Esquema de Zé Dirceu agora planta na imprensa que STF está condenando sem provas! É mentira!

Publicado em 01/09/2012 07:05 e atualizado em 19/06/2013 17:34
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Esquema de Zé Dirceu agora planta na imprensa que STF está condenando sem provas! É mentira!

Os ministros do Supremo vão acabar colecionando memoriais de defesa de José Dirceu. José Luís de Oliveira Lima, advogado do deputado cassado por corrupção, prepara um terceiro documento. E, claro!, consegue espaço na imprensa. Esse rapaz é bom nisso! É tão influente que se chegou a publicar que tinha feito uma sustentação oral portentosa no Supremo, o que é falso. Nem mesmo conseguiu usar os 60 minutos de que dispunha. Ficou ali pelos 45. Agora ele avisa: vem um novo documento por aí. Segundo informa Débora Bergamasco, no Estadão, será com “tintas carregadas”. Huuummm… O objetivo é rebater a última petição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. É… O esquema do Zé é fogo! Antes do julgamento, a turma tentou mandar para o paredão o procurador, ministros do Supremo, imprensa, tudo… Até agora, inútil!

Informa a reportagem do Estadão:
“O documento memorial será dirigido aos magistrados, que surpreenderam a defesa de Dirceu quando flexibilizaram a necessidade da ‘materialidade de provas’ na hora de considerar os réus culpados. Será o terceiro memorial entregue aos ministros. Advogado do ex-chefe da Casa Civil, José Luis de Oliveira Lima afirma que não mudará em nada a linha de defesa do réu, até porque não se pode apresentar nenhum fato novo pelo memorial. ‘A nova petição vai bater pesado na última, apresentada por Gurgel’, adiantou ele ao Estado. O cerne do documento encaminhado ao Supremo pelo procurador-geral foi reiterar a validade de depoimentos de testemunhas como provas para os crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa, dos quais Dirceu é acusado.
O discurso de Gurgel tem se mostrado afinado até com o voto de magistrados que eram incógnitas, como a ministra Rosa Weber. Mais nova ministra no STF, indicada pela presidente Dilma Rousseff, ela patrocinou uma tese que repercutiu na Corte: ‘Nos delitos de poder, quanto maior o poder ostentado pelo criminoso, maior a facilidade de esconder o ilícito. Esquemas velados, distribuição de documentos, aliciamento de testemunhas. Disso decorre a maior elasticidade na admissão da prova de acusação’, afirmou.”

Distorção
O esquema de Zé Dirceu está plantando uma grave distorção na imprensa. Será preciso relembrar aqui o Artigo 239 do Código de Processo Penal:
“Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.”

Os ministros do Supremo não estão relativizando a necessidade de apresentar provas coisa nenhuma! Isso é uma plantação das mais vigaristas para tentar emprestar ao julgamento a característica de tribunal de exceção. O Artigo 239 trata das chamadas “provas indiciárias”, que não são hierarquicamente inferiores a quaisquer outras.

A essa questão se casa uma outra, que diz respeito aos crimes de corrupção passiva (Artigo 317 do Código Penal) e corrupção ativa (artigo 333). Nos dois casos, é preciso que haja a perspectiva de um ato de ofício. Mas atenção! O tal ato de ofício não precisa ser praticado (ou deixar de ser praticado) para que se configurem os crimes. Um indivíduo pode, diga-se, incorrer na corrupção ativa mesmo que não se configure na outra ponta a corrupção passiva. É o que diz o caput do Artigo 333:
“Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”.
Eis aí: bastam oferecimento ou promessa. O outro lado não precisa aceitar.

Durante muito tempo, um entendimento vesgo do que seria a “prova” nesses casos deixou muito larápio andando livre, leve e solto por aí. Bastava-lhe ter prepostos sob o seu mando, que saíssem propondo, fazendo e aceitando lambanças, sem assinar documento nenhum (ou deixar de assinar, no caso de ser uma obrigação) e pronto! Alegava-se: “Não há provas”.

Isso, sim, é que estava fora da lei; isso, sim, significava ignorar o Artigo 239 do Código de Processo Penal. Foi assim que os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Tóffoli não viram nada de errado na ação de João Paulo. Pior: usaram uma interpretação que me parece cínica do “ato de ofício”. Por que digo isso? Porque o dito-cujo não é sinônimo de um ato de exceção praticado pelo agente público. Ao contrário: no mais das vezes, a autoridade que se corrompe — ou que corrompe — o faz no uso regular de suas prerrogativas. Ora, é claro que, entre as atribuições próprias à função de João Paulo, estava assinar o contrato com a SMP&B. A questão é o conjunto de fatos e circunstâncias que fizeram essa assinatura ser parte de um esquema criminoso.

A matéria do Estadão informa que Zé Dirceu e sua turma estão um tantinho preocupados com o que seria a elasticidade do Supremo para aceitar provas fracas, provas frágeis. Errado! Os ministros decidiram cumprir a lei, só isso.

A reportagem do Estadão foi ouvir o escritor Fernando Morais, que prepara uma biografia (!?) de José Dirceu. Transcrevo trecho:
“Morais, que aguarda o fim do julgamento para retomar as entrevistas e continuar a escrever a biografia de Dirceu, fez sua avaliação sobre o estado de espírito do colega: ‘Posso te garantir que para mim ele pareceu muito tranquilo, sereno e confiante. Mas sabe como é, né? Ele sempre foi muito discreto. É impossível chegar à alma do Zé”.

Pela primeira vez na vida concordo com algo dito por este senhor. Eu também acho impossível chegar à alma de Zé Dirceu.

Por Reinaldo Azevedo

 

STF está no caminho para condenar Dirceu, diz Gurgel

Na Folha:
Depois das primeiras punições aos réus do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que o STF (Supremo Tribunal Federal) “está no caminho certo” para condenar o núcleo político do esquema, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Gurgel também afirmou que as decisões tomadas até agora representam uma “guinada”, pois possibilitam a aceitação de “provas mais tênues” para condenar pessoas acusadas por crimes como corrupção e peculato.

“Independentemente do resultado, a decisão parcial é muito importante para toda a Justiça Penal, pois reconhece que não podemos buscar o mesmo tipo de provas obtidas em crimes comuns, como roubo, assassinato”, disse, após a posse do novo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Felix Fischer. O procurador foi questionado se as provas contra Dirceu não seriam mais tênues do que as que levaram à punição de João Paulo Cunha.

“Isso também está sendo discutido. Na medida em que sobe a hierarquia na organização criminosa, as provas vão ficando mais e mais tênues. O mandante não aparece. Não quero ficar fazendo previsões, mas acho que estamos num bom caminho.” Questionado se ele se referia ao caminho para a condenação de José Dirceu, Gurgel respondeu: “Exatamente”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Comédia involuntária – Os delírios da revista “Ego Capital” sobre o mensalão

Confesso que fui fazer uma coisa feia, que não recomendo a ninguém: comprar cigarro. E vi lá na banca de jornais o semanário sobre o estado mental de Mino Carta, a tal revista “Ego Capital”. Na capa, uma formulação intrigante, abaixo da foto de alguns mensaleiros: “O que vem agora?”. Sim, dei a minha contribuição e comprei um exemplar. Sou católico, como sabem. Dou esmolas, ainda que digam que isso não é bom e não contribui para que o necessitado aprenda a pescar. Mas “Ego” já passou da idade de aprender algumas coisas e é teimoso demais para esquecer outras tantas. Então depositei na caixinha os meus R$ 9,90. Não fui enganado porque sabia que a revista não diria, como não disse, “o que vem agora”. Limitou-se a repetir uma síntese vesga do julgamento e a atacar os seus desafetos de sempre — Gilmar Mendes, por exemplo. O duro foi a bronca de Dona Reinalda: “Gastou dinheiro com droga?”. E eu: “Pô, eu nunca prometi parar de fumar, você sabe!”. E ela: “Eu não estou falando dos seus hollywoods, embora também sejam uma droga!”. Entendi.

Assim como não lhes recomendo cigarro, também não recomendo a “Ego Capital”… Que coisa impressionante aquilo! Todo mundo sabe que opino muito, não é? Sobre um monte de assuntos. Alguns se irritam com isso. Um professor de meteorologia, ou algo assim, ficou furioso uma vez porque escrevi sobre um tal “tornado extratropical” que me parecia ser um furacão… Nunca vi ninguém tão apaixonado pelos ventos. Fiquei quase comovido. Mas volto. Opino muito, sim. Mas tenho um compromisso com os fatos. Sem eles, qual a salvação? Como eu poderia me atrever a ser judicioso sobre o que não aconteceu, tentando trapacear com o leitor?

Pois é… Na revista “Ego Capital”, leio sobre o mensalão esta maravilha, que vai em vermelho:
“Os ministros só podem abrir mão do ato de ofício para condenar Dirceu se resolverem revogar o Código Penal”, analisa uma fonte do tribunal. Detalhe: em seu relatório de acusação, o procurador-geral, Roberto Gurgel, admitiu a falta de evidências da participação do ex-ministro no esquema. A hipótese levantada por Luiz Fux em seu voto, de que o ônus da prova também caberia à defesa, causou furor entre os advogados de defesa. “Os ministros caminham numa linha de profunda flexibilização, tanto do Direito Penal quanto do processo penal, afastando garantias caríssimas à própria democracia”, criticou Alberto Zacharias Toron, defensor de [João Paulo Cunha] Cunha.

Voltei
Muito bem! Pessoas podem ser favoráveis à condenação; outras podem ser contrárias. Num grupo e noutro, as intelectualmente honestas lidam com os fatos. Então vamos a eles.

Um dos crimes de que Dirceu é acusado é “corrupção ativa”, artigo 333 do Código Penal, cuja redação é esta:
“Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Para começo de conversa, Dirceu, ele mesmo, não tem de praticar, ou deixar de praticar, ato de ofício nenhum para consumar o crime. O ato, se praticado, seria por outro — e, nesse caso, basta que exista a perspectiva! A prática efetiva de tal ato, como está explícito, é um agravante. Dirceu é acusado também de formação de quadrilha. Nesse caso, diga-se, nem mesmo se discute a questão de ato de ofício. A redação do Artigo 288 é esta:
“Art. 288 – Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:
Parágrafo único – A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.”

Huuummm… Se há coisa que o STF tem demonstrado até agora é a associação de mais de três pessoas para cometer crime, não é mesmo? Mas sigamos com a “Ego Capital”:

Mentira sobre a Procuradoria
Escreve o semanário: “Em seu relatório de acusação, o procurador-geral, Roberto Gurgel. admitiu a falta de evidências da participação do ex-ministro no esquema”. É UMA MENTIRA DESLAVADA. O que não falta ao relatório de Gurgel são as “evidências”, os “indícios”, da participação de José Dirceu. E lembro suas palavras:
“José Dirceu, sendo líder do grupo, exerceu papel de fundamental importância para o sucesso do esquema ilícito. Sem risco de cometer injustiça, foi a principal figura de todo o apurado. Foi José Dirceu que formatou sistema ilícito da formação da base aliada mediante pagamento ilícito. [...] Comandou os demais integrantes para a consecução de seus objetivos.”

Mentira sobre Luiz Fux
Escreve a “Ego Capital”:
A hipótese levantada por Luiz Fux em seu voto, de que o ônus da prova também caberia à defesa, causou furor entre os advogados de defesa. “Os ministros caminham numa linha de profunda flexibilização, tanto do Direito Penal quanto do processo penal, afastando garantias caríssimas à própria democracia”, criticou Alberto Zacharias Toron, defensor de [João Paulo] Cunha.

Luiz Fux jamais disse no tribunal que o ônus da prova cabe à defesa, e Toron, que é um dos pré-candidatos à Presidência da OAB-SP, com o apoio do PT e de Márcio Thomaz Bastos, poderia ter evitado esse mico.

Fux apenas citou o Artigo 156 do Código de Processo Penal, a saber:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Alterado pela L-011.690-2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Acrescentado pela L-011.690-2008)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

O ministro está a lembrar que quem aponta um álibi, por exemplo, compromete-se com a necessidade de prová-lo. Não se trata de uma feitiçaria do STF. Trata-se apenas da lei! Os ministros estão ainda ancorados no Artigo 239 do mesmo Código de Processo Penal:
“Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.”  

Muitos dos ministros citaram vasta jurisprudência para demonstrar a validade das provas indiciárias. De resto, como lembrou Rosa Weber — e não sei se ela vai condenar ou absolver Dirceu —, quanto mais sobe na hierarquia, menos provas o criminoso deixa de seu crime. Por isso, a indução, com base em “circunstância conhecida e provada”, tem de ser levada em conta pelo juiz. E não é inferior a prova nenhuma.

Parece que a “Ego Capital” está tentando mobilizar seus 126 leitores (fui o 127º hoje) para uma batalha contra o Supremo. Tem o direito de propor o que quiser. Mas não tem o direito de afirmar que Fux disse o que não disse e de sugerir que o julgamento do mensalão se dá ao arrepio da lei.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eleição em SP: pistolagem jornalística, risco Russomanno e as creches de saliva de Fernando Haddad. Ou: A maior cidade do país sob risco

A pistolagem jornalística petisteira disfarçada de “rigor isento” — já explico o que isso quer dizer — está dedicada a destruir a candidatura do tucano José Serra para assistir a um segundo turno entre Celso Russomanno (PRB), o homem do “bispo” Edir Macedo, e Fernando Haddad (PT), o homem do “bispo” Luiz Inácio Apedeuta da Silva. Não deixaria de ser, como diria o poeta, o estreitamento de um abraço insano: o PT sempre foi a Igreja Universal da ideologia, com sua retórica milagreira, e o a Igreja Universal sempre foi o PT do pentecostalismo, com sua heterodoxia doutrinária. Macedo, afinal, é aquele capaz de recorrer ao Eclesiastes para justificar a abominação do aborto. Diz que a prática é endossada pela Bíblia. É mentira! Mas deixo isso de lado agora. Volto à “pistolagem disfarçada de rigor isento”. Por “isenção” se deve entender falar mal de Serra — assim, ninguém será patrulhado pela Al Qaeda eletrônica. Por “rigor” se deve entender a publicação de todas as tolices e bobagens que seus adversários dizem sobre a cidade.

Em certas áreas dedicadas ao “Delenda tucanada” — os tucanos devem ser destruídos —, começo a notar certa apreensão. Começou a haver uma ligeira desconfiança de que a certeza de que um Haddad bateria fatalmente Russomanno num eventual segundo turno é pura feitiçaria e torcida. “Ah, Lula e Dilma juntos seriam imbatíveis.” Será mesmo? A cidade elegeu até hoje apenas dois prefeitos petistas: Luíza Erundina (quando a eleição se dava em um único turno) e Marta Suplicy, que recebeu o apoio do PSDB no segundo turno contra Paulo Maluf — que agora está com o PT. Falta pouco mais de um mês para a eleição, e Russomanno tem mais do que o dobro das intenções de voto de Haddad.

O que quer mesmo esse rapaz, cheio de explicações dadas e a dar à Justiça, para a cidade? Entre as suas ideias mais elaboradas está a integração de vigias, que fazem parte de forças privadas de segurança muitas vezes informais, ao trabalho de policiamento. Trata-se de uma tese ridícula, estapafúrdia, delirante. Sua postulação, no fundo, não difere da de Fernando Haddad — “tudo o que há aí está errado” —, só que com menos elaboração, menos, como direi?, “dialética embutida” e submarxismo para gáudio da mentalidade colegial de boa parte da imprensa paulistana. Russomanno fala, enfim, uma linguagem mais compreensível para as massas.

Sim, claro! Um eventual segundo turno entre os representantes dos dois bispos poria em ação a máquina petista que pauta a imprensa. A aposta é que o representante de Macedo não resista a duas semanas de campanha. Já o representante de Lula seria poupado de sua própria obra. Se Russomanno se eleger prefeito, é claro que terá sido uma escolha do povo, a exemplo de qualquer outro. Mas será também, sem dúvida, fruto de um momento de notável acanalhamento da cobertura jornalística, que considera que o tal rigor isento consiste em encostar Serra contra a parede e deixar que os outros digam suas bobagens à vontade. Querem ver?

O caso das creches
Chega a ser constrangedor para o jornalismo a proteção dispensada ao candidato petista, que fala o que bem entende, no horário eleitoral e nas entrevistas, sem que seja confrontado com os fatos, com os números. Enviam-me aqui o vídeo de sua entrevista ao SPTV. Com a cara mais limpa do mundo, com aquele arzinho de primeiro aluno da sala que leva maçã para a professora, afirmou que, em 2000, as creches atendiam a 9% das crianças que delas necessitavam. Ao deixar o governo, disse, esse índice já era de 23%.

Não faço críticas a esse ou àquele em particular. Falo de procedimentos gerais da profissão. Se é fatal que, numa entrevista, se vá tratar de creches, por exemplo, então os jornalistas precisam ter os números à mão. Vejamos esse caso. O que está Haddad a dizer? Que ele, no ministério da Educação, fez elevar em 14 pontos percentuais o número de vagas. Foi mesmo?

Vamos aos fatos. Existe um programa federal de creches, o tal Pró-Infância. Prometeu criar 6 mil creches e entregou, no máximo, 200. Criaram-se, estimando com boa vontade, 20 mil vagas. Em oito anos de gestão Serra-Kassab, em São Paulo, foram criadas, vejam só, 148 mil vagas. Esses números não são fruto da minha vontade. Sim, eu vou votar no Serra — ninguém tem o direito de duvidar disso —, mas os números são esses. Desonesto é não declarar o voto e fazer de conta que os números não existem para, na prática, queiram ou não, privilegiar Haddad.

O próprio petista admite que a cobertura de creches no Brasil é de 23% — na cidade de São Paulo, é de 48%. Deveria ser de 100%? Deveria, sim! Mas no Brasil inteiro, não é? Quando Serra chegou à Prefeitura — e isso também é fato —, havia 60 mil vagas apenas. Cobra-se a existência de crianças ainda sem vagas em creches como se fosse essa uma realidade apenas paulistana. Não! O fato de a realidade da capital ser muito melhor do que a da média brasileira não deve levar ao conformismo, não! Mas é irrelevante que se tenha criado em oito anos 2,5 vezes mais vagas do que em toda a história da cidade? Não interessa! Haddad fala e vale por um “magister dixit”.

No caso da Saúde, então, a situação é ainda mais assombrosa. O sistema municipal só é sobrecarregado porque o SUS vive um verdadeiro descalabro. Haddad, aliás, é responsável direto pela crise nas universidades federais, o que levou à paralisia dos hospitais universitários. Não obstante, promete operar na cidade o milagre da saúde sem que se lhe cobrem nada pela atuação no Ministério da Educação.

Serra no pau de arara
Serra concede entrevistas, e não se nota um só óbice à sua atuação como administrador, como gestor, nada! Até porque tem as obras feitas — sempre insuficientes, sabemos, numa cidade como São Paulo. Tentam encostá-lo à parede com três vigarices político-intelectuais, que ganharam, é evidente, partes consideráveis da opinião pública: acusam-no, em forma de pergunta, de 1) ter “abandonado a cidade” em 2006, 2) ser o responsável pela gestão Kassab e 3) ter a intenção secreta de se afastar da Prefeitura. Vamos ver.

1 – O padrão mental Gilberto Dimenstein conseguiu fazer de um direito político legítimo, democrático e legal um crime, a saber: a renúncia a um cargo para disputar outro. Fica parecendo que ele foi nomeado para a nova função — no caso, o governo de São Paulo. Não! Ele foi eleito. E com mais votos na cidade do que teve como prefeito.
2 – Kassab também foi eleito vice-prefeito e assumiu o cargo de titular segundo a lei. Mas não só isso: o verdadeiro padrinho de sua eleição em 2008 foi o povo, não Serra. Tratar o atual prefeito como se fosse mero preposto deixado pelo tucano é delinquência intelectual explícita.
3 – A ilação de que Serra venha a deixar de novo a Prefeitura já parte para o banditismo intelectual. Desconsideram-se, com ela, várias realidades a um só tempo:a) Alckmin é o candidato natural à reeleição ao governo de São Paulo pelo PSDB; b) se os tucanos tiverem candidato próprio à Presidência, deve ser Aécio Neves. Eu até acho, pessoalmente, que tudo conspira para que o atual senador leve em conta “a realidade mineira” e decline da tarefa, convidando algum outro tucano a perder para Dilma já no primeiro turno. Mas o nome certamente não será Serra, especialmente se eleito prefeito. Porque também ele estaria a abrir mão de um cargo que teria para tentar conquistar outro que não teria de jeito nenhum! Ainda que a sua palavra não merecesse crédito, o que é um absurdo (e já falo dele), há a lógica elementar.
NOTA À MARGEM – “Como você fala que é um absurdo? E o papel assinado do Dimenstein?” Aquela era uma armadilha para tentar garantir, de antemão, a eleição de um petista para o governo de São Paulo. A tramoia era bem urdida. Se Serra não assinasse, começaria a onda de que iria abandonar a Prefeitura — e a cidade cairia em mãos petistas. Se assinasse, como assinou, criava-se um constrangimento para o governo de São Paulo em 2006. Como se criou. Constrangimento que o povo, com o voto, se encarregou de debelar.

Ocorre que a máquina petista infiltrada na imprensa não se deu por satisfeita e encruou a questão, com a mesma teia de falácias intelectuais, políticas e morais.

Poupando Haddad de si mesmo
Assim, nas entrevistas, Serra é levado a ficar se explicando sobre fantasias que só reforçam o preconceito contra a sua candidatura. Não é o seu trabalho passado na Prefeitura e no governo de São Paulo que é evocado. E com Haddad? Ah, com Haddad é diferente!

Li e vi as várias entrevistas que deu. Se pode falar as bobagens mais estupefacientes sobre creches, por exemplo, sem que seja contraditado nem confrontado, sua grande obra no Ministério da Educação, por exemplo, é simplesmente ignorada. Em 2011, as universidades federais ficaram mais de quatro meses em greve; em 2012, mais de três. Sim, há as reivindicações salariais dos professores e coisa e tal, mas não é só isso que está em questão. A expansão das universidades federais se fez à revelia da qualidade. Há campus em que o esgoto corre a céu aberto. Boa parte dos campi avançados não tem nem prédio construído para receber alunos. Em alguns, faltam banheiro, a luz elétrica — sim, isso mesmo! — é deficiente e há problemas com abastecimento de água. Em muitos, faltam laboratórios. Os hospitais universitários vivem a pior fase de sua história. E não! Nada disso é apresentado a Haddad, que se oferece, não obstante, para promover a mesma revolução na cidade.

Lixo educacional
Sobre o kit gay, então, nem pensar! A imprensa não trata desse assunto porque, afinal, progressista que é, era a favor da iniciativa, ainda que o conteúdo fosse, como era, coisa de aloprados, de vigaristas da educação, que tiveram a ousadia de fazer filmes para apresentar a crianças e adolescentes em que a bissexualidade, por exemplo, era tratada como um diferencial positivo porque, assim, dizia-se, o indivíduo tem mais chances de ter com quem ficar no fim de semana. Segundo os energúmenos, “50% de chances a mais”. O certo matemático, dentro do erro ético, é 100%! Pior: o filme dizia que o aluno havia aprendido a fazer essa conta numa aula de probabilidade. Lixo!!!

Ah, mas tocar no assunto, vejam que coisa!, é considerado uma “baixaria”, uma “violência”. E olhem que a própria Dilma vetou o material! O MEC gastou alguns milhões com essa porcaria de suposto “kit anti-homofobia” — que era, de fato, “kit proselitismo” —, e não se indaga Haddad a respeito. Até o TCU cobra a prestação de contas. Mas não o jornalismo.

E as trapalhadas do Enem? Também elas sumiram da biografia de Fernando Haddad. São tratadas como contratempos inerentes ao processo. Entre outras delicadezas com o candidato, despreza-se que a empresa contratada para fazer o exame do ano passado não precisou nem mesmo passar por uma licitação. Foi escolhida por notória especialização. O custo, na comparação com o exame do ano anterior, subiu 400%. Eis o grande gestor.

Encerrando
Não! Não estou a cobrar que a imprensa passe a tratar bem o candidato em que vou votar e mal os candidatos que considero piores. Estou a cobrar um mínimo de equilíbrio nas reportagens, quem sabe até um pouco de vergonha na cara. Com que então Haddad pode levar em sua propaganda eleitoral o falso testemunho de um doente de catarata — se o paciente sabia que estava mentindo ou não, isso é irrelevante —, que estaria dois anos à espera de uma cirurgia, e a Secretaria de Saúde não pode nem mesmo contar a verdade do prontuário? Não era catarata! Ele não estava na fila! Tinha sido encaminhado para o atendimento adequado. A imprensa inteira, vejam que espetáculo!, considerou a mentira de Haddad normal e ainda acusou a Prefeitura de quebra do sigilo médico. Norte moral: o sigilo médico deve proteger as mentiras do PT.

Por Reinaldo Azevedo

 

Como os narcotraficantes estão hoje presentes nos governos bolivarianos, infiltrados também pelo Irã. Ou: Dilma quer essa gente toda no Mercosul

As Páginas Amarelas da VEJA desta semana trazem uma entrevista cuja leitura é obrigatória. Duda Teixeira falou com Douglas Farah, um consultor de segurança que presta serviços ao governo americano. Tema: o combate ao crime organizado no mundo. Farah trata em especial da conivência dos governos ditos bolivarianos com o narcotráfico e evidencia como isso traz riscos enormes ao Brasil. Também aborda a estreita relação desses narcoestados com o Irã.

Abaixo, reproduzo alguns trechos da entrevista. Eles devem ser lidos à luz de um fato: a presidente Dilma Rousseff, em parceria com Cristina Kirchner (aquela que foi um arquiteto egípcio em encarnações passadas…), patrocinou a entrada da Venezuela no Mercosul — contra a lei, diga-se. Ao fazê-lo, incorporou ao bloco econômico um país que pode ser chamado hoje, sem qualquer exagero, de narcoestado e que, ademais, mantém relações incestuosas com o estado terrorista iraniano — do qual o governo Lula também se aproximou. Talvez um dia venhamos a descobrir os milhões de motivos que a tanto o moveram.

A questão é séria e diz respeito ao papel que o Brasil pretende desempenhar no cenário internacional. No momento em que alguns equivocados de boa-fé e muitos pilantras disfarçados de equivocados de boa-fé defendem a descriminação do consumo de drogas, convém prestar atenção a que tal política remeteria e a quem beneficiaria.  Leiam trechos da entrevista.
*
Duglas Farah é pago para redigir relatórios de segurança para empresas privadas e órgãos do governo americano, como o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Defesa. Membro do Centro de Avaliação Estratégica Internacional (lasc), de Washington, o consultor americano é especialista em identificar as áreas de influência de cartéis mexicanos, gangues salvadorenhas e grupos terroristas na América Latina. Também revela as armas, os centros de lavagem de dinheiro e os contatos no governo e na Justiça usados por esses criminosos. Autor do livroMerchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, Farah foi criado na Bolívia, onde seus pais, missionários americanos, trabalharam.

NARCOESTADOS BOLIVARIANOS
Como explicar o avanço do crime organizado na América Latina?
(…) Os criminosos foram convidados pelos governantes de países ditos “bolivarianos”, liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político. Assim, conquistaram uma força inédita na região.

Como é a parceria entre os governos e os criminosos?
(…) Nesses lugares, os criminosos são utilizados como instrumento de política interna e externa e apoiam o poder central. Em troca, cometem seus crimes com total segurança. A existência desse tipo de acordo explica o espetacular crescimento do papel da Venezuela como local de passagem da cocaína para outros países. O mesmo ocorreu com o Equador e a Bolívia.
(…)

AS AUTORIDADES LATINO-AMERICANAS ENVOLVIDAS
Quais são as principais autoridades envolvidas com narcotraficantes?
São muitas. O ministro da Defesa da Venezuela, Henry Rangel Silva, deu apoio material para que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) transportassem drogas, segundo o Departamento de Tesouro americano. O juiz Eladio Aponte, que trabalhou sete anos no Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e está exilado nos Estados Unidos, também afirma ter provas do envolvimento de altos membros do governo de Hugo Chávez com narcotraficantes. Até fugir para Miami, ele era fiel ao presidente. Na Bolívia, Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência, e Sacha Llorenti, ex-ministro de Governo, são suspeitos de manter relações escusas com o crime organizado. Llorenú acaba de ser nomeado embaixador da Bolívia na ONU. No Equador, dois aliados do presidente Rafael Correa, Gustavo Larrea, ex-ministro de Segurança Interna e Externa, e José Ignacio Chauvín, ex-subsecretário de Governo, mantinham vínculos diretos com traficantes das Farc.
(…)

O MAL PARA OS BRASILEIROS
Como a sociedade brasileira é afetada pelos narcoestados da vizinhança?
O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo e conquistou esse posto porque houve uma mudança na forma de pagamento da droga entre os traficantes. Até os anos 80, quando ainda dominavam o tráfico de cocaína, os colombianos recompensavam seus intermediários em dinheiro. Com isso, a maior parte da droga apenas fazia escala no Brasil, de onde era enviada para outros países. Nos anos 90, os mexicanos mudaram as regras e passaram a pagar de 20% a 50% do valor em mercadoria. Isso obrigou seus parceiros em vários países a arrumar uma maneira de vender a cocaína. Assim, cresceram os mercados domésticos para a droga e suas variações, como o crack, com o impacto conhecido na criminalidade. Quando um viciado fica sem dinheiro, rouba ou comete outros crimes. Os pontos de venda passam a ser disputados, e os bandos começam a se armar com fuzis AK-47 e lançadores de granadas. Quando eles entram em combate com policiais armados apenas com pistolas, o desequilíbrio de forças é tremendo. Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de drogas ilícitas não tinha sido acompanhado do aumento da criminalidade.
(…)

O FATOR IRANIANO
O Irã tem petróleo e está muito longe daqui. Qual é o seu interesse na América Latina?
Um dos objetivos claros do Irã é driblar as sanções internacionais. Na Venezuela, criaram-se instituições financeiras de fachada, como o Banco Internacional de Desenvolvimento, que Chávez sempre disse que não era iraniano. Eu tive acesso aos papéis de sua fundação, contudo, e verifiquei que todos os dezessete diretores eram iranianos. Tinham passaporte e nomes persas. O banco era usado para movimentar o dinheiro das transações internacionais do Irã, especialmente as relacionadas ao seu programa nuclear. Depois que esse esquema foi descoberto, o Irã e a Venezuela inventaram outros. (…) No Equador, os iranianos utilizam bancos nacionais que não funcionam mais, mas ainda existem no papel. Bem mais difícil é saber o que eles querem na Bolívia. Há 140 diplomatas iranianos que oficialmente atuam como assessores comerciais no país, mas o comércio bilateral não passa de alguns poucos milhões de dólares. (…)

O senhor arrisca uma explicação?
Temo que o Irã queira usar a América Latina para ameaçar ou chantagear os Estados Unidos. Os generais venezuelanos carregam nos bolsos um pequeno livro com as doutrinas do Hezbollah, um grupo fundamentalista xiita apoiado pelo Irã. O texto contém a meta de derrubar o império americano com armas de destruição em massa. O intercâmbio com os países bolivarianos serviria, então, para montar um perigoso arsenal, talvez químico ou biológico, no quintal dos americanos.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Lewandowski e Toffoli podem não decidir pena de João Paulo

Por Carolina Brígido, no Globo:
Os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que votaram pela absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), podem ficar impedidos de participar do debate sobre a pena que será imposta ao petista pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. É o que demonstra o resultado de uma intensa polêmica travada pelos ministros do STF em 2010, no julgamento da ação penal número 409.

Na época, os ministros decidiram excluir do cálculo das penas de réus condenados os ministros que votaram pela absolvição deles. Em maio de 2010, dois ministros que votaram pela absolvição do então deputado José Gerardo (PMDB-CE), que acabou condenado, não participaram do cálculo da pena, a chamada dosimetria.

Sete ministros votaram pela condenação de Gerardo: Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Cármen Lúcia, Lewandowski, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello. Os dois últimos sugeriram pena inferior a dois anos de prisão e, por isso, a pena já estaria prescrita. Venceu a maioria, que defendeu a aplicação de pena superior a dois anos.

Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello absolveram o réu. Após o julgamento, Toffoli e Gilmar reivindicaram o direito de participar da dosimetria da pena. O debate foi intenso. “Quem vota pela absolvição não pode opinar pela dosimetria da pena”, protestou Ayres Britto, relator do caso. “Absolve e depois vai votar na dosimetria? É sem sentido. Se não há pena, como dosá-la? “O sistema legal é claro, não há dúvida nenhuma quanto a isso”, concordou Peluso.

Lewandowski defendeu que os colegas que votaram pela absolvição não participassem do cálculo da pena. Ele citou o artigo 59 do Código Penal, segundo o qual o juiz deve estabelecer a pena ao réu “atendendo à culpabilidade”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Kátia Abreu divulga nota em que aponta tentativa de atingi-la politicamente com informação falsa sobre seu irmão

Uma ação do Ministério Público do Trabalho encontrou 56 trabalhadores que estariam em “condições análogas à escravidão” numa fazenda em Tocantins. Sem que se conheça até agora a origem da informação ou se tenham apresentado evidências mínimas, circulou a informação, atribuída à Polícia Federal, segundo a qual André Luiz de Castro Abreu, irmão da senadora Kátia Abreu (PSDB-TO), seria sócio da propriedade. Não se conhece a fonte. Não apareceram os documentos. A afirmação não tem autoria. Já publiquei um post a respeito.

Ontem, a senadora divulgou uma nota em que classifica a informação de “falsa”, acusando a intenção de atingi-la politicamente. Leiam.

*
Para impedir que boatos e infâmias se beneficiem do meu silêncio, informo que não tem qualquer fundamento a notícia veiculada pela imprensa, segundo a qual meu irmão, André Luiz de Castro Abreu, é proprietário de uma fazenda em Aragatins, Tocantins, onde “56 trabalhadores em condições análogas à de escravos” foram encontrados e resgatados pelo Ministério do Trabalho, no último dia 27 de agosto.

A referida informação é falsa, tanto que foi categoricamente desmentida em nota divulgada no dia 30 de agosto por intermédio da Agência Estado. Na referida nota, o servidor do ministério do Trabalho André Luiz de Castro Abreu confirma não ser sócio da empresa RPC Energética, mas apenas um fornecedor que, na condição de pessoa física, alugou dois tratores e uma carregadeira para esta empresa.

Eis os fatos, expostos sem comentários, aos quais faço questão de acrescentar minha indignação e protesto pela clara intenção de me atingir, mesmo que de forma indireta.

Ao mesmo tempo, reitero que sempre condenei todo e qualquer tipo de trabalho degradante.  Prova disso é que participo ativamente, no Senado, das discussões e votações para dotar o país de uma legislação clara e transparente sobre o tema.

Brasília, 31 de agosto de 2012.
Senadora Kátia Abreu

Por Reinaldo Azevedo

 

Cotas obrigatórias em TV por assinatura: Jeca Tatu dá a mão a Policarpo Quaresma no lombo de um jumento

Os pacotes de TV por assinatura terão de cumprir cotas, incluindo canais nacionais. É, assim, o Jeca Tatu dando a mão a Policarpo Quaresma no lombo de um jumento. O objetivo oficial é estimular a produção nacional. E como decidem fazer isso? Obrigando o assinante a pagar por aquilo que não quer. Você já ouviu falar do Prime Box Brasil ou da CineBrasilTV? Ouvirá em breve. Esses canais vão ser remunerados, claro!, pelas TVs, que cobrarão dos assinantes. É uma espécie de Lei de Informática da área audivisiual. A Ancine (Agência Nacional de Cinema) já divulgou a lista.

Leiam o que informa a Folha:
A Ancine (Agência Nacional do Cinema) divulgou ontem a lista dos canais brasileiros aptos a cumprir as novas cotas obrigatórias em pacotes de TV por assinatura. Essas mudanças, previstas na lei nº 12.485/11, cuja regulamentação entra em vigor amanhã, devem chegar aos assinantes a partir de 1º de novembro. Com o objetivo de incentivar a indústria audiovisual brasileira, a nova lei da TV paga determinou cotas nacionais para canais e produções.

A relação divulgada ontem inclui os chamados canais brasileiros de espaço qualificado, que são obrigatórios em todos os pacotes por assinatura. Até setembro de 2013, os assinantes deverão ter um canal brasileiro para cada três estrangeiros (não inclui jornalismo e esportes), até o limite de 12 por pacote. Ao menos dois devem exibir 12 horas de conteúdo nacional por dia.

Na relação aparecem emissoras desconhecidas como CineBrasilTV, Prime Box Brazil e O Canal Independente. GNT, Off e o novato Arte 1 (da Band), que exibem também produções estrangeiras, foram incluídos, mas atendem a menores exigências de conteúdo nacional. A lista completa está em www.ancine.gov.br.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pibinho da Dilma – Analistas já falam em crescimento de apenas 1,5% em 2012. Ou menos…

Por Fernando Dantas, no Estadão:
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro voltou a decepcionar no segundo trimestre deste ano, crescendo somente 0,4% (1,6% em termos anualizados), comparado ao trimestre anterior, na série livre de influências sazonais. O resultado, que ocorreu mesmo com forte redução dos juros e diversas medidas tributárias e creditícias de estímulo adotadas desde o segundo semestre do ano passado, consolida o pessimismo em relação ao crescimento em 2012, levando a projeções de 1,5% no ano ou até menos.

Os dados do PIB do segundo trimestre foram divulgados ontem, no Rio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Foi o que se previa, um desempenho ruim, e o segundo semestre não parece nada tranquilo, dadas as sinalizações de julho e agosto”, diz Sérgio Vale, economista da MB Associados. Ele reviu a projeção do ano de 1,5% para 1,3%, e prevê crescimento da apenas 3% em 2013.

Na ponta mais otimista, há análises como a do departamento de pesquisa de mercados emergentes do banco inglês Barclays, para o qual “o pior da atividade já ficou para trás e a recuperação já está começando a emergir no Brasil”. O relatório cita a queda de estoques de veículos como fator positivo para o terceiro trimestre.

Em relação ao mesmo período de 2011, a expansão no segundo trimestre foi de apenas 0,5%, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2009, em plena crise global.

Recuos na indústria, nos investimentos e nas exportações foram os principais responsáveis pelo mau resultado do PIB no segundo trimestre. Essa retração foi contrabalançada pelo ritmo apenas moderado de crescimento dos serviços e do consumo das famílias, insuficiente para produzir um resultado mais animador do PIB total no segundo trimestre.

O único bom desempenho ficou por conta da agropecuária, que cresceu 4,9% (21% anualizado) no segundo trimestre, na comparação com o primeiro, livre de influências sazonais. O setor foi puxado pelo crescimento das safras de milho, café e algodão. Porém, representando apenas 5,5% do PIB, a agropecuária não fez forte diferença no resultado total.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Babalorixá de Banânia faz comício em BH, ataca ex-aliado, atribui a Deus rompimento do PT com PSB e diz que estado de Minas está quebrado

Por Amanda Almeida, no Globo:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir em palanques na noite desta sexta-feira, após quase um ano de tratamento de câncer. Com a voz rouca e alternando a fala com goles de água, ele retomou os discursos, classificados por ele como “dom” e motivo do “maior medo” durante a doença, na campanha do ex-ministro Patrus Ananias (PT) à prefeitura de Belo Horizonte. Lula tenta alavancar a candidatura do petista, que aparece cerca de 20 pontos atrás do prefeito Marcio Lacerda (PSB), e que, por tabela, rivaliza com o senador Aécio Neves (PSDB), potencial concorrente ao Palácio do Planalto em 2014.

Cerca de 5 mil pessoas foram à Praça da Estação, no centro da cidade, para assistir ao retorno de Lula aos palanques. Ele subiu no palco uma hora depois do início do evento e ouviu os discursos do vice de Patrus, Aloísio Vasconcelos (PMDB), do ministro Fernando Pimentel (PT) e de Patrus. Com semblante sério, ele bebia água antes de falar. Acenou ao público e cumprimentou candidatos a prefeituras mineiras, acomodados no palco, mas separados do ex-mandatário por uma grade.

Segundo fontes ligadas ao ex-presidente, a recomendação médica era para que discursasse por apenas cinco minutos. Lula disse que poderia falar pouco, mas se estendeu por 12 minutos e elevou o tom da voz em vários momentos. Começou o discurso pedindo para que as pessoas guardassem faixas e bandeiras para que todos pudessem ver o quanto estava “mais bonito” sem barba, consequência da doença, que atingiu a laringe do ex-presidente.

“Mês que vem faz um ano, dia 27, dia do meu aniversário, que descobri que tinha um câncer. Engraçado que eu aceitava que o câncer podia matar. Mas não conseguia saber como iria viver sem poder fazer discurso. Porque foi um dom que Deus me deu. Acho que é patrimônio que acumulei no PT e no movimento sindical”, disse Lula e, depois de seis minutos de discurso, voltou a pedir à equipe água.

Depois de discurso morno de Patrus, sem ataques à Lacerda – segundo ele, Lula o recomendou não responder a provocações de adversários —, coube ao ex-presidente criticar o atual prefeito e falar sobre o rompimento entre PT e PSB. Lula disse ter percebido que “Deus escreve certo por linhas tortas”.

“O PT de Minas estava brigando demais. Tinha gente muito desgostosa. A gente tinha uma aliança que todo mundo entendeu que devíamos fazer aliança. E aí começou a briga. E aliança ou não… Eu recebia telefonema: Lula, pelo amor de Deus, vem a BH ajudar. Falava que o problema era do povo mineiro. Eis que Deus colocou o dedo no lugar certo. Aqueles que o PT ajudou a chegar no poder não querem mais ficar com o PT. Tudo bem. O PT não vai ficar chorando. Porque tem homem da qualidade de Patrus. Não tem de temer adversário.”

Lula se referiu a Lacerda como “tocador de obras”. E disse, como contraponto, que Patrus se preocupava com os problemas sociais, mas também sabia tocar obras. “Tem muita gente fala “sou tocador de obras”. “Sei fazer ponte, viaduto”. Maravilhoso. Isso a gente aprende na universidade. Mas muito melhor é prefeito que, além de fazer obra, sabe cuidar do povo – afirmou Lula, acrescentando que pretende fazer um segundo comício na capital mineira.

No solo do senador Aécio Neves, fez uma provocação ao sucessor e afilhado político do tucano, o governador Antonio Anastasia (PSDB): “ Se o Anastasia pudesse falar, diria que o estado de Minas está quebrado.”
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Por Reinaldo Azevedo

 

Serra: ‘Certos candidatos propõem criar coisas que já existem”

Serra concedeu ontem uma entrevista ao Estadão. Leiam trecho da reportagem de Daiene Cardoso:

(…)
O candidato defendeu seus feitos como prefeito e governador. Foi assim quando Serra respondeu sobre como um prefeito pode ajudar o Estado na segurança e sobre propostas apresentadas por Russomanno na quarta-feira, também na série Entrevistas Estadão. Além de pregar “integração” entre Guarda Civil Metropolitana e as Polícias Civil e Militar, o candidato do PRB reivindicou a ideia da Operação Delegada.

“Certos candidatos propõem criar coisas que já existem, como a integração da Guarda Civil com a PM”, afirmou Serra, que promete dobrar a Operação Delegada. “Na realidade foi ideia do Coronel Camilo (candidato a vereador) e do Kassab, que eu topei quando era governador.” Para o tucano, a proposta de Russomanno de colocar vigias de rua para auxiliar PM e GCM “não tem pé nem cabeça”.

Ao falar de transportes, Serra disse que é mais importante investir na ampliação da rede de trilhos e em corredores de ônibus que adotar um bilhete único mensal, como propõe o petista Fernando Haddad. “Me parece mais jogada eleitoral do que algo que tenha a ver com questões fundamentais do sistema”, afirmou. O tucano defendeu a parceria entre Prefeitura e Estado para construir linhas de metrô e criticou a falta de investimento da gestão Marta Suplicy no setor. “Sabe quanto a gestão do PT colocou no Metrô? R$ 1.”

Serra defendeu sua proposta de fazer creches em estações de trem e metrô e enfatizou a ampliação das vagas. “Quando eu assumi em 2005, havia 60 mil vagas. Hoje tem perto de 210 mil, ou seja, aumentou três vezes e meio. É o maior crescimento da história.” O candidato minimizou as pesquisas recentes – ontem, levantamento Ibope/Estado/TV Globo apontou empate técnico entre Serra e Haddad. “O que eu sempre aprendi é que é preciso ter uma imensa paciência.”

Confiante de que chegará ao segundo turno, Serra alegou que sua rejeição – a mais alta na disputa – é fruto do alto conhecimento entre os eleitores. “Não há rejeição a mim nos aspectos morais, não há rejeição do ponto de vista da capacidade de fazer as coisas acontecerem”, disse. “Não estou atrás nem de padrinho nem de adversários.”

Serra admitiu que enfrenta uma disputa difícil, mas avalia que a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de Haddad não é decisiva – o tucano disse ter derrotado candidatos apoiados pelo petista na cidade e no Estado. “O Lula apoiar não é algo definitivo, mas é claro que tem significado e peso sempre.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Ministério Público pede quebra de sigilo de empresa de Russomanno

Por Ricardo Chapola, no Estadão Online:
O Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) pediu à Justiça a quebra de sigilo fiscal da empresa Night and Day Promoções Ltda., que tem como sócio majoritário o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, líder nas pesquisas de intenção de voto. Deputado por quatro mandatos seguidos, ele é alvo de investigação por suposto crime de peculato – uso de cargo público para desvio de recursos – ocorrido entre 1997 e 2000.

Russomanno é acusado de usar verba de gabinete da Câmara dos Deputados para pagar os salários de uma funcionária da Night and Day. Sandra de Jesus Nogueira foi nomeada assessora do gabinete do então parlamentar, mas o Ministério Público suspeita que, na prática, ela trabalhava para a empresa de Russomanno, como informou ontem o site Último Segundo.

Em sua defesa, o candidato alega que Sandra trabalhava em seu escritório político em São Paulo – a medida é permitida aos deputados federais. Russomanno diz que esse escritório funcionava no mesmo endereço da empresa e que, quando ela prestava serviços eventuais à Night and Day, era de maneira informal, sem prejuízo de suas funções como secretária parlamentar.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Russomanno critica proposta de Haddad em ato com perueiros

Na Folha Online:
Minutos depois de receber o apoio de oito cooperativas de transporte coletivo, que reúnem os chamados perueiros, o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, fez ontem duras críticas à principal proposta apresentada pelo adversário Fernando Haddad. Na garagem de um consórcio que opera ônibus e micro-ônibus, na zona norte, ele subiu o tom ao ser questionado sobre a promessa petista do Bilhete Único mensal.

“Não comento o que os outros candidatos falam e muito menos propostas que não possam ser cumpridas. De onde vai tirar o dinheiro para pagar a estrutura? Façam proposta, mas me diga de onde sai o dinheiro”, disse. Líder da corrida eleitoral (31% no Datafolha), Russomanno afirmou que estuda ampliar o tempo de integração do bilhete, hoje de três horas. “Mas não vou começar fazendo uma afirmação falsa e enganosa.”

Ao seu lado, representantes dos perueiros endossavam as declarações. Num palanque montado sobre um caminhão, Paulo Siqueira, presidente da Federação das Cooperativas de São Paulo, pediu que os colegas sejam “agentes multiplicadores” da campanha de Russomanno. À Folha ele sugeriu que motoristas e cobradores poderão pedir votos aos passageiros, de forma discreta -teme sanções da prefeitura se a campanha for explícita. “Se puderem falar ao pé do ouvido, tudo bem”, disse.

Os perueiros transportam 43% dos passageiros da capital. Os cooperados recebem de R$ 1,35 a R$ 1,75 por passageiro transportado, e as empresas de ônibus ganham de R$ 2,02 a R$ 2,66. Russomanno recebeu adesões ao prometer igualar os valores. A medida custaria R$ 1 bilhão por ano, afirma a prefeitura.

Os contratos de permissão das cooperativas vencerão em 2013, e o apoio da categoria se se tornou um ativo disputado. Ex-perueiro, o vereador Senival Moura (PT) foi eleito com os votos dos colegas em 2008. O irmão dele, Luiz Moura (PT), ex-presidente de cooperativa, se elegeu deputado estadual em 2010.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Tourinho Neto concede liminar e suspende processo contra Cachoeira

Por Adriana Mendes, no Globo Online:
O desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu liminar ao bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que suspende o processo da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O desembargador também concedeu habeas corpus nesta semana para que a atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, visite o contraventor.

Segundo a assessoria do tribunal, o processo ficará parado até que as companhias telefônicas, responsáveis por linhas que foram grampeadas pela PF, forneçam extratos telefônicos e a identificação de quando e quais os dados foram acessados a partir da senha fornecida aos policiais. A decisão é do dia 24. Ainda segundo a assessoria, Tourinho Neto já havia determinado diligências que não foram cumpridas.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Joaquim Barbosa é chamado de “herói” em cerimônia de posse do novo presidente do STJ

Por André de Souza, no Globo:
O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, teve uma aparição rápida na cerimônia de posse do novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, nesta sexta-feira. Barbosa foi assediado pela imprensa, mas não quis falar sobre o julgamento. Porém, reagiu bem-humorado quando algumas mulheres presentes no evento disseram que ele era o herói delas. ”Que é isso gente. Eu sou um barnabé desse processo”, respondeu ele.

Aos jornalistas, ele se limitou a dizer que espera que o julgamento seja rápido. Barbosa levou alguns minutos para percorrer a distância entre local onde cumprimentou Felix Fischer até a saída do ambiente. Nesse tempo todo, ele foi cercado por repórteres e seguranças. O ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza também esteve presente na posse do novo presidente do STJ e falou um pouco do mensalão. Foi ele quem fez a denúncia do mensalão em 2006. ”Eu só fico confortado de que o Supremo, tendo apreciado a denúncia após a instrução completa, após a defesa de todos, ficou convencido de que a atuação do Ministério Público naquela oportunidade era correta e era provida de elementos que sustentavam a denúncia”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Rui Falcão consegue ser mais prudente ao comentar desempenho de Serra do que boa parte da imprensa. Chega a ser vergonhoso — não para Falcão, é claro!

Que coisa! Existe algo de errado quando o presidente do PT é mais prudente e parcimonioso do que a imprensa e os “analistas” ao comentar o desempenho no tucano José Serra nas pesquisas eleitorais. E olhem que estamos falando de Rui Falcão. Por incrível que pareça, ele consegue manter certo compromisso com a objetividade, cada vez mais raro da imprensa paulistana, doida para soltar o foguetório para Fernando Haddad. Leiam o que informa Paulo Peixoto na Folha Online. Volto em seguida.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, minimizou nesta sexta-feira a queda de José Serra (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo. Segundo o petista, ainda é cedo para prever um eventual segundo turno da disputa sem o tucano. Para Falcão, o quadro do segundo turno ainda é incerto, apesar da alta rejeição de Serra — 43%, segundo o Datafolha — e da “curva de crescimento” do candidato do PT, Fernando Haddad.

“O PSDB tem estrutura, tem o apoio do governo do Estado. E o [Celso] Russomanno [candidato do PRB que lidera as pesquisas] estacionou desde que começou o programa de TV. Não caiu, mas não cresceu. Então temos que aguardar as próximas duas semanas. O fato é que há uma curva de crescimento do Fernando Haddad”, afirmou.

Para Falcão, a queda do candidato do PSDB está relacionada ao que chamou de ‘desgaste” do partido, à “agressividade” supostamente adotada pelo tucano, à saída de Serra da Prefeitura de São Paulo em 2006 para concorrer ao governo do Estado e à vinculação com Gilberto Kassab (PSD), que classificou como “prefeito desgastado”. “Talvez isso tenha precipitado a rejeição de 43% que a pesquisa mostra”, disse. Falcão disse que a estratégia de campanha do PT será mantida, que é “oferecer a alternativa do novo para a cidade de São Paulo”.

O presidente do PT acompanharia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comício do candidato petista à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias, na noite desta sexta (31), Na chegada a BH, apurou a Folha, Lula, em conversa com petistas mineiros, relatou entusiasmo com a eleição em São Paulo, considerando que Serra deve ficar de fora do segundo turno.

Sobre a renúncia do deputado federal João Paulo Cunha ao posto de candidato do PT à Prefeitura de Osasco (SP), após ser condenado no julgamento do mensalão, Falcão disse considerar que as chances do PT agora são maiores com a candidatura de Jorge Lapas, então vice da chapa. “Havia grande clima de expectativa diante do julgamento [do mensalão]. Com a troca de candidato, é bem possível que o PT possa assumir a dianteira”, afirmou.

Comento
É claro que Falcão também fala bobagem — ou não seria quem é. É piada acusar a suposta agressividade de Serra ao disputar o governo do estado em 2006 como causa das dificuldades de agora. Que agressividade? Ainda que tivesse havido, não custa lembrar que Serra foi eleito na primeira etapa pela primeira vez desde a instituição da eleição em dois turnos.

Quanto a João Paulo… Então foi melhor, é, porque “havia grande clima de expectativa”? Achei que o mensalão não interessasse a ninguém, como os petistas viviam alardeando. 

Por Reinaldo Azevedo

 

PIB fraco faz Brasil perder posto de 6ª economia do mundo

Por Ana Clara Costa, na VEJA.com:
O fraco resultado da economia brasileira no segundo trimestre sepultou a permanência do Brasil como sexta maior economia do mundo – posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado atual – alta de 0,5% no PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.

Segundo dados da Economist Intelligece Unit (EIU), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos últimos doze meses soma 2,391 trilhões de dólares, ante 2,415 trilhões de dólares da Grã-Bretanha. No ano passado, a economia brasileira produziu riquezas que totalizaram 2,48 trilhões de dólares, enquanto o país europeu somou 2,26 trilhões de dólares.

Segundo o analista da EIU, Robert Wood, além da desaceleração econômica, a desvalorização do real foi crucial para a queda no ranking. “Desde março o real enfrenta expressiva queda ante o dólar e isso afetou, parcialmente, o PIB brasileiro na comparação mundial”, afirma Wood. Em março de 2012, a moeda americana era cotada a 1,71 real, enquanto, no final de junho, estava em 2,03 reais – mesmo cotação desta sexta-feira. “O desempenho da economia britânica é muito fraco, mas a libra tem se mantido estável em relação ao dólar”, acrescenta o economista.

Em abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado, em seu relatório trimestral, que o Brasil perderia o posto de sexta economia devido ao enfraquecimento do real. O FMI prevê que a economia brasileira encerrá o ano com um PIB de 2,449 trilhões de dólares, enquanto o da Grã-Bretanha chegará a 2,452 trilhões de dólares. 

O resultado frustrante mostrou-se iminente, mesmo após as inúmeras medidas de estímulo anunciadas pelo Palácio do Planalto: desde o aumento do protecionismo para estimular a indústria nacional até a pressão do governo para o corte de juros e expansão do crédito por parte dos bancos públicos e privados. Por último, a presidente Dilma decidiu apelar para o que realmente impulsiona o crescimento sustentável do país: os investimentos em infraestrutura por meio de um agressivo plano de privatizações: o PAC das Concessões. Contudo, o anúncio veio tarde demais para salvar o PIB de 2012.

Por Reinaldo Azevedo

 

João Paulo, o corrupto, não fica na rua da amargura

A Justiça bateu o martelo por nove a dois: João Paulo é corrupto e praticou peculato. Mas não se pense que isso significa ficar na rua da amargura. Não no petismo. Leiam o que informa Silvio Navarro, na VEJA Online:

Pouco antes do choro a portas fechadas com os dirigentes do PT na quinta-feira, o mensaleiro João Paulo Cunha apresentou sua fatura para oficializar a (inevitável) desistência da candidatura a prefeito de Osasco.

Numa clara demonstração de que a condenação por corrupção não abalou sua desenvoltura em fazer política por meios sub-reptícios, cobrou a manutenção de cargos na Ceagesp, o maior entreposto de distribuição de alimentos da América Latina, vinculado ao Ministério da Agricultura, e que o PMDB já trabalha para abocanhar caso o PT perca a hegemonia em Osasco.

O braço de João Paulo na Ceagesp é a irmã, Ana Lúcia Cunha Pucharelli, que comanda todo o setor de Recursos Humanos. Hoje, mais de dez cargos de chefia são ligados ao PT, entre eles o diretor-presidente, Mário Maurici.

Maurici ingressou na política em Franco da Rocha (Grande SP), onde foi prefeito, e fez carreira em Santo André como secretário do prefeito Celso Daniel (morto em 2002). É homem do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

Há tempos, a Ceagesp é um cabide de petistas. Até um sobrinho do ex-presidente Lula tem cargo na empresa: Edison Inácio Marin da Silva é responsável pelo departamento de entrepostos da capital. Por fim, João Paulo emplacou, como esperado, o vice na chapa em Osasco, seu aliado Valmir Prascidelli (PT).

Por Reinaldo Azevedo

 

Correspondências

Sobre o post anterior, uma sacada do leitor Guilherme Macalossi (@GTMacalossi), que me segue no Twitter e a quem sigo:
“Fernando Haddad está para a filosofia como Lewandowski está para a Antiguidade Clássica”.

Bingo!

Por Reinaldo Azevedo

 

Fernando Haddad decide agora depredar também a filosofia; ficou abaixo até de Marilena Chaui. Ou: A “família” podre do candidato do PT!

Ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, não basta ser incompetente, como ficou sobejamente demonstrado no Ministério da Educação. A pindaíba de boa parte dos campi das universidades federais fala por si — a que se somam a barafunda no Enem e os desastrados kits gays, para ficar em três exemplos.

Ao candidato do PT não basta se apresentar como aquele cuja identidade é dada pelo outro. Ele se orgulha, por incrível que pareça, de ter uma existência não mais do que derivada, de ser o “candidato de Lula”, o pau-mandado virtuoso.

Porque nada disso basta, Haddad também decidiu depredar a história das ideias, embora se apresente como cientista político e professor. Nesta sexta, fez mais uma de suas considerações estupefacientes. Indagado sobre o mensalão, afirmou o seguinte:
“Em qualquer agremiação pode-se ter desvio de conduta. Isso vale para um partido, para uma igreja e até para uma família. A ética é um atributo individual, ela não se presta a coletivos.”

Como é que é?

Em primeiro lugar, o julgamento do Supremo está deixando claro que não se trata de desvio pessoal de conduta coisa nenhuma! Ao contrário: o que se vê é um sistema criminoso em ação, em benefício do partido.

Em segundo lugar, indago: com quem Fernando Haddad andou estudando ética? Até a Marilena Chaui — aquela que acha o eleitorado paulistano protofascista —, na sua brutal ignorância que se finge de sapiência alternativa, poderia explicar ao candidato Haddad que a ética concerne necessariamente ao público. Ela se manifesta na relação dos indivíduos com o mundo dos valores, das normas, da cultura. À diferença da moral individual, que remete às escolhas pessoais do sujeito, a ética é sempre relacional.

Mas a metáfora bucéfala de Haddad não deixa de dizer um tantinho do PT, claro! Comparado, então, o partido a uma família, vamos ver quem eram os mensaleiros: José Genoino, presidente; Delúbio Soares, tesoureiro; José Dirceu, chefe político inconteste; João Paulo Cunha, presidente da Câmara…

Que família podre, não é mesmo, Fernando Haddad? 

Por Reinaldo Azevedo

 

Ibope repete números do Datafolha. Ou: Chegou a hora de Serra pôr o indivíduo à frente do candidato

Foram divulgados os números da pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. Repetem os do Datafolha dentro da margem de erro. Celso Russomanno (PRB) aparece com 31%; José Serra (PSDB), com 20%, e Fernando Haddad (PT), com 16%. Gabriel Chalita (PMDB) tem 5%, Soninha (PPS), 4% e Paulinho da Força, 1%. Num eventual segundo turno entre Serra e Russomanno, o candidato do PRB bateria o tucano por 51% a 27%. Não se fizeram outras simulações de segundo turno. A rejeição a Serra apontada pelo Ibope é substancialmente menor do que a registrada pela pesquisa Datafolha: 34% em vez de 43%. Parece um número mais condizente com a realidade.

Não tenho muito a acrescentar ao que escrevi quando analisei os números do Datafolha, mas quero dar ênfase a alguns aspectos. A imagem do tucano passou por um violento processo de desconstrução nestes dois anos, tratado que foi pelo aparelho petista como o único político de oposição do país — e, pois, depositário de todos os ódios. Gilberto Kassab (PSD) teve a sua gestão destroçada pela imprensa — acertasse ou errasse — e ficou no meio do ringue tomando pancada. Em vez de se defender dos ataques que sofria do PT, buscou aliança com o partido. Só não está na campanha de Haddad porque Serra decidiu concorrer.

Um dado adicional da pesquisa ajuda a explicar o desempenho de Serra: a gestão do prefeito é considerada ruim ou péssima por 48% e boa ou ótima por 17%; a de Alckmin soma 40% de bom e ótima e é tida como negativa por apenas 17%. Dilma foi avaliada positivamente por 53% e negativamente por 12%.

A gestão Kassab é um tragédia? Está muito longe disso. Mas ninguém resiste ao cerco que se formou, especialmente quando não se dá conta dele. O mesmo Lula que hoje ajuda a fazer tabula rasa de sua administração recebeu há dias da Prefeitura um terrenaço no centro de São Paulo para criar um museu que canta suas glórias pessoais. Tentando ser amigo de todo mundo, o prefeito terminou se distanciando do eleitor. A avaliação que se faz de sua gestão é absolutamente injusta. E daí? Quem disse que o povo é sempre “justo”. Esse critério inexiste em eleição.

Propaganda
É claro que a propaganda de Serra na TV deveria ter-se dado conta do caldo que se havia formado e atacado a questão de frente logo no primeiro dia. Se seria eficiente ou não, isso eu não sei. O fato de um remédio ser certo não quer dizer que vá funcionar necessariamente. O que não é possível é ministrar a droga errada — porque aí se está diante do pensamento mágico.

É evidente que é preciso mostrar, sim, o que se fez de bom no período, mas é preciso definir se o horário eleitoral será usado para corrigir as distorções sobre a imagem de Kassab ou para tentar eleger Serra. Qual é o foco? Um objetivo, a eleição, pode contemplar o outro, mas o outro (corrigir a imagem) não contempla o “um” e ainda pode ser malsucedido.

“Já sei, Reinaldo! Quando o candidato emplaca, o marqueteiro é um gênio; quando não emplaca, ele é um burro, como técnico de futebol, né?” Não! Não estou culpando a propaganda. As dificuldades de Serra, reitero, se devem à desconstrução canalha de sua imagem e, sim, em boa parte, a uma imprensa fanaticamente anti-Kassab. Vimos um espetáculo grotesco há dias no Estadão: a propaganda de Haddad foi flagrada numa mentira sobre um doente que não teria encontrado atendimento. Desvendada a verdade, acusou-se a Secretaria de Saúde de quebrar o sigilo médico do paciente. Suma moral: a boa ética estava com a mentira. Esse episódio virou um emblema da campanha.

A campanha de Serra na TV é, em si, um bom produto. Mas é, como toda propaganda, o oferecimento de um… produto. Dê-se o melhor do mundo a um consumidor ressabiado, contaminado por preconceitos, e o resultado será malsucedido. Então que se trate… do preconceito, ora essa! Dá certo? Eu não sei! O que sei é que, sem tentar furar o bolsão de resistência, nada feito! É bom lembrar que este é o país que protagonizou a chamada “Revolta da Vacina”, em 1904. A vacinação obrigatória contra varíola era, é óbvio, uma medida correta. A forma escolhida pelo governo, que previa até invasão de casas, estava errada e colheu a população num momento de grave descontentamento com o governo. E não foi só o povão que resistiu, não! Setores da elite aderiram à “resistência”.

O jogo já está jogado? Ainda não! Os próximos dias serão terríveis para a candidatura tucana porque já se percebe no noticiário a ânsia para que Haddad salte logo para a segunda colocação e dispute, então, o turno final com Russomanno — e aí se considera que o petista ganhará de goleada. Não há nenhuma boa razão objetiva — além do alinhamento escancarado com o candidato petista — para acreditar que as coisas se deem desse modo.

Serra tem de ir ao horário eleitoral despido de sua propaganda, das obras importantes que fez para a cidade de São Paulo como prefeito e como governador, de sua notável folha de serviços prestados para indagar, olho no olho, se o que os adversários fizeram de sua imagem corresponde à verdade. Chegou a hora de pôr o indivíduo Serra à frente do candidato.

Por Reinaldo Azevedo

 

O otimismo sempre contagiante de Guido Mantega…

Guido Mantega num momento de euforia com o futuro da economia ((Ueslei Marcelino/Reuters)

Na VEJA.com. com Agência Estado:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta sexta-feira que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2012 foi muito fraco, mas reiterou que os números apontam para o prenúncio de resultados melhores. “Os números estão no retrovisor, ficam para trás”, disse comentando os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A economia brasileira expandiu-se 0,4% entre abril e junho, ante alta de apenas 0,1% no primeiro trimestre, dado revisado. 

Mantega ressaltou que o Brasil passou pela pior fase – primeiro trimestre de 2012 – e a economia conseguirá crescer mais nos próximos trimestres. “O terceiro e quarto trimestres serão melhores”, destaca. Ele afirmou que a crise internacional puxou para baixo o crescimento dos países emergentes que dependem de exportações, levando a queda no comércio exterior.

Previsão
O ministro disse ainda que o governo segue trabalhando para que o país cresça mais do que no ano passado. Ele comentou que o quarto trimestre deste ano a economia brasileira vai crescer 4%. Ele salientou que as projeções de crescimento consideram condições normais e, portanto, não levam em conta possíveis crises econômicas.

O ministro avaliou ainda que o maior problema da economia brasileira atualmente é de demanda, e não de oferta, a qual, segundo ele, não terá dificuldade para acompanhar um crescimento de PIB entre 4% e 4,5% ao ano. Para ele, o momento é de redução de juros e não elevação. Ele acredita que não há necessidade de uma retomada da elevação da taxa de juro básico no ano que vem, porque, segundo ele, o governo tem tomado medidas para a redução de preços e custos, o que vai assegurar que a inflação permaneça sob controle. Ainda segundo o ministro, independentemente da Selic, a taxa de juro cobrada pelo mercado vai continuar caindo. “Temos tomado cuidado para que a inflação fique sob controle”, disse.

Indústria
Ele lembrou que o desempenho da indústria no segundo trimestre foi o pior no período, mas citou as mudanças feitas recentemente na economia, como a redução da taxa básica de juros para 7,5% ao ano, anunciada na quarta-feira, que exigirão uma adaptação “porque a economia toda estava adaptada a trabalhar com juros altos”. Em sua opinião a performance da indústria ainda está ruim porque as exportações seguem baixas e há concorrência com as importações. Para ele, com o novo patamar do câmbio, as vendas externas devem crescer e trazer um melhor desempenho para a indústria.

Apesar de ser beneficiada pela queda de juros, Mantega fala que é possível que a indústria ainda apresenta prejuízo porque as empresas ainda estão usando o caixa para fazer aplicações.  ”É um efeito paradoxal, mas depois a economia se adaptará.”

Mantega diz que as várias medidas de incentivo tomadas pelo governo para o setor ainda não se concretizaram. “Os investimentos demoram mais para reagir, mas o governo toma medidas que tornam vantajoso investir no Brasil.” Na quinta-feira o governo decidiu prorrogar o desconto no Imposto sobre Produtos Importados (IPI) de carros, linha branca e ampliou o escopo de benefícios. 

Agricultura
O ministro da Fazenda comemorou os resultados do agronegócio. Ele disse que a agricultura seguirá crescendo no terceiro trimestre por causa da safra boa no Brasil e da queda da safra nos Estados Unidos. A recuperação da indústria, avalia, também acontecerá devido a estímulos setoriais, como a redução do IPI, por exemplo, que surtirão efeito no período.

Ele prevê que a indústria automotiva seguirá beneficiada pela queda dos impostos e pelas vendas recordes, em torno de 400 mil veículos leves em agosto.”É um segmento importante da indústria, juntamente com a linha branca e com os materiais de construção, cujos estímulos farão efeito e vão levar para uma trajetória melhor.”

Por Reinaldo Azevedo

 

Da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes: 

Os elogios de Lula e Dilma ao companheiro corrupto explicam por que Osasco ficou fora da turnê do palanque ambulante

O PT de Belo Horizonte esperava juntar 50 mil pessoas no primeiro comício estrelado por Lula na temporada eleitoral de 2012. Apareceram menos de 5 mil ─ e o início da turnê do palanque ambulante foi um fiasco. Para recuperar a autoconfiança abalada pelo fracasso de público, o orador deveria programar com urgência uma escala em Osasco. Além dos devotos sempre prontos para aplaudir a palavra do mestre, a discurseira seria certamente engrossada por milhares de curiosos.

Todos estariam interessados em saber o que tem a dizer o ex-presidente sobre o que disse de João Paulo Cunha no comício promovido em 20 de agosto de 2010, durante a campanha presidencial. A voz é de antigamente, Lula parece muitos anos mais novo que a versão atual. Mas o vídeo de 1min13 foi gravado há apenas 24 meses pelo comitê eleitoral do candidato a deputado, que pedia votos pendurado no slogan debochado: “É Lula. É de confiança”.

A louvação do amigo mensaleiro começa no meio do palavrório no palanque: “Tem um cumpanhero que todas veiz que a gente pudé ajudá-lo a gente tem que ajudá, que é o cumpanhero João Paulo Cunha, que é aqui de Osasco”. Logo atrás do chefe, Dilma Rousseff sorri. À direita do chefe, Marta Suplicy sorri e bate palmas. À esquerda do chefe, Netinho de Paula sorri com a expressão triunfante de quem nem desconfia que está prestes a naufragar nas urnas.

João Paulo chega do fundo do palco, consegue um espaço entre o chefe e Marta. Sorri enquanto Lula retoma a lengalenga: “Por tudo o que ele sofreu nesse período… “. A gravação é interrompida antes que o animador de comício berre que o mensalão não existiu, e que é preciso reparar com votos as dores impostas a um inocente pelos inventores da farsa concebida para derrubar o governo do operário que construiu o Brasil Maravilha.

Na cena seguinte o artista principal reaparece depois de encerrado o comício, suando ao pé do palanque. “Eu acho que o João Paulo precisa ser eleito”, vai em frente. “Deve ser eleito com uma grande votação, porque o João Paulo é um extraordinário cumpanhero, um extraordinário deputado”. Olha diretamente para a câmera e conclui: “Portanto, vote em João Paulo para deputado federal”.

Corte. Close em Dilma Rousseff, pronta para mostrar que sabe falar e andar ao mesmo tempo. “João Paulo, toda sorte do mundo para ti”, capricha o neurônio solitário na segunda pessoa. Engata uma terceira e vai em frente: “Você merece, você é um guerreiro. Sorte. E tenho certeza que cê será um grande deputado”. O Supremo Tribunal Federal discorda, saberiam dois anos mais tarde o padrinho e a afilhada.

Depois de descobrir que o extraordinário deputado de Lula é um caso de polícia, os juízes do processo do mensalão resolveram o guerreiro de Dilma vai batalhar no presídio. O ex-presidente solidarizou-se por telefone com o companheiro corrupto, peculatário e lavador de dinheiro sujo. A sucessora, nem isso. Pelo palavrório eternizado no vídeo, ambos estão obrigados a visitar João Paulo Cunha na cadeia. Pelo menos um domingo por mês.

 

Direto ao Ponto

Negociante de votos pilhado em flagrante cai fora da eleição e o PT fica sem candidato à prefeitura de São Caetano do Sul

Na noite desta quinta-feira, duas horas depois da rendição de João Paulo Cunha em Osasco, o vereador Edgar Nóbrega desistiu da candidatura a prefeito de São Caetano do Sul e ampliou a zona de turbulência enfrentada pelo PT paulista. Pela primeira vez desde a fundação, o partido vai ficar fora da eleição majoritária num município do ABC, região onde nasceu.

Nada a ver com o mensalão. Tudo a ver com a corrupção institucionalizada. Nóbrega resolveu cair fora da disputa ─ e sumir da cidade por algum tempo ─ seis dias depois da aparição do vídeo,reproduzido na seção História em Imagens, que mostra o vereador exercendo com muita aplicação o ofício de traficante de votos.

Em Osasco, o deputado delinquente foi substituído pelo candidato a vice. Em São Caetano do Sul, como atesta a reportagem publicada na seção Feira Livre, os estragos provocados pela gravação aconselharam o partido a esquecer a prefeitura. Até o PT achou complicado pedir votos para um candidato que pede dinheiro para vender apoio e comprar votos.

 

Direto ao Ponto

Celso Arnaldo: O país que sabe os porquês um dia perguntará, em estado de choque: ‘Por que Dilma Rousseff, meu Deus?’

Nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff foi novamente internada no Sanatório Geral por não saber como e quando usarporque ou por que, como atesta o bilhete endereçado às ministras Izabella Teixeira e Ideli Salvatti. Ao examinar a prova do crime, o jornalista Celso Arnaldo Araújo constatou que o neurônio solitário não parou por aí. O comentário enviado à coluna pelo nosso implacável caçador de cretinices merece ser reproduzido aqui no Direto ao Ponto. (AN)   

A coisa é mais grave ─ com Dilma a coisa é sempre mais grave. Seria surpreendente se ela soubesse quando usar por que, porque, por quê e porquê. Ela diz “esse país” quando se refere ao Brasil.

Mas se o “por que” interrogativo ainda não pôde se queixar de ter sido fundido por Dilma depois de séculos de independência, acredito que a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, possa estar “meia” chateada.

Ela não era mencionada há meses, em lugar nenhum, e, justo quando lembra dela, a Dilma dirige o bilhete desaforado a uma certa “Isabela”, dois erros num só nome?

É por isso que digo: Dilma ainda vai nos surpreender muito. Minto: a nós, não. Ao país que sabe os porquês ─ e que um dia perguntará, em estado de choque: “Por que Dilma, meu Deus? Por quê?”

Ps: como se vê na reprodução acima do bilhete, vale uma pequena correção no texto aqui transcrito: ao final, não há interrogação depois de Código Florestal, mas uma vírgula e então “e eu não sei de nada?”
Fica mais gerentona, mais Dilma.

(por Augusto Nunes)

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • antonio carlos pereira Jaboticabal - SP

    Gostaria de perguntar ao Sr Reinaldo Azevedo, porque o STF soltou o Maluf e o Dantas .O Sr Gurgel falou que o Zé Dirceu não deixou rastos,como condenar sem prova? A justiça esta tomando milhões do Maluf, e porque ele não esta na cadeia. O STF não pode usar duas MEDIDAS ! Não estou defendendo ninguem. Outro ex: o jornalista que MATOU a moça do aras esta SOLTO !!!! e ai ?

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