Domingo é dia de cantar, de rir, de reivindicar, de distribuir abraços…, por REINALDO AZEVEDO

Publicado em 09/03/2015 22:56
Reinaldo Azevedo é jornalista, uma principais vozes em defesa da liberdade (em veja.com.br)

Domingo é dia de cantar, de rir, de reivindicar, de distribuir abraços… Ou: Dançou, Carolina! O tempo bateu panela na janela

O tempo passou na janela, e como passou!, e só as Carolinas vermelhas de raiva — e desinformação —, mas nunca de vergonha, não viram. O bem que Dilma Rousseff está fazendo à democracia brasileira é incomensurável. Vou propor que se erga para ela e para o marqueteiro João Santana uma estátua na Praça dos Três Poderes. Nos pés de barro do ídolo de bronze, gravaremos algo assim: “Com a sua propaganda enganosa, ajudaram a tirar milhões de brasileiros do reino da mistificação, levando-os para a realidade”.

Não, senhores! Não foi Dilma quem destruiu um modelo que era funcional com Lula. Isso é mentira. Fatores alheios ao Brasil ajudaram a manter o arranjo tosco do lulismo. Ela deu continuidade e piorou o que era ruim. Para se reeleger, teve de atribuir ao adversário as medidas amargas que ela mesma seria obrigada a adotar —  e sempre me pergunto se, no fim das contas, Aécio Neves não deveria lhe ser grato… —, num exercício da política como cinismo que raramente se viu. Como o país estava na pindaíba, nem lhe foi possível espichar no tempo o saco não de maldades, mas de realismo. O pacote teve de sair de cambulhada.

Pior: a crise estaria aí com ou sem a roubalheira na Petrobras. Com ou sem o petrolão, Dilma estaria em maus lençóis. Mas é claro que tudo fica pior quando a população se dá conta de que foi assaltada por uma quadrilha. E a tempestade perfeita se instala se, no curso da investigação dos malfeitos, a base de apoio ao governo no Congresso se esfarela, entre bisonhices e espertezas.

É… O povo ocupou as janelas no domingo. E meteu a mão na buzina. E bateu panela. O governo insiste que eram utensílios Le Creuset; que não havia na percussão do saco cheio alumínio barato. Se é assim, por que Dilma não vai passear num supermercado em Vila Nova Cachoeirinha, na Vila Carrão, no Jardim Ângela? Ir às compras num bairro chique de Montevidéu, onde só se vendem utensílios Le Creuset, não lhe dá a medida da insatisfação do povo, não é?

Olhem aqui! A população e os organizadores dos protestos terão de ter o juízo que tem faltado ao governo federal. Os Executivos estaduais, que respondem pela segurança pública, devem, desde já, pensar um plano que garanta a livre manifestação dos descontentes, mas que também assegure a ordem.

Desde já, é preciso ter em mente que o potencial para a provocação barata e para a ação de baderneiros infiltrados é grande. As únicas armas admissíveis num protesto democrático são a indignação, a serenidade e a defesa do estado democrático e de direito. Para não variar, é possível que a turminha que defende a tomada do poder pelos militares dê as caras. Essa gente é tão inimiga da democracia como aqueles que espancaram manifestantes em frente à Associação Brasileira de Imprensa. Nós repudiamos o petralhismo porque queremos liberdade, não porque flertamos com ditaduras, ainda que temporárias.

Domingo é dia de cantar, de rir, de reivindicar, de distribuir abraços… É dia de exercitar todos os sentimentos de alegria.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    As condutas da presidente Dilma e do ex-presidente Lula são deploráveis.

    Todo o discurso proferido por eles tem como objetivo esconder as causas de tais condutas.

    Que causa é essa? Que precisa de tantas mentiras, tanto malabarismo, falsidades, hipocrisia, e de uma absoluta falta de vergonha na cara.

    Isso quando não negam a própria conduta. E não sendo possível negar a conduta, agem desesperadamente para esconder o motivo. Por que motivo é preciso mentir para os eleitores crédulos?

    Qual o motivo que causa a conduta? A tirania, a opressão, o ódio, o desejo de poder absoluto?

    Ou será uma idéia? A de que é preciso regulamentar e controlar o setor privado, além disso, favorecer empresas para que através de monopólios e oligopólios, associados ao ?setor privado?, criando laços de dependência entre os amigos do poder ? que se livram da competição ? e os governantes?

    Os que querem crescer pelos próprios méritos são a elite golpista, os coxinhas, e que são contra o pleno emprego ? inchaço do poder público e aumento de salários muito acima do razoável e política de liberações de crédito via emissão de títulos públicos ou endividamento do estado, dinheiro esse usado muitas vezes para financiar atividades que não se sustentam economicamente - promovido pelas políticas sociais do PT.

    FHC pensa que o problema é o presidencialismo de coalizão, ele certamente pensa que a elite coxinha, golpista, está errada em não querer mais financiar as políticas, ditas sociais, que afundaram o País e que certo é o sistema socialista expropriador da renda de uns, para distribuir a outros.

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