas aos nossos cofres. Pronto. Aconteceu o milagre econômico do Brasil!
Dólares à vontade para pagar dívidas antigas (e dar esmolas internacionais aos companheiros de nosso
ex-presidente) e produtos chineses a preço de... banana? Não. Inferiores aos das nossas bananas. Ou
seja: valorizaram-se as bananas e, com elas, os “nossos bananas”, que passaram a ser vistos como
autores do milagre econômico. Só que tem um ditado que diz: “Quem não sabe ganhar não sabe gastar”.
E deu no que deu. No lugar de aproveitar o dinheiro para incrementar a competitividade de nossa força
produtiva com investimentos em infraestrutura, não! Esbanjou-se no desperdício e na distribuição política
dos resultados. Usou-se a energia financeira com fartos e desnecessários financiamentos a empresas
gigantes; distribuíram-se “generosidades” à vontade com fins eleitoreiros; fez-se do governo um
inesgotável cabide de empregos e um gigante oásis de marajás.
Hoje, diante do fim do fluxo do dinheiro dos outros, fica exposta a incapacidade administrativa de
nossos políticos. E, em vez de se perguntar “onde foi que erramos?”, procura-se um bode expiatório para
atribuir aos outros a culpa pela atual crise econômica.
É verdade que a necessidade de minério na China diminuiu, mas as compras feitas por eles no Brasil
diminuíram muito mais, porque perdemos o mercado para outros países. E perdemos por quê? Apenas
pelo custo de nossa logística. Porque nós, até agora, temos pago impostos não para o governo fazer
estradas, ferrovias, portos, saúde etc., mas para os políticos acomodarem os apadrinhados no governo;
pagamos para alimentar a corrupção e uma gigantesca classe de privilegiados.
A sociedade contribuinte faz a parte dela: produz em abundância, consome em abundância, mas
O BRASIL PEDIRÁ INDENIZAÇÃO À EUROPA E AOS ESTADOS UNIDOS PELA CRISE
GLOBAL QUE ELES GERARAM E PELOS PREJUÍZOS QUE NOS CAUSARAM.

Ponto de Vista
nosso escravizador tira 40% da nossa produção. Dá para imaginar se, desses 40%, metade
fosse deixada com o contribuinte? Quanta riqueza e empregos esses 20% produziriam? Pagar
até 20% de impostos sobre nosso PIB significaria apenas ser igual à maioria dos países sérios,
mas com uma vantagem: eles não têm nem a metade de nossas riquezas naturais.
Com o desmando na economia pública, a invasão política da máquina administrativa, tanta
corrupção e mordomias no governo, nunca haverá impostos que sejam suficientes para nossos
governantes. Eles, que chegaram ao poder pela demagogia, pregando uma gestão socialista, e
hoje se sustentam com a compra de apoio da classe menos esclarecida e mais pobre, este
governo, apesar de se autointitular e se fazer socialista, não o é e nunca será.
Este governo, por seus meios, é o tipicamente populista e, por sua essência, para mim, é
um regime “sacialista” (do verbo saciar). O socialismo, pelo que entendo, passou longe da
América Latina e baseia-se num idealismo rígido, utópico, irreal sim, mas voltado somente à
sociedade. É um governo dirigido por um partido e não por uma pessoa, e com normas éticas
internas muito severas, pelas quais, a exemplo da China, um ministro de governo é preso e
condenado por qualquer valor desviado na gestão pública. O socialismo de Cuba, Venezuela e
Bolívia não passa de “sacialismo”, puros golpes de políticos que se mascaram de socialistas
para alcançar o poder a qualquer preço. Uma vez lá e com a chave do cofre na mão, é muito
fácil sustentar sua permanência.
Para o “sacialismo”, criar riquezas não é com ele. Ele só sabe dividi-las. Aliás, esta é a única
coisa em que “sacialismo” e socialismo se assemelham: a única operação matemática que eles
conhecem é a divisão. Mas, mesmo que a operação seja a mesma, o modo de os “sacialistas”
dividirem é diferente. Os socialistas costumam imputar menos impostos e dividi-los por igual; já
os “sacialistas” imputam mais e, primeiro, fazem a divisão em grandes proporções para a
numerosa elite do partido; depois, uma pequena parte (uns 2%) para a sociedade cativa, aquela
que mais acorre aos chamados de manifestações de rua, aquela parte da sociedade que nada
possui, por isso nada tem para vender a não ser o voto, e o vende a quem dá mais.
Aqui se tira cada vez mais do setor produtivo, mas preservam-se os valores democráticos.
Mesmo porque, por seu tamanho e dificuldades geográficas, não existiria regime totalitário
capaz de dominar este gigante país.
Conclusão: nossa crise, além de não vir de fora, infelizmente não é passageira como as
crises habituais de nosso passado; ela é grande e profunda e será cada vez pior porque é
cancerosa, afeta todos os pilares institucionais.
Cura? Câncer não se cura, só se extirpa. Precisamos de uma nova Constituição, que
permita uma faxina radical no governo e em todos os setores do serviço público. Precisamos
acabar de vez com os famosos “direitos adquiridos” de nossos marajás. Tornar o serviço público
civil flutuante e renovável periodicamente, para dar acesso ao cidadão que se dispõe a trabalhar
mais por menos dinheiro. Precisamos punir com rigor o crime, e punir com pena de morte quem
mata. Será que essas mudanças interessariam a nossos atuais políticos? Não, porque estamos
falando de câncer!

GIUSEPPE TROPI SOMMA

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