EXTREMISTAS DE ESQUERDA DA USP E FORA DELA AMEAÇAM: “VOU TE QUEBRAR NA RUA”.

Publicado em 18/11/2011 06:50
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

EXTREMISTAS DE ESQUERDA DA USP E FORA DELA AMEAÇAM: “VOU TE QUEBRAR NA RUA”. BEM, CHEGOU A HORA DE TOMAR PROVIDÊNCIAS. E EU AS TOMEI

Desde que o blog foi criado, em 24 de junho de 2006, não passa dia sem que receba uma penca de ameaças. O anonimato na Internet permite os maiores absurdos. Mas nunca, como nestes dias, em que resolvi denunciar a truculência dos trogloditas da USP, elas foram tão intensas e, à sua maneira, presentes. Bem, tomei as providências necessárias — e isso significa apelar às instâncias do estado democrático e de direito, que protege as pessoas honestas e coíbe a ação de bandidos.

Não aceitam a defesa que faço aqui da Constituição. Não aceitam a defesa que faço aqui do Regimento Interno da USP. Não aceitam a defesa que faço aqui do Regimento do DCE. Não aceitam que eu discorde deles. Não aceitam que colegas de universidade divirjam. Por isso deram um golpe nas eleições (falo mais a respeito no post abaixo) e ameaçam, então, quebrar a minha cara. Cadeia para quem precisa de cadeia. Asseguro que é o que vai acontecer se tentarem.

Fascismo é isso!

Milícias intimidam alunos.
Milícias intimidam professores.
Milícias intimidam jornalistas.

E, como sabem, para eles, “fascistas” são os outros. Eu os desafio não a me xingar — que isso eles fazem permanentemente. Eu os desafio a demonstrar em suas páginas que defendo uma só idéia, uma miserável que seja, que esteja em desacordo com o estado democrático e de direito, com a Constituição e com as leis do país.

Não lutei contra a ditadura desde os 15 anos para ser silenciado por meia-dúzia de truculentos. Não me arrisquei — no tempo em que isso era realmente um risco — defendendo a democratização do país para ser impedido de proclamar o direito de ir e vir numa universidade.

À caça de encrenca
Sim, eles estão à caça de encrenca. Anteontem, no campus da USP Leste, tentaram agredir Rodrigo Souza Neves, membro da chapa “Reação”, que iria vencer a disputa pelo DCE. Articulavam justamente o adiamento da eleição. Percebendo que Rodrigo gravava a conversa, tentaram tomar do rapaz o seu celular, com ameaça de agressão física. Exigiam a entrega do chip. Partiram pra cima. Para se defender, para não apanhar, Rodrigo disse que estava armado. Mas não estava. Um dos adversários do ameaçado, César Buono, que não participou da ameaça de agressão, que fique claro, resolveu chamar a… POLÍCIA. Sim, a demonizada polícia. E ela apareceu: viatura MO2401, com os soldados Massal e Corridoni. Rodrigo, seus pertences e seu carro foram revistados. Ele não tinha arma nenhuma!

Agora, representantes da extrema esquerda usam o episódio para acusar o estudante de andar armado e, assim, caracterizar a “Reação” como uma chapa de truculentos. Essa inversão é muito própria dessa gente. Recorrem à violência, mas acusam os adversários de violentos. Tentam silenciar aqueles de quem discordam, acusando-os de fascistas. Pedem democracia na USP, mas prorrogam os próprios mandatos e suspendem eleições. Dizem defender a liberdade de expressão, mas ameaçam “quebrar a cara” de quem diverge. Não aceitam a polícia na USP, a menos que ela reviste seus adversários.

Eles podem me atacar? Ora, dado esse histórico, podem. Se o fizerem, os responsáveis morais serão os líderes dessas correntes de extrema esquerda que hoje infelicitam a USP. Mas tomei, sim, as devidas providências para que não logrem o seu intento.

Por Reinaldo Azevedo

18/11/2011

 às 6:45

GOLPISTAS DE ESQUERDA DA USP DESCOBREM SEUS INIMIGOS: A MAIORIA DOS ALUNOS E AS ELEIÇÕES LIVRES

As esquerdas da USP descobriram que têm um inimigo: a maioria silenciosa e as eleições livres. Por isso, deram ontem à noite um golpe, em mais uma de suas reuniões manipuladas. Militantes de todos os lugares acorreram para USP, disfarçados de estudantes da universidade, e decidiram, ao arrepio do Estatuto do DCE, suspender a eleição, que estava prevista para os dias 22, 23 e 24. Os alunos da manhã já não estavam ali. Os da noite estavam em sala. Os do interior não votaram. Motivo: a chapa “Reação”, que eles chamam de “direita”, venceria o pleito com folga.

Gabriel Landi Fazzio, ligado à UNE e membro da “Fórum de Esquerda”, que perdeu a eleição no XI de Agosto, da Faculdade de Direito, já havia anunciado o golpe num e-mail a seus amigos, afirmando que “a esquerda não perde essas eleições nem a pau”. E ele explicou o que quis dizer com “nem a pau”: prorrogar mandato.

Pela primeira vez desde 1934, a entidade máxima de representação discente da USP terá uma diretoria que não foi eleita pelos estudantes. Isso não ocorreu nem nas duas ditaduras. O PSOL, com o apoio das demais correntes de esquerda - INCLUSIVE DO PT — decidiu dar uma de Fujimori e Manuel Zelaya: um autogolpe! As eleições serão realizadas em algum momento no ano que vem. Isso não foi definido. Apostam em duas coisas:
1) o tempo levará, como era hábito, a maioria silenciosa à indiferença. Ela não comparecerá para votar, como se hábito, e os militantes de partidos e seitas de esquerda dividem entre si o butim;
2) essa greve, mesmo esvaziada, arrasta-se até o fim do ano, e 2012 já começa com uma causa. Com ao apoio dos petistas, articula-se, então aquela que se pretendem seja a mãe de todas as paralisações.

A USP assiste à primeira quartelada de sua história — e não foi protagonizada por militares, mas por militantes. Que respeito merece quem adia eleições só porque sabe que vai perder? Eis por que essa gente não quer polícia na USP e pretende organizar seus próprios sistemas de segurança, o que deixa Eugenio Bucci, o petista light, encantado: é para que o estado de direito fique do lado de fora da universidade, e eles possam exercer livremente a sua tirania.

Houve um tempo, na USP, em que não era certo que se pudesse ir e vir livremente. Hoje também.
Houve um tempo, na USP, em que estudantes e professores podiam ser punidos por suas opiniões. Hoje também.
Houve um tempo, na USP, em que os que discordavam corriam o risco de apanhar. Hoje também.

A diferença é que, naquele tempo, o país viva uma ditadura, e hoje vive uma democracia.
A diferença é que, naquele tempo, a esquerda contestava o poder, e hoje ela é o poder.
A diferença é que, naquele tempo, sabia-se que direitos fundamentais estavam sendo pisoteados por um regime discricionário; hoje, vigaristas disfarçados de amigos do povo rasgam a Constituição democrática.

Os que suspendem eleições para o DCE querem eleições diretas para reitor.
Os que suspendem eleições para o DCE pedem mais democracia no campus.
Os que suspendem eleições para o DCE reivindicam mais mecanismos de participação.

Ministério Público
Agora cabe, então, a pergunta: o Ministério Público vai ou não entrar em ação? A USP é autônoma, mas não é soberana. A representação estudantil tem um regimento, que foi violado.

A truculência do medo
Pessoas medrosas são truculentas, especialmente quando agem em bando. Eles perceberam que as coisas caminhavam de mal a pior para eles. Perderam o centro acadêmico da Faculdade de Direito; foram humilhados na disputa pelo Grêmio da Poli; viram os corajosos alunos de Letras votar o fim da “greve” (que nunca houve) por ampla maioria e enfrentar os brucutus para entrar no prédio; sabiam que seriam derrotados na disputa pelo DCE. Então se juntaram pra decretar: “A esquerda não perde a eleição nem a pau”. E deram um pau na eleição. Como perder uma eleição que não haverá?

O futuro
Mais do que nunca eles se revelaram. Contam com a desmobilização dos que lhe fazem oposição. Os que tiveram seus direitos agravados têm de recorrer à Justiça. Ainda que a eleição fique para o ano que vem — a menos que eles a extingam de vez…—, que a resposta lhes seja dada nas urnas no que vem.

A partir de hoje, o USP passa a ter um DCE ocupado por interventores do PSOL, do PCO, do PT, do PSTU, da LER-QI, de todos aqueles, enfim, que se juntaram contra seus reais inimigos: a maioria da USP e as eleições livres.

E a maioria vai apeá-los de lá, agora ou depois. Podem escrever.

Por Reinaldo Azevedo

18/11/2011

 às 6:43

Coragem será sempre a coragem de nadar contra a corrente

Depois que o PT decidiu contratar gente para monitorar a Internet, coincidência ou não (acho que não!), avolumaram-se os comentários que começam mais ou menos assim: “Não sou de esquerda nem do PT, mas acho que a crise na USP é culpa do PSDB”… Ou: “”Não sou de esquerda nem do PT, mas acho que Lula foi o nosso melhor presidente…” “Não sou de esquerda nem do PT, mas acho que você é muito antipetista e não reconhece…” “Não sou de esquerda nem do PT, mas acho que você é feio, bobo, corintiano…”

Ora, com quem pensam que estão lidando? Acham que caio nesse truque? Eu não sou cartório eleitoral. Pouco me importa a filiação partidária de quem me escreve. Não tenho como saber.

Uma coisa é certa: não vão usar meu blog para fazer proselitismo esquerdopata. Não vão porque eu não deixo. Se querem dizer sandices, vão buscar os blogueiros que lhes dão trela, ora essa! Ah, sim: também é inútil me elogiar para tentar emplacar, em seguida, teses do “partido”. Não tenho carência afetiva.

Vocês não vivem berrando por aí que são a maioria? Então não dêem bola pra mim, ora essa! Pergunto de novo: por que é tão importante publicar comentários aqui? É tarefa partidária? Também parem com essa tonteira de escrever: “Vamos ver se você tem a coragem de publicar tal coisa…” Por que eu precisaria ter coragem para publicar tolices alinhadas com os poderosos de turno?

Coragem, seus bobocas, será sempre a coragem de nadar contra a corrente.

Por Reinaldo Azevedo

18/11/2011

 às 6:41

Os socialistas da GAP, da Diesel, do iPhone, do BlackBerry

Recebo do uspiano Cristiano o seguinte comentário:

Já escrevi aqui e repito: desafio os diretores do DCE que estão no poder a demonstrar que ao menos 10% vieram de escola pública. Ontem, na aula de Sociologia II, ministrada pelo professor e militante do PSTU Ruy Braga (especialista em Marx), um grupo de alunos invadiu a sala e quis acabar com a mesma na marra. Um dos alunos exaltados, com o cabelo louro estilo rastafári e olhos azuis, uma aparência germânica, estava, eu diria, uns poucos decibéis acima do permitido. Quase saiu na porrada. Como a greve é liderada pelo PSOL e pelo PCO e como o professor Ruy é notório militante do PSTU (…), colocou em votação se acabaria a aula ou não. Apenas dois votaram pela greve. Até que ele teve uma atitude correta. Em outras salas, os professores “alinhados” [com os grevistas] liberaram os alunos. O que me espantou foi a análise que fiz dos meninos. Fiquei reparando a vestimenta dos mesmos. Todos com estilo bicho-grilo fashion: sapatinho da moda, calças da Diesel, moletom GAP e iPhones e BlackBerrys. Na sala, era nítido que quem queria aula eram os que trabalhavam e dão duro pra estudar. Muitos de terno chinfrim, pago com esforço e suor para poder subir na vida e ter uma oportunidade no mercado. O que se vê na universidade pública é uma deterioração. Até os símbolos da esquerda como Florestan Fernandes e Gildo Marçal Brandão dariam um puxão de orelha nesses filhinhos de papai.

Por Reinaldo Azevedo

18/11/2011

 às 6:39

Oposição diz que governo de Agnelo forjou defesa

Por Felipe Coutinho, na Folha:
A deputada distrital Celina Leão (PSD) acusou ontem um integrante do primeiro escalão do governo do Distrito Federal de participação na divulgação de um vídeo para livrar o governador Agnelo Queiroz (PT) da suspeita de recebimento de propina. Celina, presidente da Comissão de Ética, apresentou imagens do circuito interno da Câmara que mostram o chefe da Casa Militar do governo, coronel Rogério Leão, entrando no gabinete do líder do PT, Chico Vigilante, com uma sacola, minutos antes de o deputado distribuir o vídeo favorável a Agnelo. Tratava-se do segundo vídeo protagonizado pelo lobista Daniel Tavares e divulgado na semana passada. No primeiro, em depoimento à deputada Celina Leão, ele acusou o governador de receber propina para ajudar um laboratório e, como prova, apresentou um comprovante de depósito de R$ 5.000 na conta de Agnelo. No segundo, distribuído por Vigilante, o lobista disse que o dinheiro era devolução de um empréstimo feito por Agnelo, a mesma explicação dada pelo governador.

As imagens apresentadas ontem mostram que Leão chega à Câmara às 14h53, Chico Vigilante sai do gabinete às 15h02, e o coronel, às 15h09. O vídeo foi distribuído por volta das 16h. “Está claro que houve a compra de uma testemunha e o uso da máquina pública”, afirmou Celina. “Se fosse uma reunião de trabalho, ele (Leão) não iria de sacola, sem assessores, e o deputado não teria deixado o coronel sozinho no gabinete.” A deputada, contudo, diz que apenas uma investigação da Polícia Federal pode comprovar se houve a participação de pessoas do governo. As imagens já foram entregues à PF e ao Ministério Público Federal.

Por Reinaldo Azevedo

18/11/2011

 às 6:37

PSDB marca debate para prévias em São Paulo

Na Folha:
O PSDB paulistano marcou ontem a data do primeiro debate entre seus quatro pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Os secretários Andrea Matarazzo (Cultura), Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia), além do deputado Ricardo Trípoli, vão fazer sua estreia na zona norte, dia 28, em um clube do bairro de Santana. Os quatro travam uma disputa interna pela preferência da militância. O partido marcou as prévias para janeiro (…) Com Serra fora do cenário, os secretários José Aníbal e Andrea Matarazzo têm avançado nas tratativas com a militância. Matarazzo conseguiu o apoio de 4 dos 7 vereadores do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo. Aníbal, por sua vez, tem maioria entre os delegados do partido na capital.

Por Reinaldo Azevedo

18/11/2011

 às 6:35

Chevron sob pressão

Por Catarina Alencastro, Danielle Nogueira e Ramona Ordoñez, no Globo:
Enquanto o vazamento de petróleo de um campo operado pela empresa americana Chevron polui o litoral norte fluminense há dez dias, em terra firme, órgãos governamentais - como ANP, Ibama, Polícia Federal e Marinha - e a sociedade civil apertam o cerco em torno de um acidente que pode ser até 23 vezes maior que o estimado pela petrolífera. Oficialmente, a Chevron calcula que a mancha de óleo localizada a 120 quilômetros da costa era ontem de 65 barris na superfície, e que o total vazado ao longo dos dias teria chegado a 650 barris. O geólogo americano John Amos, da ONG SkyTruth, estima, contudo, com base em imagens captadas pela Nasa, um vazamento de 3.738 barris por dia entre 9 e 12 de novembro. Isso daria um total de, pelo menos, 15 mil barris despejados no oceano.

Devido a problemas meteorológicos, os sobrevoos de helicóptero à região do campo de Frade foram suspensos nos últimos dias. Nesta quinta-feira, a Marinha do Brasil uniu-se à ANP e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para formar um grupo de acompanhamento do vazamento. Os sobrevoos serão retomados hoje e só após a visita os três órgãos devem se pronunciar.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acredita, no entanto, que em uma semana o derrame de óleo seja interrompido. Ao adotar um discurso para minimizar o acidente, Lobão disse que a empresa “está fazendo de tudo e que a Chevron não foi punida ainda porque há trâmites a seguir”.

Para ANP, acidente é cinco vezes maior
Em conversas com parlamentares do Partido Verde, o presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, teria calculado que o derramamento de óleo atinge 3,3 mil barris desde o dia 7 de novembro - cinco vezes maior do que afirma a Chevron. Em conversas com o deputado Sarney Filho (PV-MA) e a diretora da ANP, Magda Chambriard, Lima teria dito que houve erro da Chevron na prestação de informações à ANP. Lima informou a Sarney Filho que a Chevron deverá ser punida também por isso, além de multas pelo crime ambiental.

O delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal (PF) e autor do inquérito aberto contra a Chevron, afirmou que vai levantar dados e informações para apurar as responsabilidades. Ele pretende ouvir funcionários diretamente ligados à operação e, num segundo momento, convocará executivos da empresa: “Se a trinca no fundo do mar não for fechada, vai continuar vazando. O responsável por fechar essa rachadura disse à minha equipe que não tinha previsão de quando ia conseguir parar o vazamento. O acidente é uma catástrofe.”

O secretário estadual de Ambiente do Rio, Carlos Minc, também estuda cobrar reparação à Chevron: “Não estamos querendo nos sobrepor ao Ibama. Mas como o acidente ocorreu no Rio, podemos cobrar reparação aos danos ambientais e, sobretudo, as perdas para os pescadores que atuam na região.”

O governador do Rio, Sérgio Cabral, ainda não se pronunciou sobre o acidente. A Petrobras, parceira da Chevron no campo, também não vai falar sobre o assunto. Assim como o Ministério do Meio Ambiente, que alega ter repassado a tarefa ao Ibama. O presidente do órgão, Curt Trennepohl, passou boa parte do dia de ontem no Rio, reunido com representantes da Chevron.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 23:29

A S&P, o rating do Brasil e a queda de juros

A Agência S&P elevou a nota de crédito no Brasil. Um dos principais motivos alegados não deixa de ser interessante e expõe ou uma crise de paradigmas ou a choradeira de quem perdeu um graninha. Leiam o que informa a VEJA Online. Volto em seguida.

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A agência de classificação de risco Standard and Poor’s elevou nesta quinta-feira em um grau a nota de crédito soberano do Brasil. Segundo, o governo tem demonstrado seu compromisso de atingir as metas fiscais. A S&P elevou o rating de longo prazo em moeda estrangeira para “BBB”, ante “BBB-”, segundo nível de “grau de investimento”, quando a avaliação é de que o país mostra poucos riscos de calote.

A perspectiva do Brasil, ainda segundo a S&P, é estável. “Esperamos que o governo persiga políticas fiscais e monetária cautelosas que, combinadas com a resiliência (capacidade de se adaptar às mudanças) econômica do país, devam moderar o impacto de potenciais choques externos e sustentar as perspectivas de crescimento no longo prazo”, informou a S&P em comunicado.

A S&P foi a última das três principais agências de risco a elevar o nível brasileiro. A Fitch já havia elevado a nota do Brasil para “BBB” no início de abril, também segundo grau dentro da classificação de “grau de investimento.” A Moody’s fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de “Baa3″ para “Baa2″.

De acordo com o diretor de rating soberano da S&P, Sebastian Briozzo, as manifestações do governo de que o superávit primário cheio é meta também para 2012, 2013 e 2014 foi outro elemento essencial para a elevação do rating do País. “O compromisso fiscal de médio e longo prazo também foi um fator importante para a nossa decisão”, destacou. “A questão fiscal é um elemento decisivo que permite ao Banco Central dar continuidade ao processo de queda dos juros”, destacou.

O Ministério da Fazenda, por meio de nota, comemorou a decisão da S&P. “A decisão da S&P de promover a nota brasileira em um momento delicado da economia internacional é um reconhecimento de que a política econômica encontra-se na direção correta e de que são sólidos os fundamentos macroeconômicos do país”, informou o órgão.

Elevação não surpreende
O movimento, contudo, já era esperado e não deve provocar grandes mudanças. A Fitch já havia elevado a nota do Brasil para BBB no início de abril, também segundo degrau dentro da classificação de “grau de investimento.” A Moody’s também fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de Baa3 para Baa2.

“Não é uma surpresa”, disse o economista para a América Latina da Brown Brothers Harriman, Win Thin, em Nova York. “No meu modelo, o Brasil tem uma nota de BBB+. Acredito que venham novos upgrades à frente. Elas estão agora apenas reconhecendo a melhora no risco soberano do Brasil, diferentemente do que temos visto no mundo desenvolvido.”

Voltei
Apanho muito daqueles de sempre, como sabem, porque, dizem, “você só critica o governo”. Pois é: no caso do corte de juros, se vocês se lembrarem bem, eu elogiei. O que não gostei, aí sim, é que há sérias suspeitas de que houve alguns pesos-pesados se beneficiando do vazamento de informação. Isso, sim, era sério.

Embora as agências de risco tenham saído chamuscadas — se é que não foram calcinadas — pelas crises americana e européia, ainda continuam a ser uma referência para os tais “mercados”, que ficaram em polvorosa com a queda da taxa de juros. Curiosamente, no relatório da S&P, a decisão de baixar os juros foi elogiada.

Parece que o diagnóstico de que a crise mundial teria um impacto forte na economia brasileira vai se cumprir. Já há quem preveja crescimento abaixo de 3%; há previsões nada apocalípticas de 2,5%. “Ah, mas a desaceleração não está derrubando a inflação como se esperava”. Bem, aí o problema é outro e certamente não vai se corrigir com os juros nos cornos da lua, porque eles continuam lá, não é? Não suponho que os ditos “mercados” sairão atirando contra a S&P e a elevação do rating.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 22:53

Professora molestada por militante agradece apoio e saúda fim da greve nas Letras

A professora Elaine Grolla, do Departamento de Lingüística, foi brutalmente molestada por uma militante, que tentou impedi-la de dar aula, conforme relateiaqui e  aqui . Ela é corajosa! Não teme a patrulha. Que seu exemplo seja seguido por muitos outros colegas. Certamente os de sempre estão agastados com ela. Mas é a própria professora Elaine quem deixa claro: ela mais recebeu apoios do que críticas. Leiam outra mensagem que ela enviou ao blog.

“Agradeço imensamente por todas as mensagens de apoio que recebi. É encorajador ler essas mensagens. Mais encorajador ainda foi ver o resultado da assembléia de hoje, que votou pela não continuação da greve. A maioria silenciosa está, aos poucos, aprendendo a reagir!”

Que outros tenham a sua clareza e o seu destemor.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 22:33

ESQUERDA DÁ GOLPE E, DIANTE DA IMINENTE DERROTA PARA A CHAPA “REAÇÃO”, VIOLA ESTATUTO DO DCE E ADIA ELEIÇÕES PARA 2012, SEM DATA DEFINIDA

Aconteceu!

Eu avisei há mais de uma semana que a extrema esquerda planejava o adiamento das eleições do DCE. E foi, acreditem!, o que eles fizeram. Ao arrepio do Estatuto do próprio DCE.

Em uma daquelas assembléias que reuniu, se tanto, 1% dos alunos da USP, o DCE, comandando pelo PSOL, fez a proposta e obteve “a maioria”. As eleições foram transferidas para 2012, SEM DATA DEFINIDA. O pretexto é que a universidade está em greve — o que é mentira

É UM GOLPE!
GOLPE DOS MAIS VIGARISTAS, DOS MAIS VULGARES, DOS MAIS DETESTÁVEIS.

Eis a democracia deste tal PSOL, o partido que diz querer conjugar “socialismo” com “liberdade”.

O Estatuto da Universidade não trata desse assunto, mas o do DCE sim. E lá está claro que só o Conselho de Centros Acadêmicos tem poder para deliberar sobre a data das eleições.

Todos esses que estão flertando com invasores e grevistas deveriam se manifestar agora. Fale aí, Eugênio Bucci. Fale aí, Fernando Haddad. Justifiquem o golpe com sua dialética de uma nota só.

Essa é a democracia deles.
Esse é o respeito que eles têm pelas regras.
Esse é o entendimento que eles têm do estado de direito.

O golpe já tinha sido decidido e anunciado. Publiquei hoje o e-mail de um “dirigente” do movimento estudantil a respeito. Eu o republico e dou a autoria:
Aiaiaia
Ó, a esquerda não perde essas eleições nem a pau. E tenho dito.
O debate sobre adiar ou não é que existe uma greve sendo discutida nos cursos, e o movimento estudantil consequente saberá priorizar a política real cotidiana a um processo que não tem porque não ser adiado…
beijos

Foi escrito por Gabriel Landi Fazzio, dá chapa “Fórum de Esquerda”, que perdeu a eleição no XI de Agosto, na Faculdade de Direito. Ele também é dirigente da UNE. Como se vê, estava tudo preparado. As esquerdas deixaram suas divergências de lado para dar um golpe.

Por quê?
Porque, como fica evidente na mensagem, eles sabiam que a chapa “Reação” venceria a disputa e decidiram: “a esquerda não perde essas eleições nem a pau.”

Ah, sim: antes que comece aquele chororô, me acusando de violação de sigilo de correspondência, deixo claro: recebi o e-mail enviado para um grupo aberto — não violei coisa nenhuma; o e-mail diz respeito a uma questão de interesse público (não há nada sobre intimidade e vida privada aí); a Constituição me assegura o sigilo da fonte. Então não percam tempo com bobagens. Podem tentar golpear o DCE, mas não a Justiça.

Só resta à chapa Reação o caminho da Justiça. Eu pensei que essa gente já havia percorrido todos os caminhos da abjeção e do ridículo, mas não! Só lhes faltava se comportar como aqueles antigos ditadores xexelentos da América Latina. Não falta mais! O último caso de prorrogação de mandato, que eu me lembre, no Brasil, foi de José Sarney.

Quando eles falam em “autonomia universitária”, querem é uma “ditadura universitária”, em que eles estejam no comando.
Quando falam em “democracia”, querem preservar os esquemas em que a minoria decide.

Essa assembléia foi uma farsa. Todos os partidos de extrema esquerda da USP levaram seus militantes para o campus, muitos deles sem qualquer vínculo com a universidade, e deram o golpe anunciado no e-mail do dirigente da UNE. Contra o estatuto do DCE.

Que a Justiça se encarregue deles! A autonomia universitária não significa que o DCE seja soberano para fazer o que bem entende.

A partir de hoje, o comando do DCE se tornou uma forma ilegítima e golpista. A aposta dessa gente é que seus opositores vão se desmobilizar. Quando se sentirem fortalecidos, então tentarão marcar eleições.

RESISTA, MAIORIA SILENCIOSA! É A PRIMEIRA VEZ QUE ISSO OCORRE NA USP DESDE A SUA FUNDAÇÃO, EM 1934.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 18:27

A CARRASPANA HISTÓRICA DA SENADORA KÁTIA ABREU EM CARLOS LUPI

Abaixo, há um vídeo um tanto longo, mas que vale a pena ser visto. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) dá uma das maiores carraspanas que já vi um senador — ou senadora — dar em um ministro de estado. É desmoralizante! Assistam ao filme.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 18:23

A CONFISSÃO - O e-mail em que “dirigente” estudantil prega adiamento da eleição e diz que “esquerda não perde eleição nem a pau”

Um dos alunos me envia um e-mail de um dirigente estudantil, que circula entre os militantes. Leiam. Volto em seguida:

Aiaiaia
Ó, a esquerda não perde essas eleições nem a pau. E tenho dito.
O debate sobre adiar ou não é que existe uma greve sendo discutida nos cursos, e o movimento estudantil consequente saberá priorizar a política real cotidiana a um processo que não tem porque não ser adiado…
beijos

Voltei
Entenderam? Ele está dizendo qual é a justificativa para o adiamento. “Não perde eleição nem a pau” quer dizer o seguinte: eles não dão a mínima para a democracia. Reparem na arrogância do “coronel”: “não perde nem a pau e tenho dito”.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 18:18

ALUNOS DAS LETRAS DÃO A RESPOSTA A EUGÊNIO BUCCI: “NÃO” À GREVE!!!

O PSTU fez de tudo para manobrar, mas perdeu. Alunos das Letras, meu senhor, decidiram o fim da greve. Ou melhor, decidiram o óbvio: NÃO EXISTE GREVE NAS LETRAS. Existia apenas intimidação.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 18:11

DCE DA USP CONVOCA “ASSEMBLÉIA” E QUER ADIAR ELEIÇÕES! ISSO É GOLPE!!! MILÍCIAS AMEAÇAM ALUNOS CONTRÁRIOS À GREVE!

Os “psolistas” do DCE da USP marcaram uma assembléia para as 18h na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Deve estar começando agora, sem hora para acabar, como sempre. Vão discutir a greve, o movimento etc. Na pauta, está, ACREDITEM!, o adiamento da eleição para escolher a nova direção da entidade, prevista para os dias 22, 23 e 24.

Que a imprensa rume pra lá para assistir a esse espetáculo grotesco. A simples proposta de prorrogação de mandato deve ser inédita na história da USP.

Alunos contrários à greve estão sendo intimidados por milícias. O estado de direito deixou de vigorar em áreas da USP, mas há, acreditem!, na imprensa quem esteja apoiando essa rotina de intimidação. Abaixo, desmascaro — ou “desencapuzo” — um deles: Eugênio Bucci.

O DCE está com medo da eleição. Seus levantamentos internos indicam que há uma boa chance de a única chapa que não é de esquerda — a “Reação” — vencer. Se existe ou não essa possibilidade, não sei. Mas isso é certamente a idéia mais indecorosa e estapafúrdia de uma direção do DCE desde que a USP existe.

Essa gente, enfim, revela quem é e o que pensa. Tem o golpismo na alma. Mais uma vez, pretende reunir meia-dúzia de gatos pingados, numa universidade com 89 mil alunos, para impor a sua vontade na base do berro, da intimidação e da manobra. Caso perceba que não conta com a maioria para fazer o que lhe der na telha, prolonga o evento até levar os adversários ao cansaço e, entre os seus, “aprovar” o que bem entende.

Que a maioria silenciosa da USP saiba reagir!

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 17:54

USP - Tire o capuz, Eugênio Bucci! Ou melhor: assuma a carapuça. Ou: O petista que não ousa dizer seu nome

Eugênio Bucci, um petista que não ousa dizer seu nome, professor da USP e notório fazedor de “hedge” com os grandes meios de comunicação, onde vende seu charme de esquerdista moderado e inteligente, publica um artigo no Estadão de hoje em que, exercitando o melhor estilo nem-nem — aquele que iguala culpados e inocentes —, acaba fazendo uma escolha: pelos culpados. Embora negue. Enquanto professores estão sendo constrangidos por brucutus, ele dá “aula pública” para partidários da greve. Na universidade, põe as unhas de fora; na grande imprensa, expõe a pelagem macia. Não é a primeira vez que age assim. Trata-se de um aliado e porta-voz informal de Fernando Haddad em certos setores da imprensa e da “inteligentsia” paulistanas. Haddad é aquele rapaz que afirmou que não se pode tratar a USP como se fosse a Cracolândia e a Cracolândia como se fosse a USP, sugerindo que polícia é coisa pra pobre. Vocês verão que Bucci segue os passos de seu líder.

O artigo de Bucci já é matreiro desde o título: “USP - Entre o capuz e o capacete”. Faz referência aos encapuzados que invadiram a reitoria e ao instrumento de proteção dos policiais. O “inteliquitual” moderno do PT está dizendo que são dois extremos inaceitáveis de uma mesma situação. Mentira! Os capacetes estavam lá por ordem do Poder Judiciário, uma instância da democracia e expressão do estado de direito. Os capuzes estavam lá fraudando o estado de direito e a democracia. Ao equiparar as duas metonímias, Bucci faz de conta que a universidade é uma instância intermediária entre o poder legal e o ilegal, entre o crime e a lei. Basta saber ler. Segue seu artigo em vermelho. Sirvo Bucci em postas em azul.

Há dois anos e meio, em 18 de junho de 2009, escrevi neste mesmo espaço um artigo sobre a Universidade de São Paulo (USP): O atraso no espelho. Poucos dias antes, a Cidade Universitária virara uma praça de guerra, ou quase. Com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, policiais haviam dissolvido uma passeata de estudantes e funcionários, que também não eram lá tão pacíficos. Ali ficou patente que a USP mergulhara num déficit de representatividade e de legitimidade, que abria campo para o recrudescimento da violência.
É um resumo ou incompetente ou mentiroso, decida o leitor. A polícia interveio porque os extremistas de esquerda de sempre impediam o exercício de direitos garantidos pela Constituição. E, para variar, tomaram a iniciativa de atacar a polícia. São os fatos.

O déficit de representatividade expressava-se nos movimentos sindicais da universidade. Tanto o Diretório Central dos Estudantes (DCE) quanto o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), incapazes de mobilizar grandes contingentes entre seus presumíveis filiados, apostavam em ações supostamente radicais. Para propagandear suas reivindicações ocupavam gabinetes oficiais na base de piquetes que se valiam intimidações físicas. De outro lado, o déficit de legitimidade já era notório nos órgãos de poder da universidade, que estavam distantes do conjunto da comunidade, que não os reconhecia como interlocutores.
Bucci reconhece o déficit de representatividade de um lado para poder atacar o suposto déficit de legitimidade de outro. Que déficit? Que instância de interlocução ACADÊMICA não está sendo respeitada na USP? O truque retórico sujo de Bucci consiste em equiparar pessoas que optam por práticas claramente criminosas com outras que agem segundo instâncias reconhecidas pelo estado de direito.

O atraso espelhado - um movimento sindical pouco representativo contra órgãos de poder pouco legítimos - deu no que tinha de dar: um ambiente desprovido de pontes institucionais de diálogo, no qual a força bruta substitui o debate.
Desafia-se aqui este senhor a provar que os órgãos de gestão da USP são “pouco legítimos”. Tenho mais desprezo por esse nhenhenhém bucciano do que pelos extremistas do PCO, da LER-QI ou de outro grupelho de hospício qualquer. Pelo menos aqueles dizem claramente o que querem, o que pretendem. Fazem uma escolha: pelo crime. E ponto! E consideram que isso é ação revolucionária. Bucci precisa, para seduzir incautos, comparar criminosos e inocentes para poder pontificar como representante de uma terceira instância qualquer.

Infelizmente, o quadro não mudou até hoje. A crise de representatividade e de legitimidade continua. O resto é sintoma.
Mentira! A de representatividade continua. A de legitimidade nunca houve. Ao dizer que “o resto é sintoma”, Bucci iguala as culpas. Tanto a Reitoria como os extremistas seriam os culpados pelas invasões, pela desordem e pelo óbvio agravo a direitos constitucionais.

O debate sobre a presença da Polícia Militar (PM) dentro do câmpus era e é sintoma. A celeuma sobre o consumo de drogas pelos estudantes, também. A base profunda do mal-estar reside na inexistência de instâncias acadêmicas e administrativas que deem conta de resolver as interrogações que a vida universitária suscita naturalmente.
Há sempre o momento no artigo em que demagogos são obrigados a recorrer a palavras-caixa ou palavras-gaveta, nas quais tudo cabe: “base profunda do mal-estar”; “interrogações que a vida acadêmica suscita naturalmente”… O que será isso? Cadê o mal-estar? Por que a baderna promovida por 100 delinqüentes, iniciada, sim, porque se tentou impedir o flagrante dado em três maconheiros, seria sintoma de uma crise? Ora, porque os petistas decidiram pegar carona no imbróglio criado por extremistas de esquerda que infernizam a vida da USP há quase três décadas. Chego lá.

O problema da USP não é tanto de autonomia jurídica, mas de autonomia intelectual: ela não dispõe dos meios institucionais para pensar e para resolver os desafios que ela própria produz em sua rotina. Como uma criança, precisa chamar o irmão mais velho na hora do aperto, tanto para fazer piquete como para afastar o piquete.
Mais truque sujo de retórica. Como fica impossível demonstrar que a USP não tem a necessária autonomia — que ele chama de “jurídica” —, então vem com a cascata da “autonomia intelectual”, seja lá o que isso signifique. Mas eu suponho o que seja: a criação de grupos informais, que se fazem ao arrepio da lei e de qualquer idéia de representação, para decidir os destinos da universidade. São os doces tribunais informais do petismo — que já funcionam em muitos casos. Em certas faculdades e departamento, é quase impossível um não-esquerdista se tornar um professor. Ele não passa pelo Santo Ofício da “autonomia intelectual”, que só é “autônoma” se for de esquerda, como Bucci.

No final de 2011, temos um remake piorado do mesmo filme de 2009. No dia 27 de outubro, policiais tentaram deter estudantes que portavam maconha. A reação dos colegas foi imediata e barulhenta. Em questão de 48 horas, o velho roteiro de crise foi posto em marcha, incluindo a previsível e indefectível invasão da Reitoria. Desta vez, porém, com um déficit de representatividade ainda mais grave. A proposta de ocupação tinha sido rejeitada pela assembleia do DCE, mas a minoria que perdeu a votação manobrou o resultado: após o encerramento da assembleia, quando muitos estudantes já tinham ido embora, reinstalou às pressas a mesma assembleia - esvaziada - e, só aí, conseguiu aprovar o que queria. A ocupação ocorreu. Ato reflexo, a opinião pública voltou-se contra o movimento estudantil, que apareceu na foto como birra de gente mimada que quer fumar maconha na santa paz.
O resumo é razoável. Mas notem a tentativa de descaracterizar o que, de fato, aconteceu. Sim, a canalha quer fumar maconha na USP sem ser importunada. Mas Bucci, a gente vê, acha que não. Isso seria só um sintoma de algo maior. Ora, PCO, LER-QI e assemelhados também acham. Tanto é assim que, logo depois da invasão do primeiro prédio, apresentaram a sua pauta: PM fora da Cidade Universitária, revisão de processos administrativos e saída do reitor. Só que eles têm a coragem de confessar sua delinqüência intelectual e política; eles têm a coragem de dizer que o caso da maconha foi um “pretexto”. Bucci tenta transformar a pauta política dos petistas num dado da natureza, caído da árvore da vida.

Na semana passada, quando 400 policiais, dois helicópteros, além de cavalos, desalojaram e indiciaram os 73 jovens que se encontravam acampados no prédio principal da USP, o quadro inverteu-se. A ação da PM efetivamente devolveu a Reitoria ao reitor, mas, inadvertidamente, devolveu o ânimo ao movimento estudantil.
Ah, que cobra criada do petismo esse rapaz! Reparem que ele lista o aparato da PM como quem descreve um aparato de guerra contra 73 pobres criaturas. Fez muito bem a Secretaria de Segurança Pública em cumprir a determinação da Justiça com aquele número de homens. Até porque não se sabiam quantos estavam acoitados na reitoria. Magno Carvalho, diretor do Sintusp, havia falado em “confronto sangrento”. Os soldados puderam garantir a segurança dos delinqüentes. Bucci se esqueceu de dizer que havia coquetéis molotov e gasolina estocados na reitoria. Também se esqueceu de listar que havia bombeiros e paramédicos para atender eventuais feridos — o que não houve, felizmente. Desde a primeira agressão à polícia, só soldados se machucaram.

Não, rapaz! “A reitoria não foi devolvida ao reitor”! Foi devolvida à USP, ao estado de direito, à população de São Paulo.

Ânimo ao movimento estudantil? Qual?

As assembleias lotaram, várias faculdades entraram em greve e, dessa vez, os mesmos estudantes que reprovavam a invasão passaram a condenar com veemência a ação dos policiais.
Mentira! As assembléias não lotaram; não há faculdades em greve (uma ou outra estão sitiadas por delinqüentes), e a maioria dos estudantes continua favorável à presença da PM no campus. É impressionante que este senhor, que pretende fazer um texto neutro, omita os piquetes violentos, a intimidação a professores, o esforço dos alunos para assistir às aulas, os manifestos por escrito para que não haja greve. Está se alinhando com os violentos, mas à sua maneira: suave, com palavras de veludo.

Não porque estes se tenham excedido em maus tratos, o que não ficou provado. A revolta contra a presença dos policiais tem uma razão mais sutil: a comunidade universitária sente-se humilhada quando um excesso estudantil é removido por uma ação policial que lembra essas operações de combate a motim de presídio.
Huuummm… Seguindo o seu chefe político, Bucci está dizendo que a USP não é presídio e que presídio não é a USP. Também ele acha que polícia é coisa pra pobre. Age como criminoso quem veste capuz para tomar um prédio público. “Excesso de estudante”? Por que este professor da USP não se solidariza com seus colegas, que continuam a ser intimidados, como evidenciam relatos enviados por docentes a este blog? Este senhor está declarando um apoio da opinião pública aos delinqüentes que simplesmente inexiste.

Aliás, quando eclode um motim entre presidiários, o pessoal de direitos humanos é chamado para tentar negociar uma solução antes da entrada da tropa. Na Cidade Universitária, nem isso houve.
É mentira! Houve várias reuniões entre os invasores e a Reitoria. E simplesmente os transgressores da lei se negaram a conversar. Foi-lhes oferecida até — a meu ver, de maneira imprópria — a impunidade. Nem assim. Mas notem: quem, nesse trecho, compara universidade a presídio é Bucci.

Que a PM patrulhe o câmpus com o objetivo de proteger a vida dos que ali estudam e trabalham pode até ser, mas chamar o batalhão para resolver manifestações políticas, sem que se esgotassem outras tentativas de mediação, isso é humilhante.
Bucci está seguindo a pauta de seu partido (já falo mais a respeito) e tentando dar gás a um movimento minoritário. QUEM DETERMINOU A REINTEGRAÇÃO DE POSSE, ADEMAIS, FOI A JUSTIÇA.

É verdade que o figurino adotado pelos invasores da Reitoria colaborou para que a crise da USP assumisse um visual de presídio amotinado. Com o rosto coberto, eles se achavam fantasiados de manifestantes antiglobalização da Europa, mas estavam ainda mais parecidos com presidiários do PCC e com traficantes, o que eu mesmo tive chance de dizer aos alunos numa aula aberta que fiz na quinta passada nos jardins da ECA.
Aula aberta de quem apóia o movimento, sim. Aula aberta de quem — e eu tenho tantos “repórteres da USP” — estava lá para ensinar que a melhor tática para quebrar a espinha da universidade e do governo do Estado (que Bucci evita atacar diretamente) é outra. Notem: para ele, foi só uma questão de “figurino”.

O capuz foi um erro estético, resultante do erro ético de afrontar uma decisão de assembleia.
***Acho que é o trecho mais indecente de seu texto. E também é aquele em que ele mais se entrega. O trotskista light está dando dicas aos jovens.  “Erro estético?” Quer dizer que o “erro ético” foi só ter afrontado a decisão da assembléia? Se aqueles 300 da primeira assembléia tivessem aprovado a invasão dos dois prédios, os piquetes e as atitudes violentas, numa universidade com 89 mil alunos, tudo estaria no seu devido lugar? QUER DIZER QUE A MINORIA DA ESQUERDA DA USP É AGORA A DONA DA ÉTICA? A vida na cidade universitária é uma questão privada dessa minoria?

Do mesmo modo, os capacetes e escudos da PM foram um erro de método, este decorrente da ausência de instâncias de interlocução interna. Uma universidade que não dialoga é uma universidade que se bate, mais do que se debate. Em síntese, de 2009 a 2011, a USP não deu um passo para a frente nem um passo para trás: deu apenas um passo para baixo, afundou-se no buraco em que se encontra encravada. Para onde ir agora?
Mero exercício de retórica circense. Por que este senhor não vai perguntar o que pensa a respeito a maioria dos estudantes da USP? Neste momento, enquanto escrevo, a direção do DCE da USP trama o adiamento da eleição, prevista para os dias 22, 23 e 24.

Do ponto de vista das entidades de professores, alunos e funcionários, a palavra de ordem é a renovação completa das chapas, das bandeiras e dos métodos. As maiorias precisam entrar em cena, precisam falar. Só assim poderão desautorizar as minorias que acreditam mandar no grito. Quanto às instâncias oficiais da USP, precisam da mesma renovação, o que pode incluir até mesmo consultas à comunidade para a escolha de diretores e reitores. Aí, o diálogo poderá encontrar lugar institucional na vida acadêmica - e só o diálogo institucional pode esvaziar a violência e libertar a universidade.
Ah, finalmente ele chegou ao ponto: a eleição direta para reitor, vazada numa linguagem arrevesada. Essa é a pauta dos petistas em seus fóruns. Dizem, explicitamente, que há de se aproveitar esse momento para emplacar essa tese. Mais: o partido, a exemplo do que faz Bucci, condena os “excessos”, mas apóia a essência do movimento. E está pronto para se engajar numa grande greve no ano que vem. Os motivos da paralisação ainda precisam ser definidos, mas isso é o de menos.

Já antevejo: “Ai, como esse Reinaldo é agressivo! Bucci é tão manso!”  É? A agressão de seu texto está sobretudo naquilo que omite. Neste momento, colegas seus estão sendo intimidados por uma tropa de choque de delinqüentes. E ele não diz uma miserável palavra a respeito. Ao contrário: foi fazer proselitismo em sua “aula pública”. Mais: claramente usa em benefício de uma pauta partidária a ação estúpida dos extremistas que diz repudiar. Não sou agressivo, não! Eu sou é claro! Sim, eu visto o capacete da democracia e do estado de direito. Por isso convido Eugênio Bucci a vestir a carapuça da ilegalidade.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 16:07

Dilma só não demite Lupi porque teme um dano maior do que o causado por sua permanência. Que trunfo terá o falastrão, que intimida a Soberana?

Há algo mais no ar além do King Air em que voou Carlos Lupi. Todos os outros ministros caíram por menos. Ele vai amontoando uma quantidade impressionante de mentiras. E vai ficando. Se o depoimento de hoje no Senado era “importante” para decidir a sua permanência até a reforma ministerial, Dilma está esperando o quê? Foi patético! Além de tudo o que já se sabia, veio à tona a história das diárias. Nós pagamos para que o ministro fosse fazer política partidária no Maranhão.

Depois de seu depoimento no Senado, em que ficou evidente não ter nem mesmo o apoio do PDT — o PC do B, por exemplo, ficou com Orlando Silva até o fim —, Lupi declarou:
“Eu tenho todas as condições políticas [de manter o cargo]. Tranqüilidade, serenidade e, repito, não há nenhuma acusação contra a minha pessoa [...] Agora, meu cargo é de confiança da presidente da República. Depende dela. Eu já tive a conversa [com Dilma]. Já conversamos, e eu vou continuar trabalhando normalmente”.

Sobre todas as evidências de que mentiu, com uma cara-de-pau estupefaciente, afirmou:
“Eu não voltei atrás em história nenhuma. Primeiro que, na quinta-feira, quando eu fui na comissão do Trabalho, não tinha este fato. Foi me perguntado em tese. A população tem de entender que esta pergunta foi feita antes dos fatos denunciados, e a resposta foi a esta pergunta. Qual era a pergunta do deputado Fernando Franceschini: ‘Se o senhor tem algum tipo de relacionamento pessoal com o senhor Adair?’. Eu respondi ‘Nenhuma relação. Eu não tenho nenhuma relação pessoal’”.

Ele está dizendo, em suma, que mentiu porque, afinal, a verdade não tinha vindo à tona, entenderam? A mentira parece ser um vício. O deputado Fernando Franceschini foi explícito na sua pergunta: quis saber se Lupi conhecia Adair Meira e se já tinha voado com ele no mesmo avião. Ele negou as duas coisas. Quando VEJA provou o contrário, veio, então, a nova mentira: o avião teria sido pago pelo partido. Meira, o PDT, as fotos e um vídeo desmentiram o ministro.

E, no entanto, ele continua no cargo, atribuindo sua permanência à vontade da presidente Dilma Rousseff. Cabe uma única pergunta: QUE DANO DILMA ROUSSEFF TEME, PIOR DO QUE O CAUSADO PELA PERMANÊNCIA DE LUPI?Gente do Planalto está tentando convencer o ministro a cair fora, mas ele não aceita. Logo, teria de ser demitido. Ocorre que o bufão prometeu fazer estragos. Falastrão, todos sabemos, ele é. Nesse caso, porém, a hesitação da Soberana dá o que pensar. A sugestão de que a presidente está sendo chantageada é bastante forte.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 15:24

Lupi. Ou: Da coragem de ser ridículo

Leiam o que informa Gabriel Castro na VEJA Online sobre o depoimento de Carlos Lupi, o cadáver político adiado. Como se a situação já não fosse ruim o bastante, descobre-se agora que o ministro recebeu diárias pagas pelo contribuinte para que exercesse atividade partidária.

Em mais uma etapa de seu périplo antes do inevitável, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, falou à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado na manhã desta quinta-feira. A audiência teve início por volta das 9h45 e durou cerca de três horas. O pedetista, que continua ministro sabe-se lá por quê, tentou explicar o inexplicável: como usou um jatinho pago pelo dono de entidades que mantêm contratos suspeitos com a pasta, Adair Meira. O mesmo jatinho que ele jurou não ter usado. O mesmo Adair que ele jurou não conhecer.

Menos falastrão do que nos últimos dias, o ministro iniciou sua exposição criticando a imprensa e dizendo-se vítima da má fé dos meios de comunicação: “Não podemos viver numa sociedade em que se condena uma pessoa sem provas”, declarou. Não se sabe o que Lupi chama de prova. Mas o site de VEJA já mostrou um vídeo em que o pedetista desembarca do jato, em viagem ao Maranhão.

Lupi prosseguiu tentando desdizer o que havia dito na semana passada, em audiência na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Foi lá que, indagado pelo deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), ele negou ter viajado em aviões pagos por Adair. “Eu disse que não tenho nenhuma relação. Não disse que não o conheço”, arriscou o ministro, sem mencionar a parte do jatinho.

O ministro admitiu ter andado na aeronave do modelo King Air durante viagem ao Maranhão, outra informação que ele chegou a negar objetivamente. Mas disse que não sabe quem pagou as despesas do voo: “Eu não sei. Não tenho a obrigação de saber. Eu não pedi a aeronave”, esquivou-se. De acordo com ele, o serviço foi contratado por Ezequiel Nascimento, ex-presidente do PDT do Distrito Federal.

Como se não bastasse, o ministro admitiu ter recebido ao menos uma diária do governo durante a viagem ao Maranhão, em que participou de eventos partidários.  “Eu tenho que pegar os detalhes depois. Se estiver irregular, devolvo”, prometeu, simplesmente. Ainda durante a audiência, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) surgiu com a resposta: Lupi recebeu três diárias e meia para fazer a viagem, em dezembro de 2009.

“Ridículo”
Lupi ouviu críticas duras do líder do PSDB, Alvaro Dias (PR): “Essa tentativa de justificar o injustificável o torna ainda mais ridículo diante da opinião pública do país”, disse o tucano, para quem o ministro deveria “pedir perdão” por ter mentido.

Nem mesmo dentro do partido Lupi parece ter apoio. O senador Pedro Taques (PDT-MT) quer não só a saída do ministro, mas pede que o partido abra mão do cargo: “Entendo que o PDT deva se afastar o ministério, porque o PDT nesse ministério já não detém a confiança da sociedade brasileira”, afirmou. Lupi pediu um voto de confiança: “Dá ao teu amigo a chance de lutar pela verdade dele. Eu só quero ter a chance de não ser condenado sem provas”, respondeu.

Em nota oficial publicada no sábado, Lupi afirmou que a viagem tinha sido feita apenas em aviões Sêneca, providenciados pelo diretório regional de seu partido, o PDT. A  versão começou a ser desmontada nesta quarta-feira, quando fotos do ministro desembarcando do King Air vieram à tona. Vídeo obtido com exclusividade pelo site de VEJA termina esse desmonte ao mostrar o ministro e Adair Meira no local da aterrissagem, com o avião ao fundo.

Lupi vem na corda-bamba desde que VEJA revelou um esquema de cobrança de propina na pasta. A situação se agravou com o flagrante da mentira do ministro aos parlamentares. A ida ao Senado deve ser a última chance que o pedetista terá para tentar convencer a presidente Dilma Rousseff de que deve continuar no cargo.

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 15:12

Mais um professor da USP declara a sua independência e a sua liberdade

Recebo este outro comentário, de um professor do Departamento de Física da USP. Volto em seguida:

Meu nome é Paulo A. Nussenzveig, sou professor do Instituto de Física da USP e tenho me manifestado, assim como diversos de meus colegas, seguidamente, contra os sindicalistas truculentos. Orgulho-me de jamais ter sido filiado ao sindicato chamado ADUSP (Associação DOS docentes da USP, um nome de fantasia para esse sindicato de professores) e aprecio o fato de não ser obrigado a fazê-lo, como ocorre com outros assalariados. Atenção: a ADUSP NÃO FALA EM MEU NOME! Que isso fique registrado em mais esse fórum.

Comento
A minoria está se tornando cada vez mais truculenta à medida que percebe que as maiorias querem se libertar de sua tirania. É parte do processo. Mas me parece que o processo de libertação está em curso.

Que a maioria silenciosa dos 5.200 professores tenha a coragem que muitos alunos estão manifestando! Parabéns, professor Nussenzveig!

Por Reinaldo Azevedo

17/11/2011

 às 15:05

Uma professora na USP que honra a autonomia da universidade

Publiquei o testemunho impressionante de uma professora do Departamento de Lingüística que foi verbal e moralmente agredida por uma militante, segundo quem as assembléias ensinam muito mais do que as aulas. A bruta tentou impedir uma profissional de exercer o seu ofício.

A professora autorizou a divulgação de seu nome: trata-se de Elaine Grolla. Eis uma mulher corajosa, que não tem medo da própria autonomia. No e-mail que ela me envia, escreve: “É um absurdo eu ter receio de ter meu nome divulgado, imagine só, porque dei aula ontem!”

Seria mesmo um absurdo, professora, mas a senhora sabe o temor de muitos de seus colegas. Não querem parecer “reacionários” diante de uma espécie de tribunal inquisitorial ou de pelotão de fuzilamento moral. Pedi a sua autorização porque sei o clima de patrulha reinante em certos nichos da FFLCH.

Elaine Grolla, ela sim, honra a autonomia universitária e o papel de um professor. Se a universidade é o lugar do pensamento destemido, por que os que divergem de uma minoria de extremistas têm de ser silenciados e submetidos a constrangimentos?

Eis aí! Na FFLCH, há gente como a professora do post abaixo, que “entrega” alunos que querem aula às milícias. E há certamente gente como Elaine Grolla, que honra a liberdade, a Constituição e o sacrifício de milhões de paulistas, que têm orgulho da USP.

Por Reinaldo Azevedo

As lendas pessoais de Lula tiranizam a política e os analistas. Ou: Doença, espetáculo e poder

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É lamentável a espetacularização do câncer, vazada como cenas da vida doméstica, protagonizada por Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, como demonstrei aqui, não esperou muito tempo e acabou revelando certamente mais do que pretendia o partido. Segundo escreveu no Twitter, Lula fez barba e cabelo e deixou o bigode para as eleições de 2012. É indecente.

Quem é da área sabe que Ricardo Stuckert é profissional dos bons. Era o fotógrafo oficial de Lula quando este era presidente e migrou com ele para o instituto. Já apontei aqui a influência da estética “Benetton”, by Oliviero Toscani, em algumas de suas fotos. Não foi diferente desta vez. O resultado, como peça de propaganda, é competente. Mas é disto que estamos falando: de propaganda. Assim como Toscani expunha um doente de Aids com a família chorando à sua volta para vender camiseta e moletom (ver o post que escrevi ontem sobre a Benetton), Lula usa a sua doença para, como comprova Berzoini, conquistar votos para o seu partido.

Profissionais da fotografia teriam muito a falar a respeito — necessitando de um tantinho de coragem, claro, para enfrentar a patrulha. Um resultado como o divulgado requer ajuste de luz, muitas dezenas de fotografia, até que se escolham “aquelas”. Há tudo nas imagens divulgadas, menos aquilo que se tentou vender ao público: o flagrante e a espontaneidade. Aqueles olhares para o nada — para o futuro da humanidade? — resultam de muitos cliques.

E agora falarei com a “autoridade” de que tem barba, muuuita barba, mais do que eu gostaria. Aquilo é uma cena preparada. O casal atua como modelo — ele, no seu papel predileto: Lula; ela, no dela: mulher de Lula. Por que afirmo isso? A parte mais chata da barba (além do pescoço; por que barba no pescoço, meu Deus?) fica ali na fronteira do lábio inferior, área já raspada e escanhoada, como se nota. O mesmo se pode dizer da papada. Tudo lisinho. E há a questão óbvia: a assessoria de Lula deslocou Stuckert até a casa do ex-presidente, mas não teve o bom senso de chamar uma profissional para lhe raspar cabeça e barba, operação que sempre comporta algum risco? Tenham paciência.

Fico cá pensando nos muitos candidatos a hagiógrafos de Lula, que exaltaram, nos primeiros dias da doença, como é mesmo?, a sua “transparência”, como se esta já não tivesse sido turvada quando gravou um vídeo, tendo o mesmo Stuckert por trás da câmera, marcando um encontro com os “eleitores” em algum palanque. Não sou assim tão inocente, não é? Lula é o homem público mais em evidência do país. É admirado por milhões de pessoas. É natural que haja curiosidade sobre a sua saúde e que muitos torçam para que seja bem-sucedido em seu tratamento. Assim, é aceitável que se divulguem imagens suas e que estas sejam selecionadas e tal.

Mas vamos devagar! É preciso haver algum decoro nisso! Lembrei aqui outro dia que Lula chorou copiosamente diante da Câmera de Duda Mendonça na campanha eleitoral de 2002 ao falar da primeira mulher, morta no parto, e do filho natimorto. Elaborava uma narrativa muito distinta de entrevista que havia concedido anos antes à revista Playboy sobre o mesmo assunto. Diante daquele espetáculo patético em 2002, lembro-me de ter escrito um texto no extinto sitePrimeira Leitura cujo título era: “Ele não tem limites”. Tudo bem pensado, espetacularizar a própria doença para obter benefícios políticos para o seu partido não é, assim, o seu auge. Chegou mais longe com a mulher e o filho mortos.

Não, senhores hagiógrafos! Isso não é transparência, mas obscurantismo. E explico por quê. Lula torna o processo político refém de sua biografia — ou melhor: o processo político se deixa capturar por suas lendas pessoais. Na Presidência, suas batatadas não podiam ser criticadas sem que pesasse a sombra do preconceito. Agora, quando ele faz óbvia exploração política de sua doença, considera-se de mau gosto apontá-lo. É preciso que Ricardo Berzoini o faça. Até a recomendação,  em tom de ironia, para que vá se tratar no SUS, ainda que a tanto ele não esteja obrigado, é tomada como grave ofensa, “baixaria”, um verdadeiro vilipêndio!

O processo político trata Lula como expressão do sagrado. Já ele próprio nunca se importou em ser bastante profano, como se vê mais uma vez.

PS - A orientação deste blog segue sendo rigorosamente a mesma. Serão vetados os comentários que tratem de forma desrespeitosa o doente Lula. Serão aceitos os comentários que tratem Lula, doente ou saudável, como aquilo que ele é: um político, razão por que suas fotos foram divulgadas por um instituto…  político.

Por Reinaldo Azevedo.
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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