O destino de Demóstenes e a safadeza oportunista...

Publicado em 01/04/2012 19:00 e atualizado em 25/06/2013 14:58
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Ainda que a defesa do senador Demótenes Torres (DEM-GO) consiga anular em juízo as evidências colhidas contra ele pela Polícia Federal — já que só poderia ter sido investigado com autorização do STF —, dificilmente conseguirá manter o mandato. Se não renunciar, a chance de que venha a ser cassado é gigantesca. O conteúdo de suas conversas com Carlinhos Cachoeira, que vieram a público, é incompatível com sua função, e ele certamente sabe disso. Até porque é quem é e construiu uma reputação no Senado de inimigo da corrupção — e também porque é um dos nomes mais visíveis da oposição —, o “caso pegou”. Não há como ele encontrar uma explicação virtuosa para o que se ouviu e se leu até agora. É evidente que não deixa de ser irônico, quase um escárnio, ver um José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, a afirmar que a situação do colega é muito difícil. Mas assim são as coisas.

É evidente que a proximidade de Demóstenes — e, veremos em breve, de muitos outros políticos — com Carlinhos Cachoeira eram desconhecidas. Os sites e blogs financiados pelo oficialismo petista e por estatais gritam suas ridicularias, afirmando que ele era protegido pela imprensa. Mentem para tentar proteger um chefe de quadrilha (já volto a esse ponto). Ora, por que eles próprios, tão íntimos dos sistemas de informação e de setores da “polícia política”, não denunciaram Demóstenes antes? Porque, como toda gente, também ignoravam as evidências que têm vindo a público. Ou alguém acredita que os esbirros do petismo teriam permitido que o senador fustigasse o governo, como de hábito fazia, se conhecessem suas ligações perigosas?

E isso explica por que afirmo que Demóstenes está politicamente liquidado ainda que mantenha seu mandato.  Mesmo o senador de reputação ilibada de há pouco mais de um mês jamais cairia do gosto do eleitorado que pende do petismo para a esquerda. Ele havia se tornado — e por bons motivos (os públicos) — uma referência, sim, para os que iam, no espectro ideológico, do centro para a direita. E essas pessoas, felizmente, repudiam o que conhecem agora.

É evidente que o episódio é péssimo para uma oposição parlamentar já raquítica. Exceção feita a alguns destemidos — e se acreditava que Demóstenes estivesse entre eles —, os verdadeiros oposicionistas do governo Dilma, convenham, estão mesmo é no PMDB. São eles que criam dificuldades para a governanta. Mas voltemos. O caso é ruim, sim, para a oposição, mas não deixa de revelar um traço saudável de parcela importante da opinião pública. A esmagadora maioria do eleitorado de Demóstenes e aqueles que ele conquistou com sua firme atuação no Senado — A PARTE CONHECIDA DESSA ATUAÇÃO — não votariam mais nele. Hoje ele não seria eleito nem por petistas (obviamente) nem por antipetistas. Já muitos “companheiros” que se identificam com o PT não teriam o menor pudor em votar em José Dirceu, por exemplo. NUNCA SE ESQUEÇAM, SENHORES! OS PETISTAS FIZERAM DO MENSALEIRO JOÃO PAULO CUNHA PRESIDENTE DO “CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR” DA CÂMARA!!!

Compreenderam como são as coisas? Um mensaleiro petista é presidente o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados! Nada menos!!! Por vontade, obviamente, do PT. Duvido que haja democracia no planeta que indicasse para tal função alguém que está sendo processado pela corte suprema do país. Mas acontece no Brasil. José Genoino,  presidente do PT no tempo do mensalão, é assessor especial do… Ministério da Defesa!!! Sim, Genoino comandava o partido quando se tomou a decisão, por exemplo, de pagar a campanha eleitoral de Lula com dinheiro de origem ilegal, em dólar, no exterior. E qualificou-se para dar palpites justamente na área de… Defesa!!!

Analfabetos morais
Os analfabetos morais — estimulados pelos esbirros do poder, que ficaram ricos mamando nas tetas públicas —, quando leem algo assim, acham que estou tentando pegar leve com Demóstenes. Não! É justamente o contrário! Que seja punido com a máxima severidade por aquilo que tiver feito. Mas e os outros? A minha pergunta permanece: quando esse método de acumular gravações — e depois vazá-las — vai contemplar também os “companheiros”? A moral de duas casacas dessa gente é um troço asqueroso. Já escrevi aqui: SAUDÁVEL SÃO OS ANTIGOS ADMIRADORES E O ELEITORADO  DE DEMÓSTENES, QUE NÃO O PERDOAM. DOENTES, OU COISA PIOR, SÃO  OS ADMIRADORES E O ELEITORADO  DE ZÉ DIRCEU. Não veem a hora de que recupere seus direitos políticos para votar nele. Psicopatia. Sociopatia. Esquerdopatia.

Operação Mensalão
Carlinhos Cachoeira está no lugar certo por tudo o que se sabe de suas atividades: a cadeia. O senador Demóstenes Torres, dado o que veio a público sobre suas ligações subterrâneas com o contraventor, está conhecendo o inferno político — e sabe que dificilmente encontrará defensores entre seus antigos admiradores. A questão realmente intrigante é outra: QUE DIABOS ISSO TUDO TEM A VER COM O MENSALÃO, COMO BERRAM EM UNÍSSONO OS BLOGS E SITES DO JORNALISMO DO ESGOTOSFERA GOVERNISTA? A resposta é claríssima: NADA!!!

Trata-se apenas da tentativa de pegar carona no episódio para lançar uma grande sombra de suspeição sobre episódios que caracterizaram uma verdadeira operação criminosa: o mensalão! A síntese é mais ou menos esta: “Se Demóstenes é culpado, então somos todos inocentes”. Daqui a pouco alguém vai dizer que a tramoia dos aloprados, em 2006, também foi uma conspiração das oposições, da imprensa e de Carlinhos Cachoeira!!!

Todo mundo faz muito bem em exigir que Demóstenes pague por sua ligações com Cachoeira, tenham a extensão que tiverem. Mas isso não faz de Dirceu um não-Dirceu. Isso não faz de Delúbio um não-Delúbio. O país que rejeita o que se descobriu da atuação de Demóstenes é uma país saudável. O que aproveita o episódio para aplaudir aquele que a PGR chama de “chefe de quadrilha” e para proclamar a sua grandeza é doente ou safado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Apenas um homem honrado e livre — entre Delúbio e Dirceu

Há tempos venho sendo atacado com incrível virulência por um rapaz chamado Leonardo Attuch, que se dizia um “fãzaço” meu até outro dia. Ele comanda um site chamado “247″, do qual, acreditem, não sou leitor. Fico sabendo das agressões porque leitores sempre enviam links ou trechos — alguns deles, acredito, vindos de lá. Não dava bola a suas estripulias circenses porque sabia que, entre outras coisas, ele esperava ansiosamente uma resposta minha para ganhar visibilidade. Num texto escrito anteontem, este notável estilista da língua, do decoro e do confronto superior de ideias me acusou de “não debater e argumentar”, mas de “latir e rosnar”. E publicou uma foto minha entre dois cachorros, demonstrando o que entende por “debate e argumento”. Até outro dia, ele me xingava com patrocínio da Caixa Econômica Federal — parece que o do Banco do Brasil não rolou… No momento, ele me xinga com o apoio do governo do Distrito Federal, daquele patriota do petismo chamado Agnelo Queiroz. Ontem, atendi à expectativa de Attuch e lhe dei uma resposta. Resisti à metáfora zoológica. O texto está aqui.

Publiquei cinco de uma longa lista de e-mails que este rapaz me enviou ao longo do tempo, até 2011. Era um grande admirador do “caro Reinaldo”, como ele me chamava. E demonstrava estar bastante preocupado com a perseguição à imprensa livre, com a “chavização” do Brasil, com a satanização do Judiciário empreendida pelos petistas etc. Até o dia em que passou a me atacar, assim, do nada! O que havia mudado? O governador do DF, diga-se, é uma das personagens da investigação da Operação Monte Carlo. Parece que ele não contou isso a seus leitores.

Attuch decidiu me ofender afirmando que lato e rosno. Eu apenas o relato chamando-o de companheiro de colunismo de José Dirceu! Ontem, no entanto, leitores me alertaram para outro colunista da página — eu, de fato, ignorava. Já falo a respeito. Attuch decidiu responder a meu texto. Sei que estou tornando sua página um pouco mais conhecida. Não me importo. Quem, desconhecendo-a, for visitá-la e se encantar com o que lá vai merece mesmo ler aquilo. Reproduzo a sua resposta em vermelho e comenta-a em azul. Ele não se anime muito porque tenho mais o que fazer.

*
Reinaldo Azevedo não é um homem livre. Num texto publicado nesta manhã, em que ataca a mim e ao 247, ele revela ser escravo de seus preconceitos. E o que aponta como principal virtude, a suposta “coerência”, é também seu principal defeito. No mundo maniqueísta de Reinaldo, petistas serão sempre “petralhas”. E tucanos ou demistas serão homens honrados até o dia em que se revela a desonra.
Leonardo não tem medo do ridículo. É seu traço mais corajoso. Como ele sabe, jamais havia citado a sua página aqui e não “decidi” atacar ninguém. Respondi, e de maneira muito educada, a uma agressão. Suponho que não será Attuch um bom professor de liberdade. Numa homenagem a Millôr Fernandes, afirmo que não receberei lições, nessa área, de quem se mostra “livre como um táxi”. Attuch mente sobre o significado da palavra “petralha” e mente sobre os meus textos, como sabem os leitores. Os arquivos estão aí. Defendi, por exemplo, que o PSDB punisse exemplarmente o senador Eduardo Azeredo (MG) por conta do que ficou conhecido como “mensalão de Minas”. Com José Roberto Arruda, expulso do DEM, não foi diferente. Attuch, o que me cobria de elogios até outro dia e se mostrava crítico feroz dos petistas, só consegue sustentar a sua tese negando a realidade. Quando à palavra “desonra”, já, já…

No 247, ao contrário, cultua-se a liberdade. E, se aqui escreve um José Dirceu, como ele condena, também há espaço para representantes de todos os campos políticos, como Arthur Virgílio, César Maia, Walter Feldman, Jarbas Vasconcelos e Gabriel Chalita, entre tantos outros, como também haveria para o próprio Demóstenes Torres, caso este quisesse se defender no nosso portal. Um espaço que, ao contrário do blog de Reinaldo, é democrático e plural.
Ele esqueceu de incluir outro escriba em seu site: Delúbio Soares. Isto mesmo: este grande pluralista tem, entre seus colunistas, dois nomes processados pelo STF: um é acusado pela Procuradoria Geral da República de ser o “chefe da quadrilha” do mensalão. O outro era seu operador. De fato, sou escravo da minha coerência — e raramente um amigo me elogiou com tanta precisão. Attuch é funcionário de um estranho tipo de pluralidade, que acolhe tipos como essa dupla.  No meu blog, com efeito, não há espaço para eles. Para o meu gosto, mas isto é com a Justiça, estariam em outro lugar. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), por exemplo, um homem honrado, não deixa de ser a virtude servida de bandeja ao vício.

Em companhia de Dirceu e Delúbio, Attuch tem a coragem de acusar a “desonra” alheia.

Que haja leitores que caiam nessa conversa, eis a verdadeira diversidade do mundo. Por que o superpoderoso José Dirceu, que tem o seu site, feito por uma equipe contratada para esse fim (dinheiro não falta ao “consultor de empresa privada”), precisa do “247″, de Attuch? Já tem o seu próprio “288″… Transformá-lo em colunista, reitero, é um caso de “171″. Quanto a Delúbio… Uau! O grande feito jornalístico de Attuch foi descobrir que este senhor tinha algo a dizer. Na CPI do Mensalão, se bem se lembram, ele só tartamudeava… Mas eu entendo: Delúbio, como foi amplamente noticiado na imprensa nacional, compra até a indicação de paraninfo de formandos universitários. Eles o convidam para o discurso, e o mensaleiro paga o baile. Não estou metaforizando, não! É assim mesmo.  

Na sua crítica, Reinaldo resgata emails pessoais antigos que trocamos, como se isso fosse gerar algum desconforto e constrangimento. Ao contrário. Do nosso ponto de vista, é possível sim concordar com Reinaldo em alguns pontos, e discordar em outros. Assim como também é possível concordar e discordar, pontualmente, de Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim e de qualquer cidadão. Enquanto alguns colunistas preferem atirar pedras uns aos outros, como se fizessem parte de duas torcidas organizadas - PIGs versus JEGs -, nós preferimos pensar por conta própria.
Não, senhor! Eram (e são) e-mails, tanto os que publiquei como os que não publiquei, que traduziam uma visão de mundo, uma leitura do processo político, uma abordagem do que está em curso. Antigos? Numa homenagem a Chico Anysio, observo que não são de 1927, do tempo de Pantaleão… 2009, 2010, 2011. Outro dia, Attuch!!! Sim, eu lhe enviei algumas poucas respostas, que também tenho guardadas. Se quiser, pode publicá-las. Leonardo provará ao menos uma coisa que disse a meu respeito, agora que decidiu não gostar mais de mim: sou escravo da minha coerência. E ele? Em 21 de dezembro de 2008, por exemplo, escreveu:

Caro Reinaldo,
Fique atento ao Roda Viva de amanhã. Seja você o ombudsman do programa.
Quanto ao editorial da Folha, foi bom, mas podia ser mais literal, dizendo na última linha quem comprou quem. Para a petralhada, meia palavra só não basta.
Sobre o áudio do grampo, é só colocar uma perguntinha aos blogueiros de aluguel: por que eles nunca pedem o áudio da reunião dos delegados com o Humberto Braz (que, aliás, jamais apareceu). Simplesmente porque ele evidenciaria uma armação (flagrante forjado onde se pede dinheiro e não se oferece).
No mais, feliz Natal e um próspero e combativo 2009.
abs
Leonardo

Não sei se era apenas para demonstrar, mais uma vez, apreço por mim, mas notem que ele incorporou a seu vocabulário a palavra “petralhada”… Agora ele acha isso muito feio… Sem essa! Não são e-mails que tratam de questões pessoais — que não me dou a esses desfrutes. Ninguém jamais recebeu ou receberá mensagens minhas tratando de questões existenciais. Nem faço nem ouço confidências com ou de amigos. Se querem falar comigo, os temas são aqueles que dizem respeito a questões públicas.

Não se iludam. A suposta coerência de Reinaldo nada tem ver com liberdade intelectual. É apenas a camisa-de-força de um jornalista que decidiu ter lado. E que no caso em que foi objeto de nossa crítica, o das relações perigosas entre Veja e Carlos Cachoeira, ainda não apresentou argumentos consistentes. Apenas rosnou.
Attuch como juiz de “liberdade intelectual” é uma piada! Alguém que encerra um artigo afirmando que o outro “não apresenta argumentos consistentes”, mas “rosna”, convenham, está se definindo. O caso a que ele alude — e no qual insiste, agora com seus novos amigos — é só uma pilantragem, já está demonstrado, para tentar livrar a cara da turma do mensalão.

Eu rosno? Ok, farei uma concessão ao estilo zoológico do ex-admirador do “caro Reinaldo”. Posso rosnar, sim, mas não fico de quatro para Delúbio Soares e José Dirceu. Eu jamais os convidaria para paraninfo e para pagar as minhas cervejas.

PS - Em tempo: a presidente Dilma Rousseff já demitiu seis ministros sob suspeita de corrupção. Attuch tem outros potenciais colunistas. Afinal, ele é um homem livre.

PS2 - Sim, leitor, agora chega, que tenho mais o que fazer. A menos, claro!, que considere necessário.

Por Reinaldo Azevedo

 

Demóstenes Torres avalia renúncia para tentar evitar perda de direitos políticos

Por Mariangela Gallucci, Andrea Jubé Vianna e Alana Rizzo, no Estadão:
Em um esforço para evitar a cassação - e a consequente perda dos direitos políticos -, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) convocou uma reunião com seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, para avaliar a possibilidade de renunciar ao mandato. A renúncia imediata foi cobrada neste domingo, 1, pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Alvo de grampos telefônicos em que demonstra intimidade com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a quem chegou a chamar de “professor”, Demóstenes complicou-se ao tentar explicar as relações com o chefe de esquema de jogos de azar investigado pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.

A reunião entre o senador e o advogado ocorreu no domingo à noite. Nenhum dos dois se manifestou após o encontro. À tarde, o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, pediu uma “medida extrema”. “O teor das conversas telefônicas mantidas com o empresário, divulgadas pela imprensa, evidenciam uma situação mortal para qualquer político”, afirmou, ao defender a renúncia. Mas a eventual renúncia de Demóstenes não o livra, automaticamente, do risco de se tornar inelegível. Pela Lei da Ficha Limpa, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os políticos que renunciarem ao mandato após o oferecimento de representação por quebra de decoro ficam inelegíveis pelo período restante do mandato e pelos oito anos seguintes.

Controvérsia
Na semana passada, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolou no Conselho de Ética do Senado uma representação contra Demóstenes por quebra de decoro. No entanto, a peça ainda não foi formalmente recebida, porque o colegiado está sem presidente desde setembro do ano passado. Como o vice-presidente do conselho, Jayme Campos (DEM-MT), se declarou incompetente para receber a representação, ela foi encaminhada para a consultoria jurídica do Senado.

“A não instauração do processo pela ausência do presidente abre uma brecha jurídica”, avalia Randolfe. Essa brecha permitiria ao senador escapar do enquadramento como “ficha suja”. Mas outra corrente de juristas entende o contrário, porque o texto da lei é expresso ao afirmar que o político fica inelegível se renunciar “desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

ACM Neto cobra “explicações contundentes” de Demóstenes

Por Cristiane Jungblut e Carolina Brígido, no Globo:
Integrantes do DEM pressionam para que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) se afaste do partido e, assim, evite um processo de expulsão já em discussão na sigla. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi mais além e pediu neste domingo a renúncia do senador ao mandato. Mesmo com o esvaziamento do Congresso, devido ao feriado da Páscoa, o DEM deu um prazo entre segunda e terça-feira para que Demóstenes apresente explicações sobre suas ligações com o empresário do jogo Carlos Cachoeira, preso desde fevereiro.

A pressão maior dentro do DEM para que Demóstenes se desligue do partido definitivamente, ou peça uma licença, vem da Câmara dos Deputados. A intenção do partido é resolver o caso com urgência, para evitar maior desgaste.

Em caso de desfiliação, por iniciativa ou por expulsão, o DEM ficaria com um senador a menos. O partido tem cinco senadores. ACM Neto quer “defesa convincente e contundente”. Já em caso renúncia de Demóstenes ao seu mandato, assumirá a vaga um de seus suplentes. O primeiro suplente é o atual secretário de Infraestrutura do governo de Goiás, o empresário Wilder Pedro de Morais. Mas parlamentares não acreditam nessa possibilidade porque, com a renúncia, ele perderia o foro privilegiado, não sendo mais julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No domingo, diante de novos diálogos revelados, a cúpula do partido cogitava uma reunião reservada segunda-feira para analisar o tema.

O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), elevou o tom e disse que o prazo para Demóstenes apresentar “explicações convincentes” termina na manhã de terça-feira. “O partido deu prazo até terça-feira, pela manhã, para ele apresentar argumentos contundentes, o que consideramos cada vez mais difícil, em função da quantidade de evidências que envolveram o senador. Se ele não apresentar uma defesa contundente e consistente, haverá abertura de processo de expulsão. A situação dele é muito difícil e, se ele não conseguir trazer elementos mais consistentes e contundentes, ficará insustentável”, disse ACM Neto.

Já o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), tem procurado manter uma posição mais cautelosa. Integrantes do partido consideraram que a situação de Demóstenes se agravou nos últimos dias, com a divulgação de diálogos com Cachoeira - como O GLOBO revelou na semana passada. Demóstenes, por meio de interlocutores, vem argumentando que é curto o prazo dado pelo DEM, porque somente agora ele está tendo acesso ao conteúdo da investigação. Na quinta-feira, Demóstenes prometeu ao partido dar explicações até segunda-feira.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Os vermelhos já estão nas ruas. Ou: Os ditos sem-teto são também sem-emprego ou devo entender que são funcionários do “partido”?

Os vermelhos: os ditos sem-teto unigormizados: eles também são

Os vermelhos: os ditos sem-teto unigormizados: eles também são "sem-emprego" ou são funcionários do partido?

 

Vejam a foto que vai acima, com essa gente toda de roupa vermelha. Já explico.

No dia 25 de fevereiro, o Estadão informava que os movimentos de sem-teto, que são ligados ao PT (ou ou outro estão ainda mais à esquerda), preparavam-se para botar o bloco na rua. Inclusive se mostravam felizes com o fato de que o PT não fechara acordo com o prefeito Gilberto Kassab (PSD), conforme queria Fernando Haddad…  Sem a aliança, o negócio era partir para a luta. Agora leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida.

Sem-teto se concentram em praça após passeata em SP; via é liberada

Os manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) se concentravam por volta das 13h30 desta segunda-feira na praça Gomes Pedrosa, próxima ao Palácio dos Bandeirantes (sede do governo do Estado), na zona oeste de São Paulo. Eles protestam desde a manhã contra a ordem de despejo do movimento de dois terrenos ocupados na Grande São Paulo. Segundo assessoria do governo do Estado, o secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, e o presidente do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) estão reunidos com seis representantes do MTST para conversar sobre as solicitações do movimento. Mais cedo, eles interditaram a avenida Jorge João Saad, o que complicou o trânsito na região. Segundo a PM, cerca de 2.000 pessoas participam do protesto.

O grupo começou a caminhada em Taboão da Serra (região metropolitana) e chegou a São Paulo pela avenida Professor Francisco Morato, interditando duas faixas da via. A lentidão na avenida congestionamento por volta das 10h30. O sem-teto exigem a suspensão do despejo deles de dois terrenos ocupados em março deste ano, em Santo André e em Embu das Artes. “Vamos exigir do governo solução habitacional para essas pessoas”, disse Guilherme Boulos, um dos coordenadores MTST. De acordo com a PM, a passeata segue pacífica.
(…)

Voltei
Só uma pergunta, que os muito delicados não fazem: todos esses aí, especialmente os vermelhos, além de supostamente “sem-teto”, são também “sem-emprego”, é isso? Ninguém tinha de trabalhar, como pessoas normais, para ganhar o próprio sustento e, assim, poder comer, educar os filhos, morar — essas coisas que faz a esmagadora maioria dos brasileiros adultos? Ainda está faltando mão de obra em vários setores da economia. Descobri por quê… Estão todos brincando de “sem-teto”…

É claro que o povo pode “reivindicar”, né? Mas há uma diferença entre ser um sem-teto e ser um sem-teto profissional, um funcionário da causa, e estar paradão, em plena segunda-feira, “reivindicando”…

Entendi! Existem os aquinhoados pela sorte, aqueles que podem viver dos benefícios que os outros recolhem aos cofres públicos com o seu trabalho. Cada vez mais, a verdadeira luta de classes brasileira se dá entre o que eles chamam “direita” — a turma que trabalha — e essa “burguesia” de esquerda, que se apropria do que os outros produzem.

Pergunto de novo: os ditos sem-teto são também sem-emprego, ou devo entender que são funcionários uniformizados do partido?

Por Reinaldo Azevedo

 

“Oi, tudo beeeinnnn, beeeeinnn, beinnnn?” Ou: Um jantar com Dirceu

Vocês devem imaginar como é dura a vida de blogueiros progressistas. Ajoelhou, tem de… Bem, eles sabem como é duro.

Na segunda-feira passada, Paulo Henrique Amorim — “Oi, tudo beeeinnnn? Beinnnn, beinnnn, beinnn???” — recebeu cinco dos autodenominados “blogueiros progressistas” para jantar em seu apartamento em Higienópolis, em São Paulo. Ele adora demonizar a cidade e o bairro, que já tratou como um reduto de reacionários. Segundo se entende, o Rio é que vive seu momento de glória. Mas gosta de brindar os paulistanos com sua altitude — sobretudo a moral.

Amorim é chique no úrtimo!!!. O jantar era servido por garçons. Um grupo de rapazes, num espaço privado, servido por garçons. O socialismo à moda da casa não pode prescindir da elegância.

Havia um convidado de honra: José Dirceu — sim, o “colunista”, o “chefe de quadrilha”, segundo a Procuradoria Geral da República. É evidente que todos eles tratavam só do interesse público e discutiam maneiras de melhorar o Brasil, que é o que sempre faz o Zé quando janta a rapaziada.

Alguns vão ficar enciumados. Têm a mesma profissão de Paulo Henrique Amorim, mas sem direito a certas regalias. O prato na noite foi o mensalão e a certeza do Zé de que será absolvido. Ele já está quase totalmente convencido da própria inocência. Os outros já se convenceram plenamente.

Por Reinaldo Azevedo

 

Outra da série “Dilma é ruim de serviço” - Projetos bilionários do PAC têm atraso de até 54 meses

Por Hans von Manteuffel, no Globo:
Cinco anos após a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as maiores obras de infraestrutura do país têm atraso de até 54 meses em relação ao cronograma original. É o caso da Ferrovia Norte-Sul e do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco. Entre as obras com orçamento acima de R$ 5 bilhões, os atrasos são de, pelo menos, um ano. Levantamento feito pelo GLOBO nos balanços do PAC mostrou que em dez megaobras, que somam R$ 171 bilhões, os prazos de conclusão previstos no cronograma inicial foram revistos.

Ontem, O GLOBO mostrou, a partir de um estudo da ONG Trata Brasil, que o atraso é comum também em grandes obras de saneamento, que beneficiariam cidades com mais de 500 mil habitantes. Apenas 7% de 114 obras estavam concluídas, e 60% apareciam como atrasadas, paralisadas ou não iniciadas. No caso das grandes obras bilionárias, há exceções, como as plataformas da Petrobras e as hidrelétricas do Rio Madeira, que estão com as obras andando no tempo previsto e, em alguns casos, até antecipadas. As usinas de Jirau e Santo Antônio, porém, colocaram seus cronogramas sob reavaliação por greves em seus canteiros na semana passada.

Transnordestina adiada para 2014
Além de greves, ao longo desses cinco anos foram e continuam frequentes alguns poucos motivos que levaram a atrasos nas grandes obras. São eles: questionamentos no processo de licenciamento ambiental - o mais notório foi o da hidrelétrica Belo Monte -, gastos não previstos no projeto executivo que causaram questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU), atrasos em desapropriações ou falta de interesse da iniciativa privada em tocar ou acelerar as obras, caso do trem-bala.

A Nova Transnordestina, obra de R$ 5,3 bilhões, é um grande exemplo dos atrasos. A ampliação da ferrovia foi promessa de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas teve seu cronograma interrompido diversas vezes por problemas, principalmente, de desapropriações. No lançamento do PAC, sua conclusão estava prevista para o último ano do segundo mandato de Lula. Agora, a entrega está programada para o penúltimo dia do mandato de Dilma Rousseff, no fim de 2014. Na Ferrovia Norte-Sul, o atraso é de quatro anos e meio. No caso da Refinaria Premium I, do Maranhão, a obra mais cara do PAC (R$ 40,1 bilhões), o atraso deve-se principalmente ao ritmo da terraplenagem, que já consumiu mais de R$ 1 bilhão e, até o último balanço, estava com apenas 38% do andamento realizados.

O custo da obra de transposição do Rio São Francisco foi novamente questionado pelo TCU na semana passada. O governo federal já teve de relicitar parte dos trechos por conta de reclamações do tribunal, o que colaborou para o adiamento da entrega do Eixo Leste em mais de quatro anos. O custo da transposição disparou nos últimos anos: saiu de R$ 4, 8 bilhões e já está em R$ 7,8 bilhões - um valor também questionado pelo TCU, que indica um custo total de R$ 8,2 bilhões.

Embora a maioria dos atrasos no PAC seja motivada por problemas ambientais, de fiscalização ou gerenciais - ou seja, a princípio, não faltam recursos para as obras -, os entraves acabam atrasando os investimentos financeiros no âmbito do programa, acumulando um elevado volume de recursos já reservados, mas sem aplicação efetiva. Entre 2007 e 2011, segundo dados da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), do valor total empenhado para o PAC, R$ 125 bilhões, apenas R$ 86,7 bilhões foram gastos no período.

Descontente com tal resultado, a presidente Dilma Rousseff determinou agilidade na execução do programa em 2012 para que esses investimentos, de fato, acelerem o crescimento da economia. Para o ano, a previsão de gastos é de R$ 42,5 bilhões, metade do valor executado nos últimos cinco anos. Diante de críticas relacionadas aos atrasos, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse no último balanço do PAC, no dia 12 de março, que o trabalho do governo nestes cinco anos tem sido aperfeiçoar o monitoramento das obras e superar os obstáculos que se apresentam para cada uma. “Esse continuará sendo o nosso trabalho, de monitoramento mais global do PAC. A cada momento, vamos aperfeiçoando. O acompanhamento “in loco” vai ganhar mais relevância no nosso trabalho”, disse Miriam.

Os atrasos exigiram do governo agilidade para fiscalizar as obras. Recentemente, a presidente e ministros viajaram para canteiros da Transnordestina, da transposição do São Francisco, da Norte-Sul e da BR-101 no Nordeste, e planejam novas visitas. “Essas viagens são muito proveitosas porque todos os envolvidos sentam no campo e repassam o que está acontecendo, onde está pegando e por que está pegando”, disse Paulo Passos, ministro dos Transportes.

Restos a pagar se acumulam
A demora nas obras traz uma outra consequência para as contas públicas: o acúmulo dos chamados restos a pagar - despesas contratadas em um exercício para serem pagas nos próximos. Somente no ano passado, dos R$ 28 bilhões efetivamente pagos no âmbito do PAC, R$ 18,6 bilhões referiam-se a “restos a pagar” de anos anteriores. Ou seja, as despesas do passado acabaram ocupando espaço no orçamento do ano do programa. Em 2009, essa parcela de despesas passadas correspondia a menos da metade dos desembolsos, que somaram R$ 17,9 bilhões. Segundo a SOF, o estoque de restos a pagar acumulado no fim de 2011 era de R$ 36 bilhões.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Países anunciam ajuda a rebeldes sírios

Por Marcelo Ninio, na Folha:
Em meio à descrença de que a mediação da ONU será capaz de parar a violência na Síria, potências ocidentais e países do golfo Pérsico prometeram aumentar a ajuda à oposição contra o regime do ditador Bashar Assad. A segunda conferência internacional dos Amigos do Povo Sírio reuniu ontem em Istambul representantes de 83 países com líderes da oposição síria. O Brasil participou como observador.  Embora ainda relutantes, diante da desunião entre os opositores, os países reconheceram o CNS (Conselho Nacional Sírio) como a principal frente anti-Assad.

A Arábia Saudita e outros países do golfo discutiram a criação de um fundo de ajuda aos rebeldes de milhões de dólares. Uma das ideias é oferecer uma recompensa a todo soldado do Exército sírio que desertar. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, confirmou pela primeira vez que os EUA estão fornecendo equipamentos de comunicação à oposição dentro da Síria, para ajudá-la a “se organizar e evitar os ataques do regime”. O comunicado final do encontro pede que o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, estabeleça um prazo para que o regime cumpra as condições de seu plano.

Na semana passada, o governo sírio indicou que aceitava a proposta de seis pontos apresentada por Annan, que incluía cessar-fogo imediato e a retirada do Exército dos centros urbanos. Desde então, porém, a repressão continuou. Ontem, 57 pessoas morreram em ataques do regime, relataram ativistas sírios. Em um ano de revolta contra Assad, 9.000 civis foram mortos na repressão, segundo a ONU.

CHINA E RÚSSIA
“O regime está aumentando sua longa lista de promessas não cumpridas”, disse Clinton. “O mundo deve julgar Assad pelo que ele faz, não pelo que fala. E nós não podemos mais ficar esperando sentados.” A ideia de fornecer armas aos rebeldes, defendida pelos sauditas, ainda é motivo de divergências, devido à fragmentação da oposição e aos riscos de que o gesto leve ao aumento da violência. Mas a ajuda financeira internacional servirá para pagar salários aos rebeldes, afirmou o presidente do CNS (Conselho Nacional Sírio), Burhan Ghalioun.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

A rede suja na Internet e a tentativa de melar o processo do mensalão e livrar a cara de José Dirceu

Ontem, os blogueiros de aluguel e assemelhados — o JEG, que vive de dinheiro público, como se sabe à farta — atuaram como ordem unida. Todos eles anunciavam, cada um segundo o seu estilo: “O mensalão nunca existiu! Foi tudo uma conspiração”! Um sustenta a tese com aquele amontoado de orações coordenadas que revela uma estirpe de analfabetos. O outro, coitado!, para não variar, atropela o bom gosto e o bom senso nas subordinadas, expondo outro veio do analfabetismo. Um terceiro é boçal e analfabeto moral pura e simplesmente. Mas a tese era uma só! E, obviamente, não lhes faltam alguns leitores que vão lá buscar o que já sabem que vão encontrar.

A tropa de choque está furiosa. E parte dessa fúria foi dirigida contra mim. Compreendo os motivos. São todos ex-jornalistas. Cada um deles, num dado momento, foi banido da grande imprensa porque não soube distinguir o certo do errado, o lícito do ilícito, o virtuoso do criminoso. Deixaram de trabalhar para o veículo que represetavam e passaram a operar para a fonte, por motivos muito convincentes. Não é gente, lá vai a palavra de novo!, da estirpe de Policarpo Junior, sobre quem Carlinhos Cachoeira lamenta: “O Policarpo Nunca vai ser nosso! Ele é foda!” Não vai mesmo! Os que se aproveitam agora dos vazamentos das gravações para dizer que o mensalão nunca existiu “não são foda”, não! E sabem que “são de alguém”. Recorram à Internet, e vocês saberão a mão que balança o berço.

Eles estão bravos porque as gravações feitas pela Polícia Federal — como se isso fosse necessário … — evidenciam a honestidade de Policarpo, não o contrário. Adiante, que isso já é matéria vencida.

Eles querem enrolar. Eu desenrolo
Qual é a conexão, o liame, a ligação do caso Cachoeira com o mensalão? Quase nada! E explico o “quase”. Fica por conta de um único evento, importante, sim, mas irrelevante no que respeita à essência do maior escândalo de corrupção da República. Foi a VEJA que trouxe a reportagem sobre a cobrança de propina nos Correios, aquela em que Maurício Marinho, homem do PTB na empresa, aparecia recebendo propina. Sim, reportagem de Policarpo Júnior! Que grande mal faz este rapaz à República… dos larápios, não?

A revista começou a chegar aos leitores no dia 14 de maio de 2005!!! No dia 6 de julho daquele ano, o então deputado Roberto Jefferson (RJ), chefão do PTB, botava a boca no trombone numa entrevista à Folha e expunha as entranhas do modo petista de governar. Estava descontente com o modo como José Dirceu conduzia o, como chamarei?, condomínio de partidos e entendeu que ele e seu partido estavam sendo fritados.

Só para registro: Jefferson, o que denunciou o mensalão — e parte substancial de sua denúncia se mostrou verdadeira —, não gosta da revista VEJA. Tanto é que também a critica em seu blog, o que não deixa de ser interessante. As duas personagens que polarizaram os embates em 2005, Jefferson e Dirceu, criticam a revista. Faz sentido. O primeiro porque a reportagem apontou o cancro nos Correios; o outro…, bem, o outro pelo conjunto da obra, não é? O evento mais recente que lhe diz respeito foi o estouro do bunker montado num hotel, em que ele “despachava” com autoridades da República, como se fosse, assim, um superministro sem pasta. O Zé detestar a VEJA, a exemplo de uma meia-dúzia, é dessas coisas, entendo, que têm de ser alardeadas: “VEJA, A REVISTA QUE O DIRCEU DETESTA. MAS LÊ!”. Ok. Eles que vão dizendo mentiras sobre a revista, que ela continuará a dizer verdades sobre eles — e os demais.

O que a desgraça em que caiu o senador Demóstenes Tores (DEM-GO) e as atividades ilegais de Carlinhos Cachoeira têm a ver com as lambanças de Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério? Em que negam, relativizam ou põem sob nova perspectiva os empréstimos fraudulentos, a dinheirama sacada na boca do caixa, a mala de dinheiro repassada ao PTB (o próprio Jefferson o confessou) e ao então PL, o dinheiro depositado no exterior na conta de Duda Mendonça? Bem, vocês façam aí o elenco de memória da montanha de irregularidades cometidas. A resposta é esta: NADA!

Tentativa de desmoralizar o Judiciário e a imprensa
Que Cachoeira pague pelo que fez!
Que Demóstenes pague pelo que fez!

Mas o que tem a ver o que ambos fizeram com o que fez José Dirceu?
O que tem a ver o que ambos fizeram com o que fez José Genoino?
O que tem a ver o que ambos fizeram com o que fez Delúbio Soares?
RESPOSTA: NADA!!!

A turma, no entanto, está assanhada. O objetivo é jogar lama na imprensa e no Judiciário para reforçar a tese de que o mensalão foi uma invenção. O próprio Lula, diga-se, este monstro da moral, chegou a afirmar, ainda na Presidência, que iria querer investigar a sério este assunto, sugerindo que era tudo uma trama da oposição. Como se a dinheirama assumidamente ilegal que circulou no partido jamais tivesse existido.

José Dirceu é autor de uma frase estupefaciente sobre aqueles dias: “Estou cada vez mais convencido da minha inocência”. De tanto ler os seus amigos, ele ainda acaba acreditando…

Por Reinaldo Azevedo

 

Um pouco de elegância a um ex-admirador, agora colega de José Dirceu, que me chama de cão!

Não ignoro os ataques de que se sou alvo na rede. Não raro, eles evidenciam a qualidade dos agressores. Há uma página chamada “247″, sobre a qual nunca falei aqui, que tem se esmerado na grosseria, na baixaria, na violência retórica. Tenta a todo custo me arrastar para um bate-boca na lama. Não vou, não! Na mais recente investida, publicam uma foto minha ao lado de dois cães, acusando-me, pasmem!, de ”não debater com ideias e argumentos”. Para demonstrar que por lá se faz o contrário, escrevem coisas como “rosna Reinaldo Azevedo” e “Reinaldo late mais alto”. E assim que se debate “com ideias e argumentos no 247″.

O comandante da página eletrônica é Leonardo Attuch. Enquanto esteve na IstoÉ e na IstoÉ/Dinheiro, esse rapaz sempre me tratou com extrema cordialidade. Tenho aqui vários e-mails seus elogiando o meu trabalho, endossando, inclusive, o conteúdo de colunas minhas.

Até outro dia, Attuch estava entre os “inimigos de Luis Nassif, outro fascinado por mim. Se vocês fizerem uma pesquisa, verão que Nassif acusava Attuch de estar entre os jornalistas comandados por Daniel Dantas, e este dizia que aquele fazia o jogo de Luiz Roberto Demarco, inimigo do banqueiro. E vai por aí.

Opto por não divulgar os e-mails em que Attuch se refere a seu ex-desafeto. Mas não vejo problema em tornar público este, por exemplo, de 8 de maio de 2009:
Caro Reinaldo,
Parabéns, novamente. Vamos tomar um café qualquer dia desses?
Estamos num estado pré-revolucionário.
Depois da desmoralização do Congresso e do ataque orquestrado ao STF, será a vez da imprensa.
É a preparação do terceiro mandato.
abs
Leonardo

O café jamais aconteceu.
O “novamente” indica a constância com que me elogiava.

No dia 28 de julho de 2009, ele escrevia:
Caro Reinaldo,
Li seu post sobre intimidação da mídia.
Você acha mesmo que o trabalho dos dois blogueiros passa pela Secom?
Eu achava que era só financiamento privado da canalhice, público não.
Se tiver alguma evidência na segunda direção, aí a coisa fica séria.
abs
Leonardo

No dia 23 de abril de 2009, Leonardo Attuch se mostrava preocupado com a “chavização” do Brasil:
Caro Reinaldo,
Anote aí, estamos já em estado pré-revolucionário.
Primeiro, Lula destruiu o PT (mensalão)
Depois, destrui o Congresso.
Agora, destrói o Judiciário – e que declaração malandra essa última de Buenos Aires.
A próxima instituição é a imprensa - dizem que já tem uma operação da PF preparada.
O cara é perigoso.
Ouvi isso de um petista do alto comissariado.
abs
Leonardo

No dia 18 de maio de 2010, ele voltava ao tema do estado policial, num e-mail enviado pelo celular:
Caro Reinaldo,
Receba minha solidariedade, a canalha nao vencerá, havia um Gilmar Mendes no caminho do Estado Policial.
Abs
Leonardo

Voltei
São e-mails seus, certo, Leonardo? E eu era o “caro Reinaldo”.

Falei pessoalmente com Attuch apenas duas vezes. Não tomei aquele café. Só amigos muito chegados me tiram de casa. Há muito pouca coisa aí fora que me interessa. A primeira foi na Folha. Eu era editor-adjunto de Política — naquela fase, estava na edição em razão de uma licença da editora —, e ele era candidato a repórter. Foi quando o conheci. Eu o entrevistei em companhia do então secretário de Redação do jornal, Marcelo Beraba. A conversa não prosperou.

Na segunda vez, eu já trabalhava na revista Primeira Leitura, que pertencia, então, a Luiz Carlos Mendonça de Barros. Ele foi entrevistar o ex-ministro e passou na redação para me cumprimentar. Os outros contatos todos foram por e-mail ou telefone. E ele sabe que a iniciativa nunca foi minha. Sempre uma conversa amistosa, educada e tal. Até o dia…

Até o dia… em que um leitor me envia uma coluna de Attuch, já em seu site, em que eu era chamado, entre outras delicadezas, de “a doença do jornalismo brasileiro”… Assim, sem mais nem menos… Até o dia em que Attuch passou a citar Nassif como uma de suas referências — justamente o seu antigo desafeto, personagem de alguns e-mails do quais vou poupar a todos: vocês, Leonardo e Nassif.

Por que me atacava? Você me viram mudar de posição, lado ou opinião em mais de cinco anos de blog? Eu continuava o mesmo! O que teria acontecido com “Leonardo”? Não sei se é uma explicação, mas é um fato: Attuch tinha passado a ser parceiro de colunismo político de José Dirceu, um dos escribas de sua página, o 247. A página de Dirceu deveria se chamar, segundo a Procuradoria Geral da República, 288, que é o artigo do Código Penal que trata da “formação de quadrilha”. E José Dirceu vendido como analista isento é coisa de “171″.

Por que a fúria de Attuch com Demostenes? A companhia de alguém acusado de formação de quadrilha e cassado por corrupção lhe é cômoda?

O motivo mais recente
Quando vieram a público as ligações de Demóstenes com  Cachoeira — reveladas primeiro por VEJA, diga-se! —, Attuch publicou uma foto minha ao lado da do senador, sugerindo uma estreita ligação entre nós, o que é uma mentira estúpida — e ele sabe disso. Com Attuch, estive apenas duas vezes! Com Demóstenes, nenhuma! O rapaz que denunciava a “chavização” do Brasil passou a se referir a mim como o “blogueiro da direita”. Ontem, avaliando que estava sendo muito educado, resolveu recorrer aos verbos “rosnar” e “latir” e à foto dos cães. É o que ele chama debater com “idéias e argumentos”. Se resolvo superá-lo nas armas que escolheu, em que se transforma a minha página? É para onde tentam nos arrastar. Mas não vão!

Muito bem!

Até outro dia, o patrocinador do “247″ era a Caixa Econômica Federal. Agora, é o Governo do Distrito Federal, comandado pelo, como podemos chamar?, “polêmico” Agnelo Queiroz, do PT. Curiosamente ou nem tanto, parece que Attuch ainda não informou a seus leitores que o petista também é citado na Operação Monte Carlo, esta que pegou Demóstenes. Há gravações que evidenciam que a quadrilha nomeava pessoas no governo petista. De tal sorte o GDF preocupa o PT que há até uma espécie de intervenção branca em cargos-chave do governo.

Encerrando
Attuch mudou de ideia a meu respeito. É um direito que ele tem. Deve ter fortes motivos para fazê-lo. Não o chamarei “cão”. Não direi que ele “late”. Não direi que ele “rosna”.

Direi apenas que ele passou a ser colega de colunismo de José Dirceu.

Leonardo, o café que eu não tomei com você foi um dos melhores que recusei. Mesmo pra ser um polemista, rapaz, é preciso ter alguma elegância. E certo senso de decoro.

E, sim, Leonardo! Policarpo jamais será um… de vocês! Falou o “caro Reinaldo”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Amigo de Alexandre Padilha admite em entrevista à VEJA ter recebido R$ 200 mil de propina quando era assessor especial do ministro da Saúde

É compreensível que certo tipo de gente que transita na política e em atividades que lembram o jornalismo odeiem a revista VEJA com tanta dedicação. Sem ela, estariam mais livres para agir, para fazer seus negócios, para avançar contra os cofres públicos sem contratempos. Mas existe uma VEJA no meio do caminho — e isso, a muitos, parece insuportável.

Na revista que começou a chegar ontem aos leitores, os repórteres Daniel Pereira e Hugo Marques decidiram reconstituir e detalhes a guerra declarada entre PMDB e PT para controlar os hospitais federais do Rio. Tanto empenho se explica: o Orçamento de 2012 reserva R$ 645 milhões para essas entidades. A análise de contratos revela que é de 15% o percentual médio de desvios — ou seja, propina. Enquanto isso, os doentes se arrastam pelos corredores.

Na sua investigação, VEJA descobriu um fato realmente inquietante. Leiam trecho da reportagem:

(…)
Chama-se Edson Pereira de Oliveira um dos protagonistas dessa trama. Até o fim do ano passado, ele era assessor especial do ministro da Saúde, o petista Alexandre Padilha. Em dezembro, Oliveira pediu demissão. Alegou razões pessoais, mas, na verdade, não resistiu ao assédio de peemedebistas e outros deputados do Rio interessados em comandar diretorias dos hospitais federais do estado. Esse grupo acossou Oliveira quase que diariamente. Usou como arma uma informação preciosa: amigo de Alexandre Padilha há vinte anos, o então assessor especial do ministro havia se corrompido. Recebeu 200.000 reais de um grupo ligado a uma quadrilha suspeita de desviar dezenas de milhões dos hospitais fluminenses. O suborno tinha como objetivo manter abertas as portas do ministério aos interesses do grupo - àquela altura ameaçados.
(…)
Segundo o ex-assessor de Padilha. que tinha como função principal conversar com os parlamentares em nome do ministro da Saúde, o então deputado Cristiano, do PTdoB do Rio. de quem havia se tornado amigo íntimo, voluntariamente se dispôs a pagar uma dívida de campanha da época em que Oliveira disputara a prefeitura de Ibititá (BA). “Só descobri depois que não existe almoço grátis”, conta o ex-assessor, invocando uma aparente ingenuidade. No entanto, para despistar, a propina passeou por três contas bancárias indicadas pelo próprio Oliveira. Os depósitos foram realizados em junho de 2011 nas contas de um agiota, um amigo e um sobrinho do ex-assessor. Os comprovantes mostram que figuram entre os pagadores dois empregados de uma empresa farmacêutica que recebeu 3,8 milhões de reais da União, desde 2009, graças a contratos fechados, entre outros, com hospitais federais exatamente do Rio de Janeiro. Por que uma empresa com contratos com o governo pagaria uma conta de um alto senador público a pedido de um partido? Parece elementar.”

(…)
Voltei
É isso aí. Edson Pereira Oliveira, como ele mesmo diz, é amigo do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, há 20 anos e o assessorou quando foi ministro das relações Institucionais no governo Lula. A edição traz uma entrevista sua em que ele conta detalhas da sem-vergonhice, na qual diz ter caído em razão de uma forma muito peculiar de inocência. Padilha diz que não sabia de nada e que pediu investigação.

Pois é… Não há dúvida de que muita gente estaria melhor sem VEJA: os corruptos. E muitos estariam em pior situação: as pessoas de bem e os doentes que penam nos corredores dos hospitais, enquanto alguns vagabundos enchem os bolsos.

É isto: há uma VEJA no meio do caminho.

E isso a escória não perdoa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Da série “Dilma é ruim de serviço 1″ - Saneamento: apenas 7% de 114 obras no PAC estão prontas

Luiz Inácio Lula da Silva é o autor de duas grandes farsas: recebeu um país devastado, em que tudo estaria por ser feito — a tal “herança maldita” —, e lhe teria cabido, então, a tarefa de criar tudo do zero. Essas farsas colaram, como é óbvio. Um dia pagaremos o preço das mistificações. Quando? Não tenho a menor ideia. Não se vislumbra a construção de uma alternativa de poder. Muito pelo contrário. Depois de o PT ter privatizado o estado brasileiro, assistimos agora ao avanço sobre as instituições. E sob o silêncio cúmplice, quando não sob o estímulo mesmo, de boa parte da imprensa. Até que chegue a sua vez… Mas isso fica para outro texto.

A verdade insofismável, quando se vai para os números, é que a gestão petista é incompetente, ruim de serviço. “Mas a população reelegeu Lula e elegeu Dilma!” E daí? Isso não torna as três gestões petistas mais operosas. O critério “eficiência” é apenas um dos muitos que pesam numa disputa eleitoral. Há muitos outros.

Reportagem publicada pelo Globo demonstra, por exemplo, o que acontece no país com a área de saneamento. Trata-se de um absoluto desastre! A gestão petista é refém, por exemplo, da pauta de ONGs estrangeiras quando se discute o Código Florestal, mas é absolutamente omissa com uma área fundamental para a preservação do meio ambiente: saneamento básico. Boa parte do orçamento do Ministério da Saúde é consumido remediando os males decorrentes da falta do tratamento de esgoto.
Leiam o que informa Alessandra Duarte e Carolina Benevides. Volto depois.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não tem feito jus ao nome quando o assunto é saneamento. Estudo inédito do Instituto Trata Brasil mostra que apenas 7%, ou oito das 114 obras voltadas às redes de coleta e sistemas de tratamento de esgotos em municípios com mais de 500 mil habitantes, estavam concluídas em dezembro de 2011. O levantamento aponta ainda que 60% estão paralisadas, atrasadas ou não foram iniciadas. Os dados foram fornecidos por Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, Siafi (Sistema Integrado de Informação Financeira do governo federal) e BNDES. As 114 obras totalizam R$ 4,4 bilhões

“O país avança devagar. Cinco anos é um prazo razoável, mas o PAC 1 foi lançado em 2007 e não temos 10% das obras concluídas em 2011. Houve deficiência grande na qualidade dos projetos enviados ao governo federal e muitos tiveram que ser refeitos. O problema teria sido menor se, antes de enviar os projetos, as prefeituras, companhias de saneamento e estados tivessem sido qualificados”, diz Édison Carlos, presidente do Trata Brasil. “O estudo mostrou que 21% das obras podem estar concluídas até dezembro deste ano. Mas, para isso, nenhuma pode ter atrasos ou parar, e não tem sido assim com o PAC”.
(…)
No Norte, 100% das obras paralisadas
Por e-mail, o Ministério das Cidades reconhece que “os principais entraves estão na baixa qualificação dos projetos técnicos e na própria capacidade de gestão dos órgãos executores”. Diz ainda que 14% das 114 obras já tiveram seus “contratos concluídos”. A maioria dessas obras do PAC passa pelas concessionárias e empresas estaduais: segundo a Aesbe, dos 5.565 municípios, cerca de quatro mil têm o saneamento gerido por essas empresas. E, na avaliação de Suriani, o ritmo de execução das obras só começa a se normalizar em pelo menos cinco anos.

Segundo o Trata Brasil, o Norte tem 100% das obras do PAC paralisadas, seguido por Centro-Oeste (70%) e Nordeste (34%). O Nordeste tem ainda o maior percentual de obras atrasadas: 49%. Quando somadas as paralisadas, atrasadas e não iniciadas, a pior situação é a do Centro-Oeste, com 90% das obras nessas categorias. Em seguida, aparece o Nordeste, com 88%. Já o Sudeste, região que mais avançou entre dezembro de 2010 e dezembro de 2011, tem apenas 13% das obras concluídas.

Para a manicure Patricia Vieira, o atraso é mais do que uma porção de números. Moradora do Centro de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, ela vive numa casa onde o banheiro não tem descarga e o esgoto vai in natura para o valão,que um dia foi um rio. “Preferia o banheiro funcionando. Tem também o problema da chuva. Com 15 minutos, o valão transborda e invade as casas. Já perdi todos os móveis, e tenho que conviver com ratos, lacraias e mosquitos”, conta Patricia, que cumpre um ritual toda vez que sai. “Coloco peso no vaso sanitário e nos ralos e deixo a chave com o vizinho, que corre aqui se chover”.
(…)
O atraso no PAC ganha contornos piores quando confrontado com o Atlas de Saneamento 2011, do IBGE. Em 2008, 55,1% dos municípios tinham coleta de esgoto - avanço de 2,9% se comparado com 2000. O menor índice estava no Norte: 13,3%. Já o Sudeste tinha 95,1%. “São dois países. Para mudar, não bastam dinheiro e obras. Precisa melhorar a gestão”, diz Cassilda de Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. “Se mantivermos o ritmo dos últimos três anos, vamos levar mais 50 para universalizar o saneamento”.

Voltei
Você viram que o texto trata de uma área de Duque de Caxias chamada “Valão”. Pois bem: no debate da Globo, uma moradora desse região fez uma pergunta à então candidata Dilma: justamente sobre saneamento. E ela enrolou com algumas promessas sobre o combate à enchentes… E, claro!, atacou indiretamente o governo FHC. Vejam. O  filme está bem ruim. Encerro depois.

Os números falam por si.

Por Reinaldo Azevedo

 

Da série “Dilma é ruim de serviço 2” - Minha Casa, Minha Vida… às escuras

Lula havia prometido entregar um milhão de casas aos brasileiros. Encerrou o mandato, e elas eram pouco mais de 200 mil. Dilma prometeu outros dois milhões. Já fiz as contas, que seguem as mesmas. No ritmo em que a coisa anda, a promessa será cumprida em 22 anos. Leiam o que informa O Globo:
*
Prédios, vilas e até bairros fantasmas podem ser encontrados Brasil afora. São construções novas, prontas para receber a população mais pobre, que só não estão ocupadas por falta de energia elétrica. Ao todo, mais de cem mil residências construídas para atender à faixa de renda mais baixa do programa Minha Casa, Minha Vida estão concluídas, mas sem moradores. Esses imóveis estão à espera apenas da ligação da energia para serem ocupados.

Em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, encontra-se um exemplo do problema que compromete os resultados do principal programa habitacional do governo Dilma Rousseff. Problemas similares foram verificados em Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte.

No caso de Mogi das Cruzes, em abril de 2011, a incorporadora Faleiros pediu à distribuidora EDP Bandeirante a ligação elétrica de três empreendimentos com cerca de 500 unidades residenciais no valor de até R$ 52 mil cada, para moradores com renda de até três salários mínimos, beneficiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida. A ligação foi feita em um dos empreendimentos há poucas semanas e os outros dois ainda continuam sem energia elétrica. “Há imóvel que poderia ter sido entregue há seis meses. Enquanto isso, tenho que gastar com segurança, manutenção e não recebo os últimos 5% do valor do imóvel, pois a Caixa só paga na entrega”, disse o construtor João Alberto Faleiros Junior.

A EDP alega que os ritos para a solicitação de instalação de energia não foram plenamente seguidos pela Faleiros. Em nota, a empresa explicou a falta de ligação nos dois empreendimentos. “No Residencial Santa Antonieta III, após vistoria nos centros de medição, os mesmos apresentaram divergência dos projetos aprovados e, assim, a EDP Bandeirante aguarda as respectivas correções para nova inspeção e dar seguimento aos procedimentos padrões. Quanto ao residencial Bromélias, a construtora já foi informada (de que precisa) solicitar a inspeção no centro de medição, o que até a presente data não foi feito.”

Em Uberlândia (MG), também há discussões sobre quem paga a instalação da energia em empreendimentos de pelo menos duas construtoras. E em Mossoró (RN) também foram constatados atrasos nas ligações de energia elétrica. As discussões entre as construtoras e as distribuidoras de energia sempre giram em torno de custos e prazos a serem cumpridos para a ligação.

Há problemas também em empreendimentos que mesclam renda mais baixa com mais elevada. Nesses casos, a norma da Aneel não é clara sobre as responsabilidades da distribuidora. Um empreendedor em Feira de Santana (BA), que pediu para não ser identificado, havia recebido ofício da distribuidora local - ao qual O GLOBO teve acesso -, informando que a empresa pagaria pela instalação elétrica, mas depois foi surpreendido com uma cobrança adicional de R$ 800 por unidade. É a finalidade social do empreendimento que define a responsabilidade da distribuidora em pagar pela ligação.

Essas disputas chegaram a Brasília e exigiram intervenção do Ministério do Planejamento, que chamou distribuidoras de energia, construtores, Aneel, Caixa Econômica e Ministério do Desenvolvimento Social para debater o assunto. Para evitar o atraso nas ligações de energia, a pasta vai elaborar um manual para construtores e distribuidoras, deixando claro prazos e processos a serem adotados ao longo da construção, de forma que a luz chegue exatamente quando a obra ficar pronta. Para construtores, o manual deve esclarecer pontos obscuros na lei que permitiam às distribuidoras protelar as ligações elétricas dos imóveis. “Os distribuidores usam brechas na norma para não fazer ligações ou empurrar custos aos construtores”, disse José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Para os distribuidores de energia, porém, com o aquecimento do mercado, novos construtores não sabem exatamente como agir, o que acaba atrasando. ” Muitas empresas novas não sabem os procedimentos. Às vezes, quando fazem um pedido, os prazos já estão correndo”, disse José Gabino dos Santos, consultor da associação das distribuidoras (Abradee).
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Cachoeira gravado pela PF: “O Policarpo nunca vai ser nosso! Ele é foda!” Na mosca!

O maior prazer do pervertido é assistir à queda de um puro. A frase — talvez literal; não vou parar para consultar agora — está no livro “Se o Grão Não Morre”, autobiografia do escritor francês André Gide. Naquele caso, aconteceu. Neste outro, de que trato, os pervertidos estão tentando se lambuzar na suposta queda alheia. Mas perderam o tempo e a viagem.

Há alguns dias, Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e comandante da sucursal da revista em Brasília, vem sendo vítima de uma campanha asquerosa, movida por bandidos. Seus acusadores são notórios ladrões de dinheiro público, escroques envolvidos com o submundo da espionagem — eles, sim, flagrados em investigações da Polícia Federal —, notórios mamadores das tetas do oficialismo. Não têm biografia, mas folha corrida. Estão associados ao submundo do crime para tentar melar o processo do mensalão. Trabalham a serviço de um notório chefe de quadrilha. Essa escória, no entanto, poderia estar falando a verdade, claro… Mas não está! E são as próprias gravações feitas pela Polícia Federal a prová-lo.

Há dias a rede suja da Internet repete a mentira grotesca de que Policarpo teria sido “pego” pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. O chefe da Sucursal da VEJA em Brasília falou, sim, com Cachoeira e seus “auxiliares” muitas vezes. Ele e quase todos os jornalistas investigativos de Brasília. Em todas elas, estava em busca de informações que resultaram em reportagens que, de fato, derrubaram muita gente. Ousaria dizer que muitos milhões, talvez bilhões, de dinheiro público deixaram de sumir pelo ralo da corrupção em razão do trabalho de Policarpo.

Já escrevi aqui e repito uma obviedade, que é do conhecimento de todo e qualquer jornalista investigativo: não é nos conventos e nos mosteiros que se colhem informações sobe o submundo da capital — e do país. Um jornalista investigativo é obrigado a transitar em áreas muito pouco salubres. MAS ATENÇÃO! O  HONESTO, A EXEMPLO DE POLICARPO, TRANSITA, COLHE A INFORMAÇÃO E NÃO SE SUJA. O desonesto se torna funcionário de banqueiro bandido,  do espião, do malfeitor. Nao resiste à tentação.

É claro que Policarpo foi fazendo alguns inimigos ao longo dos anos. Todos aqueles que perderam o emprego em razão de suas reportagens — sempre irrespondíveis — e todos aqueles que tiveram interesses contrariados gostariam de lhe arrancar o fígado. Há tempos ele está “jurado” por tipos que podem ser chamados, sem exagero, de representantes do crime organizado. A melhor defesa de Policarpo é a qualidade de seu trabalho. Todos vocês sabem que ele responde por mais da metade do que a imprensa acabou chamando “faxina de Dilma”. Prestou um serviço ao país e, de certo modo, até ao governo. Já escrevi aqui que o crescimento da popularidade da governanta não se deve à qualidade do seu governo, que considero medíocre, mas à demissão dos que foram pegos com a boca na botija. Pegos por Policarpo! Dilma não demitiu auxiliares, suponho, porque as falcatruas apontadas por VEJA eram falsas, certo?

A qualidade do trabalho de Policarpo (des)qualifica seus acusadores. Uma longa conversa de Cachoeira, no entanto, com um de seus auxiliares — o ex-agente da Abin Jairo Martins — é, como direi?, de uma eloquência que deixará os acusadores de Policarpo a roer os cotovelos do ressentimento, do ódio e da vigarice. Mas continuarão na sua sanha desmoralizada porque são pagos pra isso.  Reproduzo trechos. Volto em seguida:

Cachoeira - O Policarpo, você conhece muito bem ele. Ele não faz favor pra ninguém e muito menos pra você. Não se iluda, não (…) Os grandes furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz (…) Ele não vai fazer nada procê.

Jairo - É, não, isso é verdade aí.

Cachoeira - Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho por Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz!? E tudo via Policarpo. Agora, não é bom você falar isso com o Policarpo, não, sabe? Você tem que afastar dele e a barriga dele doer, sabe? Tem que ter a troca, ô Jairo. Nunca cobramos a troca.

Jairo - Isso é verdade.

Cachoeira - E fala pra ele (…) eu ganho algum centavo seu, Policarpo? Não ganho (…) Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo! Nós temos que ter jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso…

Jairo - É, não tem não, não tem não. Ele não tem mesmo não. Ele é foda!

Voltei
Se tiverem paciência, ouçam a conversa inteira na VEJA Online. Cachoeira e Jairo estão reclamando de Policarpo porque lhe passaram informações para chegar a alguns ladrões de dinheiro público — alguém aí acha que foram os santos que derrubaram José Roberto Arruda? —, mas Policarpo não lhes deu nada em troca. Não os poupou nem mesmo do noticiário.

É isso aí! Policarpo jamais será “deles” ou “um deles”. Foi a sucursal de Brasília da VEJA que desbaratou o bunker formado em 2010 para produzir mais um falso dossiê contra José Serra, lembram-se? Era aquele grupo comandado por Luiz Lanzetta, que estava sob a chefia do agora ministro Fernando Pimentel (investigado pela Comissão de Ética, diga-se), aquele que fazia visitinhas a Zé Dirceu em quartos de hotel. Uma das pessoas que estavam trabalhando para o grupo era justamente Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, que pertence ao esquema de Cachoeira. Policarpo faz jornalismo, não negócio.

A Polícia Federal flagrou Policarpo, sim! Flagrou-o trabalhando honestamente! Os ladrões e os serviçais dos ladrões não se conformam que VEJA tenha colaborado de maneira decisiva para limpar uma parte ao menos da sujeira de Brasília. Falta certamente muita coisa. O país e o jornalismo podem contar com Policarpo. Continuará a submeter o mundo e o submundo da capital federal e do país a seu — e ao de sua equipe — severíssimo escrutínio. Buscará a informação onde ela estiver. E, assim, continuará a proteger os cofres públicos da ação de larápios.

E fará isso por uma razão simples: Policarpo nunca vai ser deles! Policarpo é foda!

Por Reinaldo Azevedo

 

EM VEJA – Um senador desce aos infernos. Ou: Investigação esbarra no governo petista do Distrito Federal e no governo tucano de Goiás

A edição desta semana traz uma reportagem de Rodrigo Rangel sobre as relações do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Há trechos inéditos das conversas entre os dois. Mas não só isso. Há indícios de que a máfia tem ramificações nos governos do Distrito Federal, comandado pelo petista Agnelo Queiroz, e de Goiás, do tucano Marconi Perillo. Leiam trecho da reportagem.

DIÁLOGO GRAVADO EM 14 DE ABRI L DE 2011
Demóstenes novamente presta favores a Cachoeira e seus amigos. Desta vez, ao receber pedido para solucionar uma demanda de um colega do contraventor no Ibama, ele oferece uma solução ainda melhor: ir por cima e conversar direto com a ministra do Meio Ambiente, com quem diz ter uma relação muito boa.

Cachoeira - O Rossini vai tá aí amanhã pra ir lá no Ibama.
Demóstenes - Uai, tranquilo!
(…)
Cachoeira - No Ibama. Já tá marcado lá. Você podia acompanhar ele lá.
Demóstenes - Ah, tá. Que horas?

Horas depois, a dupla volta a tratar do assunto:
Demóstenes - Tô achando que este trem de Ibama não vai resolver nada pra ele, não. Tô às ordens, mas acho que é melhor ir por cima. Eu tenho acesso bom à ministra.
Cachoeira - À ministra?
Demóstenes - Ministra! A ministra lá do Meio Ambiente. O Ibama é subordinado a ela, uai!
Cachoeira - Agora. Vou falar pra ele te chamar aí. Obrigado aí!

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar Demóstenes. “Meu cliente é vítima de uma investigação ilegal”, afirma o advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro. A investigação promete causar danos também em outras frentes. Os grampos telefônicos põem na cena da máfia os governos de Brasília, comandado por Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, controlado por Marconi Perillo (PSDB).

Em Brasília, as escutas indicam que o grupo tinha acesso ao gabinete de Agnelo. Inclusive para fazer indicações políticas. “Esse documento aí é para botar na mão do Marcelão (…) Ele vai direto no gabinete do governador”, diz o araponga Idalberto Matias, o Dadá, um dos capangas de Cachoeira. “São os nomes que a gente quer”, afirma. O governador Agnelo negou a VEJA qualquer relação com a tropa de Cachoeira.

Em Goiás, as investigações mostraram que o ponto de contato entre Cachoeira e o governador Marconi Perillo era um ex-vereador de Goiânia. Também lá o contraventor decide nomeações - e diz até que cargos cada indicado vai ocupar e quanto vai ganhar. O governador de Goiás também nega ligação com Cachoeira e diz que combate “toda sorte de crimes e contravenções”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Quando escroques escrevem para idiotas. Ou: Cadê o petista Rubens Ottoni? O noticiário o comeu?

O crime organizado disfarçado de jornalismo chega a ser cômico. O primeiro veículo impresso a noticiar as relações entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e Carlinhos Cachoeira foi, olhem que coisa!, a VEJA, na edição que começou a chegar aos leitores no dia 3 de março — reportagem feita na Sucursal de Brasília, sob o comando de Policarpo Júnior.

Pois bem. No dia seguinte, a súcia, sob o comando do chefe de quadrilha, fazendo de conta que a reportagem não era de VEJA, decidiu vir a público para atacar… Reinaldo Azevedo!!! Demóstenes seria, diziam, meu amigo, não um político com quem eu falava esporadicamente, a exemplo de outros tantos — e como fazem todos os jornalistas. Sim, eu gostava da parte conhecida de sua atuação e a elogiava por bons motivos. Escrevi ontem a respeito. A pilantragem não colou! O alvo seguinte foi Policarpo (obviamente, o que interessa é atacar a independência de VEJA), chefe da sucursal de onde saíra justamente a reportagem que tinham usado para tentar me atacar.

No dia 5, publiquei aqui uma entrevista com Demóstenes, em que perguntava, como se pode verificar, tudo o que tinha de ser perguntado.  No próprio post, alguns seres vindos das trevas indagavam:  “Não vai falar nada sobre o Demóstenes?”. Todas as informações relevantes sobre o caso, muitas delas da VEJA Online, estão no blog. Num longo texto opinativo intituladoO caso Demóstenes, o Jornalismo da Esgotosfera Governista e o que tem de ser dito. Ou: Quando a PF usará com petistas o método que usa com oposicionistas?, escrevi o óbvio: todos têm de pagar por seus erros, e as investigações não podem ser seletivas. Ontem, publiquei o que considero o meu melhor post a respeito: Demóstenes e José Dirceu: dois casos emblemáticos da República. Ou: Como reagem os moralmente doentes e os moralmente saudáveis diante do caso“.

Muito bem! A militância paga da esgotosfera não têm dúvida e repete o mantra: “Você não vai falar nada a respeito de Demóstenes?” O mais curioso é que a canalha continua a enviar esses comentários nos posts que tratam do… Caso Demóstenes!!! Tomam-se como medida das coisas. Por quê?

Seus inspiradores, sim, empregadinhos do quadrilheiro, deixam de noticiar o que não interessa “ao partido”. A evidência mais contundente de que Carlinhos Cachoeira comprava políticos são dois vídeos em que combina repasse de dinheiro, por fora, pelo caixa dois do PT, entende-se, para Rubens Ottoni, deputado petista de Goiás. Um dos vídeos segue abaixo. Volto depois.

Voltei
Como vocês notaram, Ottoni desapareceu do noticiário. E o Jornalismo da Esgotosfera Governista (JEG) nem sequer toca no seu nome. Alguns idiotas caem de graça na conversa dos escroques remunerados.

Por Reinaldo Azevedo

 

“Chefe”, senador discutia ações no Parlamento

Por Vannildo Mendes, no Estadão:
Um dos principais operadores da organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, o sargento reformado da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, tratava o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por “chefe”. Diálogo telefônico interceptado pela Polícia Federal em junho de 2009, no âmbito da Operação Vegas, mostra Demóstenes em posição de comando, passando ordens para Dadá e coordenando ações dentro do Senado.

“Entendeu o que eu falei?”, indaga Demóstenes ao final da explicação sobre as ações desenvolvidas no Parlamento. “Entendi, entendi. Eu vou avisar pra eles, mas… mesmo assim ficou bom, né chefe?”, responde Dadá.

Referindo-se à mobilização política que comandava para aprovação de medidas legislativas, Demóstenes atualiza o ex-sargento: “É, ficou bom porque dá pra acudir, foi bom ter trazido o tema, (mas) não dá pra fazer nada em uma semana, nada, a não ser discurso. Isso não resolve, até porque eu já tô com a lista que você me passou. É… na hora que o presidente anunciar o negócio, eu convoco uma audiência pública pra discutir o tema”.

Dadá demonstra ter contatos na mídia para difundir interesses do grupo: “Aí eu aviso a imprensa”. Demóstenes encerra a ligação, de menos de três minutos: “Mas pode ter certeza que o negócio vai ser polêmico”.

A operação Vegas, realizada em 2009, levantou indícios que resultaram em outra operação, a Monte Carlo, desencadeada em 29 de fevereiro passado, na qual foi desarticulara uma ampla rede de jogos ilegais comandada por Cachoeira. Ele e Dadá estão presos à disposição da Justiça.

A Vegas indiciou várias pessoas, mas a parte que alcança Demóstenes e outros parlamentares era desconhecida até agora porque, por envolver réus com prerrogativa de foro especial, a investigação dependia de pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que não foi feito na ocasião.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Nas águas de Ideli - Cobrar doação de empresa contratada por ministério é “malfeito”, acusa ex-ministro

Por Marta Salomon, no Estdão:
Sucessor de Ideli Salvatti no Ministério da Pesca, o deputado petista Luiz Sérgio classificou ontem de “malfeito” a ação da pasta de cobrar dinheiro para o PT de Santa Catarina de uma empresa contratada pelo governo federal. A Intech Boating, que forneceu por R$ 31 milhões lanchas-patrulha para o ministério, doou R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT, que bancou 81% dos custos da candidatura de Ideli em 2010 ao governo de Santa Catarina, como revelou com exclusividade o Estado ontem. O contrato das lanchas é considerado suspeito pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A petista, hoje, é titular da pasta de Relações Institucionais.

“Em relação à iniciativa do ministério de buscar contribuições, minha posição é contrária a isso. Não é função de ministério arrecadar dinheiro para candidaturas ou para partidos”, disse o ex-ministro da Pesca, a quem coube dar destino à maior parte das 28 embarcações compradas. As lanchas-patrulha estavam estragando, sem uso, num caso de desperdício de dinheiro público investigado pelo TCU. O Ministério da Pesca optou por doar a maioria à Marinha.

Questionado se enxergava corrupção no caso, Luiz Sérgio optou pelo vocabulário adotado pela presidente Dilma Rousseff. “Eu diria, como a nossa presidente tem feito, que é um malfeito.” Luiz Sérgio ficou no cargo apenas seis meses, após perder o posto de articulador político do governo para a ministra Ideli Salvatti, em junho do ano passado.

Anteontem, o dono da Intech Boating, José Antônio Galízio Neto, afirmou aoEstado que a doação ao partido havia sido feita em 2010 a pedido do ministério. “A solicitação veio pelo Ministério da Pesca, é óbvio. E eu não achei nada demais, porque eu estava trabalhando para o governo, faturando naquele momento R$ 23 milhões, R$ 24 milhões, não havia nenhum tipo de irregularidade”, disse, mudando em seguida de versão e apontando um político local, “um vereador ou candidato a deputado, uma coisa assim”, como o responsável pelo pedido de doação ao PT.

Irregular. O negócio que resultou em doação para o comitê petista contém irregularidades, segundo auditoria aprovada pelo TCU na quarta-feira. O relatório afirma que a licitação foi dirigida para a Intech Boating, sediada em Santa Catarina, base política dos ministros Altemir Gregolin e Ideli Salvatti. Além disso, ainda de acordo com o tribunal, as lanchas foram compradas sem necessidade e superfaturadas.

Ontem, o dono da Engetec - empresa desclassificada “sem justificativa adequada” da licitação das lanchas, segundo o TCU - confirmou a interpretação do tribunal. César Thomé Filho contou que a Engetec reduziu o preço proposto pela Pesca de R$ 1,6 milhão para R$ 1 milhão. Apesar de atender aos pré-requisitos do edital, perdeu o negócio (leia entrevista abaixo).
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Esquerda vence disputa pelo DCE na USP; Reação fica em segundo

A chapa “Não Vou Me Adaptar”, formada por alunos do PSOL e do PSTU, com esse nomezinho esquerdo-afetivo, venceu a eleição para o DCE da USP: obteve 6.964 votos. A Reação ficou em segundo lugar, mas muito atrás: 2660 votos. Ao todo, votaram 13.134 estudantes — deve ser recorde nos últimos anos. Mesmo assim, representam uns 16% do total de alunos da USP, que passam de 80 mil. Ainda que com uma votação maior do que a de outros anos, a maioria silenciosa continua silenciosa. Em 2009, uma fraude hoje admitida até por estudantes de esquerda, tirou a vitória da Reconquista, com ideias próximas das da Reação. A chapa 27 de outubro, formada pela ala heavy metal do esquerdismo rombudo (PCO, LER-QI e assemelhados), não deve ter alcançado 500 votos.

Ao Estadão, Pilar Gomez, estudante de história, representante da Reação — a única chapa que não é extensão de um partido de esquerda — considerou o resultado justo: “Pelo menos, neste ano, foi limpo”, afirmou, numa alusão à fraude de 2009. Pode ter sido, sim, mas é o resultado que deriva de um golpe. Em novembro, alegando que a universidade estava em greve — E ELA NÃO ESTAVA!!! —, os esquerdistas suspenderam a eleição. Eles mesmos admitiam que, se o pleito fosse realizado na data prevista, a Reação venceria.

Os esquerdistas ganharam tempo para se organizar e iniciaram um impressionante trabalho de demonização da Reação. Foram bem-sucedidos em seu esforço, que começou com um golpe e terminou com uma eleição. A última pilantragem foi divulgada pelo PCO, que é imbatível em matéria de baixaria e trabalho sujo. O partido divulgou na USP, no primeiro dia da eleição, o texto que segue em vermelho, como se tivesse partido do PSDB:

Date: Tue, 27 Mar 2012 20:04:12 -0300
From: 
[email protected]
Subject: Eleição - USP
Começa hoje a eleição para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP. REAÇÃO é o nome da chapa que está concorrendo com o apoio do PSDB.
Contamos com todos os filiados que mantém vínculo com a USP ou que conheçam amigos e parentes que estudem nesta instituição, para que auxiliem neste processo com votos e divulgação da chapa.
Vamos todos juntos vencer este novo desafio!
Voe alto, tucano!
Secretaria-geral do PSDB-SP

Não só isso. O partido sustentava também que os termos da mensagem teriam sido colados de um post que eu havia publicado aqui. Tudo mentira obviamente! Esse e-mail nem mesmo existe. O PCO, o partido revolucionário que vive às custas do Fundo Partidário burguês, já tirou a sua mentira do ar.

Encerrando
Bem, bem, bem… Se 84% não compareceram para votar, os 16% mandaram o seu recado e se distribuíram como vimos. Os dinossauros continuarão com a sua ladainha contra a Reitoria, contra a presença da PM no campus na USP e contra ainda o século… 20!!!  É claro que eu tenho cá um lado meio perverso — ele logo se aquieta porque me obrigo a ser racional — que tende a aconselhar a Reitoria e o governo: “Tirem a PM de lá; façam como querem os esquerdistas! Mas deixem bem claro aos estudantes que aquela é a vontade dos seus ‘representantes’”. Quem sabe dando todo o poder aos bolcheviques, para que pintem e bordem, aqueles 84% acordem.

A USP voltou a ser uma das universidades mais importantes do mundo (embora ainda precise avançar bastante), única latino-americana na lista das “100 mais”. E vai continuar com uma das representações estudantis mais atrasadas do mundo. O PSOL é aquele partido que quer juntar socialismo com liberdade, do qual até Heloísa Helena, a fundadora, desertou. E o PSTU é aquele partido que prega a destruição de Israel.

Isso, convenham, tem mais passado do que futuro! Que o PSOL e o PSTU comecem agora a cuidar da revolução… Daqui a pouco, coitados!, terão de enfrentar os porraloucas do PCO e da LER-QI, que se querem os verdadeiros bolchevistas. Uau! Logo a USP chega a 1917!

Por Reinaldo Azevedo

 

DEM espera explicação de Demóstenes até a próxima terça

Por Nathalia Passarinho, no Portal G1:
O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), cobrou nesta sexta-feira (30) que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) dê respostas até o início da próxima semana às denúncias de irregularidades no envolvimento com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal.

Segundo Agripino, o partido está “inquieto” com o silêncio do senador e aguarda o discurso em plenário prometido por Demóstenes para depois se posicionar sobre uma eventual expulsão.

Como na próxima semana haverá o feriado da Páscoa, o partido quer que Demóstenes se pronuncie na tribuna do Senado até terça-feira (3). Isso porque a maioria dos parlamentares deve viajar na quarta (4).

“Na próxima semana, ele precisa se manifestar. Espero que ele rapidamente se manifeste, já que terá tempo no fim de semana para levantar todas as acusações. O partido quer que ele cumpra o prometido e fale na tribuna no Senado”, afirmou Agripino Maia ao G1.

A assessoria de Demóstenes Torres informou que ele vai passar o final de semana em sua casa, em Brasília, analisando o conteúdo do inquérito em que é investigado por ligação com Cachoeira, preso sob acusação de chefiar uma quadrilha de jogo ilegal. Gravações telefônicas obtidas pelo jornal “O Globo” e publicadas na edição desta sexta mostram que Demóstenes usou do mandato para tentar beneficiar o empresário.

O senador é alvo de investigação em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Na noite desta quinta (29), o ministro Ricardo Lewandowski determinou a abertura de inquérito e a quebra do sigilo bancário do parlamentar pelo período de dois anos - Lewandowski não informou o período de início e fim da quebra de sigilo. De acordo com Agripino Maia, o DEM está “inquieto” com o silêncio de Demóstenes e a divulgação de novas denúncias a cada dia.

“O partido está inquieto. A posição do DEM vai depender da qualidade do argumento que o senador apresentar. A partir dessa manifestação, o Senado e o partido darão uma resposta”, disse. Parlamentares do DEM, principalmente deputados, defendem que Demóstenes se afaste da legenda voluntariamente, para evitar desgastes. A avaliação é de que o senador dificilmente conseguirá dar explicações convincentes.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

FIM DA LINHA - Comissão de Juristas, na prática, legaliza o terrorismo, desde que praticado por “movimentos sociais”. Não adianta tergiversar! É isso mesmo!

Se vocês recorrerem ao arquivo, encontrarão dezenas de textos deste escriba informando que o Brasil não dispõe de uma lei para punir atos terroristas. Um dos mais recentes foi publicado no dia 19 de dezembro do ano passado: O terrorismo já está entre nós, mas seguimos sem uma lei antiterror. E tudo porque a extrema esquerda seria prejudicada, coitadinha!. O PT e as esquerdas sempre se negaram a votar uma lei antiterror no Brasil porque boa parte das táticas a que recorre o MST, por exemplo, seria enquadrada como… TERRORISMO!!! A ausência da lei, também já escrevi a respeito, fez com que o Brasil prendesse — e soltasse — gente ligada à Al Qaeda. Há casos de brasileiros viajando ao exterior para fazer “curso” em células que podem ser classificadas de terroristas — como fez Mohammed Merah, aquele da França, lembram?

Pois bem! Há uma comissão de juristas fazendo propostas para a revisão do Código Penal. Ela decidiu, finalmente, propor a caracterização do crime de terrorismo. Huuummm… Fosse uma comissão de esquartejadores, talvez estivéssemos mais seguros. É aquela turma que sugeriu, na prática, a legalização do aborto, como se a matéria não tivesse alcance constitucional e pudesse ser resolvida pelo Código Penal. Para obter a autorização, bastaria que médicos e psicólogos comprovassem que a mulher não tem condições psicológicas de ter o filho. Eles também querem ampliar as possibilidades de aborto no caso de fetos com anomalias. O relator da turma, o procurador Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, explicou em quais circunstâncias: quando ficarem evidentes “graves e incuráveis anomalias que inviabilizem sua [da futura criança] vida independente”. Quantos seriam os deficientes que hoje estão vivos, produzindo e fazendo outras pessoas felizes que se enquadrariam nesse critério? Falta a essa comissão, lamento dizer, um eixo. Está vivendo num pântano moral. Sigo adiante.

O grupo decidiu caracterizar o crime de terrorismo. É uma proposta que já chega tarde. Não fosse a esquerdopatia dominante, há muito teríamos essa lei. E que atos mereceriam essa denominação? Sempre que se impingir terror à população por meio de sequestros ou manutenção de terceiros em cárcere privado; toda vez que pessoa ou grupo recorrerem a explosivos, venenos, gases tóxicos ou conteúdos biológicos que ameacem pessoas ou possam causar danos. Mas não só isso: também seria ato terrorista sabotar ou assumir o controle de portos, aeroportos, estações de trem, de metrô ou terminais de ônibus. Tudo, em suma, que caracterize um serviço essencial ao bem-estar da coletividade — hospitais, por exemplo — estaria abrigado pela lei.

É evidente que o país precisa dessa lei! Especialmente este que está prestes a realizar uma Copa do Mundo. Certas práticas só poderiam ser coibidas no país pela Lei de Segurança Nacional, que é de 1983.  Pois bem! E por que reclama esse Reinaldo Azevedo?

Vejam que fabuloso! Tudo o que vai acima será considerado crime de terrorismo, EXCETO SE FOR PRATICADO POR MOVIMENTOS SOCIAIS E REIVINDICATÓRIOS, entenderam? Nesse caso, então, tudo bem! Deixa de ser crime de terror. A preclara comissão de juristas está nos dizendo para esquecer essa história de que todos são iguais perante a lei. Não! Certos crimes, se praticados por alguns, seria terrorismo; se praticados por outros, são “reivindicações legítimas”. Lá entre eles, considerou-se, informa o Estadão, que essa ressalva é necessária porque, caso contrário, a lei seria recusada pelo PT porque o partido é ligado a movimentos que promovem esse tipo de coisa.

Entenderam o tamanho do esculacho? Não estamos mais empenhados — eles não estão — em aprimorar o estado de direito no Brasil, mas em aprimorar o torto estado de direito petista, que libera certos crimes para alguns. Imagino que um grupo de proprietários rurais que ameaçasse a segurança pública por algum motivo — ou que fosse acusado — seria enquadrado no crime de “terror”. Já o MST poderia fazê-lo sem receio porque, afinal, é um “movimento social”.

Lembram-se daquele manifesto estupefaciente daquela tal Associação Juízes Pela Democracia? Escrevi a respeito. O que ela dizia mesmo? Isto:
“Não é verdade que ninguém está acima da lei, como afirmam os legalistas e pseudodemocratas: estão, sim, acima da lei, todas as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais e que, por isso, rompendo com o estereótipo da alienação, e alimentados de esperança, insistem em colocar o seu ousio e a sua juventude a serviço da alteridade, da democracia e do império dos direitos fundamentais.”

Traduzindo a linguagem cafona: quem diz lutar pela justiça social pode fazer o que lhe der na telha porque está acima da lei. É o espírito que anima a tal comissão. Se isso for aprovado, seremos o primeiro país do mundo a, na prática, legalizar o terrorismo — desde que praticado por boas pessoas, é claro, essas que, como é mesmo?, “vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais”

Nunca antes na história do Direito!

Começaram destruindo a lógica. Depois depredaram a história. Agora chegou a vez de estuprar as leis e de impor a desigualdade como norma.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lavando a alma! Ou: O triunfo do bem!

Caros, há coisas que são mesmo de lavar a alma! Vocês verão logo na manhã deste sábado. Interrompi o texto que estou escrevendo sobre A LEI QUE LIBERA O TERRORISMO NO BRASIL só para lhes dizer isto: não é uma fatalidade da natureza, infelizmente, mas ocorre de vez em quando, e o bem triunfa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Comissão de Juristas quer legalizar ações terroristas no Brasil

Você não acredita? Em alguns minutos, deixarei tudo muito claro. É a mesma comissão que propôs, na prática e ao arrepio da Constituição, a legalização do aborto.

Por Reinaldo Azevedo

 

Demóstenes e José Dirceu: dois casos emblemáticos da República. Ou: Como reagem os moralmente doentes e os moralmente saudáveis diante do caso

Peço que vocês leiam com muita atenção este texto

Já escrevi vários posts sobre a situação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Publiquei, aliás, a primeira entrevista com ele tão logo veio a público reportagem da VEJA — e foi a VEJA a primeira a tratar do assunto em letra impressa — sobre o caso. Sabia-se bem menos do que hoje a respeito. Algumas das perguntas feitas então:
- O senhor é um dos mais severos críticos dos desmandos do petismo. Não pega mal para alguém com esse perfil ser flagrado conversando com Carlinhos Cachoeira?
- O senhor já foi secretário de Segurança de Goiás, entre 1999 e 2002. Não é impróprio alguém nessa posição ter amizade com um contraventor?
- Mas que tanto o senhor tinha para falar com Cachoeira?

Alguns vagabundos, que hoje são empregados do quadrilheiro-chefe da República, tentaram ligar meu nome às acusações contra Demóstenes. Ele seria “a fonte” e o “interlocutor” de Reinaldo Azevedo, como se falar com políticos não fosse uma obrigação do jornalista — e olhem que até falo pouco… O que é impróprio para jornalista é ser cúmplice de criminosos. Aliás, jornalistas falam com políticos e com o resto da humanidade — inclusive com aquela parte que chamo “imprópria para consumo… humano”. Boa parte das falcatruas que são reveladas, o que serve para proteger os cofres públicos, nasce da denúncia de pessoas envolvidas em esquemas que têm interesses contrariados. Conversar com uma fonte não é se comprometer com ela. Esse caso está ainda no começo. Eu posso lhes assegurar que os decentes da imprensa rirão por último. Mas, até lá, cumpre fazer algumas observações importantes.

As perguntas que lhe fiz, reproduzidas acima, nada tinham de “levantada de bola”. Ele só está numa situação muito difícil porque não tem boas respostas pra elas e porque o que vazou até agora indica que elas são pouco satisfatórias. Sim, eu lamento profundamente a desgraça política de Demóstenes porque, em si, independentemente do mérito (e falarei, sim, do mérito), o fato é ruim para o Brasil. Qualquer democracia do mundo precisa de uma oposição atuante. É a sua existência que demonstra, como lembro sempre, que o regime é democrático. Governos existem também nas ditaduras, mas só os regimes que asseguram as liberdades públicas e individuais contam com oposições organizadas e legais.

Lamento a situação de Demóstenes — e não sou o único — POR AQUILO QUE SE CONHECIA DE SUA ATUAÇÃO, não por aquilo que não se conhecia. A essa altura, ele próprio deve saber que dificilmente conseguirá se recuperar politicamente. Em certa medida, nem o ex-governador José Roberto Arruda, do DF, caiu de tão alto. Havia um halo de desconfiança que cercava Arruda em razão dos episódios ligados à quebra de sigilo do painel eletrônico do Senado. Mais: a política no Distrito Federal tem algumas características próprias que a tornam especialmente perversa mesmo para os padrões da lambança geral. Demóstenes estava em outro patamar  e certamente sabe disso.

Os moralmente saudáveis e os doentes
Há uma reação de justa indignação dos moralmente saudáveis com a derrocada de Demóstenes. Não eram poucos os que acreditavam na sua pregação e que, atenção!, ainda acreditam naqueles valores que ele anunciava. E fazem muito bem! Eram e são bons valores. Se ele próprio, como apontam os indícios, não levava o que dizia na ponta do lápis, isso não depõe contra aqueles fundamentos, não! Eles continuam corretos.

Essas são pessoas de bem! Ninguém, até agora, me enviou comentários afirmando que isso tudo é só uma tramoia do PT; que Demóstenes foi obrigado a fazer essas coisas para sobreviver politicamente; que ele age como agem todos; que há também petistas — e os há!!! — na lista de políticos amigos de Cachoeira. Aliás, nota à margem: existe um vídeo em que o contraventor promete dinheiro a um deputado do… PT!!!

Não! Os antigos admiradores de Demóstenes não recorreram a essas estratégias. Isso é desculpa de petista! Isso é desculpa de petralha! Isso é desculpa do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista)! Isso é desculpa de quem dá trela para José Dirceu! Os ex-admiradores de Demóstenes estão sinceramente decepcionados e não se mostram dispostos a perdoá-lo, AINDA QUE ELE TENHA SIDO ALVO DE UMA ILEGALIDADE CONTINUADA, ao contrário do que diz o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (já chego lá). Ocorre que essa ilegalidade não muda a natureza e o conteúdo dos diálogos.

O senador é um homem inteligente. Sabe que aqueles que o elegeram e que o admiravam não o perdoarão politicamente. E é por isso que, segundo leio, teria comentado com pessoas de seu círculo que está politicamente liquidado. Salvo um evento formidável, vindo de outra esfera, não creio que consiga se sair bem desse inferno.

Essa é a reação das pessoas saudáveis. Mais: elas querem que Demóstenes, confirmadas as ligações com Cachoeira, pague pelo que fez. Não há votos em favor da impunidade, não! Os que o admiravam são muito diferentes dos, como é mesmo, “amigos de José Dirceu”. Estes querem impunidade mesmo! Estes acham que o Zé só estava comandando a “revolução petista” por outros meios; estes acham que o Zé só estava agindo como agem todos, mas em favor do “lado certo”, o PT.

O SENADOR DEMÓSTENES TORRES SABE QUE, HOJE, O SEU PIOR INIMIGO É A SUA PRÓPRIA ATUAÇÃO NO SENADO, A PARTE CONHECIDA, QUE ERA EXCELENTE! E SEU SEGUNDO PIOR INIMIGO SÃO EXATAMENTE AS PESSOAS QUE O ADMIRAVAM EM RAZÃO DESSES VALORES. No caso de Dirceu é diferente: os valores dos seus admiradores o protegem porque iguais aos seus. Trazida à luz a relação de Demóstenes com Cachoeira, ele caiu em desgraça. Pego com a boca na botija, o Zé virou herói.

Acho que a carreira de Demóstenes está acabada. Já o Zé, como a gente viu, fez fama e fortuna. Não estivesse com os direitos políticos suspensos, haveria petistas bastantes para elegê-lo deputado. Afinal, o Zé, processado no STF por formação de quadrilha, cassado pela Câmara por corrupção, virou até “colunista político”, além de “consultor de empresa privada”.

A reação daqueles que tendem a inviabilizar a carreira política de Demóstenes é a reação de pessoas moralmente saudáveis. A reação daqueles que garantiram a sobrevivência de Dirceu — que o transformaram, pasmem!, em oráculo, que ainda votariam nele e que agora vibram com a desgraça do senador do DEM — é moralmente doente.

Mais sobre os doentes
E são justamente esses doentes, inclusive no colunismo político — coisa de vigaristas mesmo! — que tentam estabelecer conexões entre as ligações de Demóstenes com Cachoeira e sua oposição ao governo Dilma, como se só pessoa com víncuações suspeitas pudessem se opor ao PT. É mesmo?
- Então ninguém pode se opor ao PT do mensalão por bons motivos?
- Então ninguém pode se opor ao PT dos aloprados por bons motivos?
- Então ninguém pode se opor ao PT de Erenice Guerra, ex-braço-direito da própria Dilma, por bons motivos?
- Então ninguém pode se opor ao PT das lanchas de Santa Catarina (ver posts abaixo) por bons motivos?

Uma ova!

São exatamente as pessoas que não aceitam a moral elástica do petismo que estão a dizer a Demóstenes: “Assim não dá, senador! Isso é coisa da turma do lado de lá! Não somos petistas! Não justificamos os malfeitos das pessoas que estão do lado de cá!”

Polícia política
Tão logo o senador Demóstenes foi capturado na rede de influências de Carlinhos Cachoeira, seu caso deveria ter sido remetido ao STF. “Ah, não era ele o alvo da escuta…” Isso é conversa mole! No que diz respeito à questão propriamente criminal, dificilmente as eventuais provas contra Demóstenes não serão impugnadas. Ocorre que, politicamente — e Demóstenes é político —, isso não tem a menor relevância.

Quero chamar a atenção de vocês para outro aspecto. Repararam que o método empregado com Demóstenes é muito parecido com aquele que destruiu Arruda? Faz-se uma operação secreta, vão se colecionando provas ou indícios e depois começa o trabalho de vazamento, de modo que a pessoa colhida não tem para onde correr. Não por acaso, os “peixões” capturados são justamente lideranças da oposição.

Fizeram coisa errada? Que paguem! Quanto a isso, não há a menor dúvida. Quem gosta de impunidade são os amigos do Zé Dirceu! Mas por que essa mesma PF não emprega igual método contra petistas? Quantos resistiram a essa forma de investigação? Digamos que a Polícia Federal não tenha cometido uma só ilegalidade nessa ação. Diremos, então: eis aí uma instituição que serve ao Estado. Ocorre que começa a ficar caracterizado que os alvos são seletivos. SER DE OPOSIÇÃO NO PAÍS PASSOU A COMPORTAR UM RISCO ADICIONAL. E esse particular não caracteriza uma polícia de estado, mas uma polícia política.

Dado o andamento dos fatos, pergunta-se: de quais garantias dispõem os demais senadores da República — na verdade, o conjunto dos parlamentares — de que não estão sendo monitorados, sob a desculpa de que não são eles os alvos da investigação? A resposta: nenhumas! (o certo é “nenhumas” mesmo…). Fica uma advertência no ar: “Tomem cuidado!”

Caminhando para a conclusão
Que Demóstenes pague pelo que fez. Aliás, os vazamentos todos já caracterizam uma antecipação de pena, é evidente. É a correta atuação do senador — a parte que conhecíamos — que, entendo, inviabiliza o seu futuro político. Mas é justamente a atuação asquerosa de um Zé Dirceu (e de outros mensaleiros que estão de volta à Câmara) que lhe dá um futuro político! Não é mesmo um paradoxo interessante?

Os crimes dos adversários do PT crimes são! E isso é correto! Os crimes do PT, ora vejam!, transformam-se em virtudes, em atos de resistência! E isso é um crime adicional — no caso, moral. Ou não lemos ontem na coluna de Mônica Bergamo, da Folha, que os amigos do Zé (quem? quem?) pensam até em recorrer à OEA caso ele seja condenado???

Vigaristas atuando a soldo na rede, notórios bandidos que vivem de joelhos para o poder, esbirros de mensaleiros, tentam comprometer até mesmo o jornalismo que se dedica ao trabalho honesto, como ficará evidente pela enésima vez. É gente que está vibrando com a destruição de Demóstenes não porque cultive bons princípios, mas porque a serviço de bandidos que estão no poder.

Encerro reafirmando aos leitores que o senador Demóstenes está numa situação crítica NÃO PORQUE TENHA VIVIDO CONFORME O QUE PREGAVA, mas porque, é bem provável, DEIXOU DE FAZÊ-LO. Não havia e não há nada de errado com aqueles princípios. Eles continuam bons. Em suma, os maiores algozes de Demóstenes são aqueles que ele conseguiu conquistar com a sua atuação, tanto quanto os maiores defensores de Dirceu são aqueles que ele também conseguiu conquistar!

Por Reinaldo Azevedo

 

Perseguida por lanchas inúteis, Ideli deixa seminário pela porta dos fundos e evita imprensa

Por Thais Arbex, na VEJA Online. Volto depois:

“Um beijo no coração”, disse Ideli Salvatti nesta sexta-feira ao encerrar sua participação no seminário “Governança Metropolitana - Desafios, Tendências e Perspectivas”, antes de sair sorrateiramente pela porta dos fundos, sem falar com a imprensa. Tudo isso para não comentar as denúncias de que a empresa Intech Boating foi procurada para doar 150 000 reais ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina depois de ser contratada para construir lanchas-patrulha de mais de 1 milhão de reais cada para o Ministério da Pesca.

De acordo com as acusações, publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, o comitê financeiro do PT catarinense bancou 81% dos custos da campanha a governador em 2010. A candidata do partido era justamente Ideli, atual secretária de Relações Institucionais da Presidência da República e ex-ministra da Pesca. Pela manhã, a assessoria de comunicação da Secretaria de Relações Institucionais divulgou nota oficial afirmando que “não há qualquer ligação entre a ministra Ideli Salvatti e a empresa Intech Boating”.

Também presente no seminário, promovido na capital paulista pelo Instituto Lula e pela Fundação Perseu Abramo, Rui Falcão, presidente do PT, saiu em defesa da ministra. “Ideli não tem nada a ver com o caso, porque ela não era ministra naquela epoca”, afirmou. “Ela teve sua campanha em grande parte bancada pelo diretório estadual, o que é natural, mas não tem culpa pelas doações nem responsabilidade pelo destino desse dinheiro. Não foi ela que pediu”.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Secretaria de Relações Institucionais:

“A respeito de reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, no dia de hoje, sob o título ‘Pesca contrata empresa e cobra doação ao PT’, a assessoria de comunicação da SRI tem a informar:

1 - A doação no valor de R$ 150 mil registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) feita pela empresa Intech Boating foi destinada ao Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores (PT) em Santa Catarina e não à candidata Ideli Salvatti;

2 - A candidatura de Ideli Salvatti ao Governo de Santa Catarina conforme consta no site do TSE recebeu em doações R$ 3.572.376,65 e a maioria dos recursos foi repassada pelo Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores (PT). É importante ressaltar que as contas da campanha foram aprovadas pelo TSE;

3 - A competência jurídica pela prestação de contas dos recursos arrecadados pelo Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores durante o pleito de 2010 e apresentada ao TRE/SC e ao TSE é de responsabilidade do presidente estadual do PT;

4 - Não há qualquer ligação entre a ministra Ideli Salvatti e a empresa Intech Boating, pois a doação questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo não foi feita para a candidatura de Ideli Salvatti ao Governo do Estado;

5 - É preciso esclarecer ainda que o contrato firmado entre a empresa Intech Boating e o Ministério da Pesca para a aquisição de lanchas, que está sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), foi assinado em 2009, ano em que Ideli Salvatti era senadora da República e não ministra da pasta”.

Voltei
Faltou a agora ministra Ideli Salvatti explicar que a empresa que forneceu as lanchas inúteis, sem licitação, doou dinheiro para a campanha eleitoral do PT de Santa Catarina em 2010. E a candidata ao governo era… Ideli. Também poderia explicar o que ela fazia em uma das solenidades em que se celebrou a compra das lanchas, conforme atesta foto (ver post desta manhã).

Uma ministra das Relações Institucionais que tem de deixar um evento pela porta dos fundos para evitar a imprensa está pronta para cuidar de assuntos não-institucionais.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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