Seca mato-grossense traduzida em números

Publicado em 08/11/2010 06:32
Com a divulgação da primeira estimativa da safra de milho e algodão, Mato Grosso avalia perdas para 2011
Os impactos da estiagem, que ainda traz transtornos à condução da nova safra mato-grossense de grãos e fibras, receberam na sexta-feira (5) os primeiros números que podem dimensionar o que será a nova temporada. Com o atraso na finalização do cultivo da soja, se espera uma redução na janela de plantio do milho e assim, recuo de cerca de 9% sobre a safrinha, que no País, é a maior na segunda safra do grão.

Na sexta-feira (5), o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) – divulgou a primeira estimativa de safra para o milho e algodão e mais uma da soja. Como destaca o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, por enquanto a nova temporada se mostra aquém do esperado em relação ao milho e à soja, ambos perdendo espaço em função da forte estiagem. Porém, há um fato positivo: as perspectivas ao algodão, que além de aproveitar o bom momento do mercado, deverá ter área incrementada em cerca de 27%, retornando as mesmas dimensões do que foi no ciclo 06/07 e 07/08.

Conforme Celidônio, a queda projetada para o milho safrinha ficou dentro das expectativas que apontavam para um recuo entre 8% e 10%. Por ser uma primeira estimativa de plantio, o superintendente aponta que os números podem sofrer alterações, já que o que está sendo considerado até o momento são os problemas decorrentes do atraso na semeadura. “Estão previstos problemas durante a colheita da soja em função das chuvas e se isso ocorrer a janela de plantio do milho ficará ainda mais estreita podendo reduzir a área ou produção”.

Para se chegar às estimativas, o Imea percorreu nos últimos dias os principais municípios produtores de Mato Grosso para mensurar se a área ora coberta com soja terá ciclo finalizado a tempo para o cultivo do milho. Janela de plantio, como dizem agrônomos, produtores e analistas, é o melhor de cultivo de uma determinada cultura, período em que as condições climáticas estão altamente favoráveis ao pleno desenvolvimento das lavouras. No caso do milho a janela vai até o dia 20 de fevereiro. Plantar depois disso é correr risco de perdas de produtividade. “Há quem plante até março mesmo sabendo do risco. Até lá, fatores mercadológicos dirão ao produtor se vale à pena, ou não, a ousadia do estresse hídrico”.

MILHO – Pelos números do Imea a safrinha estará 9,3% menor em relação à safra 09/10, mas, supera a temporada 08/09. A área coberta com o grão deverá somar 1,76 milhão de hectares (ha). No ciclo passado foram cultivados 1,94 milhão e na temporada anterior 1,67 milhão ha. Na comparação anual, a maior redução é vista na região nordeste que deverá passar de 76 mil ha para 58 mil. Já na maior produtora de milho, a médio norte, a área encolhe 12,7%, saindo de 964 mil ha para 841,50 mil.

“Do total cultivado com soja e com previsão de colheita a tempo para o plantio do milho temos hoje uma área de 1,76 milhão de hectares disponíveis ao cereal. Foi esta análise que o Imea fez in loco e é isso que vale na prática”, referenda Celidônio.

Na safra passada, por exemplo, dos 240 mil ha destinado à sojicultura em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), 64% receberam sementes de milho para a segunda safra. Para 2011 isso não será possível em função do atraso na semeadura da oleaginosa e das imposições da janela do milho. “O que se vê é o risco em dobro do milho, que além da iminência de perder espaço, pode ainda perder em produtividade, caso a janela não seja considerada”, sentencia o superintendente do Imea.

SOJA – Conforme a nova rodada de monitoramento da soja há recuo de 1,5% em relação aos números coletados pelo Imea no mês passado. A soja sofre com a forte estiagem observada no Estado desde agosto e com a concorrência do algodão. Com mercado favorável, muitos cotonicultores vão abri mão da 1ª safra com soja para fazer a da fibra. Dos 6,24 milhões ha estimados em setembro, passou a 6,14 milhões em outubro. Em relação à safra 09/10 a redução é de 1,1%. A produção na comparação anual sinaliza queda de 1,5%, de 18,72 milhões de toneladas para 18,44 milhões de toneladas e a produtividade, quando comparada com os números de setembro, segue inalterada com perspectiva de 3 mil quilos por hectare. Já na comparação com a safra anterior a projeção é de -0,8%.

ALGODÃO – Com preços mais rentáveis à pluma no mercado internacional, a cotonicultura deverá deixar para trás a marca de cultivar mais de 50% da produção em 2ª safra, optando pelo plantio a partir de dezembro. Nesta temporada o algodão de 1ª safra deverá ser responsável por até 58% da produção. A área deve passar de 419,25 mil ha para 534,87 mil, incremento de 27,6% sobre 09/10. Conforme Celidônio, os cotonicultores ainda estão cautelosos em relação ao tamanho da safra, “mas os números serão disso para mais”.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Diário de Cuiabá

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário