Com a arrogância e truculência características, PT já canta vitória. É cedo pra isso!

Publicado em 21/10/2014 09:58 e atualizado em 23/10/2014 04:35
por Reinaldo Azevedo, + Augusto Nunes, Geraldo Samor, Rodrigo Constantino e Lauro Jardim (de veja.com)

Com a arrogância e truculência características, PT já canta vitória. É cedo pra isso! Os tucanos têm um exemplo a seguir: Aécio! Ou ele não estaria no segundo turno

Com uma arrogância muito característica, os petistas já cantaram vitória num encontro havido ontem à noite no Tuca, o teatro da PUC, em São Paulo. Aproveitaram para demonizar e ironizar os adversários, tratando-os como inimigos do povo, que têm de ser eliminados da vida pública. Entendo. O Brasil tem de ficar entregue a patriotas como aqueles que cuidavam da Petrobras. Muito bem: segundo o Datafolha, se a eleição tivesse acontecido ontem, a petista Dilma Rousseff teria obtido 46% das intenções de voto, contra 43% do tucano Aécio Neves. Ocorre que as eleições não aconteceram ontem. Em cinco dias, ele teria oscilado dois pontos para baixo, e ela, três para cima. Os dois continuam empatados na margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos. Em votos válidos, o placar é 52% a 48%. Seis por cento dizem não saber em quem votar, e 5% votariam em branco ou nulo.

Aécio aparece na frente nas regiões Sudeste (49% a 40%), Sul (51% a 33%) e Centro-Oeste (48% a 39%), e Dilma, no Norte (55% a 39%) e Nordeste (64% a 27%). Segundo o Datafolha, a mudança mais significativa teria acontecido no Sudeste, onde o tucano teria oscilado de 50% para 49%, e a petista, crescido de 35% para 40%. O eleitorado do Sudeste corresponde a 43,44% do total. No Nordeste, Dilma teria avançado três pontos, de 61% para 64%, e Aécio, oscilado dois para baixo: de 29% para 27%. Vejam os dados.

DATA POR REGIÃO UM

Data por região dois

É claro que é cedo para o PT comemorar. Por mais que a gente possa apostar na vontade que têm os institutos de acertar, o primeiro turno nos recomenda prudência. Até porque certos cuidados se fazem necessários quando se olham dados parciais das pesquisas. Por que digo isso?

No país, segundo o Datafolha, os que não sabem (6%) e brancos e nulos (5%) somam 11%, mesmo percentual, por exemplo, do Sudeste. No Sul, no entanto, onde Aécio está na frente, chegam a 16%; seriam de 13% no Centro-Oeste, mas de apenas 6% no Norte e de 9% no Nordeste. Vamos ver: brancos e nulos somaram 9,64% no primeiro turno, mas cinco dos sete Estados que ultrapassaram a marca de 10% estão no Nordeste: Rio Grande do Norte, com 14%; Alagoas (12,4%), Sergipe (11,67%), Bahia (10,67%), Paraíba (10,14%) e Ceará (9,73%). Rio e São Paulo também ultrapassaram a média, com 13,97% e 10,79%, respectivamente.

Essa observação não serve nem para animar nem para desanimar ninguém. Trata-se apenas de matéria de fato. Na rejeição, ambos estão empatados: não votariam nela 39% dos entrevistados; nele, 40%.

Aécio lidera também em todos os estratos de renda, exceção feita a um: dos que ganham até dois salários mínimos: nesse caso, Dilma tem 55%, e ele 34%. Entre os que recebem de dois a cinco, o tucano vence por 46% a 43%. A vantagem é de 57% a 33% entre cinco e 10 mínimos e de 65% a 29% entre os com renda acima de 10.

É evidente que a euforia truculenta demonstrada por petistas no encontro do Tuca é injustificada. A disputa está empatada. Os tucanos, estes, sim, têm de tomar cuidado. Querem um conselho? Façam como Aécio no primeiro turno, que jamais deixou de acreditar que estaria no segundo turno — e está. Quanto aos petistas, dizer o quê? Estão eufóricos com os números do Datafolha porque eles lhes dizem, por enquanto, que vale a pena investir no jogo sujo.

Vamos ver. Como diria Chacrinha, o Velho Guerreiro, uma eleição só acaba quando termina.

Por Reinaldo Azevedo

Terceiro boletim do DataNunes desmente o Datafolha, prova que ‘empate técnico’ quer dizer ‘em cima do muro’ e constata que Aécio continua 10 pontos acima de Dilma

Até recentemente, o Brasil esquecia a cada 15 anos o que havia acontecido nos 15 anos anteriores.O intervalo entre os surtos de amnésia foi dramaticamente reduzido. No caso das pesquisas eleitorais, por exemplo, o país agora esquece a cada 15 dias o que aconteceu faz 15 dias. O afundamento do Datafolha e do Ibope consumado em 5 de outubro mal completou duas semanas. Mas parece mais antigo que o naufrágio do Titanic, informa a credulidade de incontáveis nativos reapresentados a levantamentos estatísticos que prenunciam a reprise do desastre.

A pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta segunda-feira é apenas outro chute de longa distância que vai mandar a bola às nuvens ou fazê-la roçar o pau de escanteio. Na sopa de algarismos servida pelo instituto na semana passada, Aécio Neves tinha 51% dos votos válidos e Dilma Rousseff, 49%. Nesta tarde, ela apareceu com 52% e ele com 48%. Quer dizer que a candidata à reeleição ultrapassou o adversário tucano e lidera a corrida?

Não necessariamente, previne a margem de erro de 2% (para cima ou para baixo). O que há é um “empate técnico”, expressão que quer dizer “em cima do muro”. Tanto ela quanto ele podem ganhar, descobriram os videntes de acampamento cigano. Em números absolutos, Dilma teria subido em quatro dias 4 milhões de votos. (Ou 2 milhões, murmura a margem de erro para baixo; ou 6 milhões, grita a margem de erro para cima).

Sejam quais forem as reais dimensões da multidão, é gente que não acaba mais. De onde teria saído? Das grutas dos indecisos ou dos porões que abrigam os que pretendem votar em branco é que não foi: segundo o mesmo Datafolha, esse mundaréu de eleitores não aumentou nem encolheu. Teriam legiões de aecistas resolvido mudar de lado? Pode ser que sim, avisa a margem de erro para cima. Pode ser que não, replica a margem de erro para baixo.

A coisa fica mais confusa quando se fecha a lente sobre as cinco regiões em que se divide o mapa nacional. Os dois institutos enxergam Aécio com vantagem considerável no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste. Dilma reina no Nordeste e vence no Norte. Seria esse patrimônio eleitoral suficientemente encorpado para impor-se ao restante do Brasil? (“Nem que a vaca tussa”, diria a presidente cujo vocabulário anda tão refinado quanto o figurino e o andar de John Wayne ao fim de um dia de filmagens especialmente exaustivo).

Os horizontes se turvam de vez com a contemplação isolada das unidades da federação. Sempre segundo as usinas de índices contraditórios, Aécio já superou Dilma no Rio Grande do Sul, equilibrou a disputa no Rio, assumiu a liderança em Minas Gerais, cresceu extraordinariamente em Pernambuco. Subiu em praticamente todos os Estados. Mas a soma dos levantamentos estaduais avisa que foi Dilma quem cresceu mais. As alquimias dos ibopes da vida, decididamente, não são acessíveis a cérebros normais.

Para acabar com a lengalenga, e botar ordem no bordel das porcentagens, o DataNunes acaba de divulgar o terceiro boletim sobre o segundo turno. Como se sabe, é o único instituto que, em vez de pesquisas, faz constatações, com margem de erro abaixo de zero e índice de confiança acima de 100%. Como o crescimento de Dilma no Nordeste foi neutralizado pelo avanço de Aécio nas demais regiões, os índices não mudaram: com 55%, o senador do PSDB continua 10 pontos percentuais à frente de Dilma, estacionada em 45%.

A troca de acusações intensificada nos últimos dias nada mudou. Os simpatizantes do PT não ficaram chocados com as agressões verbais de Dilma, nem estranharam o vocabulário de cabaré vagabundo usado por Lula. Sempre foi assim. Os partidários de Aécio, exaustos do bom-mocismo que contribuiu para a derrota de Serra em 2002 e 2010 e para o insucesso de Geraldo Alckmin em 2006, aplaudiram o desempenho do líder oposicionista.

Graças à altivez e à bravura de Aécio, pela primeira vez os vilões do faroeste não conseguiram roubar até a estrela do xerife. Pior: desafiados publicamente, os campeões da insolência piscaram primeiro. No debate da Record, Dilma escancarou já na entrada do saloon a decisão de fugir do tiroteio verbal que esquentou o confronto no SBT. Compreensivelmente, Aécio resolveu levar a mão ao coldre com menos frequência. Mas os fatos e a sensatez recomendam que se mantenha na ofensiva.

Foi depois do debate na Globo, o último promovido no primeiro turno, que um Aécio Neves exemplarmente combativo assumiu de vez o papel de porta-voz dos muitos milhões de indignados. A tática do coitadismo, adotada por Dilma por ordem de Lula, é mais uma prova de que a seita lulopetista está com medo. Teme que o adversário utilize toda a munição de que dispõe e faça com Dilma o que Dilma fez com Marina Silva. O clube dos cafajestes sonha com um líder oposicionista desarmado.

Sobretudo por isso, Aécio Neves tem o dever de manter engatilhado o trabuco retórico. Ele representa hoje o Brasil que resiste há 12 anos a um bando para o qual os fins justificam os meios. No domingo, o país não vai simplesmente optar entre um homem e uma mulher. A nação escolherá entre a decência e o crime, a honradez e a corrupção, o Estado de Direito e o autoritarismo bolivariano, os democratas e os liberticidas, a luz e a treva, a modernidade e a velharia.

Mais que o segundo turno da eleição presidencial, vem aí um plebiscito: o PT continua ou para? Segue colecionando delinquências impunes ou cai fora? A primeira alternativa mantém o país enfurnado na trilha do atraso. A segunda pavimenta a estrada que leva para longe do primitivismo e conduz ao mundo civilizado.

(por Augusto Nunes)

 

PT celebra a política do ódio; em discurso, Dilma admite que degola pessoas, mas, à moda do Estado Islâmico, diz que a culpa é do adversário. Os fascistoides estão assanhados e esqueceram que, se ganharem, terão de governar — e essa será a parte mais difícil

O PT está de volta à sua natureza: a pregação do ódio. E, se é de ódio que se trata, nada melhor do que uma plateia de ditos “artistas e intelectuais” para que tal sentimento possa aflorar com toda a sua boçalidade. É bom não esquecer: os maiores massacres perpetrados até hoje, com requintes de crueldade, não foram, obviamente, nem planejados nem executados pelo povo, mas por uma suposta elite de pensantes. Já chego lá. Antes, quero lembrar uma barbaridade dita por Dilma Rousseff, que é candidata, sim, mas que já — ou ainda — é presidente da República. Nesta segunda, em discurso na Zona Leste de São Paulo, mais uma vez, ela passou das medidas. Está esquecendo de que, se ganhar, vai ter de governar depois.

Os porta-vozes do PT na imprensa e na subimprensa resolveram inventar um Aécio Neves violento, que não respeitaria nem uma mulher. O mote foi dado por Lula. Resisti a pensar na hipótese de início, mas agora começo a me perguntar se o “mal-estar” de Dilma, ao fim do debate promovido por Jovem Pan, UOL e SBT não nasceu antes na cabeça do marqueteiro João Santana, razão por que foi ele a socorrê-la, não a médica. Verdadeiro ou mentiroso aquele delíquio, o que veio depois era marketing. Procurou-se criar a imagem da mulher já idosa, atacada por um homem jovem — como se um debate não fosse um confronto de palavras e como se ela não tivesse dado início aos ataques pessoais. Mas sabem como é: a Dilma Coração Valente, a ex-militante de três grupos terroristas que matavam inocentes, posou ali de “vovozinha frágil”. Funcionou? Sei lá eu.

No encontro, Luiz Inácio Lula da Silva, o Babalorixá de Banânia, falou, é claro! Vocês podem não acreditar, mas o ex-presidente disse o seguinte:
“Vejam que interessante. Vocês nunca viram eu fazer campanha agredindo o adversário. Nunca viram, porque eu sempre achei que a campanha política deve servir para elevar o nível de consciência da sociedade brasileira. Mas eles não pensam assim. Eu jamais imaginei que um pretenso candidato a presidente da República pudesse chamar a presidenta de mentirosa na frente das câmeras de televisão. Eu jamais imaginei que ele pudesse chamar a presidenta de leviana”.

Como é? Lula nunca agrediu adversários? O homem que inventou uma suposta e falsa “herança maldita” de seu antecessor, FHC; que acusa os adversários permanentemente de nada fazer pelos pobres — o que é sabidamente mentiroso — nunca agrediu adversários?

Dilma também falou. Referindo-se aos tucanos, afirmou: “Até nos programas sociais, eles fazem pra muito poucos, porque na origem, no meio e no fim, eles são elitistas. Eles são aqueles que não olham o povo, eles são aqueles que só olham para uma minoria”. Essa senhora estava falando do partido que criou o Plano Real, sem o qual Lula não teria conseguido governar. Esta senhora pertence ao partido que nomeou aquela quadrilha que estava na Petrobras. É asqueroso. Os monopolistas da Petrobras também se querem monopolistas do povo. Mas ainda não era a sua pior fala.

E Dilma justificou a truculência e o jogo sujo, que atingiu, nesta jornada, o paroxismo. Ao desqualificar as críticas dos adversários, afirmou: “Daí porque a conversa tem que baixar o nível; porque é o único nível que eles conseguem disputar de fato e de direito, o que eles condenam no Brasil é aquilo que fizemos no Brasil”. Não sei a que Dilma se refere. Eu, por exemplo, condeno no Brasil o mensalão e o petrolão. Sim, os companheiros fizeram isso. Mas não condeno o Bolsa Família, a menos que seja usado como instrumento de chantagem para o voto.

O sentido da fala é claro! Dilma admite, na prática, que baixou o nível contra Aécio, mas diz que a culpa é dele. Eu já escrevi que essa é a lógica essencial do terrorismo. Aqueles celerados do Estado Islâmico, que cortam cabeças, dizem que o responsável por seus atos é, para ficar nos termos de Dilma, o “baixo nível” dos países ocidentais.

E vocês podem esperar que eles tentarão promover a guerra de todos contra todos, inclusive contra o Congresso. Lula sugeriu que um eventual novo governo do PT pode querer enfrentar o Parlamento. Não se esqueçam de que Dilma já afirmou que pretende uma Constituinte exclusiva, com plebiscito, para fazer a reforma política. Disse o ex-presidente. “Você vai ver, presidenta, que o Congresso Nacional eleito agora é um pouco pior que o Congresso Nacional que termina o seu mandato. Pior do ponto de vista ideológico. Foram eleitos mais ruralistas, mais representantes dos empresários, menos gente de vocês”.

Intelectuais e artistas
Da Zona Leste, Dilma seguiu para o Tuca, o teatro da PUC, para um encontro com intelectuais e artistas do PT, onde o PSDB foi acusado de “neoliberal”, entre outras coisas. Santo Deus! Petistas de alto coturno estavam no palco, entre eles, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele explicou que o sorriso no rosto é porque os petistas apareciam na frente na pesquisa Datafolha, mas advertiu que os adversários não iriam jogar fácil a toalha. E terminou assim: “Não passarão!”. Como se vê, o titular da Justiça no Brasil confunde uma disputa eleitoral com uma guerra.

E olhem que Dilma ainda não venceu a eleição. Se vencer, é bom não esquecer, vai ser preciso governar. Será a parte mais difícil.

Por Reinaldo Azevedo

Brasil

Reservatórios do Sudeste que abastecem hidrelétricas estão em níveis mais baixo do que nos tempos do racionamento de FHC

Térmicas: a todo vaporTérmicas: a todo vapor

Os níveis dos reservatórios do Sudeste estão abaixo daqueles observados em 2001, em pleno racionamento de energia da era FHC.

De acordo com dados do próprio governo, hoje : os níveis dos reservatórios do Sudeste chegaram a 21,1%, ou seja, 0,19% abaixo dos níveis observados no dia 31 de outubro de 2001.

No Sul, estão abaixo do registrado em outubro de 2001, embora no Nordeste e no Norte, os níveis dos reservatórios estão acima do observado naquela data.

Como hoje, cerca de 27% da energia consumida no Brasil vem das usinas térmicas, o país vai levando sem apagão.

A propósito, o custo do megawatt-hora médio das termelétricas para esta semana foi fixado pelo governo em 852,70 reais. No início do ano, custava 247 reais. Ou seja, um aumento de 245%.

É um valor oito vezes mais do que o valor do megawatt-hora médio oito vezes maior do que das hidrelétricas.

Por Lauro Jardim

EconomiaGestoresMercado de ideias

Os últimos dias de incerteza (e o triunfo do rivotril)

dice sculptures

‘Dice Sculptures’, de Tony Cragg

Gestores de investimentos — que ganham a vida avaliando e precificando risco — dizem que nunca foi tão difícil saber o que fazer com seus portfólios para se preparar para o day after da eleição do próximo domingo.

As visões de País quase antagônicas representadas por PT e PSDB e a inédita polarização da sociedade, que ameaça levar o segundo turno para um dramático cara ou coroa, aumentaram o nível de ansiedade e incerteza dos gestores a patamares que lembram a crise de 2008.

A procura por rivotril está grande.

“Nunca vi uma situação tão difícil quanto essa,” diz um gestor. “O que a gente passou em 2008 é fichinha perto do que a gente está passando agora em termos da dificuldade de avaliar o risco. Em 2008, você tinha alguns sinais de que havia uma crise a caminho e que te ajudavam a fazer uma análise. A gente sabia que as coisas estavam relativamente caras e que havia muito risco, e à medida que [os mercados] iam caindo, você podia começar a comprar ações de empresas que não deveriam ser afetadas — por exemplo, as pessoas não vão deixar de comprar comida ou usar energia elétrica etc…

“Agora é um negócio infernal. Se o Aécio ganhar, você deve ver a Bovespa abrindo entre 10% e 15% de alta na segunda-feira; e se a Dilma ganhar, de 10% a 15% de baixa.”

Geralmente, gestores de fundos de ações mantêm em caixa entre 5% e 10% dos recursos que administram, para poder honrar resgates de clientes. Quando o gestor quer ser excessivamente cauteloso, mantém 20% em caixa. O gestor da conversa acima disse que está com cerca de 30%.

A maioria dos gestores também está preocupada com o nível de ‘beta’ das ações que carregam no portfólio. Beta é a sensibilidade de uma ação ao movimentos (de alta ou de baixa) do mercado.

Empresas como BR Malls e BR Properties, por exemplo, têm um beta alto, ou seja, para cada 1% de alta no índice Bovespa, essas ações podem subir 2%, 3% ou até 5%. Já outras empresas com fluxo de caixa mais previsível e que dependem menos da taxa de juros, como por exemplo a AmBev, tendem a subir menos na alta e cair menos na baixa, ou seja, têm um beta menor.

O nível de beta afeta diretamente a performance de uma carteira. No cenário atual, muitos gestores, além de manterem um nível de caixa elevado, estão comprados em ações mais defensivas, portanto, de beta baixo. Qual é o problema com isto? Se Aécio ganhar e o índice Bovespa subir 15% em um ou dois dias, as carteiras desses gestores não subirão tanto quanto o índice, o que deve afetar sua performance (e remuneração) no ano.

Neste caso, os gestores que optaram pela cautela terão que explicar a seus cotistas que não são pagos para adivinhar resultados eleitorais, e sim para proteger o patrimônio dos clientes no cenário mais turvo desde 2008.

Os clientes inteligentes devem entender e elogiar esta postura. Num ano binário, um pouco deunderperformance não é vergonha para ninguém, mas agressividade inconsequente pode ser fatal.

Por Geraldo Samor

Cultura

Chico Buarque: a prova de que alguns podem involuir

FHC e Tancredo Neves já foram os heróis de Chico Buarque, hoje um petista de carteirinha, que faz vista grossa a todo o mar de corrupção do atual governo, ao seu autoritarismo, a essas baixarias e mentiras usadas pela campanha pérfida de Dilma. Vejam:

Teria sua mudança alguma ligação com o fato de sua irmã ter sido ministra dessa patota no poder? Ou quem sabe com o uso e abuso da Lei Rouanet? Não sei. Só sei que Chico é a maior prova de que alguns podem refutar a teoria de Darwin e involuir…

Rodrigo Constantino

 

Psicanalistas no divã: santo de casa não faz milagre

“Os doentes são a maioria. Mas só poucos sabem que podem se gabar disso. Esses são os psicanalistas.” (Karl Kraus)

Você iria a um dentista banguela? E num médico de implante capilar careca? Em um nutricionista obeso? Essas questões vieram à mente após notar uma enorme quantidade de psicólogos e psicanalistas vítimas das fugas e gozos que eles próprios pretendem “curar” ou mitigar em seus pacientes. Será que eles não deveriam retornar ao divã e enfrentar suas próprias questões antes de se oferecer como “médico da alma” alheia?

Em minha amostragem, há mais petistas empedernidos nessa área do que entre os que recebem Bolsa Família. É uma maioria impressionante, ou talvez uma minoria barulhenta e estridente, cuja patrulha intimida os demais. Não saberia dizer. O que posso dizer é que vejo nessa turma várias falhas que costumam “fazer questão” a ponto de criar demanda por análise nos outros.

Comecemos pela projeção. O que vejo de psi que acusa os colunistas “neoliberais” de “vendidos” e “insensíveis” não está no gibi. Ora, não partem da premissa de que o outro pode defender o liberalismo ou a social-democracia mais amena dos tucanos por pura convicção? Eles próprios não acreditam na psicanálise por convicção? Ou estão nessa como um embuste só para ganhar dinheiro?

O monopólio da virtude é típico de quem não pretende debater meios para manter o regozijo pessoal de que faz parte de um seleto grupo de superiores da moralidade. “Eu voto no PT, logo sou uma pessoa preocupada com os mais pobres”, é o que desejam acreditar. Mas será que o PT realmente ajuda os mais pobres? Debater pra quê?

O que me remete a outro ponto interessante: vejo vários deles reféns de uma profunda dissonância cognitiva. A repetição de slogans prontos evita a dor de ser confrontado com suas próprias incoerências e hipocrisias. “Neoliberal”, “reacionário”, “insensível”, e assim não precisam lidar com o fato incômodo de que defendem um partido corrupto que trata como heróis seus corruptos, um partido autoritário e mentiroso, que se uniu aos piores caciques nordestinos e bajula ditadores assassinos.

Esses psicanalistas “detestam” a ganância, o lucro, a “lógica do capitalista”, mas como são gananciosos e querem lucrar quando definem os preços de suas sessões clínicas! Custam os olhos da cara. Gostam, ainda, de cobrar sem recibo, para fugir do fisco. Ou seja, querem pagar menos impostos enquanto aplaudem um governo que aumenta os impostos… dos outros!

Os pacientes? Muitos ricos capitalistas, que pagam mais (e que descobrem que a riqueza não aplaca as angústias da vida). O analista vai curtir as férias na Europa depois, que ninguém é de ferro. Mas as “elites” que votam em Aécio não ligam para os pobres, só eles…

Elite culpada? Sim, talvez seja uma das origens do fenômeno. Esses psicanalistas não vivem exatamente nas favelas, e à exceção dos psicólogos sociais, que mais parecem militantes ideológicos fazendo proselitismo o tempo todo, os analistas de que falo costumam atender em consultores nas localidades mais chiques e caras da cidade. O voto em Dilma seria um passaporte para expiar sua culpa?

Ainda para evitar o sofrimento com as próprias incoerências, muitos deles gostam de acusar os colunistas aqui de Veja de “raivosos” ou “odientos”. Não têm ideia do que recebemos de mensagens “carinhosas” do lado de lá, o que defendem. É ameaça e agressão o dia todo, com baba de ódio escorrendo pelo canto da boca. Sem falar da própria campanha petista, que fomenta o ódio diariamente. Mas “raivosos” somos nós, defensores de uma democracia liberal e tolerante…

Foucault, Sartre, Marcuse, Deleuze, Zizek: na lista de seus intelectuais preferidos só dá anticapitalista. Hayek, George Stigler e Thomas Sowell já explicaram bem o fascínio dos intelectuais pelo socialismo. Com visão holística e romântica de mundo, profundo desconhecimento acerca do funcionamento dos mercados e da economia, e um certo desprezo (em parte legítimo) pelo consumismo materialista os levam diretamente ao colo de Lenin, Chávez, Fidel, Lula.

No livre mercado, os próprios intelectuais não são tão valorizados, e gente “bruta” ou medíocre acaba ganhando muito mais se atender às demandas das massas, que não costumam ser muito nobre. Exemplificando: Dan Brown vai vender muito mais do que Hermann Hesse, Sándor Márai, Camus e Kafka juntos. Insuportável para alguns (eu quase entendo). O socialismo ainda os dá a chance de proximidade com o poder, o que é sempre tentador. Nada como a vaidade, não é mesmo?

Mas cuidado! Não vamos esquecer que sua “clientela” depende justamente de uma economia pujante, dinâmica e… rica. Se seu ofício depender apenas dos pobres, convenhamos: não será muito agradável para vocês. Chega de viagens pela Europa, de bolsas da Louis Vitton, de carro do ano.

Vide a Argentina, o país latino-americano no qual a psicanálise é mais forte. Perguntem aos seus pares o que acontece lá. Perguntem como anda o mercado para os psicanalistas em um país em crise econômica cada vez maior. Conversem com seus colegas argentinos antes de fazer campanha pela Dilma. Afinal, nossa presidente quer seguir o modelo de Kirchner, copiar seus passos desastrosos. Tudo em nome dos pobres…

Aproveitem para ler esse meu texto onde defendo a tese de que Freud, o pai da psicanálise, era mais um conservador do que um “progressista”. Ah, e era elitista também, viu? Se acharem que não vale a pena focar em meus argumentos porque sou leigo no assunto, ao menos escutem os de Elisabeth Roudinesco, pois a biógrafa de Freud é da mesma opinião.

Espero que minhas provocações sirvam para a reflexão de muitos. Questionem até que ponto as bandeiras que endossam não são o resultado de um gozo pessoal fruto de alguma questão mal resolvida de vocês mesmos. A honestidade intelectual pode ser sofrida ao nos colocar diante de um espelho, desnudados. Mas não é exatamente isso que vocês praticam em seus consultórios com seus pacientes?

PS: Nem todos os psicanalistas fazem campanha para Dilma. Conheço alguns que têm, inclusive, comprado briga com a “classe” por entender aquilo que o PT de Dilma tem feito com o país, colocando em risco o futuro de seu próprio ofício. Um deles, que admiro muito e é respeitado por todos na área, tem sido bastante aguerrido na cruzada de abrir os olhos de seus pares, até porque foi petista de carteirinha (literalmente) no passado. Ele sabe dos equívocos e fraquezas que o levaram a tal destino. Agora tenta, em desespero, fazer seus companheiros enxergarem a mesma luz.

Rodrigo Constantino

 

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, esta pátria é “o país do futebol e carnaval”, onde as investigações sobre os escândalos de roubos de dinheiro público são “círculos virtuosos”.

    No caso da Petrobrás, um desdobramento ocorre, a SEC (Securities and Exchange Commission), agência responsável pela fiscalização do mercado de ações e títulos dos EUA, instaurou investigação sobre o caso. Recibos de ações da Petrobrás são negociados em Nova York, e seus detentores terão sido lesados pela retirada fraudulenta de recursos do caixa da estatal. O judiciário americano tem muitas diferenças do nosso.

    Nosso país é singular, pois temos na Câmara Federal político que tem ordem de prisão pela INTERPOL (policia internacional), mas “nossa lei” impede que o mesmo responda por seus atos.

    APÓS A CONDENAÇÃO DESSES CORRUPTOS DA PETROBRÁS, O CASTIGO SERÁ SÓ CONSTAR NA LISTA DA INTERPOL? (sem a efetiva prisão!)

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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