Sobre o linchamento de Kadafi: Falemos um pouco sobre a mais primitiva das questões: vida e morte...

Publicado em 20/10/2011 18:41 e atualizado em 21/10/2011 04:59
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Nem uma lágrima pelo governante Kadafi. Lágrima nenhuma! Já pelo futuro…

Muamar Kadafi está morto.
Muamar Kadafi foi capturado com vida, seviciado, exposto à execração pública, humilhado e executado por um tribunal extrajudicial. É a moral do novo poder.
Muamar Kadafi foi assassinado pelos métodos tornados célebres por… Muamar Kadafi.
O homem ligeiro há de pensar: “Provou do próprio veneno”. Ou, como costuma dizer a escória petralha quando envia insultos pra cá, sentindo-se vitoriosa por alguma razão: “Chuuupa (eles são obcecados por isso…) Kadafi!”. O homem sensato há de dizer: triunfou, no fim, o pior Kadafi!
Eu não celebro a morte de ninguém, embora não derrube nem uma lágrima pelo governante Kadafi. Lágrima nenhuma! Já pelo futuro…

No próximo post, publico um texto sobre vida e morte. Eu não tenho o que fazer com a morte. Eu só tenho o que fazer com a vida. Escrevi um dia: “Eu acho que a morte está aquém e além de qualquer contenda. Que moral pode existir na morte? Que ética? Como pode nos sugerir o que quer que seja quem é tão íntimo do absoluto? Como é que um juiz consegue escolher o que comer ou a cor da própria cueca depois de decidir que alguém deve morrer? Se eu arbitrasse sobre a vida, não aceitaria nada além do absoluto”. Por isso não arbitro. Vejam este vídeo sobre os últimos momentos do ex-ditador líbio. Volto em seguida.

Voltei
Como pode alguém assistir a essas cenas e articular palavras de esperança no futuro? Quem senão a linhagem dos carnívoros selvagens, das aves de rapina, vê bons auspícios no sangue e se excita com ele? As celebrações e as divisões dos despojos de guerra me enojam bastante. A luta sempre será mais decorosa do que a vitória. Nesse sentido, aplaudo a presidente Dilma Rousseff, a quem não costumo aplaudir, como sabem: “Não se deve comemorar a morte de ninguém”. Palavras sensatas em meio à falta geral de comedimento.

Não me aterei só ao terreno dos horrores humanos e dos sentimentos, não! Entro, sim, no mérito da questão, como entrei tantas vezes. Os leitores sabem que não tenho o menor receio de comprar brigas, de ser objeto de correntes na Internet, de ser alvo de vagabundos e desocupados, que pensam — ou melhor: não pensam — em bando, como as hienas. Não pertenço a grupo, não pertenço a bando ou partido. Não há um só homem nesta Terra com quem eu concorde integralmente. Os meus amigos sabem que jamais digo “sim” para parecer simpático, progressista, inteligente ou “de companhia” se a minha vontade é dizer “não” — e também o contrário.

Ilegalidade e desordem internacional
Dispersei-me de novo. Volto ao ponto. A invasão da Líbia por Obama, Sarkozy e David Cameron foi ilegal. Nem mesmo houve uma declaração formal de guerra, o que esses países só poderiam ter feito com a autorização de seus respectivos Parlamentos. A ação da Otan desrespeitou a resolução da ONU que autorizava a “intervenção humanitária” (a íntegra está aqui). Já era um texto cheio de absurdos e contradições, uma vez que considerava que só as tropas de Kadafi violavam direitos humanos, o que é uma mentira comprovada.

Sob o silêncio cúmplice da ONU, a Otan decidiu entrar em um dos lados de uma guerra civil. As forças que se uniram contra Kadafi também reúnem carniceiros de diversos matizes, inclusive terroristas que ele próprio recrutara no passado. Ele era brutal? Sem dúvida!, mas estava longe de ser único. Há tirania logo ali em Teerã; há tirania um pouco mais além, em Pequim. Não creio que o trio sonhe apoiar a desestabilização da Arábia Saudita, não é mesmo? Que boa ordem mundial pode surgir do flagrante desrespeito a uma resolução da ONU? Os rebeldes receberam armas dos países ocidentais, contrariando a resolução! O objetivo não era matar Kadafi — mataram, e sem julgamento!, ainda que fosse uma mímica, uma fajutice! A Otan deveria ter-se limitado a proteger civis, mas se concentrou em bombardeios aéreos para que as forças terrestres “rebeldes” avançassem. Mesmo depois de Kadafi estar sitiado, mesmo com o novo governo reconhecido mundo afora e pela ONU, a Otan continuou a atuar como força de ataque. Anteontem, com uma falta de decoro ímpar, Hillary Clinton, a “progressista”, mandando mais uma vez a resolução às favas, fez votos pela morte do ex-ditador.

Novo mundo? Nova Líbia?
Fosse George W. Bush, aquele dos delírios de Arnaldo Jabor, o presidente do EUA, estaria tomando pancada de todo lado. Kadafi nem era, como Saddam, um fator de desestabilização regional e um risco potencial para o mundo. Mas Obama??? Ah, as ilegalidades que patrocinou são vistas como verdadeiros poemas da civilização. Atenção! Bush foi à guerra com autorização do Congresso americano; o Demiurgo, sem ela — recorrendo à falácia de que não era guerra aquilo que promovia. Bush não obteve a resolução da ONU para atacar — e, pois, não atacou em nome das Nações Unidas, e isso quer dizer que não violou resolução nenhuma! O Santo das Esferas, o grande democrata, o estimado líder, bem, este patrocinou um texto para rasgá-lo em seguida. Na campanha eleitoral, já pode incluir em seu currículo: “Ganhei uma guerra!” Um republicano corajoso, se houver, saberá provar que tornou o mundo mais inseguro e mais poroso ao extremismo islâmico — que é, de fato, o que está avançando no Oriente Médio (incluindo o norte da África).

Nem uma lágrima pelo governante Kadafi! Lágrima nenhuma! Mas algumas, sim, pelo futuro.

Da forma como as coisas se deram, EUA, França e Reino Unido se tornaram os responsáveis pela “democracia” na Líbia. Um país estável — ditatorial, como todos os países árabes —, parceiro do Ocidente na luta contra o terror, foi despedaçado. Terão de responder por sua reconstrução.

Quanto ao espetáculo final, a “deglutição” de um Kadafi banhado em sangue, dizer o quê? Ele eliminava seus inimigos em processos extrajudiciais. O mundo o condenava por isso. Ele foi executado num processo extrajudicial por seus inimigos. E o mundo os aplaude por isso.

As minhas condolências! A este “novo mundo”!

Não me peçam para celebrar a morte de um homem sem qualquer julgamento. Eu sinto vergonha.

Por Reinaldo Azevedo

Falemos um pouco sobre a mais primitiva das questões: vida e morte

Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque, foi executado no dia 30 de dezembro de 2006. A ação foi filmada por celular. Pouco depois, a foto do homicida compulsivo com a corda no pescoço começou a rodar o mundo. Em seguida, o vídeo. É este aí abaixo. Volto em seguida.

Voltei
No dia seguinte, 31 dezembro de 2006, sexto mês de existência do blog, escrevi o texto que segue. Muitos devem desconhecê-lo porque não eram ainda leitores desta página. Eu o republico porque expressa uma espécie de credo deste escriba. Eu sou muito duro com aquilo de que não gosto e com aqueles cuja ação reprovo. Mas eu tenho alguns compromissos essenciais — e que não passam pela eliminação do “outro”. Ao contrário! Que ele fale. Reivindico é o meu direito de contraditá-lo. E tenho horror a gente que ataca em bando. Avaliem.

*
Corda no pescoço

Há uma diferença entre mim e alguns que me combatem: não quero meus inimigos com uma corda no pescoço. Eu os quero vivos. Não quero principalmente ganhar a guerra. Quero lutar. É uma opção ética. É uma opção, de certo modo, estética. Ainda que “eles” queiram me eliminar — e àqueles que pensam como eu. Mesmo que eu os presenteie com objetos preposicionados como esse, cheio de elegância, só para declarar a minha animosidade amorosa — fiel, para quem sabe, à etimologia. Porque há de haver uma elegância entre os duelistas, como no filme - conhecem? Ganhar não é nada. Guerrear é tudo. A única vitória está na disputa.

Um esquerdista jamais entenderá do que falo. Ele sempre sabe aonde a história quer chegar. Eu não sei. Como Fernando Pessoa, o céu e a terra me bastam. Os que têm a forma do futuro estão tão certos de tudo! Eu estou certo apenas das minhas opiniões. E, na minha opinião, um homem com uma corda no pescoço é sempre deprimente. E agora direi algo “só para loucos, só para raros” (cito o Hermann Hesse de O Lobo da Estepe): é ainda mais triste um homem que já foi poderoso com a corda no pescoço. É razoável a suposição de que a forca e a força que o matam são mais íntimas do ressentimento do que da Justiça. Às vezes, acho que são sentimentos demais pra nossa condição tão miserável.

Aquela foto de Saddam Hussein com uma corda no pescoço obscureceu minhas idéias luminosas sobre o triunfo de uma civilização, de uma raça — a nossa, a dos humanos vira-latas —, de um modo de vida. Eu sei que ele matou. Eu sei que ele roubou. Eu sei que ele estuprou, ainda que por meio de terceiros. Mas que coisa! Minhas ambições não têm morte. Minhas ambições não têm roubo. Minhas ambições não têm estupro. Tão demasiadamente humano, coloco-me como o último na escola dos que julgam; o último na escala dos que apontam o dedo; o último na hierarquia dos bons. Como o Pessoa do Poema em Linha Reta, todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. Eu não consigo declarar a morte de um pernilongo chato numa casa à beira da praia sem que me assalte um dilema moral. Ele pode até ser tão breve quanto a vida de um pernilongo, ou tão inútil, mas estou inteiro em cada coisa. Estou inteiro naquele tapa. Sou inteiramente eu — e responsável — naquela sentença.

Aí me acusam ou me interrogam: “Mas como foi que um ex-esquerdista, mesmo trotskista, tornou-se tão anticomunista?” Aconteceu porque sei a dor e a delícia de não ter chefes ideológicos, de não poder atribuir a ninguém um gesto, uma sentença, um disparate. Todas as grandezas e todos os lixos do mundo me pertencem. Ah! Os petralhas são tão grandes e tão senhores de si! Eu sou porcaria. Eles celebram cantos de vitória. Eu topo ficar recolhendo os restos, os guardanapos amassados da festa, os copos de refrigerante quente pela metade, os doces só mordiscados e logo desprezados, as concentrações - acho, mas não estou certo, que a imagem é de Musil - das procissões que vão se dispersando. Ali, e este sou eu, onde a fé é mais rarefeita, onde todas as precariedades humanas se juntam num misto de dedicação e descrença. Eu sou este aí: dedicado e descrente, espreguiçando-se quando Deus se anunciou. Incrédulo. Cheio de fé.

Santo Deus! Eu nada tenho a fazer com cordas no pescoço! Nem no pescoço dos meus inimigos. Sobretudo no pescoço dos meus inimigos! Porque, vejam só, encontrasse eu uma justificativa para cena tão patética, eles estariam certos a meu respeito. Mas estão errados. E, por isso, são meus inimigos. Eu sou a vida e seu ofício. E eles contam os seus mártires, os seus heróis, jactam-se de suas paixões homicidas e suicidas. Eu acho a morte aquém e além de qualquer contenda. Que moral pode existir na morte? Que ética? Como pode nos sugerir o que quer que seja quem é tão íntimo do absoluto? Como é que um juiz consegue escolher o que comer ou a cor da própria cueca depois de decidir que alguém deve morrer? Se eu arbitrasse sobre a vida, não aceitaria nada além do Absoluto.

Por Reinaldo Azevedo

Não acredite no que seus olhos vêem e lêem, acredite na versão dos monopolistas das virtude

A turma que capturou Muamar Kadafi, que era um assassino desprezível, e o torturou, humilhando-o, com posterior execução, agora tenta inventar uma justificativa: o ex-ditador teria morrido durante confronto com as forças que lhe eram leais. Estamos vivendo realmente dias muito especiais.

Como se vê no post abaixo, NÃO DEVEMOS ACREDITAR NEM MESMO NAS PALAVRAS DE OBAMA, mas nas suas boas intenções. Guerra, como se sabe, é monopólio da direita republicana, rancorosa e ignorante. Os democratas progressistas fazem outra coisa, ainda que façam a mesma, porque têm o monopólio das boas intenções.

Do mesmo modo, não devemos acreditar nos vídeos que os próprios rebeldes puseram no ar. Eles criaram uma nova versão, edulcorada, para a execução extrajudicial.

Começa bem a democracia líbia.

Por Reinaldo Azevedo
É novilíngua orwelliana ou perdi alguma coisa? Guerra de Obama vira “não-guerra” no Jornal Nacional


Como assim?

Há pouco, no Jornal Nacional, líderes mundiais saudaram a morte de Muamar Kadafi. Tudo conforme o esperado. Não se disse uma miserável palavra sobre os métodos. Segundo deu para perceber, o novo governo está tentando inventar uma boa versão para o linchamento e a execução.

O corresponde Luiz Fernando Silva Pinto disse o seguinte:
“Obama prometeu que não iniciaria mais uma guerra, e a promessa foi cumprida”.

Entendi. Guerra é o que Bush fazia. Obama só faz a paz.

Bem, não é assim, como deixou claro o próprio Obama quando estava no Brasil. Ele estava aqui quando anunciou o início da operação contra a Líbia, que qualquer pessoa atenta ao sentido das palavras chamaria de “guerra”. Se Obama diz que não é, o jornalismo pode escolher entre o fato e a palavra de um governante.

Abaixo, há o vídeo em que Obama anuncia que autorizou a ação na Líbia. Depois dele, segue a transcrição em inglês de sua fala e a tradução. Ao fim de tudo, volto para um comentário.

Good afternoon, everybody.  Today I authorized the Armed Forces of the United States to begin a limited military action in Libya in support of an international effort to protect Libyan civilians.  That action has now begun.

In this effort, the United States is acting with a broad coalition that is committed to enforcing United Nations Security Council Resolution 1973, which calls for the protection of the Libyan people.  That coalition met in Paris today to send a unified message, and it brings together many of our European and Arab partners.

This is not an outcome that the United States or any of our partners sought.  Even yesterday, the international community offered Muammar Qaddafi the opportunity to pursue an immediate cease-fire, one that stopped the violence against civilians and the advances of Qaddafi’s forces.  But despite the hollow words of his government, he has ignored that opportunity.  His attacks on his own people have continued.  His forces have been on the move.  And the danger faced by the people of Libya has grown.

I am deeply aware of the risks of any military action, no matter what limits we place on it.  I want the American people to know that the use of force is not our first choice and it’s not a choice that I make lightly.  But we cannot stand idly by when a tyrant tells his people that there will be no mercy, and his forces step up their assaults on cities like Benghazi and Misurata, where innocent men and women face brutality and death at the hands of their own government.

So we must be clear:  Actions have consequences, and the writ of the international community must be enforced.  That is the cause of this coalition.

As a part of this effort, the United States will contribute our unique capabilities at the front end of the mission to protect Libyan civilians, and enable the enforcement of a no-fly zone that will be led by our international partners.  And as I said yesterday, we will not - I repeat - we will not deploy any U.S. troops on the ground.

As Commander-in-Chief, I have great confidence in the men and women of our military who will carry out this mission.  They carry with them the respect of a grateful nation.

I’m also proud that we are acting as part of a coalition that includes close allies and partners who are prepared to meet their responsibility to protect the people of Libya and uphold the mandate of the international community.

I’ve acted after consulting with my national security team, and Republican and Democratic leaders of Congress.  And in the coming hours and days, my administration will keep the American people fully informed.  But make no mistake:  Today we are part of a broad coalition.  We are answering the calls of a threatened people.  And we are acting in the interests of the United States and the world.

*

Boa tarde a todos. Autorizei hoje as Forças Armadas dos Estados Unidos a começar uma ação militar limitada na Líbia em apoio ao esforço internacional para proteger os civis líbios. A ação começou agora.

Nesse esforço, os Estados Unidos estão agindo com uma ampla coalizão, que está empenhada em fazer cumprir a Resolução nº 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela para a proteção do povo líbio. Essa coalizão se reuniu hoje em Paris para enviar uma mensagem unificada [ao povo Lívio], que junta muitos dos nossos aliados europeus e árabes.

Não é isso o que queriam os EUA ou qualquer um de nossos parceiros. Ainda ontem, a comunidade internacional ofereceu a Muamar Kadafi a oportunidade de declarar um imediato cessar-fogo, que desse um fim à violência contra os civis e ao avanço das tropas. A despeito das palavras vazias do seu governo, Kadafi ignorou a oportunidade. Seus ataques contra o seu próprio povo continuaram. Suas forças avançaram. E o perigo enfretado pelo povo líbio cresceu.

Estou plenamente consciente dos riscos de qualquer ação militar, mesmo que lhe coloquemos um limite. Quero que o povo americano saiba que o uso da força não é nossa primeira escolha, e não é uma escolha que eu faça de modo leviano. Não podemos ficar de braços cruzados quando um tirano diz a seu povo que não haverá misericórdia, e suas forças intensificam os ataques a cidades como Benghazi e Misrata, onde homens e mulheres inocentes enfrentam a brutalidade e a morte nas mãos de seu próprio governo.

Então nós devemos ser claros: ações têm conseqüências, e o mandado da comunidade internacional tem de ser cumprido. É a razão de ser dessa coalizão.

Como parte desse esforço, os EUA vão contribuir com a nossa capacidade única de atuar no front, na missão de proteger os civis da Líbia e tornar possível a imposição de uma zona de exclusão aérea, que será comandada por nossos parceiros internais. E, como eu disse ontem, nós não vamos, eu repito, não não vamos atuar com tropas dos EUA em terra.

Como comandante-em-chefe, eu tenho grande confiança nos homens e mulheres de nossas Forças Armadas, que irão realizar esta missão. Eles carregam consigo o respeito de uma nação agradecida. Também estou orgulhoso de estarmos agindo como parte de uma coalizão que inclui aliados e parceiros que estão preparados para atender a sua responsabilidade de proteger o povo da Líbia e sustentar o mandato da comunidade internacional.

Eu agi depois de consultar minha equipe de segurança nacional e os líderes republicanos e democratas do Congresso. E, nas próximas horas e nos próximos dias, meu governo vai manter o povo americano plenamente informado. Mas não se enganem: hoje fazemos parte de uma ampla coalizão. Estamos atendendo ao chamado de um povo ameaçado. Estamos agindo no interesse dos Estados Unidos e do mundo.

Encerro
Pode-se cair na conversa de considerar que isso não é uma declaração de guerra, como quer Silva Pinto. Obama convocou as Forças Armadas para promover a paz e proteger civis. Afinal, não sendo Bush, ele é incapaz de fazer coisas feias, ainda que na defesa “dos interesses dos EUA e do mundo”.

O discurso também é um tantinho mentiroso. Até os democratas se abespinharam quando descobriram que Obama foi à guerra contra a Líbia, sem autorização do Congresso.

Se um dia Obama aparecer roubando o pirulito de uma criança, alguma o infante terá aprontado… Nem a imprensa americana está mais nessa. E faz tempo.

Por Reinaldo Azevedo
O que se diz em Brasília: Orlando Silva já jogou a toalha; fala-se em Meirelles e Franklin Martins para o cargo…


Está previsto um encontro hoje entre o ministro Orlando Silva, do Esporte, e a presidente Dilma Rousseff. O entorno de Silva já jogou a toalha. Acha que não há mais nada a fazer. No próprio governo, considera-se que o assunto ganhou aquela dinâmica que não tem retorno: as denúncias não vão parar porque os fatos, antes mesmo do depoimento do PM João Dias Ferreira à VEJA, já eram bastante graves. É muito provável que Silva tenha, como dizer?, herdado uma forma de fazer as coisas de seu antecessor, Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, hoje no PT. Mas foi na sua gestão que o caldo entornou.

Dois nomes correm nos corredores de Brasília para substituir Orlando Silva: Franklin Martins (acreditem!) e Henrique Meirelles, que se filiou há poucos dias ao PSD. O primeiro, a despeito de dificuldades, faz sentido. O outro seria Dilma procurando sarna pra se coçar, como a gente diz lá na valente Dois Córregos. O ex-presidente do BC está na presidência do Conselho Público Olímpico (CPO), e já houve sondagens para que assumisse o Conselho da Copa do Mundo de 2014. As relações entre o governo brasileiro e a Fifa, no momento, são as piores possíveis. Ele poderia facilitar essa conversa.

Até há duas semanas, seria algo mais tranqüilo. Agora é filiado ao PSD e peça no xadrez da sucessão na cidade de São Paulo. Caso não se consiga costurar um acordo entre PSDB e PSD, Gilberto Kassab gostaria de tê-lo como candidato. Mas também não é mau negócio para o partido um  Meirelles no Esporte. “Mas e aquela promessa de Kassab de que o partido não aceita ministério?” Bem, não seria difícil explicar que as relações do ex-presidente do BC com o governo são anteriores à sua filiação e que seria uma escolha da presidente, sem qualquer compromisso com a legenda.

A base aliada anda cheia de desassossegos, como sabemos: há descontentamentos para todos os lados. Um PSD ainda que não governista, mas próximo, não seria ruim para Dilma. Quanto a Franklin Martins, ex-ministro da Supressão da Verdade, dizer o quê? Governantes fazem coisas idiotas às vezes, não é? Dilma não está livre desse risco. Não encontro uma só justificativa razoável para isso. A Copa do Mundo está precisando de gente para a negociação, não para o confronto.

Não estou fazendo aposta nenhuma! Só estou informando o que circula em Brasília.

Por Reinaldo Azevedo

Muito interessantes algumas ofensas que recebi por causa dos posts sobre as celebridades que falam como especialistas em agricultura, alimentação, florestas etc. Como sempre, não se contesta o mérito. Alguns furiosos abestalhados me acusaram de usar o texto “só para enganar”.

Não é formidável? Marina Silva e seus famosos contestam a proposta de novo código imputando-lhe coisas que não estão lá. Quando eu provo que não estão, aí, então, eu só quero enganar! Ou, então, eles negam coisas que estão lá. Quando provo que estão…

Entendi a lógica: eles podem atribuir coisas ao texto sem usar o texto e eu não posso defender o texto usando o texto!

Faz sentido ou não faz?

Marcos Palmeira e Wagner Moura deveriam montar “O Rinoceronte”, de Ionesco.

E há outros especialistas. Gisele Bündchen fazendo digressões sobre economia política é tudo de bom! Eu não sou a Ira-ny, hehe! Eu quero mais é Gisele na televisão — de lingerie ou falando sobre Código Florestal, TV por assinatura, física quântica… Colabora com a ecologia da beleza, da graça e do charme. Mesmo dizendo bobagem. A democracia também comporta a besteira. A gente só não é obrigado a concordar.

Já disse alguém que a beleza é uma forma de pensamento. Eu nem concordo muito com isso. Mas a frase é boa.

Podem espernear à vontade. Ou debatem o texto que existe ou chamarei vigarice de “vigarice”. Se artista quer falar como pensador ou militante, merece ser tratado como adulto…

Por Reinaldo Azevedo

Os cristãos criaram as primeiras ONGs na Roma Antiga; os brasileiros as perverteram no Brasil moderno

Já escrevi aqui uma vez: o Brasil inventou a ONGG: Organização Não-Governamental Governamental. É uma vergonha. Uma piada. A razão de ser de uma ONG é tentar despertar a consciência da sociedade para um determinado problema e convidá-la a agir  - em nome da cidadania ou de um princípio qualquer. Na raiz, tem até um quê de interessante: trata-se de uma espécie de revolta pacífica contra o poder e contra o estado.

Sabem quem criou as primeiras ONGs na história da humanidade? Os cristãos, ainda antes de Constantino, quando estavam sob severa perseguição, como demonstra Rodney Stark no livro The Rise of Christianity: a Sociologist Reconsiders History. A sua rede de assistência aos miseráveis, aos desvalidos, explica por que as epidemias, por exemplo, matavam menos os cristãos.

Entre nós, aconteceu um fenômeno perverso. Em vez de as ONGs darem de ombros para o estado pesado, lento, perdulário, gastão, ineficiente, elas estabeleceram com ele uma sociedade: arrancam dinheiro público e o usam com a mesma ineficiência do ente que, por contraste, justifica a sua existência. E, como não poderia deixar de ser, os larápios também se aproveitaram.

Ongueiro se tornou uma profissão. Pior. Misturou-se com proselitismo político. Aqui e no mundo, essas organizações se tornaram extensões da militância de esquerda - no Brasil, com raras exceções, são tentáculos do PT. Voltaremos, certamente, a este assunto. Mas uma coisa é certa: a vida de muita gente melhorou com a pletora de ONGs que anda por aí: a dos ongueiros. Sei de um famoso da área, homem que gosta de se casar muitas vezes. Ao fim de cada matrimônio, a ex-esposa da vez “herda” uma ONG. Melhor pra ele, que não precisa pagar pensão.

O Brasil é assim: safado e banal.
*
Sabem quando publiquei este texto no blog? Em 8 de julho de 2007. Combato esse método de assalto ao e do estado há pelo menos uns 15 anos. Há só uma lei razoável a ser aplicada nesse caso: ONG não pode receber dinheiro público. E pronto! Ou se abre o caminho da ladroagem.

Por Reinaldo Azevedo
Lei dos royalties – Sem economicidade, sem razoabilidade, sem lógica


Eu sei que o debate esbarra em bairrismos, ressentimentos, desentendimentos, desinteligências etc. Mas, vocês sabem, falo o que penso, ainda que para tomar pancadas até dos meus leitores habituais. Acho absurda a proposta da divisão fraterna dos royalties do petróleo. A razão é simples: não é verdade que um setor da economia como esse só gere benefícios. Também traz muitas dificuldades.

O crescimento súbito das cidades cria demanda por moradia, saúde, escola, lazer, infra-estrutura urbana etc. Mais absurdo ainda é que a divisão inclua as áreas já licitadas, o que cassa recursos que o Rio e o Espírito Santo já recebem hoje. É claro que o governo fez corpo mole nessa história — aliás, já vinha fazendo desde a gestão do Apedeuta, que não quis comprar briga com os demais estados na reta da eleição.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), expressam a certeza de que Dilma vai vetar a proposta. Huuummm… Não sei, não! Ambos, especialmente Cabral, estariam um pouco agastados com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, que decidiu não pressionar a presidente. São Paulo também é produtor de petróleo, mais modesto do que os outros dois estados, mas tem grandes reservas do pré-sal. Potencialmente, também perde dinheiro — mas é uma grana mais futura do que presente, à diferença dos outros dois estados.

É… Não sei bem o que Cabral, o sempre buliçoso governador do Rio, esperava. Governistas, afinal de contas, são ele e Casagrande, né? O que esperavam? Uma mãozinha de um representante da oposição para que ambos pudessem pressionar a sua aliada política?

Há ainda uma coisinha que não entendi direito: os estados produtores de minérios, por exemplo, vão querer dividir com as demais unidades da federação os royalties que recebem, ou essa é uma lei que só deve valer para o petróleo?

Vênia máxima, a coisa está errada, ainda que me doa um tantinho defender a mesma tese de Cabral. Acho que o Senado funcionou ontem às avessas. Ele existe para que o equilíbrio federativo seja mantido, com os interesses dos estados devidamente representados. A democracia, em larga medida, é pautada pelo bom senso. Ontem, o que vimos foi a maioria, porque maioria, se unir para tomar algo da minoria porque minoria. A medida não obedece à economicidade, não obedece à razoabilidade, não obedece à própria lógica de existência dos royalties. A rigor, no que diz respeito ao petróleo, eles foram extintos. Isso que se vai distribuir é outra coisa. Os estados produtores terão os malefícios e os benefícios do petróleo; os não-produtores, só os benefícios.

No surrealismo brasileiro, conclui-se, pois, que é preferível não ter petróleo a tê-lo.

Por Reinaldo Azevedo

Código Florestal – Alô, senadores! Artistas têm o direito de mentir só porque são artistas? Ou: Faço um desafio a Wagner Moura, o Tiririca dos “modernos”

O cineasta Fernando Mirelles, ligado à ex-senadora Marina Silva, que finge não ser política, resolveu capitanear uma campanha de artistas e famosos em geral contra o novo Código Florestal. O mais espantoso é que essas pessoas, achando-se muito “democráticas” e “modernas”, comentam um assunto que claramente ignoram e censuram um texto que claramente não leram. Só procedem dessa forma porque abusam de sua condição de “celebridades”, como se isso lhes conferisse alguma sabedoria superior.

Digam-me: qual é a diferença entre eles e Tiririca? Aquele dizia: “Sou palhaço e posso ser deputado”. Estes dizem: “Somos famosos e temos uma opinião abalizada sobre Código Florestal”.

Em alguns casos, o texto é arranjadinho; em outros, nota-se certo improviso. Todos os vídeos que vi trazem besteiras clamorosas. Comentarei vários deles ao longo dos dias. Comecemos por este de Wagner Moura, que parece ter resolvido filmar depois de uma noite agitada com o espectro… Assistam. Eu faço um desafio ao valente em seguida.

Quase ninguém viu o troço — apenas 313 exibições até agora. Estou ajudando a dar publicidade à besteira e à pressão. Não tem importância. Moura é bom ator, é fato. Esse ar meio abobalhado, cute-cute, é coisa estudada, é técnica. Deve seduzir moças que gostam de um descabelado com pinta de desamparado, sei lá. Quando ele vende serviços da TIM — ecológicos, por certo —, já aparece com um ar mais mauriçola…

Eu poderia comentar essa sua fala segundo, vamos ver, a história e a filosofia. Ele diz que “anistia” é palavra bonita, mas, no Brasil, teria sido desvirtuada. Será que o texto é de sua autoria ou foi pensado com a ajuda de Meirelles? Segundo o Houaiss, anistia é “esquecimento, perdão em sentido amplo”. No mundo jurídico, compreende o “ato do poder público que declara impuníveis delitos praticados até determinada data por motivos políticos ou penais, ao mesmo tempo que anula condenações e suspende diligências persecutórias”.

Entendo: Wagner Moura, ou quem quer tenha redigido a estrovenga, acha que anistia é “palavra bonita” desde que ele concorde com ela. Ou desde que anistiados sejam seus aliados, mas jamais os adversários. E isso, pois, seria a negação da anistia.

Artistas podem falar quantas besteiras lhes derem na telha. Jamais pedirei censura! Mas direi: “É besteira!” Mas isso é o de menos.

Desafio
Já que o rapaz decidiu debater a palavra “anistia” ao tratar do texto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), eu lhe dou uma canja publicando aqui o link para a íntegra da proposta aprovada na Câmara. Recomendo que ele leia antes.

O meu desafio é o seguinte: se ele encontrar lá a proposta de “anistia” para desmatadores, eu fecho o blog e nunca mais escrevo uma miserável palavra. Se ele não encontrar, não vou pedir que pare de representar porque sei que, em certos casos, esse negócio vicia, e as pessoas não param mais; passam a ser personagens de si mesmas — é um troço psicanaliticamente complicado, um vício. Não! Ele pode continuar: só se compromete a vir a público para dizer: “Falei besteira; comi pela mão dos outros; acreditei no que me disseram; sou um paspalho; achei que, porque sou artista, posso falar qualquer cretinice, até uma mentira”.

Facilito a sua vida. As regras para a regularização ambiental estão no Capitulo VI do texto, que é claríssimo, entre as páginas 16 e 20. Os proprietários só não serão multados se fizerem compensações ambientais, e isso não é “anistia” (”esquecimento, perdão em sentido amplo”). “Anistiados”, na prática, eles estão hoje. Não se regale na mentira, rapaz, só porque parte expressiva dos brasileiros aprova o seu trabalho de ator! Não use a sua reputação conquistada num campo para fraudar a verdade no outro.

Se topa o desafio, muito bem! Se não topa, é o caso de fechar a boca em nome do decoro, que vale até para artistas. Ou não?

Sim, comentarei a intervenção de outros valentes.

PS - Repetirei o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) nesse particular: “celebridade”, pra mim, são comunidades e famílias que produzem há 100, 200 anos, em áreas de onde os crentes de Marina querem expulsá-las.

Texto originalmente publicado às 20h39 desta quarta
Por Reinaldo Azevedo

20/10/2011

 às 5:49

Mais uma celebridade tenta intimidar senadores afirmando bobagens sobre o Código Florestal; é mais um que não leu o texto

No post acima deste, publico o vídeo com o ator Wagner Moura, uma das celebridades que decidiram falar como especialistas em meio ambiente, agropecuária e Código Florestal. Exponho ali o que há de essencialmente autoritário nessa prática: usar a reputação adquirida numa área para tentar influenciar a opinião de terceiros em outra. NO CASO, TRATA-SE DE UM ATO DE INTIMIDAÇÃO. Na sublinha, vai uma ameaça: “Ou vocês fazem o que a gente quer ou colocaremos vocês na boca do sapo; subimos no palanque”. Wagner Moura, aliás, já está em franca campanha em favor de um candidato do PSOL.

No caso do meio ambiente, são os crentes de Marina Silva — aquela que diz que políticos são os outros, não ela —, capitaneados pelo cineasta Fernando Meirelles. Em tempo: minha origem é o campo; meus pais eram pequenos agricultores, mas estou na cidade há muito tempo. Não sou especialista nesses temas também. Mas eu tomo um cuidado: LEIO ANTES OS TEXTOS SOBRE OS QUAIS FALO E ESCREVO!

Abaixo, mais um vídeo, agora com o ator Marcos Palmeira. Sim, abordarei a fala de utros valentes. Em algum momento do passado, li que ele é fã de agricultura orgânica, ou é um agricultor orgânico, sei lá eu. Tudo pela natureza, menos as rugas na cara, hehe. Tomara que Botox não aqueça o planeta. Mas esse é só o meu veio humorístico. Assistam ao depoimento do artista. Comento em seguida. Ah, sim: também este vídeo não foi visto por quase ninguém: apenas 320 pessoas até agora. Até presto um favor aos caras. Ajudo a divulgar, ainda que para contestar. Faço-o porque as ameaças veladas não são dirigidas ao grande público, mas a um grupo restrito de 81 senadores.

Antes que digam que agora bato boca até com artistas, respondo: a “catchiguria”, com a sua mania de arrumar soluções simples e erradas para problemas difíceis, é uma das responsáveis pela popularização das esquerdas no país. Elas estão aí, fazendo as maravilhas que vemos, assaltando criancinhas. Ao vídeo.

De fato, Marcos Palmeira não entende. Mas não entende é o funcionamento da democracia. Poder-se-ia perguntar: “Se já existe um Código de Processo Penal, por que a gente precisa votar um novo?” Fosse assim, as leis não mudariam nunca. Teríamos inventado o Dia da Marmota Jurídica.

É a velha história! Eu gosto de ator que representa, dançarino que dança, cineasta que faz filme, essas coisas. Se eles decidem fazer política ou filosofar, então têm de ser chamados na chincha segundo o critério da nova atividade que abraçaram. Segundo Palmeira, “se dez ex-ministros do meio ambiente defendem o antigo Código Florestal, é porque alguma coisa tem de importante nisso”.

Heeeinnn? Pois é. Ator não precisa falar com lógica, basta decorar o texto e ser convincente. Já um pensador político, que é a categoria em que ele passou a operar, está obrigado a juntar lé com lé e cré com cré. Caberia perguntar: quer dizer que dez ex-ministros defendem um código que eles próprios não conseguiram fazer com que fosse aplicado? Resolveram transformar, então, a própria incompetência em militância? Ora, os desmatamentos foram produzidos sob a vigência, justamente, do antigo código, inclusive na gestão de Marina Silva, certo?

O que o “orgânico” — menos nas rugas — Marcos Palmeira quer dizer com “pseudo-agricultura” e com “um pseudo-alimentação brasileira”? Por que ele usa os dedinhos para fazer aquela mímica das aspas? Aliás, se essas aspas gestuais querem significar o contrário do que se pronuncia, então “pseudo-agricultura” COM ASPAS quer dizer agricultura de verdade SEM ASPAS, certo? Mas isso é só lado tonto do clown.

Então o país que produz a comida mais barata do mundo tem uma “pseudo-agricultura”? Ou este senhor diz qual é a agricultura de verdade, ou eu sou obrigado a chamá-lo de imbecil. Então a nossa agricultura e a nossa pecuária não servem para alimentar o povo brasileiro? Quem o faz? O que come a brasileirada? Nasceriam arroz, feijão, milho, carne e batata nas gôndolas do Pão de Açúcar e do Carrefour? Terá esse gênio da arte dramática se interessado, alguma vez, em saber o que é balança comercial? Terá ele noção de que sua boa vida, em último caso, deriva do agronegócio, que garante o superávit do Brasil, ou o país já teria ido à breca? Saberá ele que as reservas cambiais brasileiras, que garantem a relativa estabilidade do país, deriva do acúmulo de dólares nas relações de troca com outros países e que o agronegócio responde quase sozinho por essas “sobrinhas”?

Palmeirinha, se eu fosse como tu, também usaria os dedinhos para fazer aspinhas. Mas não sou. Faça como eu: use os dedinhos para folhear livrinhos e para se instruir e, assim não dizer bobagens sobre assuntos que ignora.

Também ele não leu a proposta de Aldo Rebelo. Também para ele publico o linkdo texto de Aldo Rebelo. É uma maravilha que ele diga, quase escandindo sílabas, coisas como “tem de preservar mata ciliar, sim”. Claro! Está no Inciso I do Artigo 4º do texto, página 4!!! O ator deveria confessar: NÃO LEU O TEXTO. Está falando o que o cineasta Fernando Meirelles mandou que falasse. São todos crentes da Religião Marineira. Ele segue adiante: “Você não pode plantar em topo de morro”. Ora, claro que não! A proibição está no Inciso VIII do mesmo Artigo 4º, na página 5! Palmeirinha, se eu fosse como tu, não usaria os dedinhos para pesquisar… Mas eu pesquiso, entende?

Ele prossegue:
“O pequeno produtor tem de ser preservado, claro; podemos abrir uma grande discussão, mas não ser empurrado goela abaixo esse novo Código Florestal, que beneficia a poucos. Vamos colocar em prática o código que já existe; assim, os desmatadores vão ter de pagar por isso”.

Não sei se sinto pena da ignorância ou raiva da prepotência de quem fala com tanta convicção sobre o que não sabe. Alguém viu os grandes produtores de papel, soja ou os grandes frigoríficos reclamando do velho código ou pedindo um novo? Não! Os grandes,  agroindústria propriamente, já estão regularizados. Os únicos que podem ser beneficiados pelo novo texto são os pequenos proprietários, que, não obstante, ele diz querer “preservar”. Como? Expulsando-os de sua terra?

O que Marina Silva não aceita — e este pobre repetidor de verdades alheias pronuncia — é a existência de áreas rurais consolidadas em locais considerados de preservação permanente. Sim, existem produtores rurais às margens de rios, em encostas e até em topos de morros — aliás, existe topo de morro com Cristo Redentor e encostas com milhões de favelados no Rio. Palmeira vai querer removê-los ou abre exceção nesse caso? Mas sigo. SÃO PEQUENOS AGRICULTORES, PEQUENÍSSIMOS, CUJAS FAMÍLIAS ESTÃO NESSAS REGIÕES, MUITAS VEZES, HÁ MAIS DE 200 ANOS.

A continuidade do manejo das áreas de preservação permanente consideradas áreas rurais consolidadas depende de uma serie de requisitos e compensações que estão previstas no Artigo 30 do Código proposto por Aldo Rebelo. Marcos Palmeira, um crente de Marina Silva, está querendo expulsar de sua propriedade milhares de famílias. Trata-se de uma militância contra os pequenos, não contra “grandes” ou “poucos”. Estes não estão nem aí: topam o velho código ou o novo. Para eles, é indiferente.

De resto, que história essa de “goela abaixo”??? Aldo Rebelo debateu esse texto pelos quatro cantos do país. Talvez tenha se esquecido de reunir com as artistas no Leblon ou com os “pensadores” da Vila Madalena, em São Paulo… Uma falha grave!

Palmeira quer ser a favor do Brasil? Comece por ler o texto sobre o qual fala para não dizer bobagem. Comece por reconhecer que o Brasil tem hoje uma das agropecuárias mais competitivas do mundo, que é quem garante a melhoria de vida do povo brasileiro. E tudo isso sem aspas.

E comece por jamais repetir esse gesto idiota de botar aspas nas palavras com os dedinhos, sugerindo uma sagacidade que inexiste. E, bem, não adianta me xingar. Quero que demonstrem que estou errado RECORRENDO AO TEXTO DE ALDO REBELO, NÃO ÀS ESCATOLOGIAS DE MARINA SILVA.

PS - Pus-me diante do computador para desconstruir as tolices ditas por Fernando Meirelles. Fica para mais tarde. Foram os irritantes dedinhos de Palmeira fazendo suas aspinhas e chamando a agricultura brasileira de “pseudo”, com seu rosto imexível, porém arrogante, que me fizeram escolhê-lo.

Por Reinaldo Azevedo
Na coluna  Direto ao Ponto, de Augusto Nunes: 

Lula foi chefe de governo e de um bando. Em janeiro, só deixou de chefiar o governo

Foi Lula quem propôs a Dilma Rousseff a permanência de Orlando Silva e Wagner Rossi, a nomeação de Antonio Palocci, a recondução de Alfredo Nascimento e a anexação do Ministério do Turismo ao latifúndio de José Sarney, um Homem Incomum. Dilma conhecia todos muito bem. (“Melhor que eu”, disse Lula mais de uma vez). Apesar disso, ou por isso mesmo, a sucessora convocou os cinco prontuários para o primeiro escalão. Proposta de chefe é ordem.

Quando se descobriu que o estuprador de contas bancárias também é traficante de influência, o ex-presidente baixou em Brasília para assumir o comando da contra-ofensiva dos pecadores. Como a mão estendida a Palocci acabou num abraço de afogado, foi para o exterior ganhar dinheiro com o ofício que inaugurou: é o único palestrante do mundo que cobra 100 mil dólares para repetir durante 40 minutos o que sempre disse de graça.

Escaldado pelo fiasco, o protetor de bandidos de estimação passou a agir sem dar as caras na cena do crime. Se dependesse dele, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi e Pedro Novais ainda estariam infiltrados na Esplanada dos Ministérios. Nesta terça-feira, numa conversa por telefone com Orlando Silva, Lula disse ao ministro pilhado em flagrante que os quatro despejados continuariam no emprego se tivessem seguido à risca as prescrições da Teoria do Casco Duro. E recomendou ao companheiro que resista no cargo ao aluvião de provas e evidências.

O Código Penal, normas éticas, valores morais, o sentimento da honra, pudores, vergonha ─ nada disso tem importância para o inventor do Brasil Maravilha. Lula só consegue enxergar duas espécies de viventes: os integrantes da seita que conduz e o resto. Os primeiros são absolvidos liminarmente de todos os crimes que cometem e das abjeções que protagonizam. Os outros são inimigos ─ e como tal devem ser tratados.

O informante do Caso Watergate que ficou famoso como Deep Throatavisou que a dupla de repórteres do Washington Post chegaria à verdade caso seguisse o dinheiro. Para chegar-se à fonte da impunidade que afronta o Brasil decente, basta seguir os afilhados em apuros. Todos levam ao mesmo padrinho. Durante oito anos, Lula acumulou a chefia do governo e a chefia de um bando. Em janeiro, só deixou de chefiar o governo.

(por Augusto Nunes)

O irmão de Khadafi não tem nada a dizer?

O título do texto aqui publicado em 2 de julho de 2009, e agora reproduzido na seção Vale Reprise, fez o resumo da ópera: Lula conta que é irmão do ditador no fim da feira das abjeções africanas. A saga de Muammar Khadafi acaba de chegar ao fim. O que o ex-presidente tem a dizer sobre a perda de alguém que lhe era tão caro?


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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1 comentário

  • Janio Matheus Rossi Maringá - PR

    Concordo com a opinião do Reinaldo Azevedo sobre a execução do Muamar Kadafi. Que estado irá emergir desta barbarie e linchamentos que esta acontecendo? Será que prevalecerá a vingança em vez da justiça?

    Não consigo entender a lógica ( ou melhor a falta desta) de executar uma pessoa indefesa, totalmente dominada.

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