Onde está Lula, o falastrão? por Reinaldo Azevedo; e "A parte que cabe a Dilma e Lula", por C.A. Sardenberg

Publicado em 05/02/2015 20:14
em Veja.com e O Globo

Enfim, a natureza do jogo: o país assaltado por um partido político. Ou: Onde está Lula, o falastrão?

Aos poucos, as coisas começam a assumir a sua real natureza. O conteúdo do depoimento de Pedro Barusco, que veio a público, põe as coisas nos seus devidos termos. Até havia pouco, parecia que um grupo de empreiteiras malvadas havia se organizado para corromper agentes públicos antes probos, que caíram em tentação.

Segundo Barusco afirmou à Justiça em novembro, João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, arrecadou em propina, entre 2003 e 2013, algo entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. Não, senhores! Vaccari não é um homem de grandes ambições pessoais. Ele trabalha para uma máquina chamada PT.

Desde sempre, afirmo neste blog que tratar o escândalo do petrolão como mera formação de cartel de empreiteiras corresponde a ignorar a natureza do jogo. Um ente de razão, um partido, tomou de assalto o estado brasileiro. É possível que ladrões sem ideologia tenham se imiscuído no sistema, mas que não se perca de vista o principal: a safadeza alimentava e alimenta um projeto de poder.

Segundo Barusco, 21 contratos para a construção de navios equipados com sondas, por exemplo,  orçados em US$ 22 bilhões, pagaram propina de 1%, assim distribuídos: dois terços para Vaccari (isto é, para o PT) e um terço dividido entre Paulo Roberto Costa e agentes da Sete Brasil.

A Sete Brasil é a empresa criada para desenvolver os tais navios-sonda e garantir o chamado “conteúdo nacional” no setor. A empresa está à beira da insolvência. Dilma quer R$ 9 bilhões de dinheiro público para socorrê-la. Ontem, o presidente do PT, Rui Falcão, veio a público para defender essa política de “conteúdo nacional”, afirmando que as diretrizes da Petrobras não podem mudar. Ah, sim: Barusco foi diretor de operações da Sete entre 2011 e 2013.

Por que eu tendo a resistir, senhores leitores, à tese do cartel de empreiteiras atuando na Petrobras? Porque isso embute a ideia de que a roubalheira se concentrava na estatal; porque sobra a sugestão de que meliantes morais incrustrados na empresa partiram para a delinquência. Que o tenham feito, não duvido. Mas será só ali?

As mesmas empreiteiras que trabalham para a Petrobras atuam em outras áreas do governo. São elas, afinal de contas, que prestam os serviços na área de infraestrutura. Então será diferente nos outros setores da administração pública? A moralidade vigente na Petrobras não será a regra? E noto que a empresa dispõe de mecanismos de controle mais severos do que os das demais estatais e os dos ministérios.

O Brasil está na pindaíba. Incompetência e ladroagem se juntaram contra os cofres públicos. E então cabe a pergunta: onde está Luiz Inácio Lula da Silva, aquele que recomendou que os petistas andassem, orgulhosos, de cabeça erguida?

De cabeça erguida? Os agentes federais tiveram de pular o muro da casa de Vaccari para levá-lo para depor. Ele não abria a porta. Imagino a sua indignação. Talvez se perguntasse: “Mas, afinal, o Brasil é ou não é nosso?”. O “nosso”, claro!, quer dizer “deles”.

Não é. Vamos ver se isso fica claro desta vez. 

Por Reinaldo Azevedo

 

 

A parte que cabe a Dilma e Lula

Dinheiro da corrupção pode ser localizado e, em parte, devolvido. Já as perdas, digamos, técnicas vão ficar por conta do povo

 

POR Carlos Alberto Sardenberg, em O Globo

Quem começou o roubo na Petrobras, os políticos ou as empreiteiras? Para quem não tem nada a ver com isso, não faz diferença. Mas para quem está no rolo, pode fazer a diferença entre uma pena maior ou menos severa. Quem sabe até uma absolvição? — a esperança é livre aqui.

A versão dos políticos — no caso, do PT, PMDB e PP, principalmente, e de gente do governo Dilma — joga a culpa principal no cartel das empreiteiras, que existiria desde muita antes de os petistas chegarem ao poder.

Fazendo combinações entre si, distribuindo as obras em reuniões secretas, acertando os preços, as empreiteiras dominavam de tal modo o negócio das grandes obras no Brasil que não havia saída senão, digamos, render-se a elas. Era isso ou não tocar os empreendimentos.

Sendo assim os fatos, com as empreiteiras se refestelando com os preços superfaturados, por que não tirar algum troco para a nobre tarefa de financiar atividades políticas? E atividades de partidos que visavam à nobre causa do povo — até muito justo, não é mesmo?

Se isso for crime, dizem os autores dessa teoria, pelo menos é menor do que a montagem da quadrilha, quer dizer, do esquema.

A versão das empreiteiras é o inverso. Políticos dos partidos dos governos Lula e Dilma teriam montado uma máquina de fazer dinheiro para financiar eleições, de modo que não pagar propina e não entrar no esquema significava perder todas as obras.

E se as regras do jogo eram essas, se o preço seria mesmo elevado para pagar a caixinha política, por que não superfaturar um pouquinho mais para atender aos nobres interesses dos acionistas? Este seria um crime menor do que a montagem original da quadrilha etc.

No meio desses dois poderosos lados, sempre sobrava algum para executivos das empreiteiras e da estatal. Na verdade, alguns milhões.

Digamos que haja aí boa matéria para os advogados dos dois lados, mas, para a gente — cidadãos, contribuintes, eleitores, acionistas privados da Petrobras — não tem sentido algum. O gestor da coisa pública — para ficar bem solene — tinha que simplesmente chamar a Polícia Federal tão logo soubesse do esquema.

Sem contar que, para o pessoal do PT, haveria aí um ótimo tema para atacar os seus antecessores no governo federal, aqueles neoliberais.

A mesma coisa vale para os donos das empreiteiras. Sabendo da quadrilha, que chamassem a polícia. Por que uma empresa eficiente, dona de tecnologia de primeira, precisaria se sujeitar a esse tipo de esquema que favorece a picaretagem?

Tudo considerado, não importa saber qual versão é mais correta. Mesmo porque, o mais lógico é concluir que ambas estão certas, assim mesmo, uma contra a outra. Os dois lados montaram seus esquemas, uma sociedade que está caindo para todas as partes.

Como me dizia um advogado de ampla experiência: quando um réu acusa o outro, vão os dois para a cadeia.

Parece que o processo vai nessa direção, apanhando de passagem alguns executivos, pelo menos no tribunal do juiz Sérgio Moro. Agora em fevereiro, vamos ver como a ação penal anda no Supremo Tribunal Federal.

Essa é a história da corrupção, para os tribunais. Há uma outra, que é a desastrosa gestão imposta à Petrobras desde o governo Lula. Difícil saber qual causou mais prejuízo à empresa e ao país.

Tão difícil que Graça Foster, com todo seu empenho e dedicação, não havia conseguido fazer a contabilidade que separasse a grana da corrupção do dinheiro torrado por erros de gerência e administração.

Por exemplo: a refinaria Abreu e Lima (a de Pernambuco) talvez nem devesse ter sido feita; se feita, poderia ter saído mais barata do que o preço já descontado da roubalheira. O dinheiro da corrupção pode até ser localizado e, em parte ao menos, devolvido. Já as perdas, digamos, técnicas vão mesmo ficar por conta do povo, o verdadeiro acionista e dono, traído, da Petrobras.

Ainda não apareceram denúncias de superfaturamento nos projetos das refinarias Premium do Maranhão e do Ceará. Os projetos foram cancelados, uma das últimas decisões da diretoria de Graça Foster, depois de um gasto de R$ 2,7 bilhões. Ou, um bilhão de dólares, para nada, para uma papelada sem valor.  

E tem o incrível, e maior, prejuízo imposto ao caixa da empresa, com o controle dos preços da gasolina e do diesel. Segundo cálculos feitos dentro da estatal, foram nada menos que R$ 60 bilhões ao longo dos anos que a Petrobras foi levada a vender combustível a preço menor do que pago na importação. Uma sangria no caixa, que virou endividamento.Nesta outra história não há dúvida nenhuma. A culpa é de quem mandou na Petrobras nos governos Lula e Dilma, a começar por Lula e Dilma. Essa responsabilidade só pode ser apurada nos foros políticos. Aliás, no que sobrar dos foros políticos depois da Lava-Jato.

Dilma Rousseff e Lula (Foto: Cristiano Mariz)Dilma Rousseff e Lula (Imagem: Cristiano Mariz)

 

 


 

Filme Repetido

Comemorações em meio a encrenca

Algo de macabro parece rondar os anos de aniversário do PT terminados com o número cinco.

Há dez anos, em fevereiro de 2005, quando o PT comemorava seus 25 anos, a principal notícia que abalava o partido ainda eram os ecos do caso Waldomiro Diniz, mas logo depois, viria o apocalipse com a entrevista de Roberto Jefferson e o surgimento do verbete mensalão.

Desta vez, ao se reunirem em Belo Horizonte, nesta sexta-feira, os petistas terão pouco a comemorar nos 35 anos. Mais uma vez, o tesoureiro do partido vira destaque das páginas policiais e o partido está em frangalhos na Câmara dos Deputados. E ainda estamos em fevereiro.

Por Lauro Jardim

 

 

Na versão bandida de ‘My Way’, nome da nona fase da Operação Lava Jato, a voz perfeita de Frank Sinatra contrasta com a desafinação do coro dos quadrilheiros

Desencadeada nesta quinta-feira, a nona fase da Operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras, serviu para que os encarregados de batizar as ofensivas da instituição exercitassem em inglês sua conhecida criatividade. O nome escolhido ─ My Way (‘Meu Jeito’) ─ lembra simultaneamente o clássico eternizado por Frank Sinatra e o codinome inventado por Pedro Barusco, ex-gerente executivo, para referir-se a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal saqueada pela quadrilha do Mensalão. Graças a Barusco, o chefe ficou conhecido entre os comparsas como “My Way”.

O leitor está convidado a ouvir a canção na voz de Sinatra, conferir a tradução em português e interpretar a letra, incluídas as entrelinhas.

Juros sobem na BM&F com troca de diretores no BC

Os juros na BM&F Bovespa subiram depois do pregão regular com o anúncio de que o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, que está deixando a instituição, será substituído por Luiz Awazu Pereira.

Araújo é tido como um ‘hawk’ em política monetária (um economista que persegue obstinadamente a meta inflacionária).

Pereira, que até agora acumulava as diretorias de assuntos internacionais e regulação, é tido como mais leniente com a inflação.

“O mercado já sabia que o Hamilton ia sair. O que pegou foi o substituto,” diz um conhecedor do BC.

Quando os investidores acham que o BC será duro com a inflação, os juros na BM&F tendem a cair, e vice-versa.

O contrato de juro de janeiro de 2021, que fechou hoje a 12,22%, abriu taxa para 12,30% depois do pregão regular da BM&F — enquanto, em Nova York, as bolsas aumentavam a alta.

Governador petista deixa Distrito Federal em estado de penúria e vai pra Miami

O PT é como uma praga, como aqueles cupins que vão corroendo toda a estrutura do armário, e quando você se dá conta, já é tarde demais. Vejamos o caso do ex-governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz: sua passagem no comando de Brasília deixou um rastro de dívidas e rombos, que o atual governador, Rodrigo Rollemberg, do PSB, terá de limpar.

Em reportagem do Valor, ficamos sabendo que o governo deve dar o calote em uma obra feita com PPP (Parceria Público-Privada). O Distrito Federal vive uma crise financeira sem precedentes, e o atual governador tenta se agarrar a decisões legais para não usar o pouco que tem em caixa para honrar esses pagamentos às concessionárias. Diz o jornal:

Queiroz

Assim é o PT: um misto de incompetência com corrupção, destruindo governos, estatais, tudo que toca. O leitor pode achar que é implicância minha, mas não é. É apenas objetividade ao relatar os fatos. Foi parecido na gestão do Rio Grande do Sul. Foi parecido na gestão do governo federal. Essa turma não tem nenhum compromisso com a coisa pública.

Agnelo Queiroz ainda foi passar férias em Miami depois de deixar esse rombo no governo. Por que não foi pra Cuba? Assim são nossos esquerdistas: discursam em nome do povo, usam os recursos do povo para beneficiar “cumpanheiros”, e depois da lambança feita se mandam para o templo do consumo capitalista, pois ninguém é de ferro. Como alguém ainda leva a sério os petistas?

Rodrigo Constantino

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Fonte:
veja.com + O Globo

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