(Um pouco de humor): O recado oculto de Paulo Roberto Costa ao “Bigode”...

Publicado em 19/09/2014 16:56 e atualizado em 27/02/2020 20:27
por Rodrigo Constantino, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e Ricardo Setti, de veja.com

O recado oculto de Paulo Roberto Costa ao “Bigode”

A máfia se comunica por sinais. Ciente disso, e tão perplexo quanto meus colegas jornalistas com o silêncio de Paulo Roberto Costa na CPI da Petrobras, além de confuso com seu novo visual repentino, contratei a peso de ouro, usando todas as minhas parcas economias, o japonês Fujiro Nakombi, especialista em linguagem de sinais e mensagens ocultas.

Foi ele o primeiro a identificar que o 11 de setembro era uma declaração de guerra da Al Quaeda aos Estados Unidos. Foi ele também quem primeiro percebeu que Obama sinalizava uma guinada americana ao esquerdismo. O japa é muito bom mesmo! E eu queria muito saber a razão dessa postura de Paulo Roberto Costa. Paguei caro, mas valeu a pena.

Após analisar inúmeros vídeos e fotos sobre o caso, de ler várias transcrições de discursos dos envolvidos, e de mergulhar a fundo no estilo de vida da cúpula petista, Nakombi chegou ao veredicto final com tanta convicção que fui incapaz de rebater qualquer argumento. Foi como se ele tivesse visto a luz, e tudo ficou mais claro depois. Sua conclusão?

Paulo Roberto Costa ficou em silêncio e foi com seu novo bigode para mandar um recado ao “Barba”, que não é mais o velho “Barba” dos tempos da ditadura, e sim o novo “Bigode”. O delator queria deixar claro que o “chefe” entenderia sua mensagem oculta, de que já falou muito, mas não falou tudo, pois ainda pode entregar a cabeça do poderoso chefão. A engenhosa análise das imagens abaixo, feita por Nakombi, não deixa margem a dúvidas:

Paulo Roberto Costa surge com novo visual, ostentando um estranho bigode

Paulo Roberto Costa surge com novo visual, ostentando um estranho bigode

Lula também aderiu ao novo visual recentemente, e aponta involuntariamente à sua marca registrada

Lula também aderiu ao novo visual recentemente, e aponta involuntariamente à sua marca registrada

Fiquei muito impressionado com o trabalho do especialista japonês. Como duvidar de sua brilhante interpretação? Se cuida, Bigode!

Rodrigo Constantino

Costa, peixe pequeno na compra de Pasadena, diz ter levado R$ 1,5 milhão. Imaginem quanto não levaram os tubarões

O Jornal Nacional levou ao ar, na noite de ontem, 18 de setembro, reportagem informando que, no curso da delação premiada que faz, Paulo Roberto Costa revelou ter levado R$ 1,5 milhão de propina pela compra da refinaria de Pasadena. Reportagem da VEJA que veio a público no dia 6 deste mês já trazia a informação de que, segundo o engenheiro, a compra havia sido fraudulenta. Segundo o TCU, o prejuízo da Petrobras com a operação foi de US$ 792 milhões. A novidade agora é o valor da bolada embolsada pelo engenheiro, que está preso.

Entre 2004 e 2012, Costa foi diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras. Ocupou, portanto, esse cargo, em sete dos oito anos do governo Lula e em quase dois do governo Dilma. Ao longo desse tempo, comandou o que pode ser chamado de “Petrolão” — ou o mensalão da Petrobras. As empreiteiras que faziam negócio com a estatal pagavam propina ao esquema e o dinheiro era repassado a políticos. A quais? Paulo Roberto já entregou à Polícia Federal e ao Ministério Público, num acordo de delação premiada, os nomes de três governadores, de um ministro de estado, de um ex-ministro, de seis senadores, de 25 deputados e de um secretário de finanças de um partido. Segundo o engenheiro, Lula sempre soube de tudo. E, até onde se pode perceber por seu depoimento, talvez a presidente Dilma — que era a chefona da área de energia do governo Lula e presidente do Conselho da Petrobras — não vivesse na ignorância.

VEJA teve acesso a parte do depoimento de Paulo Roberto e trouxe, na reportagem do dia 6, alguns dos políticos citados. Entre eles, estão cabeças coroadas da política brasileira, como o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB). Paulo Roberto acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados João Pizzolatti (PP-SC) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), que já havia aparecido como um dos políticos envolvidos com o doleiro Alberto Youssef, que era quem viabilizava as operações de distribuição de dinheiro. O secretário de finanças do PT, João Vaccari Neto, está no grupo, segundo Paulo Roberto.

Pensem um pouco: na compra de Pasadena, Paulo Roberto era peixe pequeno. Mesmo assim, diz ter levado R$ 1,5 milhão. Imaginem quanto não levaram os tubarões.

Por Reinaldo Azevedo

NA FOLHA:

'Tá ficando ridículo' especulação na Bolsa com pesquisa eleitoral, diz Dilma ("NÃO É FUNÇÃO DA IMPRENSA FAZER INVESTIGAÇÃO...)

A presidente Dilma Rousseff (PT) classificou de "ridícula" a onda de especulações na Bolsa de Valores envolvendo as pesquisas eleitorais, em entrevista à imprensa nesta sexta-feira (19).

Após a divulgação da pesquisa Datafolha nesta sexta, mostrando Dilma se fortalecendo na liderança do primeiro turno da eleição, houve queda no Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira.

Às 12h15 (de Brasília), o Ibovespa perdia 0,70%, para 57.966 pontos. O volume financeiro era de R$ 1,553 bilhão. Quando houve subida da candidata Marina Silva (PSB) nas pesquisas, também houve subidas na Bolsa de Valores.

"Acho ótima a reação da Bolsa. Quando a Bolsa cai, eu falo 'será que eu subi'? Tá ficando ridículo isso, especulação tem limite e acho que tem gente ganhando com isso. Eu não sou, eu perco. Eu acho desagradável o fato de acharem que uma coisa está vinculada à outra, quando sobe ou quando desce", disse Dilma.

Questionada sobre o resultado do Datafolha, ela disse que não comenta pesquisas.

PETROBRAS

Sobre a PGR (Procuradoria-Geral da República) ter negado ao governo a obtenção de informações sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Dilma afirmou que agora farão o mesmo pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Quero ser informada se no governo tem alguém envolvido. Eu não tenho porque dizer que tem alguém envolvido porque eu não reconheço na revista "Veja" nem em nenhum órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo [Tribunal Federal]. Não é função da imprensa fazer investigação, é função divulgar informações", disse.

Quem disse que no capitalismo não existem filas também?

Os capitalistas gostam de cutucar os socialistas afirmando que há filas para tudo nos países que rejeitaram a economia de mercado com base na propriedade privada e a busca do lucro. Citam o racionamento, as enormes filas que o povo enfrenta para conseguir sua ração diária de pão, ou um escasso papel higiênico, transformado em item de luxo no mercado negro.

Pois bem, seus capitalistas engraçadinhos: saibam que também existem filas enormes no capitalismo! Isso mesmo! Não é só nos países socialistas que o povo precisa enfrentar horas em uma fila para conseguir o que necessita ou deseja. Isso também ocorre nos países capitalistas. Vejam só as semelhanças (e diferenças):

Filas

 

Espero que a partir de agora esses capitalistas insensíveis parem de atacar tanto os socialistas apenas com base no critério de filas…

Rodrigo Constantino

Nove anos depois de reportagem de VEJA denunciar lambança nos Correios, que trouxe à luz escândalo do mensalão, empresa continua a ser usada como quintal do petismo

A CPI do Mensalão, caros leitores, vocês devem se lembrar, foi oficialmente chamada de “CPI dos Correios”. Foi nessa estatal que reportagem da revista VEJA identificou, em 2005, e denunciou um esquema de corrupção que acabaria desaguando no maior escândalo da história republicana do país — até virem à luz os escândalos da Petrobras ao menos. Tudo indica que este é ainda maior do que aquele. Eles sempre podem se superar, como sabemos.

Pois bem: carteiros descobriram algo do balacobaco e botaram a boca no trombone, como informou reportagem do Estadão. Os Correios, um feudo do PT, empresa subordinada ao ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, admitiu ter distribuído, sem a devida chancela, como exige a lei, 4,8 milhões de folders da campanha da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. Vocês entenderam direito: o material entrou na empresa, não recebeu nenhuma forma de carimbo — e, portanto, não estava sujeito a nenhum controle —, foi repassado aos carteiros e entregue aos paulistas.

Os Correios têm seus próprios funcionários e também contam com uma rede de franqueados, que são remunerados pelo trabalho. Isso significa que essa mão de obra foi empregada para distribuir os panfletos do PT. A própria candidata Dilma Rousseff, que também é a presidente Dilma Rousseff, veio a público para tratar do assunto. Segundo disse, não houve irregularidade nenhuma, está tudo registrado, e o partido tem as provas de que pagou pelo serviço.

Disse a presidente, com uma habilidade muito característica quando se trata de lidar com questões de natureza legal e com a língua portuguesa: “Me deem as provas. Não adianta me dizer que é ilegal se não me mostrar onde falta a nota fiscal”. Segundo ela, sua campanha pagou “uma barbaridade pelo serviço”. Indagada sobre o valor, ela respondeu: “Não tenho a ideia aqui de quanto pagou, mas nós temos recibo”. Entendi. Ela chegou à conclusão de que é uma barbaridade sem nem saber quanto custou.

Com a devida vênia, a presidente age como o homicida que dá sumiço no corpo e, ainda que todas as evidências e provas apontem para a existência do crime, desafia: “Me mostrem onde está o corpo”. Pois é, presidente… Existe.

Ora, como os Correios não chancelaram o material, ninguém jamais saberá quanto material foi entregue. A Diretoria Regional Metropolitana, responsável pela ordem para a distribuição irregular, atribui a medida a um problema na impressão dos quase 5 milhões de peças: precisamente, 4.812.787. O responsável por essa diretoria é Wilson Abadio, afilhado político de Michel Temer, vice-presidente da República.

Como não há prova nenhuma, leitores, ninguém jamais saberá se foram distribuídos 5 milhões, 10 milhões ou 15 milhões de folders da campanha dilmista. Uma coisa é certa e inequívoca: quando menos, uma empresa estatal abriu uma exceção para a campanha da companheira. Mas resta a suspeita óbvia — já que as regras não foram seguidas — de que, mais uma vez, uma empresa que pertence ao estado brasileiro foi usada em benefício dos petistas.

Pois é… Cumpre uma vez mais lembrar o que disse Talleyrand sobre os Bourbons, aplicando a frase aos petistas: “Eles não aprenderam nada nem esqueceram nada”.

Talvez sejam vítimas de uma natureza. O diabo é que o país é que paga o pato.

Por Reinaldo Azevedo

Correios a serviço da campanha de Dilma? Privatize já!

Panfleto a favor de Dilma distribuído pelos Correios

Panfleto a favor de Dilma distribuído pelos Correios

Deu no Estadão: Correios entregam panfletos de Dilma em SP sem registro de controle

Os Correios abriram uma exceção para o PT e distribuíram em São Paulo panfletos da presidente Dilma Rousseff sem chancela ou comprovante de que houve postagem oficial. A estampa, prevista em norma da própria estatal, serve para demonstrar que houve pagamento para o envio, de forma regular, da propaganda eleitoral. Sem ela, é difícil atestar que a quantidade de material distribuído corresponde ao que foi contratado pelo partido. O número declarado de panfletos distribuídos sem chancela dos Correios foi de 4,8 milhões.

A exceção para os petistas foi aberta a partir de um comunicado interno dos Correios em São Paulo, no qual a empresa autoriza, em caráter “excepcional”, a postagem dos folders na modalidade de mala postal domiciliária (MPD). A Diretoria Regional Metropolitana, responsável pelo aval, atribui a medida a um problema na impressão dos quase 5 milhões de peças. O órgão é chefiado por Wilson Abadio de Oliveira, afilhado político do vice-presidente da República, o peemedebista Michel Temer.

[...]

A distribuição dos panfletos regionalizados sem estampa oficial fez parte dos carteiros se rebelar, ameaçando não entregá-los. Além disso, motivou denúncia das entidades que os representam à Justiça Eleitoral, que cobrou explicações à estatal.

Carteiros informaram que, ao questionarem seus chefes sobre os panfletos de Dilma, enviados em caixas aos setores dos Correios, foram orientados pelos gestores dos centros de distribuição a entregá-los como estavam.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect-ACS) em Campinas enviou carta ao diretor regional dos Correios no interior paulista, Divinomar Oliveira da Silva, filiado ao PT, cobrando esclarecimentos e providências urgentes quanto à distribuição.

“Ao contrário do que acontece com outros candidatos nas campanhas eleitorais, esse material da candidata Dilma está sendo distribuído aos carteiros sem qualquer chancela ou anotação que demonstre o pagamento por sua postagem, levando-nos a crer numa irregularidade eleitoral”, reclamaram os carteiros por escrito, ameaçando enviar representação ao Tribunal Superior Eleitoral.

“No mínimo, é estranho o que ocorreu, por se tratar de uma candidata e do volume de material enviado. Os carteiros estão acostumados a fazer a entrega de material com chancela. Como você vai ter controle de que estão entregando 4 milhões ou dez milhões. É como entregar uma carta sem o selo”, disse o coordenador-geral da entidade, Luís Aparecido de Moraes.

Será que preciso acrescentar alguma coisa? Será que a estatal vai mandar nova cartinha como “direito de resposta” ao blog, justificando o injustificável? É nisso que dá ter tantas estatais: viram instrumentos partidários de quem está no governo. E quando quem está no governo parece disposto a “fazer o diabo” para lá permanecer, aí é uma festa mesmo!

Só há uma solução estrutural: privatizar os Correios! Até porque ele já foi “privatizado”, mas da pior forma possível: virou propriedade particular de um partido. A medida paliativa, conjuntural, é tirar o PT do poder, pois se o risco de abuso existe com todos os partidos lá, sem dúvida é infinitamente maior quando se trata da máfia disfarçada de partido político.

Rodrigo Constantino

DORA KRAMER: Dilma é candidata, mas tem deveres como presidente — inclusive a compostura!

(Foto: Folhapress)

Com a “onda Marina”, a prioridade da presidente Dilma e de seu padrinho político parece ser iludir o eleitor (Foto: Folhapress)

DEMOLIÇÃO DE VALORES

Artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo

Mantido o rumo pelo qual enveredou a campanha à Presidência da República o que se pode esperar dos próximos dias até o primeiro turno e depois mais 20 dias antes da etapa final não é um clima emocionante típico das eleições bem disputadas, como pareceu quando Marina Silva entrou na competição.

Disputas pressupõem confrontações de argumentos, embates travados mediante a observância de determinadas regras. Pois o que temos no cenário desde que o governo decidiu mandar às favas os escrúpulos e fazer o diabo para tentar vencer as eleições não guarda a menor relação com troca de argumentos e muito menos com obediência a qualquer tipo de regra.

Por ora há uma perplexidade. Um pouco pela falta de cerimônia no uso de mentiras tão deslavadamente mentirosas, um pouco pelo fato de ainda haver um contingente disposto a acreditar nelas.

Daqui a pouco poderá haver um cansaço com a atuação de uma gente que mente e reiteradamente se desmente sem a preocupação de preservar a própria biografia ou respeitar a liturgia do cargo.

Além de candidata, Dilma Rousseff é presidente da República. Ao mesmo tempo em que ter certas prerrogativas que lhe dão vantagens inerentes ao posto, tem deveres decorrentes da função que a diferenciam dos demais concorrentes.

O grau irrepreensível “no que se refere” à compostura é um deles. O comedimento, a austeridade sempre invocada como uma de suas qualidades não autoriza sua chancela no uso de mentiras. Muito menos que se faça pessoalmente porta-voz delas. Embora não condiga com seu discurso de correção é o que vem fazendo.

A presidente está dizendo ao povo que governa que os adversários vão acabar com esse ou aquele benefício social, que vão tirar verbas da saúde e da educação, que empresários e banqueiros se regozijam com a fome do brasileiro, que o governo do PT combate como ninguém a corrupção.

Ainda que os adversários quisessem mesmo acabar com os benefícios, vender a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, reduzir os investimentos em saúde e educação. De onde a presidente tirou isso se nunca disseram nada parecido? Da cabeça de seus conselheiros que a mandaram repetir tudo isso.

E o combate à corrupção? Tema evitado a todo custo pelo governo. Se fosse tão espetacular como se diz agora no horário eleitoral, o assunto já estaria muito antes entre os “grandes feitos” e não deixado para ser incluído quando começa a se fechar o cerco a respeito dos esquemas na Petrobras.

Isso dito quando se viram tantos escândalos serem abafados. Sem contar o fato de a antiga cúpula do partido estar quase toda na cadeia por força de um julgamento tido pelo PT como produto de um “tribunal de exceção”.

Nessa nova fase até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que andava meio arisco se animou a aparecer exercendo seu conhecido dom de iludir – quem quer ser iludido, bem entendido. No ato público desta segunda-feira, no Rio, onde se pretendia “abraçar” a Petrobras, mas que o público presente não foi suficiente para um aperto de mão, Lula voltou a atacar o financiamento privado de campanhas. Disse que deveria ser crime inafiançável.

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Campanha hipócrita e mentirosa do PT ataca Marina e Aécio por terem “ricos” ao lado deles. Como se pessoas bem sucedidas não pudessem querer o bem do país. Agora, se os ricos forem ligados ao PT, magicamente se tornam “bons”

(Foto: Divulgação/Campanha)

A educadora Neca Setúbal, uma das coordenadoras da campanha, e o empresário Guilherme Leal, apoiador de Marina: sob a patrulha do lulopetismo  (Foto: Divulgação)

Tal como faziam os militares durante a ditadura, o PT pretende ter o monopólio do patriotismo e de desejar o bem do país. Rico está proibido de querer ajudar o Brasil — exceto, é claro, se o rico simpatizar com o PT

Haja hipocrisia e mentira!

A campanha à reeleição da presidente Dilma (PT) e ela própria estão disparando grosso fogo de artilharia sobre a adversária Marina Silva (PSB) por sua suposta associação com “banqueiros”, chegando à barbaridade — inteiramente mentirosa — de um de seus programas do horário eleitoral afirmar, pela boca de atores, que um Banco Central independente seria entregar os destinos do país aos bancos, o que incluiria até a política externa!!!!

Pois bem, nada como números para restabelecer certas verdades. Está tudo lá, registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

A campanha da “candidata dos banqueiros” recebeu de bancos e instituições financeiras, até o final de agosto, 4,5 milhões de reais em doações.

E quanto teria embolsado a campanha da brava e independente presidente que não se rendem aos famintos “donos do capital”? Bem, segundo o TSE, esses monstros tenebrosos doaram a Dima 9,5 milhões de reais — MAIS DO QUE O DOBRO DO QUE MARINA RECEBEU!!!

E passemos, agora, ao capítulo Neca Setúbal, assessora de Marina e, supostamente, “dona” do Banco Itaú.

Os jornalistas David Friedlander e Érica Fraga, da Folha de S. Paulo, prestaram um grande serviço à verdade e a um mínimo de lisura na campanha presidencial ao esclarecer, em detalhada reportagem na semana passada, quem é, o que faz e o que representa a educadora Maria Alice Setubal, a “Neca” Setubal, colaboradora da candidata do PSB à Presidência da República, objeto de cerrada, demagógica e mentirosa campanha do PT contra a ex-senadora.

A proximidade de Marina com Neca Setúbal, que é, sim, proprietária de ações do Banco Itaú, mas, como se verá, não mais do que isso, está levando os marqueteiros de Dilma a uma cerrada bateria de mentiras contra a ex-senadora, cuja proposta de tornar independente por lei o Banco Central — para que trabalhe tecnicamente, sem influência da politicagem — é atribuída a sua suposta ligação “com banqueiros”, como se a educadora fosse um deles. Neca, junto com o ex-deputado petista Maurício Rands, de Pernambuco, coordena o programa de governo do PSB.

(Ilustração: debatesculturais.com.br)

Hipocrisia: Dilma recebeu mais que o dobro que Marina Silva em doações, mas ataca a candidata do PSB como estando “nas mãos dos banqueiros” (Ilustração: debatesculturais.com.br)

Começa a reportagem dos dois jornalistas por contrariar uma bobagem que a própria Folha insistia em publicar e repetir — Neca seria “a herdeira do Banco Itaú”. Não, essa senhora de 63 anos, como um dos sete filhos do banqueiro Olavo Setubal, não apenas não é banqueira como sequer é“a herdeira” do Itaú: possui, sim, um percentual das ações controladoras do banco mas, diferentemente do que o próprio jornal informava, este percentual não é de 1,5%, mas de 0,5%.

A verdade dos fatos: os herdeiros do Itaú são muitos e, como demonstram Friedlander e Fraga, nem sequer a família Setubal tem o maior naco da holding Itaúsa, um dos grupos que controlam o Itaú-Unibanco, pois os descendentes do banqueiro Eudoro Vilela possuem 16,6% das ações, contra 11,3% dos descendentes de Olavo Setubal. Sem contar que não estão consideradas na reportagem as ações pertencentes aos quatro irmãos Moreira Salles, que eram os controladores do Unibanco até a fusão entre os dois colossos, ocorrida em 2008. Os Moreira Salles são, hoje, grandes acionistas do banco resultante.

(Foto: Ali Burafi/AFP)

Armínio Fraga é culpado de dois crimes graves, na visão do PT: além de ser rico, é filho de uma cidadã americana (Foto: Ali Burafi/AFP)

E mais: Neca é socióloga de formação, lecionou no colégio católico Santa Cruz, um dos mais renomados de São Paulo, e na Universidade Mackenzie, foi proprietária de uma escola de educação infantil e trabalha há anos com educação, cultura e projetos sociais. Não vive de dividendos provenientes de suas ações.

Só pisou na sede do banco uma única vez este ano, e foi para participar de uma reunião da Fundação Itaú, que cuida de projetos sociais e culturais do banco. Divorciada e vivendo um segundo relacionamento, ela tem três filhos, e nenhum deles integra os quadros do Itaú-Unibanco: dois trabalham na área financeira, mas em bancos concorrentes, e a filha é psicanalista.

Esclarecida quem é e o que faz Neca Setúbal — vale a pena ler a íntegra da matéria neste link, infelizmente não disponível para quem não assine a Folha ou o UOL –, vamos a algo fundamental deste texto: a postura hipócrita, safada e desonesta do PT, implícita na guerra contra Neca Setúbal e contra o grande empresário Guilherme Leal, um dos controladores da empresa de cosméticos Natura, também colaborador de Marina e seu ex-candidato a vice pelo Partido Verde em 2010. E, claro, a Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na gestão FHC, ministro da Fazenda em caso de Aécio Neves chegar ao Planalto e um riquíssimo proprietário de empresa de gestão de recursos financeiros.

(Fotos: Clayton de Souza/AE :: Reuters :: Marisa Cauduro/Folhapress)

Marta Suplicy, Lawrence Pih e Guilherme Leal: os dois primeiros podem ser ricos e ajudar o PT, mas para o lulopetismo o último não pode, não, estar ao lado de Marina Silva (Fotos: Clayton de Souza/AE :: Reuters :: Marisa Cauduro/Folhapress)

Armínio ainda é réu do crime hediondo, para o lulopetismo, de ser filho de uma cidadã dos Estados Unidos.

A postura do PT é a seguinte: se alguém é rico, não pode de forma alguma querer o bem do Brasil, ter bons propósitos, desejar a melhoria das condições do povo brasileiro. Apesar de o próprio Lula adorar o convívio com os bem nascidos ou os que a vida beneficiou com fortunas, rico é anátema absoluto para o PT: são os petistas, junto com os pobres e os oprimidos, que detêm, com exclusividade, o monopólio de bem-querer ao país e mais, o monopólio do próprio patriotismo.

Fazem tal qual os militares golpistas de 1964, que se apoderaram do Hino Nacional, da bandeira verde-amarela e se auto-consideravam os donos dos sentimentos patrióticos mais nobres. Um ou outro segmento social, eventualmente, poderia compartilhar desses valores, mas seus “donos” verdadeiros, segundo eles próprios, eram os militares.

José Alencar: empresário e bilionário, o falecido vice-presidente de Lula era, sim, para o PT, um rico

José Alencar: empresário e bilionário, o falecido vice-presidente de Lula era, sim, para o PT, um rico “bom” (Foto: veja.abril.com.br)

O PT e os lulopetistas, da boca para fora, detestam os ricos — mas, NOTE-SE BEM, desde que os ricos não estejam ao lado deles! Sim, porque se um bem nascido tem o nome de solteira de Marta Teresa Smith de Vasconcellos, por exemplo (mais conhecida hoje como Marta Suplicy, senadora pelo PT de São Paulo e ministra da Cultura), com pai industrial rico, mãe pertencente à rica família Fracalanza, de tradicional indústria de prataria (seu avô materno era o dono da Metalúrgica Fracalanza), aí tudo bem.

Rico presta se é um Matarazzo Suplicy, como o ex-marido de Marta, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, rico pelo dois troncos familiares — o da mãe, Matarazzo, e o do pai, dono do que foi uma das grandes corretoras de valores do Brasil.

Rico, para o PT, é bom só se for como o multimilionário empresário Lawrence Pih, dono entre outras coisas do Moinho Pacífico, um dos maiores do setor trigo no Brasil, um dos primeiros empresários a financiar e a aderir ao PT, no qual exerceu cargos até finalmente desiludir-se com os despautérios do governo Dilma. Para não falar de José Alencar, o empresário bilionário do ramo têxtil que juntou-se a Lula como candidato a vice em 2002, foi reeleito em 2006 e faleceu em 2011.

Como era um “rico do PT”, a José Alencar também era concedida pelo lulopetismo, portanto, a honra de poder ser patriota, desejar o bem para o país e querer melhorar a vida dos mais pobres. Rico que apoia candidato de outra orientação ideológica, definitivamente, não está autorizado a isso.

(Ricardo Setti)

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2 comentários

  • HAROLDO FAGANELLO Dourados - MS

    Essa praga só existe porque 40% dos cidadãos brasileiros teimam em não combatê-los e sim protegê-los e alimentá-los. Enquanto tiver esse substrato (40% de alienados), a praga não morre, pode sim se alastrar...

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  • cordelio antonio lacerda Cristais - MG

    A praga do brasil chama-se, PT

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