NA VEJA: Metroviários mantêm greve, e São Paulo recebe a seleção com trânsito caótico

Publicado em 05/06/2014 19:58
Categoria rejeitou a proposta de reajuste salarial do governo paulista; às 16h, seleção brasileira fará o último amistoso antes da Copa no Morumbi. (+ INFORMAÇÕES na veja.com.br).

Os metroviários de São Paulo decidiram estender a greve para esta sexta-feira. Em reunião na sede do sindicato, a categoria rejeitou a proposta de reajuste de 8,7% feita pelo governo paulista e manterá a paralisação das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha. Na noite desta quinta, 22 das 63 estações do metrô permanecem fechadas. 

Leia também:
Metrô de SP remaneja equipe para manter trens circulando

A exemplo desta quinta, a capital paulista deverá amanhecer com trânsito complicado amanhã – nesta quinta, foi registrado recorde de filas no ano para o horário. Às 16h, a cidade será palco do último amistoso da seleção brasileira antes da abertura da Copa do Mundo, contra a Sérvia, no estádio do Morumbi.

O governo de São Paulo acionou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) por considerar a greve abusiva. O Tribunal de Justiça de São Paulo marcou para sábado o julgamento da liminar que obriga os funcionários a manter 100% da frota funcionando em horário de pico, e 70% no restante do dia. Mais cedo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) criticou os grevistas: "Não tem o menor sentido uma greve que prejudica a população, [feita por] um pequeno grupo muito político [que visa] levar a consequências [como] paralisação, caos, bagunça, sem a menor razão de ser".

Na assembleia desta sexta, os metroviários prometeram intensificar os piquetes nas estações Jabaquara e Ana Rosa e programaram uma passeata no bairro do Tatuapé, na Zona Leste, para as 17h, horário em que foi agendada nova reunião da categoria na sede do sindicato.

NO BLOG DE REINALDO AZEVEDO:

O dia em que trabalhadores arrombaram o portão do Metrô para trabalhar e gritaram palavras de ordem contra a greve. Ou: Os pançudos que recebem mais de um salário mínimo só em benefícios — às vezes, mais de dois!

Na estação Itaquera, trabalhadores arrombam o portão para ter acesso à plataforma de trens da CPTM (Peter Leone/futura Press/Futura Press/Folhapress)

Na estação Itaquera, trabalhadores arrombam o portão para ter acesso à plataforma de trens da CPTM (Peter Leone/futura Press/Futura Press/Folhapress)

O Brasil está se tornando um país tão exótico, tão fora do eixo — não aquele de Pablo Capilé, o contestador chapa-branca, financiado por estatais —, tão perdido que trabalhadores são obrigados a praticar atos de vandalismo para poder trabalhar. Como sabem os leitores de São Paulo e de todo o Brasil, os funcionários do metrô, sob a liderança de Altino Prazeres, um sindicalista ligado ao PSTU, estão em greve. Como sempre acontece nesses casos, instala-se o caos na cidade.

Na estação Itaquera, aconteceu um fato espetacular. Os portões amanheceram trancados. Acontece que eles dão acesso também à estação da CPTM, dos trens. Impedir o usuário de entrar na estação significa deixá-lo também sem o trem. Pois bem: aqueles que queriam trabalhar não tiveram dúvida: arrebentaram o portão e entraram.

Vocês sabem o que penso sobre vândalos: o lugar deles é a cadeia. Ocorre que não vejo, nesse caso, um ato de vandalismo, mas de resistência. “Queremos trabalhar, queremos trabalhar”, gritavam esses usuários. A linha chegou a ser invadida, exigindo que as composições parassem.

Trata-se de uma greve vergonhosa, escancaradamente política, oportunista! O governo concedeu aos metroviários um reajuste de 8,7% para uma inflação, no período, de 5,2%. Isso significa aumento real de salário. Mas não só isso: o vale-alimentação passou de R$ 247 para R$ 290. O valor é pago também no 13º, como cesta de Natal. O vale-refeição, que é outra coisa, passou de R$ 615 para R$ 670, e isso é pago integralmente pelo metrô. Há ainda a creche para crianças de até sete anos, que pode ser reivindicada também pelos pais, não só pelas mães: o desembolso com esse serviço passou de R$ 532 para R$ 579. De 2011 até agora, considerada a data-base dos funcionários do metrô, a inflação foi de 21,11%, e o reajuste dos salários, de 30,87%, sem contar esses benefícios sociais.

A soma do vale-refeição com o vale-alimentação chega a R$ 960. O salário mínimo no país é de R$ 724. No caso dos quem têm um filho em creche, o valor do desembolso do Metrô alcança R$ 1.492, mais do que dois salários mínimos. Trata-se de uma greve moralmente criminosa e escancaradamente ilegal porque não está sendo cumprida a determinação da Justiça de manter 100% do serviço nos horários de pico.

É preciso pensar em formas permanentes de a população não se tornar refém de sindicalistas celerados e oportunistas. Ando cá tendo algumas ideias. Tratarei disso nos próximos dias. E só para arrematar: o cotidiano dos usuários do metrô e o seu próprio cotidiano, leitor, ainda que você não use esse serviço, só se transformaram num inferno porque o sindicalismo e os ditos movimentos sociais não reconhecem os limites da democracia. E só não os reconhecem porque os poderosos de plantão têm essa mesma origem. Ou a presidente Dilma não baixou um decreto que faz essa gente ser sócia do poder sem nem precisar disputar eleições?

(por Reinaldo Azevedo)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
veja.com.br

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário