Premiado com 100 mil dólares pelo polonês que chamava de ‘pelegão’, Lula promove Lech Walesa a ‘herói da democracia’

Publicado em 03/10/2011 17:42

Premiado com 100 mil dólares pelo polonês que chamava de ‘pelegão’, Lula promove Lech Walesa a ‘herói da democracia’

Protagonizadas por um Lula grávido de autoconfiança e apaixonado por si próprio, duas cenas gravadas em novembro de 2002, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, aparecem no documentárioEntreatos, de João Moreira Salles. Na primeira, a bordo de um jatinho, o candidato embarca rumo aos tempos em que jogava futebol no intervalo do trabalho e surpreende os companheiros de viagem ao informar que só não se tornou profissional porque optou pelo curso no Senac. Em seguida, diz que se inspirava em Didi (aos 11min59 do vídeo) e solta a comparação assombrosa:

─ Eu batia falta igual a ele.

Inventor da “folha seca” ─ desferido com o lado externo do pé direito, a bola viajava a poucos metros do campo e baixava abruptamente ao aproximar-se do gol ─, o bicampeão mundial Didi foi um dos maiores cobradores de faltas de todos os tempos. “Como o Didi?”, Palocci murmura, esboçando um sorriso abortado pela constatação de que o craque do time da fábrica não está brincando. Se o médico não tivesse sido sepultado pelo político, Palocci veria, em vez de uma lorota, um sintoma veemente de mitomania.

Os sinais da disfunção sublinham o palavrório da segunda cena. Agora, no interior do jatinho, a trinca formada por Sílvio Pereira, José Graziano e Wilson  Timóteo Júnior acompanha o monólogo do astro com a expressão contrita de quem testemunha outra aparição de Nossa Senhora:

─ No Brasil, hoje, a única figura política de dimensão nacional sou eu. Mas por que eu cheguei aonde eu cheguei? Porque eu tenho por detrás de mim um movimento. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte da Igreja Católica, da base da Igreja Católica. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte dos estudantes, o PT, a CUT. É muita coisa.

É tanta coisa que basta para explicar, na opinião do candidato, a diferença que o separa do polonês Lech Walesa. Líder da organização sindical Solidariedade, o operário Walesa foi eleito presidente depois da derrubada do regime comunista. Fez um governo medíocre, saiu de cena com baixíssimos índices de popularidade e não voltou a desempenhar papeis relevantes.

─ Ele deu no que deu porque ele não tinha porra nenhuma ─ ensina Lula em tom debochado. ─ Ele não tinha partido. Não tinha nada. Era um pelegão.

Nesta quinta-feira, Lula baixou em Gdansk para receber o prêmio Lech Walesa, criado pela fundação dirigida pelo ex-presidente polonês para homenagear “personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade, democracia e cooperação internacional”. Na discurseira de agradecimento, as críticas ao pelegão foram substituídas por derramados elogios a “um autêntico herói que liderou os trabalhadores da Polônia em sua luta pela democracia”.

Se tivesse parado por aí, Lula teria apenas confirmado que hipocrisia é marca de nascença. Como jamais perde a chance de erguer monumentos ao cinismo, precisou de duas frases para inaugurar mais um em Gdansk. “Fomos muitas vezes tachados como pessoas despreparadas, incapazes de conduzir a luta sindical”, recitou a voz que até a semana passada achava Walesa um exemplo de despreparo para a condução da luta sindical. “Nossos críticos desconhecem, contudo, que os operários não aceitam nem toleram falsas lideranças”.

A drástica mudança de opinião custou exatamente 100 mil dólares, valor do prêmio que Lula foi buscar na Polônia. Ele diz que vai doar a quantia a “um país africano”, que será escolhido por representantes do Instituto Cidadania e da Fundação Lech Walesa. Por enquanto, a bolada está sob a guarda de Paulo Okamoto. Aquele mesmo: o “Japonês”. Se depender do guardião, os africanos devem esperar sentados.

Por que não usar o dinheiro para socorrer alguns dos milhões de nativos que sobrevivem submersos na miséria? Para não admitir a existência de miseráveis no Brasil Maravilha registrado em cartório. Camelô de si mesmo, Lula jura que o seu governo acabou com os brasileiros pobres. Devem ter sido exportados para a África.

Gonçalo Osório: ‘Ambos foram medíocres, mas Walesa sempre lutou pela liberdade do indíviduo. Lula só pensa na autopromoção’


Meu velho amigo Gonçalo Osório,que honra a coluna com seus comentários, fez algumas observações que complementam e enriquecem o post anterior. Confira um texto que, como promete o título da seção, vai direto ao ponto. (AN).

Um pouco de recuerdos, por um amigo que esteve lá. Final de 1980, dezembro. Lech Walesa era um fenômeno internacional, depois de ter liderado uma importante greve nos estaleiros Lenin de Gdansk, contra os dirigentes do PC. A Igreja católica da então Alemanha Ocidental teve uma idéia: juntar os dois sindicalistas com apoio eclesiástico (o da Polônia e o do Brasil, até ali o Papa polonês ainda não tinha retaliado a arquidiocese de São Paulo, que julgava dominada por teólogos da libertação que jamais entenderam a alma do comunismo) num encontro em Roma.

Foi a primeira vez que Lula e Walesa se viram, perto do Natal daquele ano. Detestaram-se mutuamente. Walesa achava que Lula flertava com as ideias que tinham transformado o país dele, Walesa, num vassalo do totalitarismo soviético. Lula achava que Walesa era pouco mais do que um agente da CIA. De fato, Walesa fez um governo medíocre. Mas, ao contrário de Lula, o nome de Walesa ficará nos livros de história como um autêntico líder operário de papel essencial na transformação da Polônia de uma ditadura comunista numa democracia plena.

Lula nada fez de parecido. Aproveitou-se do que havia sido preparado por um antecessor — este sim, FHC, o verdadeiro transformador, ainda que fracassado em boa medida ─ e passou a dizer que inventou o Brasil. Walesa era beberrão, falastrão, chegado a uma bravata, mitômano, embevecido de si mesmo. Como Lula, igualzinho. A diferença é que Walesa sempre teve um norte, uma visão, ligada sempre à liberdade do indivíduo. Lula, se tem alguma visão, é apenas a da autopromoção. Ambos foram presidentes medíocres. A diferença é a que Walesa entra para a história como participante de um processo fundamental. Lula pertencerá a História como o mal que os brasileiros resolveram adotar.

Celso Arnaldo aproveita a descoberta da inverossímil Iriny Lopes para capturar o pior ministério de todos os tempos


Gisele Bündchen o Brasil sabe quem (e como) é há muito tempo. Mas o país descobriu só agora que Iriny Lopes existe, que é ministra-chefe de uma certa Secretaria de Políticas para Mulheres e que ameaça os moradores de Vitória com a ideia de virar prefeita da capital do Espírito Santo. O jornalista Celso Arnaldo Araújo resolveu examinar o restante do primeiro escalão de Dilma Rousseff. E constatou que Iriny é só mais um dos 38 espantos que compõem o pior ministério de todos os tempos. Leia outro grande texto do nosso caçador de cretinices na seção Feira Livre.

Vejam o recado do Celso Arnaldo

Augusto

Дилма става в България тази седмица

Traduzindo: Dilma vai à Bulgária esta semana. A Bulgária é a Mombaça de Dilma. Do confronto entre o dilmês e o búlgaro, mais sangrento do que qualquer luta do MMA, devem resultar grandes emoções. O presidente búlgaro se chama Parvanov. O primeiro-ministro, Boyco.

Abraço

Celso Arnaldo

Preparem-se, amigos. A semana promete. (AN)

O jornalismo chapa-branca nasceu com a imprensa, mas nunca foi tão descarado


No meio do Roda Viva com Orestes Quércia,  um dos entrevistadores limpou a garganta com um pigarro, caprichou na pose de inquisidor implacável e preveniu o alvo sentado no centro da arena:

─ Governador, vou fazer uma provocação.

Tensão no estúdio. Jornalistas se entreolham, intrigados. O entrevistado fica com o costado em riste enquanto agarra com as mãos os dois braços da cadeira. O provocador, que trabalhara na assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes, emposta a voz e vai à luta:

─ Como o senhor se sente ao saber que é considerado o melhor governador que São Paulo já teve?

A provocação era um elogio, espantei-me, já rabiscando um bilhete que chegou no intervalo às mãos do apresentador Jorge Escosteguy, meu  amigo e companheiro de redação de VEJA. Tinha uma frase só: “A provocação que acabamos de ouvir comprova que certas demonstrações de pusilanimidade exigem muito mais coragem do que qualquer ato de bravura na mais terrível das guerras”.  Escosteguy caiu na gargalhada e respondeu em voz alta: “Bota coragem nisso!”

A imprensa chapa-branca sempre existiu, mas naquela época poucos jornalistas oficiais ousavam ir tão longe quanto o entrevistador de Quércia. Pelo menos com gente vendo eram bem mais contidos, ou muito menos descarados do que os que andam confraternizando com a presidente Dilma Rousseff. Nesta quinta-feira, por exemplo, a dupla escalada pelo programa Hoje em Dia, da TV Record, transformou Patrícia Poeta num monumento à agressividade.

Sempre atento, Celso Arnaldo Araújo acompanhou o palavrório que adoçou com perguntas a favor e deslumbrados pontos de exclamação o café da manhã cenográfico. O texto do nosso grande caçador de cretinices está na seção História em Imagens, ilustrado por um vídeo de 2min17. Veja o bate-bola da trinca. Parece mentira. Lamentavelmente para o Brasil que pensa, é tudo verdade.

Com tantas meninas estupradas por aí, a ministra Iriny decidiu que o problema da mulher é Gisele Bündchen. Foto explica


Em 31 de outubro de 2007, uma menina com 15 anos, 1m50 de altura e 38 quilos foi presa por tentativa de furto numa casa de Abaetetuba, cidade paraense a quase 100 quilômetros de Belém. Durante o interrogatório, declarou a idade à delegada de plantão Flávia Verônica Monteiro Teixeira. Por achar o detalhe irrelevante, a doutora determinou que fosse trancafiada na única cela do lugar, ocupada por homens. Já naquela noite, e pelas 25 seguintes, o bando de machos se serviu da única fêmea disponível.

Depois de 10 dias de cativeiro, a garota foi levada à sala da juíza Clarice de Andrade. Também informada de que a prisioneira tinha 15 anos, a segunda doutora da história resolveu devolvê-la à cela. A descoberta do monumento ao absurdo não reduziu a força do corporativismo criminoso: por decisão do Tribunal de Justiça do Pará, ficou estabelecido que o comportamento da juíza Clarice não merecia qualquer reparo. Meses mais tarde, a magistrada foi punida com a aposentadoria compulsória pelo Conselho Nacional de Justiça.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres, uma inutilidade inventada pelo governo Lula, não deu um pio sobre o caso.

O pesadelo ocorrido em 2007  foi reprisado há três semanas na colônia penal agrícola Heleno Fragoso, que abriga 320 condenados em Santa Isabel do Pará, a 70 quilômetros de Belém. Desta vez, de novo com a conivência de funcionários da instituição, uma brasileira de 14 anos ficou quatro dias em poder de cinco presos. “Eu e outras duas meninas que ficaram lá também”, informou a garota em 19 de setembro. “Lá dentro eles obrigaram a gente a usar droga e a beber. Eles esqueceram a porta aberta, porque lá eles deixam a porta trancada. Foi quando consegui fugir”.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres, uma inutilidade mantida por Dilma Rousseff, não deu um pio sobre o caso. Não se sabe qual é a posição que meninas violentadas em cadeias ocupam no ranking de prioridades de Iriny Lopes, ministra-chefe da secretaria.

O que o país acaba de descobrir é que a lista é encabeçada pelas peças  publicitárias da Hope Lingeries protagonizadas por Gisele Bündchen. Lançada no dia 20, a campanha mostra qual é a melhor maneira de transmitir más notícias ao marido. No vídeo abaixo, por exemplo, Gisele primeiro conta que bateu o carro usando trajes pouco sedutores. Esse é o método errado. Em seguida, ela repete a notícia semivestida com uma lingerie da Hope. É muito mais sensual. E é esse o jeito certo. “Você é brasileira, use seu charme”, ouve-se dizer uma voz masculina. Confira:

No terceiro dia da campanha, movida por “diversas manifestações de indignação contra a peça”, Iriny contra-atacou com dois ofícios. Num, comunicou ao empresário Sylvio Korytowski, diretor da Hope, seu “repúdio” ao desempenho da top model. Noutro, pediu ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o Conar, que o comercial fosse suspenso. Como a subserviência e a pressa andam de mãos dadas, já nesta quinta-feira o Conar abriu processo contra Gisele de calcinha e sutiã. Atendeu a queixas formuladas por 15 espectadores. Isso mesmo: quinze.

Quinze mais Iriny: “A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grande avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas”, declama a ministra. “Também reforça a discriminação contra a mulher, o que infringe a Constituição Federal”. Os avanços passam ao largo de cadeias em delegacias e presídios no campo. E o governo só consegue enxergar discriminação num comercial de alguns segundos na TV.

A exemplo dos colegas de primeiro escalão, Iriny não assina sequer um cartão de Natal sem a autorização de Dilma Rousseff. (Embora não consiga lidar com mais de um assunto por vez, o neurônio solitário faz questão de ser consultado até sobre o cardápio das recepções no Itamaraty). É claro que a ofensiva de Iriny foi combinada com quem, depois de se tornar a primeira mulher a abrir uma assembleia da ONU, virou doutora em questões femininas.

O Brasil anda infestado por tumores que crescem sob o olhar complacente do governo. Exploradores da prostituição infantil, pedófilos impunes,  pais que violentam filhos e outras obscenidades vão transformando o país num viveiro de crianças traídas. Com tantas meninas estupradas por aí, Iriny cismou com Gisele Bundchen. Eis um caso que foto explica.

Dilma na selva das palavras


Sempre que Dilma Rousseff viaja, o jornalista Celso Arnaldo Araújo embarca no Blog do Planalto. A turma da redação, a exemplo desta coluna, não traduz para o português o que a presidente diz. Limita-se a reimplantar os erres amputados dos verbos no infinitivo e publica o palavrório da chefe com casca e tudo. Nesta quarta-feira, por exemplo, o blog oficial foi o único que transcreveu em dilmês castiço a entrevista concedida pela patativa da ONU a duas emissoras de rádio do Amazonas. Ao topar com os dois trechos abaixo reproduzidos, nosso implacável caçador de cretinices entendeu que a entrevistada merecia uma internação em caráter de emergência no Sanatório Geral. E justificou a medida com os recados em itálico. Confira:

(1)

Presidente: Vamos inaugurar a nova sede da Casa de Saúde do Índio de Nanmundá.

Jornalista: Inhamundá.

Presidente: Ian…

Jornalista: Inhamundá.

Presidenta: Vocês falam isso com uma facilidade! É Inhamundá, mas não é assim que cês escrevem, viu? Inhamundá. Falar rápido é fácil. Inhamundá. Bom, e desta Casa de Saúde do Índio de Inhamundá – falei certo agora, não é? Inhamundá –, que é onde nós vamos atender os indígenas enquanto… que é onde nós vamos atendê-los enquanto eles estiverem fora das aldeias.

Dilma Rousseff, em entrevista nesta quarta-feira às rádios Difusora e A Crítica FM, de Manaus, conforme transcrito pelo Blog do Planalto, demonstrando que a mesma presidente que deslumbrou Nova York como a Dilâmity (sic) Jane dos tempos modernos também dá aula de fonética indígena no Amazonas.

(2)

Presidente: Olha… outro para você, Patrick. Agora… eu já tomei banho de rio Madeira, viu?

Jornalista: Rio Negro.

Presidenta: Aliás, desculpa, rio Negro. Eu estou falando errado. Eu tomei banho de rio Negro.

Jornalista: Lá no alto do rio que a senhora tomou.

Presidenta: Um abraço, Patrick. Tchau.

(E esclarecendo os ouvintes e os radialistas que estão no estúdio e não ouviram Patrick).

Presidente: Ele me convidou para tomar um banho de rio.

Dilma Rousseff, ao se despedir do repórter Patrick Motta da Rádio Amazonas FM, que participava em off de entrevista aos radialistas de Manaus, mostrando que tem jogo de cintura para escapar de um ousado convite – embora não domine a geografia do Amazonas e seja tão afluente que toma banho de Rio Negro, não no Rio Negro.

(Está provado que o Brasil resiste a qualquer presidente. AN)

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Fonte:
Blog Augusto Nunes

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