ESTADÃO: Boas notícias da Ásia (China continuará crescendo acima de 7,5%)

Publicado em 07/05/2014 08:20 e atualizado em 07/05/2014 09:55
editorial de O Estado de S. Paulo

Há boas notícias para o Brasil no panorama econômico da Ásia divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Principal mercado para as exportações brasileiras de commodities, a China deve crescer 7,5% neste ano e 7,3% no próximo, segundo as novas projeções. Em 2013 a economia chinesa cresceu 7,7%. No ano passado o Brasil exportou para o mercado chinês produtos no valor de US$ 46,03 bilhões, correspondentes a 19,01% das vendas externas do País. O comércio bilateral proporcionou ao lado brasileiro um superávit de US$ 8,72 bilhões. A Ásia deve manter-se como a região mais dinâmica do planeta, com expansão estimada em 5,4% em 2014 e 5,5% em 2015.

Se dependesse principalmente do desempenho dos grandes mercados, a economia nacional teria boas perspectivas, porque também nos Estados Unidos e na União Europeia o cenário é promissor. Mas os maiores obstáculos ao avanço brasileiro estão dentro do País, embora o governo insista em afirmar o contrário. Por isso, apesar da melhora das condições na maior parte dos mercados, o FMI estima para o Brasil uma expansão de apenas 1,8% em 2014 e uma aceleração para 2,7% em 2015, quando a economia global deverá crescer, segundo os novos cálculos, 3,9%.

No cenário apresentado pelo FMI, a China continuará sendo o principal motor da expansão asiática e, além disso, um dos principais do mundo. Em relação à economia global, a grande novidade será o impulso proporcionado pelas economias americana e europeia. A recuperação dos Estados Unidos já foi sensível nos últimos dois anos. A maior parte dos países europeus apenas começou a vencer a recessão, mas já deverá proporcionar alguma contribuição ao comércio global.

A segunda maior economia da Ásia e terceira do mundo, o Japão, também começou a se mover, embora ainda lentamente, depois de duas décadas de baixíssimo crescimento. Para a economia japonesa, as estimativas são de crescimento de 1,4% neste ano e 1% no próximo, se continuar dando certo o plano de reativação, conhecido como abenomics, termo derivado do nome do primeiro-ministro Shinzo Abe. O plano inclui, entre outras medidas, um afrouxamento monetário para livrar o país de uma longa deflação. Com uma inflação de 1%, metade do caminho foi percorrida, mas ainda há o risco, apontado na análise do FMI, de perda de eficácia da abenomics.

As taxas de crescimento previstas para os vários grupos de países da Ásia são desiguais, mas, de modo geral, são robustas. Para o conjunto dos países classificados como emergentes, a expansão média deve ficar em 6,7% em 2014 e 6,8% em 2015. Esse grupo inclui, além da China, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. A economia vietnamita cresceu 6,2% em 2011,5,1% em 2012, 5,4% em 2013 e deve crescer 5,6% neste ano e 5,7% em 2015, com desempenho muito mais sólido e mais regular que o exibido pelo Brasil. Para a Índia, um dos componentes da sigla Brics (Brasil, Rússia, China e África do Sul são os outros), as estimativas são de 5,4% em 2014 e 6,4% no próximo ano.

De modo geral, as economias da Ásia enfrentaram bem os primeiros impactos da redução dos estímulos monetários americanos. Também foram afetadas, de imediato, pela piora das condições internacionais de financiamento e pela mudança dos fluxos de capitais, mas superaram a prova. A maior parte desses países tem condições fiscais razoáveis e inflação baixa. Apesar disso, os governos deverão, segundo os economistas do FMI, levar em conta uma série de riscos e reforçar as condições de crescimento.

A maior economia da região, a China, é uma fonte de riscos: se a sua economia desacelerar mais do que o previsto, haverá efeitos em todos os países da Ásia (e o Brasil, nesse caso, também será atingido). Para os países com inflação baixa, a recomendação imediata é manter políticas monetárias mais ou menos folgadas e propícias ao crescimento. Alguns governos terão de reforçar as contas públicas e vários, incluído o indiano, precisarão investir em infraestrutura. Mas as perspectivas, por enquanto, são geralmente positivas para a região.

 

OCDE reduz para 1,8% a previsão de crescimento do PIB do Brasil

Expansão do País neste ano deverá ser praticamente a metade do crescimento mundial; para 2015, a projeção para o PIB caiu para 2,2%


por Fernando Nakagawa, correspondente - Agência Estado


LONDRES - A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão para o crescimento do Brasil em 2014 e  2015. Em relatório anual sobre as perspectivas da economia global, a entidade cortou a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nacional de 2,2% para 1,8% em 2014. Com isso, a organização que reúne as principais economias desenvolvidas do planeta prevê que o Brasil vai crescer menos que a média verificada nos países ricos.

No relatório, a entidade prevê crescimento médio de 2,2% para a economia dos 34 países da OCDE e de 3,4% na média mundial neste ano. Em 2015, o Brasil também deve crescer menos que os 2,8% previstos para a OCDE e que os 3,9% esperados para a média mundial.No documento Economic Outlook, divulgado nesta manhã em Paris, economistas da entidade também reduziram a previsão de crescimento da economia brasileira em 2015. A expectativa da entidade no próximo ano foi reduzida de 2,5% para 2,2%. As previsões anteriores haviam sido divulgadas em novembro do ano passado. Com os novos números previstos para o Brasil, a OCDE acredita que a economia nacional crescerá mais lentamente que a média observada nos países ricos e também na média mundial.

"A economia (brasileira) perdeu seu impulso apesar de a inflação permanecer teimosamente acima do centro da meta. A política monetária mais apertada, a menor demanda externa e as incertezas políticas geradas pela eleição presidencial devem pesar na atividade durante 2014", explica o relatório no trecho dedicado ao Brasil. "Em 2015, o crescimento do PIB deverá aumentar um pouco, mas com restrições persistentes na oferta, incluindo um mercado de trabalho apertado, e necessidade de continuidade das políticas macroeconômicas apertadas para segurar a demanda doméstica."

Para a OCDE, com o crescimento esperado de 1,8% em 2014 e 2,2% em 2015, o Brasil seguirá abaixo do crescimento potencial. A entidade justifica essa situação pelos gargalos no lado da oferta. No lado da demanda, a OCDE diz que "as exportações devem superar a demanda doméstica especialmente porque a demanda global tende a se recuperar e haverá efeitos atrasados da taxa de câmbio".

 

Deutsche Bank alerta investidores para ‘risco’ de reeleição de Dilma

O banco Deutsche Bank está recomendando os seus clientes a reduzirem sua exposição aos títulos da dívida soberana brasileira denominados em dólar citando como uma das principais razões a perspectiva de reeleição de Dilma Rousseff e o “otimismo” demasiado dos mercados em relação a uma melhora nos fundamentos macroeconômicos do Brasil num eventual segundo mandato da presidente.

O banco alemão espera uma eleição apertada e apenas decidida no segundo turno.

Em nota enviada a clientes ontem, o estrategista para mercados emergentes do Deutsche Bank, Hongtao Jiang, rebaixou o peso dos títulos soberanos do Brasil em dólar de “neutro” para “underweight” (abaixo da média dos títulos que compõem a carteira sugerida para mercados emergentes), o que levaria os investidores a reduzir as suas aplicações nos papéis brasileiros em favor de outros países emergentes.

Dilma: banco alemão prevê risco para a economia em eventual segundo mandato (Foto:Dida Sampaio/Estadão)

O Deutsche Bank havia elevado o Brasil para o peso “neutro” em janeiro deste ano, depois de ter deixado os títulos brasileiros por mais de um ano na posição “underweight”. Contudo, diante da recente valorização dos ativos brasileiros e da perspectiva dos fundamentos macroeconômicos, o banco voltou atrás e rebaixou novamente o País.

Jiang também recomenda os investidores favorecerem os títulos com vencimentos mais longos na curva de juros em dólar do País.

“Seguimos esperando que a presidente Rousseff seja reeleita, mas apenas após uma corrida presidencial apertada e com um apelo mais populista”, afirma Jiang em nota a clientes. “Além disso, acreditamos que o mercado está precificando muito otimismo sobre uma melhora potencial de políticas num segundo mandato de Dilma.”

Segundo Jiang, o sub-índice Brasil (na carteira de índices de mercados emergentes globais) registrou uma queda de 25 pontos-base desde o final de março. Uma queda refletiria teoricamente uma melhora na percepção do risco-País. Agora, segundo Jiang, o sub-índice Brasil está sendo negociado a 15 pontos-base abaixo da média dos títulos de países emergentes com rating soberano de grau de investimento, enquanto que no final de janeiro os papéis brasileiros eram negociados a 30 pontos-base acima da média dos países emergentes com nota de risco semelhante.

Esse nível atual de preços dos títulos brasileiros, ressaltou Jiang aos clientes do Deutsche Bank, “não compensa o risco de contínua deterioração dos fundamentos caracterizados por estagflação, piora no balanço de pagamentos, deterioração da qualidade fiscal, e um horizonte desafiador de política econômica antes e depois das eleições”.

O estrategista do Deutsche Bank disse acreditar que as eleições de outubro permanecem como um fator de restrição, limitando o escopo de mudanças significativas de políticas econômicas. O cenário base do banco alemão é que a presidente será reeleita após uma corrida apertada e apenas no segundo turno.

“A popularidade dela (Dilma) continuará provavelmente caindo nas pesquisas de opinião, devido ao ciclo desfavorável da economia, mas também em razão de uma crise de energia, uma investigação no Congresso e dificuldades ao sediar a Copa do Mundo”, disse Jiang. Mas essa queda da popularidade não será suficiente para prejudicar as chances de reeleição ou mesmo trazer de volta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Dilma como candidato do PT, escreveu o estrategista aos clientes.

Essa dinâmica, ressaltou ele, representará um cenário desfavorável ao mercado, pois o PT provavelmente conduzirá a campanha eleitoral com forte apelo populista, o que provavelmente não melhorará a percepção sobre um segundo mandato de Dilma Rousseff. Tal apelo populista, disse Jiang, ficou explícito com o anúncio de reajuste de 10% nos valores do Bolsa Família e a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5% para 2015, além da continuidade da política de manter o salário mínimo crescendo a um ritmo maior do que a inflação para além de 2015.

Com base nas estimativas de José Carlos Faria, economista-chefe para Brasil do Deutsche Bank, Jiang disse que a perspectiva para os fundamentos econômicos do Brasil é bastante desafiadora. No lado fiscal, ele cita a projeção de um superávit primário consolidado do setor público de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, em comparação com a meta de 1,9% anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

“A inflação permanece sob pressão, agravada por condições climáticas”, afirmou Jiang. “O provável racionamento de energia elétrica neste ano e em 2015 causará uma redução adicional da atividade econômica; a balança comercial tem se deteriorado continuamente e a estagflação parece ser o curso do futuro próximo (ao menos nos próximos dois anos)”, escreveu o estrategista do Deutsche Bank.

 
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
O Estado de S. Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário