Dilma, a viciada em casca de banana, arruma confusão com os militares. Ou: Os castristas e os castrenses

Publicado em 09/09/2015 02:15
por REINALDO AZEVEDO, de veja.com

Dilma, a viciada em casca de banana, arruma confusão com os militares. Ou: Os castristas e os castrenses

O que mais me intriga na presidente Dilma Rousseff nem é a capacidade que ela tem de fazer confusão em assuntos relevantes. E ela é obviamente notável também nisso. Como costumo dizer, ela tem uma formidável vocação para atravessar a rua e pisar em casca de banana. Parece ser uma compulsão. Sim, leitor amigo, ela poderia ser uma virtuose na arte de escorregar, dar passos ginásticos e bailarinos — se me permitem a derivação imprópria —, com elegância peculiar, mas nunca ir ao chão.

Não é o caso. O que ela mais faz é se esborrachar, é quebrar a cara. Mas vocês sabem como é um vício. Faz mal, mas a pessoa só se contenta se alimenta aquilo que tem o potencial de destruí-la. Sei como é… Fumo Hollywood. Não me orgulho. Só faço mal, no entanto, quase a mim mesmo, né? E esse “quase” está aí  em razão das preocupações familiares. Dilma não! Quando faz besteira, movida por sua compulsão — e como ela faz! —, interfere na vida de muitos milhões.

Qual é a mais recente trapalhada? Movida sabe-se lá por qual mau espírito — talvez os deuses ancestrais da mandioca —, ela resolveu, por decreto, tirar dos comandantes militares funções relativas ao pessoal das Forças Armadas, como reforma do oficialato, transferência para a reserva remunerada e, ora vejam!, até a escolha de capelães.

Wagner, sem dúvida o ministro mais boa-praça entre os petistas — parece sempre que ele vai nos convidar para um uisquinho ou uma moqueca —, entende de Defesa menos do que entendo de física quântica. Consigo fazer uma redação de cem linhas a respeito. Duvido um pouco que Wagner logre o mesmo sucesso sobre, sei lá, a vulnerabilidade das nossas fronteiras ou sobre a nossa capacidade bélica.

Tanto ele não entende nada de Defesa que se tornou um dos 7.359 coordenadores políticos de Dilma. É claro que houve mal-estar nas Forças Armadas, até pela gratuidade do ato. Wagner nem teria tempo de cuidar do assunto. Quando não está tentando reparar alguma bobagem feita por Dilma, está ocupado em ser simpático com o uisquinho e a moqueca.

Tanto o ministro está alheio mesmo à burocracia da pasta que quem solicitou à Casa Civil a transferência de responsabilidades dos militares para o ministro foi a secretária executiva da Defesa, a petista Eva Maria Cella Dal Chiavon, que chefiou a Casa Civil da Bahia no primeiro governo Wagner, entre 2007 e 2011. Depois, ela foi secretária-executiva do Ministério do Trabalho, da Secretaria de Relações Institucionais, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Planejamento.

Ó, leitores! Ela entende tudo de defesa. Até porque é graduada, prestem atenção, em Planejamento Estratégico Público-Participativo e Enfermagem e Obstetrícia. O que lhes parece? Pior: a trapalhada soou como pequeno golpe nas Forças Armadas. Quando a tal Eva Maria resolveu enviar à solicitação à Casa Civil, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira estava como interino da Defesa e nem mesmo foi avisado. Seu nome saiu chancelando a tolice no Diário Oficial, e ele teve de vir a público para dizer que não sabia de nada.

Wagner agora diz que vai delegar aos comandantes militares tarefas que lhes são próprias. Parece piada, mas é assim. Mais impressionante: a estrovenga é pensada lá na Defesa por aquela senhora que certamente sabe o que é “castrismo”, mas não o que é castrense, passa pela Casa Civil de Aloizio Mercadante, um filho de general, e termina na mesa de Dilma, que, na melhor das hipóteses, assinou o troço sem ler.

Por Reinaldo Azevedo

A vanguarda do impeachment é o povo na rua, não os parlamentares; deputados de oposição criam frente na Câmara

Uma boa fonte me assegura que, hoje, os deputados que aceitariam uma denúncia contra a presidente Dilma por crime de responsabilidade — o que a obrigaria a se afastar — não são menos de 200 e não passam de 250.

PSDB, DEM, SD, PPS e PSC advogam explicitamente a tese. Sem defecções, somariam 116 parlamentares. Os demais estão espalhados na base aliada ou em partidos com posições ambíguas em relação ao governo, como o PTB e o PSB. Também é certo que há entusiastas do impeachment no PMDB, no PP e no PSD.

Fiquemos com o número mais otimista — 250 — para os que querem ver a presidente pelas costas: ainda falta muita gente. São necessários dois terços da Câmara para que se aceite a denúncia: 342 votos. Logo, na melhor das hipóteses para os antidilmistas, ainda faltam 92 votos; na pior, 142. A tarefa não é fácil.

Por isso, os partidos de oposição decidiram realizar um ato nesta quinta, em Brasília, para marcar a criação da frente pró-impeachment. O principal objetivo, a exemplo do que aconteceu por ocasião do afastamento de Fernando Collor, é atrair ainda mais parlamentares hoje governistas. Estes, por sua vez, se moverão com mais facilidade, avalia-se, se ficar ainda mais evidenciado do que já está por pesquisas e protestos de rua que a maioria dos brasileiros quer Dilma fora da Presidência.

Será, assim, criada uma página na Internet para reproduzir as manifestações em favor do impeachment que forem ocorrendo país afora.

Os parlamentares pretendem intensificar o corpo a corpo com seus colegas da base. “A gente está trabalhando de forma intensa com os partidos numa relação pessoal com os parlamentares, independentemente do partido. Há um eco muito bom e muito favorável. Isso porque é grande a insatisfação com o governo da presidente Dilma e há uma certa percepção de que a ingovernabilidade está estabelecida”, afirmou à VEJA.com o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE).

Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do maior partido de oposição, deu sinal verde à estratégia, mas os tucanos pretendem não constituir uma espécie de vanguarda do impeachment, no que fazem muito bem. É o quanto bastaria para que a questão parecesse fruto apenas do protagonismo dos tucanos em favor do afastamento.

Não! Os verdadeiros atores da ação em favor do fim do governo Dilma, SEGUNDO OS RIGORES DA LEI, são os brasileiros que estão nas ruas, cobrando decência.

O governo se alimenta da fantasia estúpida de que tudo não passa de golpismo de setores da oposição. Errado! Os parlamentares de oposição que estão se movimentando em favor do impeachment apenas expressam a vontade da esmagadora maioria dos brasileiros. E será preciso convencer disso os demais deputados.

Por Reinaldo Azevedo

Cúpula do PMDB se reúne e bate o martelo: partido não apoiará elevação de impostos; governo tem de cortar gastos

Quanto tempo duram as soluções mágicas que aparecem para tirar não o país, mas o governo Dilma do buraco? Até a semana passada, 72 horas — o prazo de vigência da “recriação” da CPMF. Nesta semana, inaugura-se o novo prazo: 24 horas! Foi quanto durou a proposta do ministro Joaquim Levy, da Fazenda, que quer elevar a alíquota do Imposto de Renda.

Também ela caiu no vazio, perdeu-se. E, caso volte a ser achada, pior será. O ministro precisa tomar cuidado. Daqui a pouco, a cada coisa que disser, alguém responderá: “Ah, não liga, não! É só Levy falando…”. O ministro disse na França que é, sim, uma boa ideia a elevação da alíquota do Imposto de Renda para pessoa física. E se saiu com a cascata de que o IR do Brasil é baixo se comparado com países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Pois é. Já demonstrei aqui que a carga tributária de parte considerável dos países do grupo é menor do que a brasileira. As que são equivalentes devolvem serviços de excelência aos cidadãos. A grita contra a elevação do Imposto de Renda também foi grande. Nem poderia ser diferente. Não nos faltam impostos — a tributação corresponde a 35,7% do PIB. O que falta é cortar gastos. A ideia sobreviveu pouco.

Nesta terça, Michel Temer, vice-presidente da República, ex-coordenador político do governo e presidente do PMDB, reuniu os governadores do partido em jantar, além de Eduardo Cunha (presidente da Câmara), Renan Calheiros (presidente do Senado) e líderes da legenda no Congresso. E se chegou a um consenso: não dá para condescender com a elevação da carga tributária. O governo terá de encontrar outra forma de tentar zerar o rombo previsto no Orçamento.

Mais cedo, circulou a notícia de que Temer até havia visto com bons olhos a elevação da Cide, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, que incide sobre combustíveis, uma ideia lançada por Delfim Netto. Logo desistiu. O PMDB bateu o martelo no jantar desta terça: qualquer proposta de elevação de impostos terá de partir do governo; o PMDB jamais tomará a iniciativa. E, como sabemos, sendo a sigla como é, com ampla liberdade para divergência interna, não há a menor chance de haver fechamento de questão em defesa disso ou daquilo. Lembremo-nos de que, se a presidente decidir malhar em ferro frio, impondo elevação de impostos na marra, via decreto, o Congresso pode até derrubar a medida com um decreto legislativo — que precisa de maioria simples para ser aprovado.

Em entrevistas recentes, inclusive ao jornal americano The Wall Street Journal, Temer se mostrou uma espécie de fiador de Levy. Mas não conseguiu condescender com a elevação de impostos. Não há espaço na sociedade para aceitar essa saída. Que Dilma não perceba tal coisa, convenham, só evidencia a sua alienação da realidade.

E acreditem: é conveniente para o país que Temer represente esse marco de resistência. Algum ponto de ancoragem há que ter a República. É evidente que Dilma já não governa mais, mas é governada pelos fatos.

Por Reinaldo Azevedo

Ah, Levy!!! Aí não dá!!! Então falemos de carga tributária

Não adianta! A ordem é mesmo enfiar a mão no bolso dos brasileiros. Já que o governo não consegue fazer corte de gastos — saibam que se vai torrar mais dinheiro público mais neste ano do que no ano passado —, então é preciso resolver o buraco fiscal pelo lado das receitas.

Nesta terça-feira, em Paris, o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, admitiu que o governo estuda elevar a tunga do Imposto de Renda para fazer caixa: “Pode ser um caminho (aumento de IR), é essa a discussão que a gente está tendo agora e que acho que temos que amadurecer mais rapidamente no Congresso”.

Certo!

Não sei se tentando nos enganar ou se, de fato, por candidez, ele se saiu com uma desculpa bastante exótica, a saber: “Em relação aos países da OCDE, a gente tem menos impostos sobre a renda, sobre a pessoa física do que na maior na parte dos países da OCDE. É uma coisa a se pensar”.

Levy faz, às vezes, um esforço imenso para que eu perca o respeito por ele. A afirmação é intelectualmente desonesta. O imposto sobre pessoa física não é uma medida do peso tributário. O conjunto dos impostos em relação ao PIB é. No Brasil, é de 35,7%, a maior da América Latina.

Todos os países que cito abaixo, diga-se, pertencem à OCDE. No Chile, a carga tributária é de 20,8%; nos EUA, de 24,3%; na Suíça, de 28,2%: no Canadá, de 30,7%; em Israel, de 31,6%; no Reino Unido, de 35,2%… E, meus caros, comparem a qualidade dos serviços públicos prestados nessas nações — nem o Chile é exceção — com aquilo que se faz por aqui.

Na semana passada, Levy ameaçou deixar o cargo. O envio de uma peça orçamentária com um déficit de R$ 30,5 bilhões caiu como uma bomba em sua credibilidade — isso porque todos sabem que o número repete praticamente a performance do ano passado, também deficitária, não fossem as maquiagens feitas pelo governo, o que pode render a recomendação do TCU para que as contas sejam rejeitadas.

Dilma sabe que está ruim com ele e que será pior sem ele. Então deixou o homem um pouco mais solto para buscar receita. Ele está mais assanhado que lambari na sanga. Como a recriação da CPMF precisa do aval do Congresso, estuda-se a possibilidade de elevar as alíquotas dos tributos que podem ser alterados por decreto: além do Imposto de Renda, há a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) — que taxa combustíveis —, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A oposição já reagiu, e há parlamentares que falam até num decreto legislativo que anule eventual iniciativa do governo. Nesse caso, para ser aprovado, ele precisa apenas da maioria simples das duas Casas, desde que garantido o quórum (257 deputados e 41 senadores).

Sim, há um rombo no caixa. Mas Levy está brincando com fogo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Fábio Júnior, Chico Buarque, Fernanda Montenegro e o ódio ao povo brasileiro de fato!

Vejam esta foto. É um flagrante do Brazilian Day.

FOTO CARTAZ NOVA YORK

A fala do ator, cantor e compositor Fábio Júnior, no Brazilian Day, no domingo, em Nova York, merece um tratamento que vai além do jocoso, como se tenta aqui e ali, à esquerda e à direita. É coisa mais séria, que guarda mais intimidade com os males do Brasil do que parece.

As elites intelectuais, ou as pessoas que em tanto se arvoram, odeiam o povo que há. Para elas, sempre será o vulgo, a brutalidade, a estupidez, a tolice. Na cabeça desses vigaristas — e insisto: pouco importa se direitistas ou esquerdistas; eles só são diferentes, no particular, na forma de silenciar a plebe rude —, a função da patuleia é carregar pedras para os monumentos. Os dois grupos teriam dado, se existissem então, um pé no traseiro de Shakespeare e suas banalidades humanas…

A forma contemporânea que as elites intelectuais de esquerdas têm de isolar o povo é tomar a estética como uma ética. O produto mais elaborado tecnicamente carregaria consigo necessariamente uma utopia, digamos, superior. O terreno da fruição, que é o da arte, passa a ser tomado como o das dissensões e disputas sociais. Os artistas considerados mais elaborados pela crítica serão necessariamente tomados como portadores das melhores respostas coletivas.

Fiquemos no caso em questão. Fábio Júnior é um artista popular. Já foi considerado, em programas de humor da TV, o preferido das domésticas — e havia naquilo certo riso de escárnio. Suas letras não costumam dialogar com uma certa tradição literária — não mais do que isso — buscada por Chico Buarque. O “eu lírico” das letras tem menos matizes, é mais direito, exibe menos relevos existenciais. Em suma: na música, Fábio Júnior não é Chico Buarque.

Cito Chico Buarque como o exemplo de uma espécie de coronelismo moral que toma conta das artes no Brasil. Alguns luminares são dotados de uma espécie de monopólio das boas intenções, pouco importa a porcaria que digam, em razão de suas escolhas políticas. Há três dias, tentando explicar o desastre da novela “Babilônia” — que só naufragou porque era ruim —, Fernanda Montenegro preferiu criticar o suposto conservadorismo do Brasil e produziu as seguintes pérolas:
“Babilônia, de Gilberto Braga, tem uma importância histórica muito grande. O beijo gay do qual tanto se falou não foi um beijo lambido, chupado, uma comendo a boca da outra. Foi a expressão de carinho de duas mulheres de 80 anos que há 40 estão juntas. Mulheres que representam uma elite. Não são ripongas. São bem-sucedidas e responsáveis. Habitam bem, comem bem. Um beijo carinhoso causou todo esse escândalo? Para mim, foi uma manta protetora, para distrair a atenção. Porque a novela foi histórica por outra coisa. Pela afirmação da negritude. Negros, mulatos, pardos, todos se afirmaram pela atitude. Ninguém era subserviente. Ninguém de uniforme, servil. O único de uniforme foi o motorista negro, amante da patroa, e assassinado no começo. Glorinha (Pires) ficou louca de desejo por um homem de outro estrato social. Essa foi a verdadeira revolução da novela. Nunca tantos negros se casaram com brancos, nunca houve tanta miscigenação. A negra que se forma advogada, o que tem sua barraquinha. Isso foi o que incomodou. O resto foi pretexto.”

Há aí uma tal soma de bobagens, de generalizações cretinas, de preconceitos enrustidos, que fica difícil saber por onde começar. Em primeiro lugar, hoje, o segundo maior contingente de cor de pele do Brasil é constituído de pardos, quase igual aos brancos, segundo dados do IBGE de 2010: 47,7% de brancos; 43,1 de pardos e 7,6% de negros. Antes de Gilberto Braga, o país misturou os brasileiros. A realidade brasileira, Fernanda, é diferente da americana, onde há apenas 13% de negros, já considerados neste grupo os mestiços. Nunca é tarde para estudar.

Sobra a sugestão de que as duas lésbicas deveriam ter sido aceitas porque, afinal, exibem os padrões da Zona Sul.

A observação, por sua vez, entra em choque com a bobagem racialista, jamais evocada pelos críticos da novela — e notem que foi o povo que se divorciou dela, justamente aquele formado por uma maioria de mestiços. Finalmente, noto que a atriz atribui certa, como posso chamar?, superioridade viril ao negro uniformizado que pega a patroa branca. Bem, nesse caso, já deixamos o terreno da sociologia para entrar no do fetiche.

Os esquerdistas e progressistas no geral podem ser os donos da pauta da imprensa, podem ser os donos dos meios influentes de divulgação de ideias, podem ser os donos “da arte”, mas não são os donos do povo. Independentemente do que digam ou divulguem, há uma realidade viva em construção, que consegue, de vez em quando, furar o muro da vergonha das placas de aço.

Ninguém precisa trocar os versos de Chico Buarque pelos de Fábio Júnior. Ninguém precisa trocar o preferido das patroas — sobretudo das que se banham no mar do Leblon — pelo preferido das domésticas. Nem Chico produz uma ética nem Fábio Júnior. São apenas dois compositores e cantores. Um saudado pelo crítica — às vezes, por maus motivos; outro, atacado — às vezes, também por maus motivos.

Chico Buarque, Caetano Veloso ou quantos outros vocês queiram incluir aí, inseridos à esquerda no debate cultural, não deveriam, por pudor, jamais misturar o prestígio que angariaram no terreno da estética para tentar nos vender uma ética — especialmente quando, no caso de Chico, ela se confunde com o apoio descarado a uma elite corrupta e truculenta que hoje toma conta do estado brasileiro. Caetano é um pouco mais matizado, mas se deixou fantasiar de black bloc num momento em que o país, sem querer parecer meramente retórica, tem é de tirar a máscara.

Fábio Júnior nunca ganhou um tostão com proselitismo político. Considerando o trabalho que faz, é possível que mais tenha dissabores do que ganhos com o discurso que fez no Brazilian Day. Não confundiu a sua opinião — muito sensata: ele atacou a roubalheira, certo? Não tentou justificá-la, como Chico Buarque — com os seus versos; não procurou o apoio irrestrito que lhe conferem os meios de comunicação para tentar vender uma tese política.

O Brasil, meus caros, mesmo quando se manifesta lá em Nova York, está mudando. Há uma gente nova na rua, para desespero dos que se queriam donos da opinião.

Vejam lá o cartaz que reproduz uma frase deste escriba. Os petistas adorariam que fosse exibido por um louro, de olhos azuis. Assim, eles, que se consideram donos dos negros, poderiam fazer seu proselitismo vigarista, me associando a uma elite branca que estaria contra o povo.

Mas não! Quem porta o cartaz é um negro. O negro em nome dos quais procuram falar Fernanda Montenegro e Chico Buarque. Para o delírio dos brancos de esquerda da Zona Sul.

Esse país, felizmente, está chegando ao fim.

Por Reinaldo Azevedo

 

A luta de classes da má consciência no Projac e o Wellington

Nova foto Brazilia Day

O texto anterior tinha um trecho meio atrapalhado. Já corrigi, mas destaco aqui. Do ponto de vista da cor da pele, o maior grupo no Brasil, segundo dados do IBGE de 2010, é o de brancos: 47,7%, seguido de perto pelos pardos (mestiços, no mais das vezes, de brancos com negros), com 43,1%. Os negros propriamente são 7,6%. O IBGE segue o critério da autodeclaração.

A realidade brasileira, observei no post anterior, é diferente da americana, onde há apenas 13% de “negros”, já considerados aí os mestiços. Como certa elite branca brasileira — os socialistas da Zona Sul do Rio — pensa pertencer à riqueza cool dos democratas nova-iorquinos, acaba misturando as estações. Antes que Gilberto Braga descobrisse os negros, como quer Fernanda Montenegro, os brasileiros já se haviam descoberto uns aos outros e decidido se misturar.

A guerra final de classes — ou de categorias raciais — no Brasil não será aquela travada no Projac. Nem vai terminar num quadro patético do “Fantástico” chamado “Vai Fazer o quê?”, que confunde exercício de cidadania com bate-boca entre caricaturas em praça de alimentação de shopping.

Quem não perceber que este país está em transe e em trânsito vai dançar. Aliás, tomara mesmo que alguns não percebam. Já atrapalharam demais o debate com a sua boa má consciência.

Volto à foto do Brazilian Day, em que uma frase minha aparece no cartaz. O rapaz que o exibe se identificou: trata-se do brasileiro Wellington Batista Santos, que mora em Hartford, capital do estado de Connecticut.

Por Reinaldo Azevedo

 

Brazilian Day: o cartaz de Wellington em vídeo

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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