Sobre a desocupação da reitoria da USP: o jogo dos sete acertos. Onde está o povo nesta foto?

Publicado em 08/11/2011 17:59 e atualizado em 09/11/2011 06:24
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

O jogo dos sete acertos. Onde está o povo nesta foto?

Vejam esta foto de André Lessa, da Agência Estado.

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1 - De um lado, o privilégio inaceitável; de outro, o povo,

2 - De um lado, a democracia usurpada; de outro, a Constituição.

3 - De um lado, o exercício da vontade pela violência; de outro, o estado de direito.

4 - De um lado, o desperdício do dinheiro público; de outro, a sua aplicação eficiente.

5 - De um lado, o privilégio de minorias; de outro, a vontade da maioria.

6 - De um lado, o uso ilegítimo da força que oprime; de outro, o uso legítimo que liberta.

7 - De um lado, séculos de opressão; de outro, a Aurora da Lei.

É evidente que, na foto, o povo veste farda.
É evidente que, na foto, povo é a Polícia Militar.
É evidente que, na foto, quem se coloca como bastante procuradora das liberdades civis é a PM.

Revejam a imagem. Os policiais estão sendo provocados, instados a reagir, a quebrar o nariz desses babacas. Mas foram devidamente treinados para suportar suas tolices.

O bobinho que resolveu oferecer uma flor ao policial poderia estar fazendo uma referência à Revolução dos Cravos, em Portugal. Para tanto, precisaria ter mais informação, não? Ele certamente se deixou inspirar pela abertura daquela ridícula novela do SBT, “Amor e Revolução”. É um misto de Karl Marx com Silvio Santos.

Hoje é um bom dia para lembrar a Itália — ainda falarei sobre a queda de Berlusconi, o bufão. Pier Paolo Pasolini, cineasta italiano assassinado em 1975, era de esquerda. Nos embates do começo dos 70 entre estudantes extremistas e a polícia, deixou irados setores ditos “libertários” de seu país ao afirmar o óbvio: no confronto entre estudantes e soldados, o povo eram os… soldados!

Quase 50 anos depois, assistimos a essa patetice no Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

Parabéns pelo show de competência democrática, Polícia Militar de São Paulo!

Recomeço o trabalho nesta tarde ainda ensolarada dando os parabéns à Polícia Militar de São Paulo pelo show de competência democrática na Universidade de São Paulo.

A USP foi, sim, palco de violência.

Violência contra o patrimônio público. E os protagonistas foram os invasores.

Violência contra a imprensa livre. E os protagonistas foram os invasores.

Violência contra o direito de ir e vir. E os protagonistas foram os invasores.

Ah, claro! Fernando Haddad, ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo já faz proselitismo vagabundo sobre o episódio. Falo sobre ele daqui a pouco.

Por Reinaldo Azevedo

Aqui, os “livros” dos terroristas que estavam “acafofados” na Reitoria

Na delegacia, alguns ditos “estudantes” — e, acreditem, seus respectivos papais e mamães — reclamam da “truculência” da Polícia, o que é uma mentira óbvia, e dizem que suas armas são os livros. Vejam isto.

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São coquetéis molotov encontrados no prédio. Também havia um galão com gasolina. Não é a primeira vez que vagabundos guardam substâncias inflamáveis para “enfrentar a repressão”. As esquerdas têm conseguido impedir o Brasil de aprovar uma lei que puna o terrorismo, embora a Constituição o considere crime inafiançável e imprescritível.

É isto: eles se prepararam para ações terroristas. Se a PM não os surpreende no fim da madrugada, não teriam hesitado em incendiar o prédio, vai saber com quais conseqüências.

Por Reinaldo Azevedo

Aqui, a utopia e o talento da canalha

Pichação da parede da Reitoria: eis a utopia dos delinqüentes (Foto de Lalo de Almeida/Folhapress)

Pichação da parede da Reitoria: eis a utopia dos delinqüentes (Foto de Lalo de Almeida/Folhapress)

Os vagabundos deixaram um rastro de nojeira na reitoria da USP. Vejam esta pichação, uma coisa que mistura, assim, um sub-Basquiat com Marcola, o chefão do PCC.

Por Reinaldo Azevedo

Lupi desafia: “Só saio abatido a bala; Dilma me conhece; eu duvido que ela me tire”

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, decidiu falar a linguagem aberta da chantagem. A bola está com Dilma Rousseff. Após encontro com a bancada do PDT, que ameaça romper com o governo se ele for demitido, bravateou:

“Alguns acharam que era melhor que eu tivesse saído. Para me tirar, só abatido a bala. Tem de ser uma bala pesada, porque sou pesadão”.

Mas ele achou que era pouco. Disse conhecer a presidente Dilma e afirmou que ela também o conhece, emendando:
“Eu duvido [que ela me tire], pela confiança que ela me tem. Eu acho pouco provável!”

É a fala de quem acha que tem bala na agulha, não é? De quem acha que pode abater os outros a bala…


No “Jornal Nacional”, fascistas encapuzados viraram “os meninos”!!!

Uma coisa é certa. Os invasores da Reitoria da USP não poderão reclamar de parcialidade na cobertura do Jornal Nacional. Não ao menos de parcialidade contra eles. A abordagem foi francamente simpática àqueles que estavam ali cometendo uma penca de crimes. Que dias estes, não?

O primeiro momento notável foi quando o repórter José Roberto Burnier chamou os invasores de “os meninos”, corrigindo-se depois, ou fazendo sinonímia: “os estudantes”. Em seguida, foram exibidos coquetéis Molotov com o seguinte texto:“A polícia diz que encontrou…” É??? Por que acreditar na Polícia em vez de acreditar nos “meninos”?

A propósito: um dos “garotinhos” que falaram, acusando “arbitraridade” (sic), foi Rafael Alves. É aquela criança de 29 anos que foi jubilada depois de sete anos sem concluir o curso e que voltou à universidade em razão de um novo vestibular.

Em seguida, o repórter da Globo entra na reitoria e mostra um pouco, bem pouco, da área depredada, destacando que duas salas foram deixadas intactas. Os “meninos”, em suma, não são assim tão maus! Em nenhum momento informa-se ao telespectador que os “estudantes” são militantes de partidos e correntes como PCO, LER-QI e tendências outras.

Não custa lembrar: ontem à noite, “os meninos” agrediram uma jornalista e feriram dois cinegrafistas a pedradas. Um deles teve a câmera danificada. Outro foi derrubado. Nem uma miserável palavra a respeito.

Na seqüência, o Jornal Nacional exibiu, com narração, os doces estudantes tentando entregar flores aos policiais. Um momento de poesia. Mais: um deles leu um trecho de um manifesto com acusações contra a PM, e, olhem que coisa!, um representante da PM apareceu… tendo de se defender. Ao fim, o governador Geraldo Alckmin fez uma declaração muito sensata (aquela que se lê pots abaixo). Alguém dirá: “Isso é que é isenção!”

Entre as leis democráticas e o crime, qual é a isenção possível? Depois da reportagem, vai ter gente querendo adotar “os meninos”, esses poetas da bagana ideológica.


Ei, professores de esquerda! Deixem as crianças em paz!

Sabem a tal vergonha alheia? É o que senti ao ver estas fotos. E peço que vocês façam comentários, digamos, em tese, evitando a fulanização. Depois de depredar o espaço público, de rasgar a Constituição, de resistir a uma ordem judicial, essa gente ainda é capaz de se dizer “perseguida”.

Vejam três imagens de Danilo Verpa, da Folhapress. Numa delas, um pai consola o filho — o ferimento no pé do rapaz não foi feito pela PM, é bom deixar claro. Não se tocou no fio de cabelo nem de remelento nem de Mafaldinha. Depois o bebezão cai no choro mesmo, aninhado no peito do pápi. Na terceira foto, nós já o vemos no ônibus que levaria os detidos à delegacia, em plena militância. Volto depois.

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Voltei
Posso fazer um pouco de memória pessoal? Não tenho como fugir. Eu tive problema com a tal “repressão” no primeiro colegial — com um agente do Deops infiltrado no meu colégio, como sabem todos os professores felizmente vivos e fortes que deram aula no Colégio Amaral Wagner, em Santo André, na década de 70. A minha mãe nem ficou sabendo. Embora fossem tempos bicudos — 1976!!! —, não pedi penico. Vivi uns bons tempos com frio na barriga, e ainda lembro o peso da mão fechada daquele “fdp” dando soquinhos no meu ombro e escandindo sílabas para me dizer como eram as coisas… Do mesmo modo, quando dormia na Reitoria, dizia que tinha ficado na casa da namorada, de amigos etc. “Mãe e pai” para chororô? Ah, tenham paciência! Não é por acaso que lutávamos por democracia, e eles lutam para poder fumar maconha com proteção policial!

Eu sou pai. Compreendo, sim, paternalmente falando, o cuidado daquele senhor. Mas tenho cá certa suspeita de que aquele que socorre um filho que está, flagrantemente, desrespeitando as regras da democracia está moralmente obrigado, mais tarde, a lhe passar um corretivo. Se o fará, não sei. Quando chamo essa gente de “revolucionários do sucrilho e do toddynho”, faço algo além de uma caricatura, não é mesmo?

Não deixo de ter pena dessa garotada. São, se vocês quiserem saber, vítimas da cultura petista no poder e dos professores petistas do ginásio, do colégio, do cursinho e, por óbvio, da universidade. Todos eles são treinados, coitados!, a pensar velharias: na cultura, na política, na vida!

Olhem lá a camiseta do garoto. “The Wall”, do Pink Floyd, em 2011!?!?!? É um álbum de 1979, de quando eu tinha 18 anos — o rapaz ali leva jeito de que já tem mais do que isso. Sempre lembrando que, aos 18, eu tinha carteira de trabalho assinada havia três!!! Se ele está lá chorando no ombro do “véio” em pleno dia útil, alguém ganha a vida por ele: o pai. Alguém paga a sua universidade sem que ele produza um miserável bem: os pobres que trabalham e que jamais estudarão na USP.  É, eu confesso que gostava de Pink Floyd em algumas situações que não narrarei aqui. Sabem como é, né? Se o mundo é, assim, tão cruel, gente, então o negócio é o “liberou geral”. Sempre tinha aquela que caía na conversa… Escrevi aos 18, num jornaleco meio alternativo, uma crítica ao álbum: elogiei a música, mas afirmei que me parecia um disco com temática já um tanto superada… Aos 50, vejo lá o nosso revolucionário com o camisetão e cantarolo cá comigo:

We don’t need no education
We don’t need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave them kids alone!
All in all it’s just another brick in the wall.
All in all you’re just another brick in the wall.

É isto!

Os alunos não precisam mais da educação desses esquerdistas aloprados.
Os alunos não precisam mais do controle ideológico desses celerados.
Ei, esquerdistas, deixem as crianças em paz!

Em tempo: vejo lá a imagem de Mao Tse-Tung no pára-brisa. Pois é… Em que outro lugar do mundo, a não ser em certos nichos das universidades públicas brasileiras, o assassino de 70 milhões de pessoas seria considerado um guia?

Em homenagem ao rapaz chorão, o vídeo com a música de Pink Floyd. Chegou a hora de derrubar os muros da mistificação esquerdopata.

Alô, paulistanos! De um lado, a Constituição, o estado de direito e a ordem; de outro, o flerte com o autoritarismo, com a violência e com a desordem. Basta comparar! Ou: A aula de democracia que Alckmin dá a Haddad

“Eu entendo que os estudantes [invasores] precisam ter aula de democracia. Precisam ter aula de respeito ao dinheiro público e respeito ao patrimônio público. Não é possível depredar instituições que foram construídas com dinheiro da população que paga impostos. Precisam ter aula de respeito à ordem judicial. É inadmissível isso! É lamentável que tenha que chegar ao ponto de a Policia ter que ir lá para fazer cumprir uma decisão judicial, mas ela já foi feita”.

A declaração acima é do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

Ele também parabenizou a ação da Polícia Militar, que mostrou “sua capacidade de trabalhar nessas situações de alto estresse”.

É isto mesmo! Um dos sonhos dourados do PT é instalar baguncismo em São Paulo. Que fique bem claro ao eleitorado paulista, especialmente paulistano. Há as forças da lei, da ordem e da democracia, com as quais se alinham Alckmin e a competente Polícia Militar. E há aqueles, como Fernando Haddad, que piscam para o caos, para a desordem, para a violência, para a anomia, para o confronto.

A rigor, é o que essa gente sempre faz na política. E o objetivo é um só: chegar ao poder.

Por Reinaldo Azevedo

Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura, se solidariza, na prática, com os fascistas encapuzados da invasão, da pichação, da depredação, da facilitação ao narcotráfico!

Fernando Haddad é aquele ministro da Educação que acha impossível fazer exames de acesso à universidade sem vazamento. Já protagonizou três vexames no Enem. É aquele ministro da Educação que inaugura universidades federais com saliva e papelório. As que não existem são uma maravilha. As que existem, como a Rural de Garanhuns, assistem ao esgoto correndo a céu aberto. É aquele ministro da Educação em cuja gestão se aprovou um “material didático” para as crianças adolescentes sustentando que a bissexualidade era uma forma superior de expressão amorosa porque, afinal, os bissexuais teriam “50% a mais” de probabilidade de ter um “peguete” no fim de semana. Ainda que superioridade fosse, a probabilidade seria 100% maior, não 50%. Haddad mobiliza, como a gente vê, os analfabetos morais e os analfabetos matemáticos, que seguem o mestre.

Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, o sujeito cuja existência política depende do dedaço de Lula, à moda dos coronéis de antigamente, resolveu falar sobre os vagabundos da USP. E afirmou o seguinte:
“Não se pode tratar o campus da USP como se fosse uma ‘Cracolândia’ e não se pode tratar a ‘Cracolândia’ como se fosse um campus da USP. Temos de compreender que, em se tratando de um campus universitário, ter todo o cuidado na interação com a comunidade universitária, com alunos, professores ou funcionários.”

É a fala de um burguesote de esquerda.
É a fala de um reacionário.
É a fala de alguém que acha que polícia existe só para reprimir pobre.

Haddad está tentando acenar, a um só tempo, para dois eleitorados diferentes. 1) Aos indignados com a existência da Cracolância, está sugerindo: “Mandarei, se eleito, a polícia pra lá”, como se isso dependesse da Prefeitura. Não depende! É mentira! A rigor, dadas as leis que temos, nem o governo do Estado pode retirar à força os viciados das ruas. Ademais, haveria um monte de ONGs e padres do PT, todos babás de drogados, para impedir o trabalho.  2) E Haddad fala, também, à esquerda do miolo mole de sempre, que se dá todos os direitos.

“Interação com comunidade”? E quem foi que deixou de “interagir”? Quem não quer a Polícia na USP? Reitero: a extrema esquerda, uma minoria ridícula, e os narcotraficantes, já que a Cidade Universitária era — no momento, a ação está prejudicada — um ponto importante de redistribuição de drogas, uma espécie de entreposto comercial.

De resto, quem é esse para falar? Metade dos campi federais, entre universidades e escolas técnicas, ficou QUATRO MESES em greve. Não foram quatro dias! Foram quatro meses!

O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo se solidariza, na pratica, com os fascistas encapuzados do coquetel Molotov, da pichação, da destruição do patrimônio público, da facilitação ao tráfico de drogas e da violência.

José Aníbal: “Haddad quer com invasor o mesmo tratamento que ele dá a erros do Enem. É frouxo!”

José Aníbal, secretário de Energia de São Paulo e outro dos pré-candidatos tucanos à Prefeitura, também comentou a frase de Fernando Haddad, segundo quem a USP não pode ser tratada como a Cracolândia, e a Cracolândia, como a USP.

“Esse ministro está tão perdido que confunde o Itaim Paulista, um dos bairros mais carentes de São Paulo, com o Itaim Bibi, de alta classe média. Ao dizer o que disse sobre a USP e a Cracolândia, revela o mesmo desconhecimento de São Paulo; por isso fala tanta bobagem.

Na verdade, ele quer para aquela meia-dúzia de invasores da USP o mesmo tratamento leniente que dispensa aos sucessivos descalabros do Enem. Ele é um frouxo. Ele está se esquecendo que o prefeito de São Paulo será eleito pelo voto direto de mais de sete milhões de pessoas; ele está achando que basta ser eleito por um só.”

Andrea Matarazzo: “Haddad demonstra desconhecer tanto a USP como a cidade de São Paulo”

Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, afirmou, sobre os eventos da Universidade de São Paulo, que “não se pode tratar a USP como se fosse a Cracolância e a Cracolância como se fosse a USP”. Resolvi ouvir outros pré-candidatos à Prefeitura. Leiam o que diz o tucano Andrea Matarazzo, secretário de Cultura do Estado de São Paulo:

“Quem representava a vontade do povo na USP, nesta manhã, era a Polícia Militar, que estava lá para executar uma ordem judicial. E a PM atuou com lisura, desembaraço, serenidade e competência. Não houve violência da Polícia, só dos invasores, inclusive contra a imprensa, o que nos remete aos piores tempos da ditadura. A força garantiu a democracia e o direito de mais de 100 mil pessoas da comunidade uspiana. A democracia não comporta a ação daqueles vândalos.

Quanto à Cracolândia, há muito defendo a internação compulsória dos viciados, muitos deles, infelizmente, portadores de graves deficiências mentais. Mas, para tanto, precisamos mudar as leis. Luto por isso. Lamento que o governo federal tenha prometido um programa nacional de combate ao crack e, depois de onze meses, nada tenha saído do papel. Há só promessas vazias.

Lamento as declarações do petista. Revelam que ele ignora a realidade da USP, o que é grave para um ministro da Educação, e também da cidade de São Paulo. Alguns ditos ‘progressistas’ brasileiros são realmente únicos no mundo: defendem tolerância com práticas fascistas porrete na cabeça dos pobres.”

Por Reinaldo Azevedo

Tropa de Choque desentoca fascistas encapuzados da Reitoria da USP

Por Pedro Rocha, no Estadão Online. Comento em seguida:
Teve início às 5h10 desta manhã de terça-feira, 8, a ação de reintegração de posse do prédio da reitoria da USP, ocupado desde a madrugada do último dia 2 por dezenas de estudantes que exigem o fim da presença da Polícia Militar dentro do campus, localizado na zona oeste de São Paulo.

São dois helicópteros Águia sobrevoando a região e 400 policiais da Tropa de Choque no local. Munidos de cacetetes, escudos e armas com balas de borracha, arrombaram um portão que dá acesso ao prédio e foram de encontro aos estudantes. Bombeiros também foram acionados para intervir caso haja necessidade de socorro a eventuais feridos.

O prédio, de seis andares, foi cercado por completo. Às 5h25, boa parte do estudantes já havia sido retirada pacificamente. Um grupo de estudantes realiza protesto, com palavras de ordem contra a ção da PM, em frente ao prédio. Dois estudantes tentaram furar o bloqueio feito pelos PMs. Um deles foi detido.

Cerca de 60 estudantes, até as 6h10, ainda estavam dentro do prédio, tomado pela PM, e devem ser encaminhados para a delegacia. O efetivo empregado pela corporação, segundo o comando no local, foi necessário para garantir a integridade física de todos.

“Esse efetivo foi deslocado para a universidade justamente para que tudo ocorresse pacificamente. Um grupo de estudantes será encaminhado ao Distrito Policial”, afirmou a coronel Maria Aparecida de Carvalho.

Comento
Entendo que a proposta feita pelos representantes da Reitoria, segundo a qual os marginais encapuzados não seriam punidos ou processados, valia para o caso da desocupação pacífica. Já me parecia absurda — não cabe à direção da universidade conceder anistia, não é mesmo? Com a necessidade da intervenção da força policial, parece-me evidente que aquilo não vale mais.

Consta que 66 foram detidos. Para esses vagabundos, nada menos do que a Justiça. Há imagens da bandidagem da USP que lembram a fuga dos traficantes da Vila Cruzeiro para o Morro do Alemão.


Delinqüentes agridem jornalistas na USP; são iguais aos traficantes do Rio que mataram cinegrafista. Cadeia para esses fascistas encapuzados!
Grupo de estudantes que ocupa reitoria da USP entra em confronto com membros da imprensa (Eduardo Anizelli/Folhapress)

Grupo de estudantes que ocupa reitoria da USP entra em confronto com membros da imprensa (Eduardo Anizelli/Folhapress)

A canalha que ocupava a Reitoria agrediu ontem à noite os jornalistas que estavam, e estão, na USP fazendo o seu trabalho. Depois da redemocratização do país, é a primeira vez que representantes da imprensa são agredidos de maneira organizada. Segundo informa a Folha Online, um cinegrafista caiu após ser empurrado, e um fotógrafo teve a câmera arrancada e machucou as mãos. Ele foi levado ao hospital. Os invasores jogaram pedras contra os jornalistas. Outro cinegrafista se feriu. Publiquei este post à 1h06 de hoje. Agora acrescento algumas coisas.

No que concerne ao direito de ir e vir, pouca coisa distingue esses delinqüentes encapuzados dos traficantes que mataram Gelson Domingos da Silva, o cinegrafista da Band, na Favela de Antares, no Rio. Os dois grupos se julgam donos do pedaço e se impõem ao arrepio da Constituição e das leis. Magno Carvalho, o chefão do Sintusp, tinha prometido sangue, não?

O lugar de uns e outros é cadeia.

É realmente espantoso o que se passa na USP. Confesso, com certo constrangimento, que também invadi a Reitoria e um edifício do antigo Crusp, que servia, então, à administração do Departamento de Letras — que nem tinha prédio próprio e funcionava nas chamadas “Colméias”, construídas originalmente para ser centro de vivência. Não estou pedindo para eles o que não tive: polícia. Até porque a polícia estava lá. Ainda na ditadura militar, já mitigada, não escondíamos o rosto de ninguém. E olhem que toda luta era, na verdade, uma luta contra justamente a… ditadura.

Eis o busílis. Esses marginais encapuzados estão lutando contra a democracia. Sim, havia “estudantes profissionais” naquele tempo; alguns meliantes que se aboletavam no Crusp já me incomodavam, mas não, não havia nada parecido com o que se vê agora.  Mais: como não nos envergonhávamos dos nossos atos, a imprensa era bem-vinda. Aliás, a presença de jornalistas era, para nós, uma espécie de garantia. Sob a lente dos fotógrafos e das câmeras, talvez a polícia “do governo biônico” de São Paulo nos poupasse.

Esses fascistóides agridem a imprensa e escondem a cara porque odeiam a democracia.

Senhores alunos da USP, haverá eleição para o DCE no fim do mês! Os que querem estudar e respeitam o regime democrático são a esmagadora maioria dos 89 mil alunos da USP. Usem as urnas e ponham para correr esses bandos.

A Universidade de São Paulo foi seqüestrada por uma variante do crime organizado. Libertem-na!

De lobos e cordeiros. Lupi e Agnelo por um fio. Governador do DF agora admite ter recebido dinheiro de lobista, conforme informou VEJA

bad-lambQue coisa! Antigamente, os lobos eram carnívoros, e os cordeiros, herbívoros. Em Brasília, Esopo ficaria espantado. A etimologia celebra a sua ironia na capital da República Federativa do Brasil… Onde está a pureza, Deus meu?

Carlos Lupi, o ministro do Trabalho, está encrencado. Ninguém mais quer saber dele, nem parte considerável do PDT. A reportagem de VEJA desta semana é, vamos dizer, acachapante. Em que seu caso se diferencia do de Orlando Silva? As evidências de falcatruas são ainda mais escancaradas. E seu partido, à diferença do PC do B, não se digna a atestar a sua inocência. “Lupi”, em latim, é plural de “lupus”, que quer dizer “lobo”, e genitivo singular: “do lobo”.

Mas Brasília também se depara com a hora do cordeiro — em latim, “agnus”. “Agnulus” (cordeirinho) deu em italiano a palavra “agnello”, origem do nome do governador do Distrito Federal, que tem tudo para se afogar nas águas turvas. E, desta feita, não há lobo nenhum lhe fazendo qualquer falsa acusação.

Dinheiro de lobista
Em julho, o lobista da indústria farmacêutica (União Química) Daniel Almeida Tavares disse à VEJA — sempre essa VEJA… — que havia pagado, em 2008, R$ 5 mil de propina a Agnelo quando o agora governador era diretor da Agência Nacional de Saúde. Seria só parte de uma bolada de R$ 50 mil para que o “cordeirinho” lhe arranjasse algumas facilidades. Com a memória prejudicada, Agnelo jurou mais inocência do que o outro, o da fabula de Esopo. Disse que nem conhecia o tal. Teve um surto de memória, embora premido pelos fatos.

Na Folha de hoje,  Felipe Coutinho, Felipe Seligman e Andreza Matais informam:
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), admitiu ontem que recebeu em sua conta pessoal R$ 5.000 de um lobista quando trabalhava como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 2008. O dinheiro foi transferido para a conta de Agnelo por Daniel Almeida Tavares, que na época trabalhava para a farmacêutica União Química. (…). No mesmo dia em que o dinheiro caiu na conta de Agnelo, em 25 de janeiro de 2008, a União Química obteve da Anvisa um certificado sem o qual não poderia participar de licitações nem registrar novos medicamentos. Não foi uma decisão do colegiado da agência. Como diretor da área responsável por conceder o certificado na época, coube a Agnelo decidir sozinho a autorização.

A gente, que aprendeu a acreditar no cordeiro de Esopo, acha um tantinho estranha a história do cordeiro do PT. Segundo ele, o dinheiro era só “pagamento de um empréstimo”. Ah, bom!

O governador admite o que antes negara à VEJA porque as águas começaram a realmente ficaram turvas para o seu lado. Informa a Folha:
O lobista Daniel Tavares procurou a deputada distrital Celina Leão (PSD) há duas semanas afirmando que estava sofrendo ameaças e que precisava de proteção policial. Ele repetiu as acusações contra Agnelo e apresentou documentos, como extratos bancários. Segundo a deputada, o lobista afirmou que os R$ 5.000 transferidos para a conta de Agnelo representam parte de uma propina de R$ 50 mil paga ao petista. Tavares sustenta que os demais R$ 45 mil foram pagos em dinheiro vivo. “Fui orientada pela Polícia Federal para que ele venha à Câmara Distrital e preste depoimento oficial, inclusive para que possamos solicitar proteção policial”, disse ela.  Tavares contou a interlocutores ter um vídeo que comprovaria a entrega de dinheiro a Agnelo, além de extratos de outros cinco depósitos bancários que somariam mais R$ 30 mil.

Sim, vocês estão certos: Agnelo é o mesmo cordeiro que antecedeu Orlando Silva no Ministério do Esporte, quando a, digamos, logística com as ONGs foi montada. Um inquérito investigando a sua atuação dormita no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele pertencia, então, ao PCdoB. Depois migrou para o PT. O agora governador e seu partido tiveram papel fundamental na crise que varreu do Distrito Federal as “famílias” de José Roberto Arruda e Joaquim Roriz. Tudo parecia ir muito bem. Com o apoio da maioria membros da Câmara Distrital, Agnelo parecia destinado a ser o novo “godfather” de Brasília.

PT preocupado e renúncia
Desde o começo, o PT ficou especialmente preocupado com a crise no Ministério do Esporte, como aqui informei tantas vezes, porque ela fatalmente acabaria chamando a atenção para Agnelo Queiroz e seus métodos. Também lhes contei que a demissão de Orlando Silva foi apressada pelo Planalto quando a ministra Carmen Lúcia aceitou a abertura de inquérito, o que faria de Silva um investigado pelo STF. Ruim para o governo? Ruim! Mas o pior para o PT era outra coisa: a ministra determinou que os autos sobre Agnelo migrassem do Superior Tribunal de Justiça para o Supremo. Orlando saindo, tudo seria devolvido, como foi, para o STJ, onde, por alguma razão, os petistas acreditam que as coisas estão sob controle.

Também já contei aqui que a própria Dilma Rousseff comentou com assessores, em tom entre a preocupação e a extrema irritação, a situação de Agnelo. Deixou escapar um “ele que renuncie!”. Deve saber por que disse isso melhor do que nós todos.

Um governador enrolado em falcatruas sempre é uma má notícia em ano eleitoral. Se esse governador é do Distrito Federal, depois de tudo o que se viu lá, aí é mesmo um desastre. O DEM já disse que vai pedir o impeachment de Agnelo. Tem autoridade moral para isso, sim. Afinal, botou na rua os seus larápios.

“Tinha uma VEJA/ no meio do caminho tinha uma VEJA”

Em recente reportagem sobre a VEJA, o jornal britânico The Guardian diz ter ouvido o seguinte de alguns políticos: “Quando recebo um telefonema de VEJA, é sinal de que a minha vida vai piorar”. Pois é…

Em vez do lamento cínico, talvez muitos deles pudessem optar pela saída mais existencial, parafraseando Drummond:

No meio do caminho tinha uma VEJA
tinha uma VEJA no meio do caminho
tinha uma VEJA
no meio do caminho tinha uma VEJA.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma VEJA
tinha uma VEJA no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma VEJA.

Maior cabo eleitoral de indicada para o STF é o primeiro ex-marido de Dilma

Vamos lá. Dilma indicou Rosa Maria Weber Candiota para a vaga aberta no Supremo com a saída da ministra Ellen Gracie. Terá de ser aprovada pelo Senado, o que fatalmente acontecerá. Vamos fazer o seguinte: o jornalismo cumpre a sua função e diz o que tem de ser dito. E depois se avalia o trabalho. Eu fui um crítico bastante duro da indicação de Dias Toffoli, por exemplo, que havia sido advogado de Lula. Até agora, acho que tem sido uma atuação correta e isenta. Se e quando achar o contrário, direi.

Eu não gosto desse negócio de “tem de ser uma mulher, tem de ser um homem, tem de ser um negro, tem de ser um japonês…” Para um cargo dessa importância, acho que tem de ser a/o melhor. Assim, há um erro de origem no critério. Mas sigamos. A candidata de José Dirceu e Márcio Thomaz Bastos era outra: Maria Elizabeth Rocha. Ok. Rosa Maria teve como seu principal cabo eleitoral, por sua vez, Carlos Araújo, o primeiro ex-marido da presidente Dilma Rousseff. Tudo isso parece passar um tantinho longe da expertise constitucional.

Há uma tentativa de abrir uma janela conceitual e teórica que justifique a indicação de uma ministra do Tribunal Superior do Trabalho: Marco Aurélio Mello seria o único dos atuais 10 ministros que tem origem na área trabalhista. E daí? Em que pese Mello se mostrar bastante preparado (e eu acho isso, embora nem sempre concorde com ele), a Justiça do Trabalho não é exatamente um celeiro de constitucionalistas. Não há preconceito nenhum nisso, só um fato por todos admitido. Mesmo no TST, Rosa Maria não se fez particularmente notável.

Nada disso quer dizer necessariamente que não vá ser uma boa ministra. Tomara que seja! Só escrevo o que tem de ser escrito. O Planalto também vazou que uma das razões de sua indicação é o fato de ser considerada impermeável às pressões da opinião pública. Sei. Gosto disso a depender do que isso queria dizer. Detesto populismo judicial. Quando se tem, no entanto, um governo cujo principal partido vive acuado pelo medo de uma condenação em massa no processo do mensalão — como quer, sim, a opinião pública e com sobra de motivos —, cumpre ficar de olhos bem abertos.

Que Rosa Maria cumpra a sua função e seja uma grande ministra! Cumpro a minha dizendo o que tem de ser dito.

Nos comentários, é cabível debater os critérios e circunstâncias. Mas peço que não se avalie o trabalho da futura ministra no STF antes que ele seja conhecido. Questão de justiça, certo?

Dilma na TV: a principal doença da Saúde é a parolagem oficial para os sem-Sírio-Libanês…

A presidente Dilma Rousseff deve anunciar hoje o programa “Melhor em Casa”, do SUS, que prevê atendimento doméstico para que não pode se deslocar até uma unidade hospital. Huuumm… Já expliquei ontem em que contexto isso se dá. Há uma corrente na Internet, que preocupa o PT, indagando a qualidade do SUS na esteira da doença de Lula. Quanto mais pessoas são escaladas para desqualificar os internautas, mais a coisa se fortalece.  A coisa ganha ares de tentativa de censura de opinião. Muitos brasileiros aprenderam com o Apedeuta a separar o mundo entre “povo” e “elite” — o líder petista sempre deixou claro que pertencia à primeira categoria.

Mas esse é o fundo político. Há o fundo técnico. “Atendimento médico” se faz com… médicos!!! É conhecida a falta crônica de profissionais no serviço público. Esse é um dos maiores gargalos da área. Não se tem notícia do aporte especial de mão-de-obra para esse novo programa. Imaginem quantos pacientes deixariam de ter atendimento ambulatorial enquanto o médico estivesse a caminho da casa de um doente.

Tudo indica que um “programa com grife” será pendurado no SUS para tentar mitigar o noticiário negativo sobre as suas gritantes carências, que estão no noticiário todos os dias. Dilma, tudo indica, não fará inveja a seu antecessor nas realizações efetivas na Saúde; talvez rivalize com ele na propaganda. Lula havia prometido construir 500 UPAs. Entrou 91. Dilma prometeu mais 500 até 2014 — 125 só neste ano. Até setembro, tinha construído… uma!!!

A principal doença da Saúde é a parolagem oficioal para os sem-Sírio-Libanês.

ONG de ex-filiada do PDT recebeu R$ 11,2 milhões

Por Silvia Amorim, no Globo:
Uma entidade presidida por uma ex-filiada do PDT recebeu este ano R$ 11,2 milhões do Ministério do Trabalho. Desde 2005, o Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat) ampliou em mais de 500% os recursos recebidos da pasta. A instituição é dirigida por Jorgette Maria Oliveira, que diz ter deixado o partido no final dos anos 1980. No cadastro do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE), ela consta como filiada de 1987 a 2009.O Ceat aparece em relatório da

Controladoria Geral da União (CGU) que aponta irregularidades na execução de convênios firmados pelo ministério com 26 ONGs . Baixa taxa de execução do convênio, com alta taxa de evasão, falta de controle referente à inserção no mercado dos trabalhadores após o curso de qualificação e falta de estrutura física para boa realização das aulas práticas foram alguns dos problemas citados pelos auditores em relação aos serviços prestados pelo Ceat.

Os convênios que a ONG têm com o ministério são na área de intermediação e qualificação de mão de obra. São 15 centros de atendimento ao trabalhador em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Dados do Portal da Transparência mostram um crescimento significativo dos recursos repassados pelo Ministério do Trabalho à entidade ao longo dos anos. Entre 2005 e 2008, o Ceat recebeu, em média, R$ 1,1 milhão por ano. Em 2009, o montante subiu para R$ 7,8 milhões. Em 2010, foram R$ 11,7 milhões e, este ano, R$ 11,2 milhões.

Das três entidades com sede em São Paulo que aparecem no relatório do CGU, o Ceat é que recebeu a maior quantia (R$ 35,1 milhões). Os outros são a Oxigênio Desenvolvimento de Políticas Públicas e Sociais (cerca de R$ 20 milhões) e a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes (R$ 12 milhões).

Jorgette disse que os convênios do Ceat com o governo federal começaram na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Oficialmente, entretanto, a entidade foi aberta em janeiro de 2004, segundo cadastro da Receita Federal. A dirigente alegou que, antes dessa data, já havia participado de convênios via entidades ligadas à Igreja, como a Cáritas. “Não tenho ligação com o PDT. Fui filiada ao PDT no passado, sim, quando o doutor Ademar de Barros era do partido. Mas me afastei depois da eleição presidencial de 1989. Não lembro quando pedi meu desligamento, mas não tenho mais nada a ver com o PDT há muito tempo”, disse Jorgette.

Outro feudo, outro escândalo

Leia editorial do Estadão:
Se o ministro Gilberto Carvalho, titular da Secretaria-Geral da Presidência, se diz cansado das crises provocadas por denúncias de corrupção no governo, que dirá a sociedade que afinal é quem paga a conta dos malfeitos, como costuma dizer a presidente Dilma Rousseff? O desabafo do ministro se seguiu a outra revelação do gênero - a da existência de um esquema de extorsão de organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com o Ministério do Trabalho, apropriado pelo chefão do PDT, Carlos Lupi. Segundo a revista Veja, dirigentes de uma ONG do Rio Grande do Norte, o Instituto Êpa, e de outra, denominada Oxigênio, sediada no Rio de Janeiro informaram que as entidades, contratadas para ministrar cursos de capacitação profissional, foram alvo do clássico golpe da criação de dificuldades para a venda de facilidades.

A certa altura da execução dos convênios, as ONGs eram avisadas de que, por supostas irregularidades que teriam cometido, não receberiam novos repasses - a menos que molhassem as mãos de seus interlocutores da cúpula do Trabalho com 5% e 15% do valor dos contratos. Os achacadores seriam um então assessor de Lupi, o deputado federal maranhense Weverton Rocha, e o coordenador-geral de Qualificação da pasta, Anderson Alexandre dos Santos. A dupla respondia ao chefe de gabinete do ministro, Marcelo Panella, não por acaso tesoureiro do PDT, para onde se destinaria, no todo ou em parte, o cala-boca extraído dos ongueiros. Não se sabe com que grau de detalhamento, mas o fato é que o Planalto tinha ciência dos podres do feudo de Lupi, outro dos ministros que a presidente foi obrigada a herdar de seu patrono Lula.

Tanto assim que, em agosto último, Dilma mandou demitir Panella. No sábado, Lupi teve de afastar Santos pelo tempo que durar a sindicância por ele anunciada, enquanto recitava a mesma lengalenga a que recorreram os cinco colegas que acabariam varridos do Gabinete: não compactua com desvios de recursos públicos, mas as denúncias devem respeitar o princípio do amplo direito de defesa. Ao blá-blá-blá de sempre, o bravateiro Lupi acrescentou uma provocação: “Tem muita gente graúda incomodada com a minha presença no Ministério, mas vão ter que me engolir”. Ele sabe que já estava marcado para cair na reforma ministerial prevista para o começo do ano. O seu medo maior é o desmonte da usina de beneficiamento do PDT a que o Trabalho foi reduzido, na operação lulista de cooptação da Força Sindical liderada por outro notório personagem, o deputado Paulo Pereira da Silva.

A julgar pelo retrospecto recente, no entanto, ele não precisa se preocupar. Quando se tornou insustentável a permanência do ministro Orlando Silva, do PC do B, no Esporte, a única dúvida no Planalto era sobre o nome do camarada que iria lhe suceder. O partido impôs o deputado Aldo Rebelo. O antecessor, como se sabe, foi levado a se imolar por causa das maracutaias nos convênios da pasta com ONGs, algumas delas criadas para repartir com o PC do B o dinheiro recebido. Por bem ou por mal, como se vê agora no escândalo envolvendo o PDT, a cobrança de pedágio das entidades do Terceiro Setor interessadas em contratos com a administração federal é uma forma rotineira de irrigar finanças partidárias. Mas o problema não se resolve com a “tradicional” retirada do sofá da sala.

Restringir os convênios apenas a entes públicos, como pretende Rebelo, é um retrocesso na gestão dos programas de promoção social em qualquer nível de governo. É ainda abrir mão do dever - e do poder - de fiscalizar adequadamente o uso dos recursos arrecadados da sociedade. Trata-se de separar o joio do trigo e instituir normas de habilitação das ONGs que impeçam políticos corruptos de fechar negócio com aquelas que, com avidez ou a contragosto, farão a sua parte no cambalacho. Essa seria a intenção da presidente, depois do pente-fino que mandou passar em todos os convênios do Executivo. A higienização, de toda maneira, é um ponto de partida, não de chegada. Esse é o desmanche da engrenagem que enlaça apoio parlamentar ao Planalto e arrendamento aos partidos, chaves na mão, de setores inteiros do governo. Mas isso não está no horizonte.


REPORTAGEM DA VEJA - Nem as principais lideranças do PDT querem saber mais saber de Lupi

Por Rafael Moraes Moura, Vera Rosa e João Domingos, no Estadão:
Desafiado por expoentes do próprio partido, o PDT, e na mira da Comissão de Ética Pública da Presidência, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é o sexto colaborador da presidente Dilma Rousseff que pode perder o cargo por denúncias de corrupção.Dilma conversou na segunda-feira, 7, com Lupi por 20 minutos, no Palácio do Planalto. Ela tentará segurar o ministro até a reforma da equipe, prevista para janeiro de 2012, mas manifestou preocupação com a “fritura” do auxiliar no próprio PDT após a publicação de reportagem na revistaVeja que envolve assessores de Lupi na cobrança de propina de ONGs. Auxiliares da presidente lembraram que o Planalto considera fundamental o apoio dos partidos aos ministros, como ocorreu com Orlando Silva (ex-titular do Esporte), que ganhou sobrevida de alguns dias por causa da resistência do PC do B.

“Sou osso duro de roer. Quero ver até onde vai essa onda de denuncismo. Se tem alguém usando a estrutura do ministério para desviar dinheiro público, que seja devidamente enquadrado e responda por isso”, disse o ministro em entrevista à TV Globo.

Polícia Federal
Lideranças importantes do partido, os deputados Antônio Reguffe (DF) e Miro Teixeira (RJ) vão nesta terça-feira, 8, à Procuradoria-Geral da República pedir a abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar as suspeitas de irregularidades no ministério. “As denúncias são gravíssimas”, disse Reguffe, que teve 266.465 votos, 18,95% dos votos válidos (proporcionalmente o mais votado do Brasil).

Ao lado de Miro, pedetista histórico e ex-ministro, no nono mandato, Reguffe é um dos parlamentares mais representativos do PDT. Os dois deputados perguntaram ainda ao senador Pedro Taques (MT), que é procurador da República, se ele não queria assinar a representação. Taques ficou de estudar o assunto.

Além da ofensiva de pedetistas, a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu na segunda-feira abrir processo preliminar contra Lupi e cobrar explicações sobre denúncias de que assessores da pasta atuam em um esquema de extorsão de dinheiro para liberação de recursos a ONGs. Ele terá dez dias para se manifestar.

Antes de conversar com Dilma, Lupi participou de reunião no Planalto com líderes partidários para tratar da votação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Deputados disseram ao Estado que ele “entrou mudo e saiu calado”.
(…)

Alunos de programa do Ministério do Trabalho recebem lanche estragado

Na VEJA Online:
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) de fevereiro, obtido com exclusividade pelo site de VEJA, revela como desempregados com idades entre 18 e 29 anos sofreram na pele com as irregularidades nos convênios do programa ProJovem, do Ministério do Trabalho. As irregularidades na contratação de ONGs foram reveladas em reportagem da edição de VEJA desta semana.

O levantamento da CGU mostra reclamações de alunos inscritos em cursos como administração, costura, construção e reparos, pesca e serviços pessoais (maquiagem, depilação e corte de cabelo). O objetivo da capacitação, oferecida em municípios do Sergipe, era inserir os jovens no mercado de trabalho. Nada no programa, no entanto, convergiu para isso.

Os estudantes tinham direto a uma bolsa mensal de 100 reais, a um lanche no intervalo das aulas e a auxílio-transporte. Para realizar os cursos, o governo do Sergipe, em parceria com o Ministério do Trabalho, fez repasses para três ONGs no valor total de 11 milhões de reais.

Os alunos se queixaram da falta de material, da má qualidade das instalações, da falta de capacitação do professor e até do fornecimento de comida estragada. “O lanche é de baixa qualidade. Às vezes vem até com formiga”, reclamou a aluna Gilvania Vieira dos Santos, inscrita no curso de construção e reparos no município de Laranjeiras.

A estudante Kely Cristina Caitano dos Santos, que fez o curso de vestuário no município de Divina Pastora, relatou: “Vem laranja estragada, melancia verde, iogurte cheio de água e, na semana passada, nós assinamos e não teve lanche”. Durante o curso de serviços pessoais, em Barra dos Coqueiros, a história se repetiu. “Foi servido até biscoito mofado”, disse Taise Eugenia Alves dos Santos. ”O lanche vem péssimo e às vezes cru”, disse Ana Marcia Menezes Dias Bomfim, de Simão Dias.

Sem material - Também houve queixas sobre a falta de condições para realização dos cursos. Na aula de vestuário, por exemplo, apenas três máquinas de costura funcionavam dentre as quatorze colocadas à disposição para a prática. No curso de formação de cabeleireiros, havia tomada para apenas um secador. Os estudantes também reclamaram da falta de material de limpeza e higiene nas instalações para o curso de alimentação.

George de Jesus Santos, que fez curso de administração em Simão Dias, está entre as dezenas de estudantes que sofreram com o atraso no repasse do auxílio financeiro oferecido pelo programa. “O dinheiro está na conta de algum espertinho porque não chega na nossa”, relatou.

Irregularidades - A contratação dos serviços foi feita por meio de uma termo de adesão entre o Ministério do Trabalho e a Secretaria de Estado do Trabalho, da Juventude e da Promoção da Igualdade Social de Sergipe. A secretaria, por sua vez, contratou a Agência de Tecnologia, Pesquisa e Ensino do Nordeste (ATNE), pelo valor de 3,8 milhões de reais, para execução de cursos destinados a 2.750 jovens.

Já a Associação para Organização e Administração de Eventos, Educação e Capacitação (Capacitar) deveria receber 5,8 milhões de reais para capacitar 4.250 jovens. A União Multidisciplinar  de Capacitação e Pesquisa (Unicapes) também foi contratada, no valor de 1,4 milhão de reais, para monitoramento e avaliação dos cursos de qualificação social e profissional. Todas as companhias tiveram os convênios firmados em fevereiro de 2010.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
Da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

A última filmagem de Gelson Domingos

Quando começa uma guerra, a primeira vítima é a verdade. A morte só não é definitiva porque sempre existirão jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas dispostos a contar o caso como o caso foi, registrar imagens que valem por milhares de palavras e filmar a realidade ─ mesmo que para tanto tenham de enfrentar situações de altíssimo risco. Foi o que fez neste domingo o cinegrafista Gelson Domingos, escalado pela Band para documentar um confronto entre policiais e traficantes da favela de Antares, no Rio. Acabou filmando a própria morte.

As cenas eternizadas por Gelson Domingos estão no primeiro dos três vídeos que ilustram o texto publicado na seção História em Imagens. Os outros dois exibem dramas semelhantes. Somados, avisam que a violência no Brasil, que se manifesta com especial intensidade na Guerra do Rio, acaba de criar a figura do correspondente de guerra doméstico. Nas frentes de combate, só os integrantes dessa tribo lutam em defesa da verdade.

Por Augusto Nunes

No faroeste brasileiro, o bandido brinca de xerife antes de fingir que foi morto e depois gasta sem sustos o dinheiro que tungou

“Sou osso duro de roer”, gabou-se Carlos Lupi nesta segunda-feira. (Orlando Silva se sentia “indestrutível” quando o velório já ia chegando ao fim). “Eu quero ver até onde vai essa onda de denuncismo”, foi em frente o ministro do Trabalho. Vai acompanhá-lo até a hora do enterro em cova rasa, logo saberá. (“Vou mostrar que todas essas denúncias são falsas”, prometeu o ministro do Esporte quando o tsunami de provas contundentes ainda lhe parecia uma marolinha. Não conseguiu desmentir nenhuma).

“Alguns nascem para se acovardar, outros para lutar”, declamou Lupi. “É o meu caso. Topo a luta. Vou até o fim”. É a Teoria do Casco Duro. Inventada por Lula, recomenda ao companheiro delinquente que resista entrincheirado no gabinete aos que tentam confiscar-lhe o empregão e a senha do cofre. A queda inevitável de Carlos Lupi repete o nauseante roteiro que orienta a cerimônia do adeus de ministros bandalhos.

Há menos de um mês, solidário com o camarada Orlando Silva, o PCdoB enxergou uma insidiosa conspiração contrarrevolucionária na descoberta de que o Ministério do Esporte se transformou na casa da moeda do partido. Solidário com o comparsa infiltrado no primeiro escalão, o deputado Paulinho da Força promete agora mobilizar as centrais sindicais que seu bando controla para a feroz resistência a inimigos de alta periculosidade.

Além da Força Sindical, quatro siglas descobriram que Carlos Lupi “está sendo vítima, assim como o movimento sindical, de uma sórdida e explícita campanha difamatória e de uma implacável perseguição política, que visa a desestabilização do governo e o linchamento público do titular da pasta.”  Essa conversa de gatuno pilhado em flagrante já passou da conta, como passaram da conta todos os outros capítulos, tão previsíveis quanto repulsivos, do espetáculo do cinismo reencenado pela sexta vez em cinco meses. O país decente já não suporta a lengalenga dos canastrões desprovidos de vergonha.

De novo, Dilma Rousseff invocou a presunção de inocência. De novo, Gilberto Carvalho avisou que, “por enquanto”, não surgiu nenhum fato que incrimine diretamente o chefe do bando. De novo, a Comissão de Ética da Presidência abriu uma sindicância para nada apurar. De novo, o governo tenta ganhar tempo. Quando a tempestade se intensificar, será costurado o acerto malandro com o partido premiado com o Ministério do Trabalho: o PDT aceita a saída de Lupi e indica o substituto. Muda-se o ministro para que tudo continue como está.

Qualquer detetetive americano que tropeçar num Carlos Lupi não resistirá à tentação de repetir o ritual celebrizado pela TV. Depois de algemado pelas costas, o ministro saberá que tem o direito de chamar um advogado e de ficar em silêncio, porque tudo o que disser será usado contra ele no tribunal. Nem será necessário especificar o motivo da prisão. Lupi sabe que merece. Aperfeiçoado pelo governo Lula-Dilma, o faroeste brasileiro é diferente. Só aqui o bandido é autorizado a posar de mocinho e brincar de xerife antes de fingir que morreu. Depois, gasta em sossego o dinheiro que tungou.

(por Augusto Nunes)


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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