Código Florestal e Belo Monte: uma resposta ao ator e autor Juca de Oliveira

Publicado em 25/11/2011 13:20 e atualizado em 25/11/2011 17:29
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Código Florestal e Belo Monte: uma resposta ao ator e autor Juca de Oliveira

..."Reinaldo, é a segunda vez - fã ardoroso, agora já nem tanto - que me decepciono com você. A primeira foi a sua intransigente e incompreensível defesa do código florestal do Aldo Rebelo, que reduzia de trinta para sete metros e meio a mata ciliar (a floresta que deve cobrir as margens dos rios). Agora, mais incompreensivelmente ainda, você tenta ridicularizar no seu blog a manifestação de um grupo de artistas brasileiros que se opõe à construção da Usina de Belo Monte através de um vídeo. Não sou petista, não voto no PT como você, mas nem por isso me sinto na obrigação de defender cegamente qualquer posição predadora da bancada ruralista.
Juca de Oliveira".

Respondo:

Caro Juca, nem eu! Não defendo cegamente a posição de ninguém. Cegamente, para ser franco, nem a minha própria. Já mudei de opinião algumas vezes e sempre expliquei aos leitores por quê. Não tenho compromisso com o erro. Até onde sei, o “comunista do Brasil” Aldo Rebelo não é um ruralista. A acusação de que estivesse agindo a mando ou a soldo deles é uma indignidade. Não há a respeito nem mesmo aquela evidência falsa que confira verossimilhança, mas nunca verdade, à aleivosia. E olhe que não sou exatamente fã de comunistas. Vamos lá. No caso do Código e de Belo Monte, como em outros, procuro acabar com algumas mistificações e algumas mitologias fabricadas pela patrulha politicamente correta e pelo onguismo.

Começo demonstrando, Juca, que a sua síntese sobre a mata ciliar e o relatório de Aldo não corresponde ao que vai no Artigo 4º do texto do então relator e agora ministro, a saber:
Considera-se área de preservação permanente, em zonas rurais ou urbanas, para só efeito dessa lei
I - As faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda do leito menor, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água que tenham menos de 10 (dez) metros de largura (observado o disposto no Artigo 35);
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros.

É o texto, Juca! O problema, e lamento mesmo porque o debate gira em torno da desinformação, está nas mentiras essenciais que foram contadas por pessoas influentes, como os artistas e os jornalistas. O exemplo mais escandaloso é a tal da “anistia” para desmatadores, que nunca existiu. A rigor, Juca, a anistia está em vigência hoje, já que as multas estão suspensas por decreto presidencial: primeiro de Lula e depois de Dilma. Ora, quem desmatou antes de julho de 2008 terá de fazer compensação ambiental — REFLORESTAR — ou pagar multa. Cadê a anistia? Você e eu lutamos contra a ditadura. Nós sabemos o que quer dizer “anistia”. Quer dizer “perdão”. Na prática e no dicionário.

Outra inverdade, lamento, está nas suas próprias palavras: “ruralistas predadores”. Existem? Sim, existem! E ninguém os defende. Ao contrário, para eles, o que se pede é cadeia. Se o Código ainda em vigência for posto em prática, meu caro, os pequenos proprietários é que serão impedidos de produzir. Os grandes — papeleiras, pecuária, setor sucro-alcooleiro — estão de acordo com o código atual. É o pequeno agricultor do Rio Grande do Sul, por exemplo, que está “fora da lei”.

Refaço a você o convite que fiz ao conjunto dos leitores. Desenhe aí um ângulo de 25 graus e pense o que seria um terreno com essa inclinação. Caso se proibisse a presença de gado em declive superior a 25 graus, como queriam os ecologistas, não se produziria mais leite em Minas. É UMA FARSA, JUCA, A CONVERSA DE QUE A MUDANÇA NO CÓDIGO SERVE AOS GRANDES! É MENTIRA! E quem produz leite em Minas? São os “ruralistas predadores”? Os plutocratas da terra? Não! É o seu Zezinho, filho da dona Sebastiana, primo do Quinzinho, entende?

Belo Monte
Quanto a Belo Monte, fazer o quê? A matemática é implacável. A área que vai ser inundada para construí-la é ridiculamente pequena em relação à floresta — e não creio que você ou alguém possam contestar isso; é mentira que índios serão desalojados (o que posso fazer?); é mentira que a energia que se vai produzir lá é irrelevante para o Brasil; é mentira até mesmo que 80% dos recursos vêm de impostos, embora exista um problema nessa área, como alerto desde o ano passado. Atenção, Juca! O reservatório vai ocupar 640 km² para produzir uma quantidade respeitável de energia. Sabe quanto se desmata, por ano, em razão da falta de controle do governo? 19 mil km²! Quase 29 vezes mais. POR ANO!!! E não são os ruralistas que debatem código, não, Juca!, que promovem a devastação. Gente que debate quer aparecer. Quem desmata é madeireira clandestina. Para essa gente, quanto mais firulas houver na lei e  quanto mais restritiva e difícil de ser aplicada ela for, melhor! Aumentam as chances de comprar fiscais corruptos, prefeitos corruptos, agentes federais corruptos.

O que posso fazer, Juca? É razoável que atores e atrizes, sem terem a menor noção do que estão falando — como propor que as energias eólica e solar sejam consideradas matrizes energéticas viáveis hoje —, usem de um certo poder de representação que têm (e você sabe que têm) para sustentar sandices, que não estão minimamente ancoradas nos fatos? Sabem estes senhores que, nos locais onde há usinas eólicas, os pássaros simplesmente são dizimados? Quanto tempo demoraria para que aparecessem os defensores dos nossos amiguinhos de pena?

Então estamos assim: petróleo suja, carvão suja, urânio suja, hidrelétrica também suja (!?), energia eólica, se viável fosse, mata passarinho… Resta a energia solar. Será que essa gente tem noção do custo? Você já viu a parafernália necessária para esquentar uma mera caixa d’água de 500 litros? E isso quando há sol pra valer…

A usina vai, é verdade, gerar um terço da energia que poderia gerar — e, ainda assim, será essencial para o país. E vai gerar um terço por causa, justamente, do que chamarei “hiperproteção ambiental”. Não haverá o reservatório. Conforme demonstrei, ainda que se alagasse uma área 20 vezes maior, seria uma porção ínfima da floresta.

O Brasil, Juca, precisaria crescer de forma sustentada, durante muitos anos, a coisa de 5% ou 6% ao ano. Só assim conseguiremos reduzir a pobreza num prazo não muito escandaloso. Se isso acontecer, o que será em benefício dos pobres, há um sério risco de esbarrarmos na falta de energia, ainda que tenhamos Belo Monte, Santo Antônio e Jirau. É assim porque é, não porque eu quero.

Estetização e ironia
Há, finalmente, a forma como me expresso, as minhas ironias, meu senso de humor, o que seja. Bem, Juca, você é um artista, um esteta. Busca sempre a melhor maneira de chegar a seu público, de despertar a sua atenção, de tornar eficiente a mensagem. Os artistas do vídeo, como a gente nota, estão, como posso dizer?, “estetizando” a realidade: representam, fazem perguntas retóricas, fingem ignorância (do que fingem saber, essa é a parte chata), fazem blague, uma até tira o sutiã…

Meu caro Juca, um dos recursos do artista é a estetização; um dos recursos do articulista e do polemista, este sou eu, é a ironia. Ora, eles falam o que bem entendem, eu também. Com a ligeira diferença de que estão falando coisas que não conferem com os fatos. E isso não me parece bom. Não quero censurar ninguém. Tanto é assim que divulguei o vídeo. Mas eles têm de se expor às críticas, ora essa!

Políticos não podem mentir. Eu vivo chutando o traseiro de alguns vigaristas aqui. Não podem porque representam o povo. Ocorre que os artistas também têm certa força de representação. Ninguém está lá porque é uma Dona Maria desconhecida, não é? Usam do apreço que têm do público para se expressar, com clareza insofismável, sobre o que não conhecem.

Ou é razoável, meu caro Juca, que uma atriz de talento, linda como a luz da lua, diga que energia hidrelétrica seria limpa se fosse no deserto, mas não na floresta? Uma besteira é uma besteira mesmo na pena de Schopenhauer, que detestava as mulheres — uma de suas “bestices”. E uma besteira também é besteira na boca de Letícia Sabatella, que, por inteligente, deve ler o texto de Schopenhauer sobre como ganhar um debate mesmo sem ter razão. O fato de que Schopenhauer detestasse as mulheres não deve levar as mulheres a detestar Shopenhauer, hehe.

A admiração que tenho por você segue a de sempre, com ou sem divergência sobre o Código Florestal e Belo Monte.

Reinaldo

Por Reinaldo Azevedo

Belo Monte e as Magdas e os Magdos da TV Globo. É o maior Festival de Besteiras jamais ditas num vídeo. E olhem que a concorrência é grande!

Há dias estou para tratar do assunto. Os leitores também estavam cobrando. Mas os remelentos, as Mafaldinhas e alguns de seus professores aloprados tomavam o meu tempo… Vamos lá.

Vocês sabem muito bem o que penso sobre o governo do PT, petistas e congêneres. Vivo aqui fazendo as contas de todas as promessas que a presidente Dilma Rousseff não vai cumprir: creches, UPAs, UBSs, quadras nas escolas, casas… Mais ainda. Fui crítico do rumo que tomou o leilão e o financiamento da usina de Belo Monte. Aqui está apenas um dos textos que escrevi a respeito. Ao exigir um preço muito baixo para o megawatt-hora, o governo Lula — e a área estava sob o comando da então ministra Dilma — espantou o capital privado, e, na prática, o Tesouro acabou assumindo encargos e riscos excessivos. Muito bem! Essa é uma crítica procedente. E não é só minha. Considerar, no entanto, que a usina é desnecessária ou que o Brasil não pode mais fazer hidrelétricas, aí não dá! Aí estamos diante de uma estupidez que vai além do aceitável!

Todos vocês conhecem o vídeo — uma cópia esfarrapada e apenas mais ou menos assumida de uma campanha surgida nos EUA em defesa do voto (já chego lá) — em que alguns atores globais falam sobre a Usina de Belo Monte e tentam convencer o público de que ela é uma desnecessidade. Fosse eu outro, embarcaria na onda. Poderia pensar: “Como o governo não vai mesmo voltar atrás, esses artistas acabam colaborando para dar uma queimada nos petistas; não gosto deles. Tudo o que é contra o PT me serve!” Mas eu não entro nessa, não! Quando gosto, digo “sim”; quando não gosto, digo “não”. NEM TUDO O QUE NÃO É PT ME SERVE. Há obscurantismos maiores e potencialmente mais perversos no Brasil. A nossa sorte é que não são ainda tão articulados. E o “marinismo” — sim, derivado de Marina Silva! — é um deles.

Nunca antes na história destepaiz tantas bobagens, mentiras, parvoíces, sandices e vigarices intelectuais foram articuladas em meros cinco minutos! É uma coisa espantosa! É claro que todos aqueles “bacanas” estavam ali exercendo o seu ofício, por mais “engajados” que estejam. Falavam um texto sei lá escrito por quem. A direção é de Marcos Prado, produtor de Tropa de Elite e integrante de um tal movimento “Gota d’Água”, que responde pelo trabalho. Um dos líderes é um ator chamado Sérgio Marone, que também atua. Não sei quem é nem fui atrás de saber. Segue o vídeo. Volto depois.

Maitê Proença, essa eu conheço, já tirou o sutiã, estou certo, por melhores motivos. Eu vou fazer aqui uma continha que talvez a deixe um tanto constrangida. Um dos atores — não sei o nome; era o irmão mais chato da novela chata do Gilberto Braga — diz com aquele ar severo e desafiador de Hamlet diante do usurpador do trono: “A usina de Belo Monte vai alagar, inundar, destruir 640 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica”. Pois é…

Por que Maitê deveria ter ficado com o seu sutiã, ao menos nesse caso? Prestem atenção. A Floresta Amazônica toda tem 5,5 milhões de km², 60% dos quais no Brasil (3,3 milhões de km²). Logo, aqueles 640 representam 0,012% do total da floresta e 0,019% da parte brasileira. Vou ter de ser didático. Digamos que Maitê pese 58 kg: 0,019% do seu peso corresponde a 0,01102 kg — seu sutiã é muitas vezes mais pesado. Não sei quantas porque ignoro o peso da peça. Nunca o vi por esse ângulo. Aliás, associado a uma hidrelétrica, também é a primeira vez. Digamos que Marcos Palmeira pese 70 quilos; no seu caso, aquele 0,019% corresponde a 0,0133 kg. Uma de suas orelhas, dada a comparação, equivaleria a muitas usinas de Belo Monte…

Ator, cineasta, malabarista… As pessoas são livres para dizer o que lhes der na telha. Quando, no entanto, fazem um trabalho como esse porque se sabem figuras públicas e pretendem interferir no comportamento das pessoas, aí não podem mentir. Ou até podem. Mas têm de ouvir o contraditório e se explicar. A usina não vai desalojar índio nenhum! Isso é uma grande falácia, usada para mobilizar personalidades internacionais para a causa. Haverá, sim, populações ribeirinhas, mas não indígenas, que terão de sair de algumas localidades. Desde que sejam reassentadas com dignidade, a chance de que a vida delas melhore, já que vivem no abandono, é gigantesca. Sem contar que a Constituição e as leis democráticas consagram o direito que a sociedade tem, por meio de seus orgãos de representação, de fazer desapropriações.

O que mais impressiona nesse vídeo cretino é que, notem!, ele não é contra apenas Belo Monte em particular. É contra a energia hidrelétrica como um todo!!! O fanático que redigiu o texto descobriu que ela também é uma energia suja. E aí vem aquele que, pra mim, é o grande momento. Ainda de sutiã, Maitê Proença faz um ar sábio, de quem estudou profundamente o assunto, e indaga: “De onde tiraram essa idéia de que hidrelétrica é energia limpa?” Huuummm… Ela parece saber mais do que nós. Um dos filhos de Chico Anysio, também não vou pesquisar qual, sei que é humorista, faz o contraponto, o bobo, o ingênuo, e diz: “Energia elétrica é energia limpa; é muito melhor que usina nuclear e carvão”. Bem, é mesmo! Mas não no vídeo! Então Letícia Sabatella assombra o mundo:“Seria energia limpa se fosse no deserto, mas na floresta?”

Heeeinnn??? Quer dizer que energia hidrelétrica só seria limpa se fosse produzida no deserto? Fico aqui a imaginar um rio Xingu ou o Amazonas cortando o Saara. Suspeito que deserto não seria, não é mesmo? Parece piada! Mas eles estão falando a sério! Depois engatam a defesa das energias eólica e solar como se tais projetos fossem financeiramente viáveis no médio prazo ao menos e pudessem mesmo gerar a energia de que o país precisa. Uma coisa é desenvolver fontes alternativas no terreno ainda da pesquisa e da experimentação e buscar modos de torná-las viáveis economicamente. Outra é considerar que elas podem ser uma matriz energética. Qual é a hipótese desses gênios? O mundo ainda não é movido a vento por quê? “Por causa dos grandes interesses”, logo responde o dublê de ator e pensador. Sei. E por que não haveria “grandes interesses” nos ainda caríssimos aerogeradores???

Um terço da capacidade?
A mais desonesta de todas as críticas é a que sustenta que a usina vai gerar apenas “um terço de sua capacidade”, conforme diz um dos ignorantes convictos, também não sei quem. Ai, ai… Assim será porque se decidiu fazer a usina pelo sistema fio d’água, sem reservatório, justamente para diminuir o impacto ambiental, o que já é temerário. Belo Monte terá capacidade para produzir até 11.233 MW, mas vai gerar, na média, 4.571 MW médios. Por quê? No período chuvoso, funcionará com potência máxima; na seca, cairá para 690 MW por causa justamente da falta de reservatório.

SE HÁ ALGUMA ESCOLHA ERRADA EM BELO MONTE, E HÁ, ELA ESTÁ JUSTAMENTE EM TER CEDIDO À PRESSÃO DOS AMBIENTALISTAS ALOPRADOS. Olhem aqui: ainda que Belo Monte alagasse uma área 20 vezes maior (11.280 km²) — fazendo, pois, o reservatório —, isso corresponderia a 0,34% da parte brasileira da Floresta Amazônica. Se Letícia Sabatella pesa 57 kg, um alagamento de Belo Monte 20 vezes maior corresponderia a 0,19 kg do seu peso. Seu cérebro consegue ser bem mais pesado do que isso… Será que essa gente tem noção da besteira que está falando ou acha que matemática é coisa de reacionários que não gostam do meio ambiente?

Mesmo com Belo Monte, Jirau e Santo Antônio produzindo, mas sem os reservatórios —  para proteger os bagres da Maitê, da Sabatella e da Marina —, o Brasil passa a correr riscos no período de secas e terá de recorrer, sim, a sistemas de emergência, como termelétricas, por exemplo. Vale dizer: o país já deu atenção demais aos bagres e atenção de menos às pessoas.

A falácia do preço
Outra coisa ridícula é essa história dos R$ 30 bilhões. Sim, eu fui um dos grandes críticos do peso excessivo que o Estado vai ter na construção de Belo Monte. Lá está o link. No arquivo, há outros textos. A iniciativa privada deveria estar bem mais presente. Mas daí a tentar provocar a indignação com essa coisinha estúpida: “É o seu dinheiro! Dos impostos!” Certo, especialistas! E a energia será gerada para quem? Para os marcianos? Quem será o beneficiado?

Artista pode falar. Não há lei que proíba. Mas também não há lei que os impeça de estudar, de se informar, de fazer conta, de ter senso de ridículo. Notem o arzinho enfatuado com que se dirigem ao público, com pose de especialistas. Murilo Benício, com a sua habitual cara de quem acabou de acordar, diz, com laivos de ironia sonolenta, que “índio quer educação, conforto…” E não quer??? Ary Fontoura faz blague: “Índio precisa de antibiótico”. Por quê? Não precisa??? Ciça Guimarães, na linha “a loura tonta”, pergunta: “Ainda tem índio no Brasil?”

Tem, sim, minha senhora! Proporcionalmente, eles são donos da maior fatia do território brasileiro. Correspondem a 0,7% da população brasileira (isso porque mais gente passou a ser “índia” depois das dermarcações) e tem sob seu domínio, hoje, 13% do território do país. Eu tenho a certeza absoluta de que todos ali, sem exceção, ignoram esses dados. Eu tenho a certeza absoluta de que todos ali, sem exceção, ignoram que o Brasil, se crescer de forma sustentada a 4,5%, 5% ao ano (e, para reduzir a pobreza num ritmo mais acelerado, seria preciso mais do que isso), corre o risco de sofrer apagões. Apagões que punirão os pobres, não os bacanas da TV Globo (volto a esse particular no encerramento do texto).

Plágio
O vídeo é um plágio admitido, mas não com a devida ênfase, do projeto Five Friend - Vote, produzido por Leonardo DiCaprio e dirigido por Steven Spielberg em outubro de 2008. Caprio, aliás, já se prontificou a gravar um vídeo contra Belo Monte. SABE TUDO A RESPEITO!!! Naquele caso, pedia-se a adesão de cinco pessoas; os nossos atores pedem de 10. Nos EUA, vá lá, tratava-se de convencer as pessoas a comparecer às urnas — 
num país onde o voto não é obrigatório. No caso de Belo Monte, a história é um pouquinho diferente. Vejam, se quiserem, a realização da idéia original. Volto para encerrar.

Voltei
Há, como se vê, uma diferença entre o engajamento em favor do voto e uma campanha que tem, evidentemente, um sentido político, com óbvio viés ideológico. O “marinismo” é alma desse troço, como era daqueles outros vídeos contra o Código Florestal — com o mesmo rigor científico, diga-se. Nesse caso em particular, queira ou não, a Globo, que põe no ar todos os dias esses rostos, acaba comprometida com a causa que seus astros abraçam. É inevitável! “Ah, eles podem dar a opinião que quiserem como cidadãos”. Huuummm. Cidadãos tentam convencer as pessoas com argumentos, não com a força de sua popularidade. No caso, essa popularidade foi conquistada não exatamente porque esses astros sejam notórios por seus conhecimentos na área de energia elétrica, meio ambiente e… matemática, não é mesmo? F
aces identificadas com a emissora, há que se lembrar o seu compromisso  com a verdade.

É isso. Letícia Sabatella continua a perturbar o meu juízo: “Hidrelétrica seria energia limpa no deserto“. Ela deve ter querido dizer alguma coisa, cujos sentido me escapou. E isso sempre me deixa muito perturbado…

Por Reinaldo Azevedo

Artista, malabarista, açougueiro e jornalista têm o direito de ter o miolo mole. Mas tem o dever democrático de agüentar a crítica. Ou: Falar mentiras é diferente de ter uma opinião

No mundo inteiro, meus caros, celebridades, especialmente as ligadas ao showbiz e ao mundo das artes, vivem dando opiniões. E falam com ainda mais paixão sobre aquilo de que não entendem. No Brasil, por razões várias, esse traço é ainda mais acentuado. Conversava, na tarde de ontem, com um jornalista amigo, que atua em Brasília, um gigante da profissão, e concluímos que isso vem daquele tempo em que todos combatíamos a ditadura, e qualquer opinião que fosse “contra o regime valia a pena”. Assim, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, para citar três exemplos, digamos, icônicos, se confundiam com autoridades em todos os assuntos, até… música popular! Economia, política, filosofia, poesia, sociologia, relações internacionais, qualquer coisa. Caetano, se não me engano (pode ser apenas uma memória generosa e falsa que tenho dele), chegou a fazer blague de si mesmo, com sua mania de opinar sobre tudo. José Guilherme Merquior afirmou certa feita que ele era um “intelectual do miolo mole”, e o cantor concordou em parte, num exercício de auto-ironia. Bem, Caetano e Chico andam meio afastados das polêmicas; no lugar, há um tal Moron, Moroni ou algo assim. Não parei para ver quem é. Sigamos.

Artista pode opinar sobre temas que estão fora de seu ofício? Ora, claro quem sim! Também são cidadãos. Mas seria recomendável que não procurassem usar a “autoridade” ou apreço que conquistaram em sua profissão para conferir peso a tolices que pura e simplesmente ferem os fatos. As Organizações Globo divulgaram seus Princípios Editoriais, válidos para o jornalismo. Eles regulam, entre outras coisas, o comportamento dos jornalistas que trabalham para as empresas do grupo, que não devem, por exemplo, fazer campanhas políticas. É o correto. Ou a isenção estará comprometida. Artistas não são jornalistas, sei disso, mas como ignorar o fato de que a “autoridade” que supõem ter para se posicionar sobre o Código Florestal, a usina de Belo Monte ou os royalties do petróleo lhes foi conferida por uma marca — a Globo — de quem se espera aquele compromisso com a verdade? Um “Gota d’Água” com estrelas de outra casa seria solenemente ignorado. Não dá para fingir que a emissora não tem nada com isso. Talvez seja chegada a hora de estabelecer alguns “Princípios” também para os artistas contratados.

A Internet é um instrumento poderoso, e cá estamos nós — não é, leitores?  na labuta diária: esclarecendo, opinando, levando pancada, batendo de vez em quando, já que a turma “do lado de lá” é chegada a dar rasteira e voadora, e cumpre não se intimidar. Mas as chamadas redes sociais também são instrumentos de propagação da ignorância, do atraso, da vigarice intelectual. Se não estivermos sempre atentos, e vou evocar um jogo de palavras antigo, mas útil neste momento, a força do argumento acaba cedendo ao argumento da força. No caso da Internet, a “força se torna argumento” quando uma maioria relativa (vale dizer: a maioria dos que se expressam na rede) pode dizer ou aderir a uma tolice e, por mais errada que esteja, sufocar aqueles que discordam.

Foi o que aconteceu com o tal vídeo “Gota d’água”, estrelado pelos globais. A quantidade de bobagens, de mentiras, de simplificações e de parvoíces ditas ali é certamente recorde para um filmete de cinco minutos. Mas todos eles estão muito convictos, certos de que aderiram a uma boa causa e de que são os santos guerreiros protetores da natureza contra os dragões da maldade que querem destruir a floresta. O post que escrevi evidenciando algumas das bobagens gerou um baita sururu. Chegou a dar pau no sistema! Houve três ordens de reação: alguns que comungavam do meu ponto de vista ficaram contentes ao vê-lo expresso; outros tantos se surpreenderam porque não haviam se dado conta das tolices, e houve o terceiro grupo que, ao constatar a verdade sem o sutiã da mistificação, ficou ainda mais furioso — este preferiu me atacar e me acusar de querer censurar os atores. Eu não quero censurar ninguém! Ainda que ache que eles cometem uma espécie de “abuso de autoridade estética e ética”, já que usam aquilo de que entendem para sentenciar sobre o que não entendem, que falem! Mas que tenham a decência de ouvir o contraditório. Mais do que isso: cada um pode ter a opinião que quiser; mentir não pode!

Simplificação grosseira
O vídeo traz uma soma vergonhosa de mentiras e é de uma ligeireza absurdamente irresponsável. O Brasil não precisa de energia apenas para que os brasileiros “assistam à novela”, como afirma Marcos Palmeira — até parece que seu ofício principal é outro e que ele ganhou notoriedade por ser produtor de morango orgânico… Também não é para que uma loura lá, outra que não sei quem é, possa carregar as baterias do “iPhone, do iPod, do iPad, do iTudo”, como ela diz, fazendo-se de mais tonta do que provavelmente seja na vida real.

Sem energia, as indústrias têm de parar, e há desemprego em massa. Sem energia, os hospitais públicos têm de parar (os dos ricos contam com gerador), e os pobres ficarão com seus respectivos abdômenes abertos, nas salas de cirurgia. Sem energia, os investidores deixam o seu dinheiro no banco porque não vão se arriscar a ter um apagão pela frente. Sem energia, não há crescimento econômico, e a pobreza e a miséria se alastram, e os remediados ficam pobres.

A novela do Palmeira ou o “iTudo” da loura que se faz de louquinha são só a expressão doméstica e a privada do uso da energia. Belo Monte é uma questão que diz respeito ao planejamento estratégico — ela, as demais usinas em construção e outras tantas que terão de ser feitas. Essa gente, sem querer, expõe um aspecto que sempre apontei no ecologismo doidivanas, embora seja ricamente financiado por potentados econômicos estrangeiros: seu aspecto obscurantista.

Vocês acham mesmo que aqueles bacanas se ocuparam ao menos de ler a respeito? Tentaram se informar? Pensaram minimamente sobre o assunto? Nada! Ou não diriam aquela coisa estúpida: já que a usina vai gerar apenas um terço do seu potencial (na verdade, é mais, em torno de 40%), então não pode ser feita! Como se o Brasil pudesse abrir mão dos 40%. E não pode! E só será assim, como deixei claro, em razão das imposições ambientais. Perguntem à China, à Rússia ou à Índia, países emergentes como o Brasil, se buscariam ou não fazer a sua “Belo Monte” render o máximo… Eles, que não dão a menor bola para danos ambientais gigantescos (e não sugiro que o Brasil siga a trilha) o fariam ainda com mais gosto se o dano ambiental fosse, como seria o nosso ainda que se fizesse o grande reservatório, mínimo!

Que fique claro:
1
 - O Brasil não precisa de energia elétrica só para satisfazer os chiliques da turma do “iTudo” e da novela;
2 - a usina não vai inundar terras indígenas;
- a usina não vai desalojar índios;
4 - a usina não vai mudar substancialmente o regime do rio Xingu;
5 - a inundação, como o demonstrado, é ridiculamente pequena; mais: parte dela já é inundada hoje no período das chuvas;
- a energia utilizada não será usada apenas pelos “grandes capitalistas”; é mentira! 70% será comprada pelas redistribuidoras, que venderão aos brasileiros, NÓS TODOS, que precisamos de energia, sim!;
7 - ainda que fosse energia apenas para empresas, é bom lembrar: elas geram empregos para os brasileiros, que, assim, se livram da pobreza; brasileiros que têm o direito de trabalhar, assim como aqueles atores da Globo;
8 - as populações ribeirinhas, não-índias, que serão desalojadas vivem hoje numa situação de extrema carência, de miséria; se esses atores querem ser úteis, deveriam se organizar para verificar se as condições de reassentamento serão mesmo adequadas. Mas isso dá trabalho.
9 - é impossível — APENAS ISTO: IMPOSSÍVEL — abrir mão das hidrelétricas em favor da energia eólica ou solar porque é técnica e financeiramente inviável;
10 - a crítica que poderia ser pertinente — o custo da usina aos cofres públicos — se perde na boçalidade à medida que os “artistas” não estão debatendo o peso excessivo do estado no empreendimento, mas tentando afirmar que tudo não passa de desperdício. É uma bobagem! UM PAÍS TEM A OBRIGAÇÃO DE FAZER INVESTIMENTOS EM INFRA-ESTRUTURA. Querem lutar contra uma bobagem? Combatam a estupidez do trem-bala. Mas sei: isso não chama a atenção do Sting ou do Leonardo DiCaprio…
11 - índios, senhores patetas, precisam, sim, de educação e antibióticos, como todos nós. A idéia de que eles vivem bem nas carências da mata é coisa de gente estúpida, desinformada ou cruel.

Perversidade dos bacanas
No texto em que fundi um pouco de política com memória texto em que fundi um pouco de política com memória (aquele do ferrorama), abordo a perversidade dos bacanas, que costumam ter uma visão um tanto turística da pobreza. E assim é também com a natureza. Essa gente vê o seu próprio país pelo filtro das celebridades preservacionistas americanas ou européias, devidamente financiadas por entidades que não têm qualquer compromisso com o desenvolvimento do Brasil. Não se trata de nenhum juízo conspiratório, não! Trata-se da coisa mais comezinha do mundo: interesse.

Já lhes falei, por exemplo, daquele estudo intitulado “Farms Here, Forests There”, feito nos EUA. Estava sendo divulgado por uma ONG chamada, imaginem!, “Union of Concerned Scientists”. Trata-se de uma “União de Cientistas Preocupados” com o meio ambiente, amiguinha dos nossos ambientalistas, como Marina Silva, por exemplo. Ora, quem é que deu dinheiro para o tal estudo “Fazendas aqui (nos EUA), Florestas lá (no mundo emergente, como o Brasil)? Os grandes agricultores americanos! Eu estou falando de fatos, não de teorias conspiratórias.

Essa gente pode ser boba o quanto quiser e falar as asnices que desejar. Mas têm de se expor à crítica e saber que asnices são. Num dos posts abaixo, há um vídeo em que um rapaz desmonta, com paciência chinesa, cada uma das mentiras influentes sobre Belo Monte. Fui checar as informações que ele veicula. São absolutamente verdadeiras, e suas contas são tecnicamente procedentes.

Eu não me oponho a que Maitê Proença tire o sutiã. Ao contrário: ainda que com poucas informações, não fornecidas pelo vídeo, eu sou é a favor. Mas não por causa de Belo Monte. Esse negócio de tirar sutiã em razão de causas ficou lá com Betty Friedan. Verdadeiramente contestador hoje é tirar o sutiã sem causa nenhuma. Só porque deu vontade.

Como vou esquecer de Vinicius, nesse caso?
(…)
Vós que levais tantas raças
Nos corpos firmes e crus:
Meninas, soltai as alças
Bicicletai seios nus!
No vosso rastro persiste
O mesmo eterno poeta
Um poeta - essa coisa triste
Escravizada à beleza
Que em vosso rastro persiste,
(…)

Por um mundo sem sutiã e de luz acesa!!!

Por Reinaldo Azevedo

“Nooosssa, Tio Falcão, por que essas unhas tão grandes e esse bico ‘vorteado’”?

Reproduzo um trecho de uma reportagem da VEJA Online, que trata da atuação de Rui Falcão, presidente do PT, no tal seminário sobre mídia. Leiam (em azul):

O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, fingiu fazer um mea-culpa pelas declarações de companheiros de partido que voltaram à carga contra a imprensa em um seminário do partido para discutir um marco regulatório para as comunicações, nesta sexta-feira, em São Paulo. “Assim como a imprensa critica e é direito dela, ela também pode ser objeto de crítica”, disse Rui Falcão. E seguiu representando o papel de bom moço, que evitava atacar os meios de comunicação: “Nosso papel não é ficar julgando a imprensa”.
Questionado se o PT desistiu de controlar a imprensa por meio de uma tal “sociedade civil”, Falcão reagiu: “Não queremos controlar ninguém. Queremos mais participação, para que a população também possa produzir essa informação. Não há uma palavra em nossas resoluções que aponte na direção do controle.” Em um caderno distribuído aos participantes do evento, não constam mecanismos de controle, mas há referência vaga à participação social na elaboração de políticas de comunicação.
O documento defende ainda o fortalecimento da cultura brasileira e da indústria nacional criativa. E aí Falcão mostrou seu objetivo: suavizar o termo “controle”, substituindo-o por “proteção”. “Onde não existe regulação, quem domina é o mercado; e o mercado é a lei da selva”, disse Falcão. “Temos que proteger a imprensa nacional.”

Voltei
Que coisa mais fofa! Agora entendi por que Falcão quer proteger as rolinhas… Ele acha que o mercado é a lei da selva. Ainda bem que existe o PT pra cuidar da gente!

— Nooosssa, Tio Falcão, por que essas unhas tããão graaandes?”
 Pra te proteger do capitalismo selvagem, patinho!
 Nooossa, Tio Falcão, por que essa cara tããão brava?
 Pra te proteger da concorrência desleal, patinho!
 Nooossa, Tio Falcão, por que esse bico ‘vorteado’ que nem gavião?
 É pra te comer, pato burro!

Acima, a gente vê um falcão peregrino protegendo um pato selvagem

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 17:41

Por que um “chefe de quadrilha” quer regulamentar “a mídia”? Ou: Os jornais do Dirceu

O deputado cassado por corrupção José Dirceu, “chefe de quadrilha”, segundo a Procuradoria Geral da República — não sei se vocês notam que passei a usar um tom mais conciliador com o rapaz que se esgueira em quartos de hotel, como fazem certas profissionais remuneradas, de apelo verdadeiramente bíblico —, foi a grande estrela de uma seminário promovido pelo PT para defender a “regulamentação da mídia”. Eles adoram este nome: “mídia”. Faz supor que exista um grupo de pessoas que fica conspirando contra os interesses do povo. E “povo”, como vocês sabem, é coisa para Zé Dirceu. É por isso que, em vez de atuar como lobista de multinacionais e de alguns outros potentados que querem mamar nas tetas do estado, este revolucionário está organizando as massas ora na periferia de São Paulo, ora no interior do Maranhão…  Sobre Che Guevara, o Porco Fedorento, diga-se ao menos que tinha coragem física, né? Dirceu? Nem isso! Sempre esperou que outros corressem risco por ele… Mas vamos seguir.

A VEJA Online traz dois excelentes textos sobre o seminário, de Carolina Freitas (aqui e    aqui). Na sua exposição, o chefe de quadrilha afirmou: “Os proprietários de veículos de comunicação são contra nós do PT. Fazem campanha noite e dia contra nós. Só lamento que não haja jornal de esquerda, que seja a favor do governo.” Todo mundo sabe que há hoje uma corja na imprensa financiada com dinheiro público, inclusive de estatais, para, como direi?, “falar bem” do PT, em especial quando o partido não merece.

Dirceu é obcecado pelo tema. E também pela imprensa. Tão obcecado que, em seu raio de atuação como “consultor de empresas privadas”, estão alguns jornais. Ele é apontado no mercado como “o” homem, no Brasil, do grupo português Ongoing, que já é dono dos jornais “Brasil Econômico”, do qual o “chefe de quadrilha” é colunista, “O Dia”, “Meia Hora” e “Marca”. O grupo busca um jeito de investir em TV.

Qual é o truque? A Ejesa (Empresa Jornalística Econômico S.A.), que edita esses jornais, tem 70,1% de seu capital em nome de Maria Alexandra de Almeida Vasconcellos, brasileira, mas casada com Nuno Vasconcellos, presidente do Ongoing, dona dos outros 29,9%. Em Portugal, dá-se como certo que é o grupo que comanda esses veículos por aqui. No meio político, o “Brasil Econômico” é chamado “aquele jornal do Dirceu”. Evanise Santos, namorada do réu, é diretora de marketing institucional da Ejesa. O Ministério Público Federal de São Paulo abriu investigação para apurar a atuação do grupo português no Brasil.

Dirceu e os petistas defendem o que chamam “regulamentação”, como se não houvesse lei nenhuma no Brasil. E há. Uma delas é justamente a que proíbe que estrangeiros sejam donos de veículos de comunicação.

É PRECISO REGULAMENTAR AS RELAÇÕES DE JOSÉ DIRCEU COM A MÍDIA, ESPECIALMENTE NO CAPÍTULO QUE TRATA DA POSSE DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO POR ESTRANGEIROS.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 16:51

Seita de extrema esquerda diz que é preciso “impedir por todos os meios” que se cumpram a lei e a vontade dos estudantes na USP

O PCO é uma das seitas de extrema esquerda que infernizam a vida da Universidade de São Paulo. Trata-se de um partido tão expressivo, mas tão expressivo!, que obteve nas eleições presidenciais de 2010 a fabulosa soma de 12.206 votos!!! Para vocês terem uma idéia, este blog tem de leitores, POR DIA, mais de dez vezes o número de eleitores do… PCO!!!

Prestem bem atenção! 12.206 votos! Para um partido ser criado, a legislação atual exige que o requerimento de registro seja assinado por, no mínimo, 101 fundadores, com domicílio eleitoral em pelo menos nove estados brasileiros. Além disso, é preciso o apoio de 0,5% dos eleitores, considerado o total de votos válidos da última eleição para a Câmara, distribuídos por um terço dos estados. Vocês lembram a encheção de saco que foi a criação do PSD, que já nasceu como o terceiro partido na Câmara. Havia gente querendo conferir nome por nome da lista… Já o PCO, que não tem um só parlamentar, que recebeu pouco mais de 12 mil votos na disputa presidencial — insuficientes para eleger vereador em cidades de médio porte —, é, no entanto, um partido que nunca teve a legalidade questionada, com acesso ao fundo partidário, garantido pelo estado burguês com o qual a sigla promete acabar…

Ai, ai…

Pois é! O PCO está entre os golpistas da USP.

Enviam-me um texto desta seita que traz algumas preciosidades como esta:

“Um fato absurdo, intolerável, precisa ser amplamente discutido e esclarecido entre os estudantes que estão lutando contra a Polícia na USP, os processos contra estudantes e funcionários e a ditadura do reitor-interventor João Grandino Rodas. Trata-se do fato de que a direita está tentando se infiltrar no movimento estudantil por meio de uma cobertura pseudo-democrática, a chapa Reação, lançada para as eleições do DCE”

Entenderam?
A chapa “Reação”, que se inscreveu para disputar eleições, como qualquer outra, segundo o PCO, deve ser proibida de participar do pleito. Ele seria um assunto privado, a ser decidido só entre esquerdistas. E o que dizer da estupidez de chamar o reitor de “interventor”. ELE ESTÁ SEGUNDO AS REGRAS DO ESTADO DE DIREITO. Interventora é a atual direção do DCE, que prorrogou o próprio mandato.

Num outro trecho do texto, o PCO afirma que a possibilidade de a chapa “Reação” vencer é “uma operação para destruir o DCE Livre da USP”, o que, segundo eles, “deve ser impedida por todos os meios necessários pelos estudantes”.

Como é que é?
“Todos os meios necessários?” Também os armados? O PCO está achando que já liderou e já venceu a revolução e, por isso, pode impor a sua vontade?

Eis aí, maioria silenciosa da USP! Um partido que obtém menos de 0,01% dos votos na eleição presidencial, que não elegeria vereador em Xiririca do Mato Dentro, que vive do que consegue amealhar do Fundo Partidário (o nosso dinheiro), que é desconhecido dos brasileiros, acredita que pode impor a sua vontade na universidade e impedir os estudantes de realizar eleições.

Por quê? Porque, a exemplo do que já viu na UnB e na UFMG, os estudantes de verdade estão com o saco cheio de seus seqüestradores e decidiram se libertar.

Quem quer impedir, “por todos os meios”, que a lei se cumpra precisa é de polícia, não de política. 

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 15:57

É POR ISTO QUE “ELES” ESTÃO COM MEDO: CHAPA DE NÃO-ESQUERDISTAS DA UFMG VENCE ELEIÇÃO PARA O DCE PELA PRIMEIRA VEZ

A Universidade de Brasília já se libertou. Agora chegou a vez da Universidade Federal de Minas Gerais. Pela primeira vez na história, uma chapa formada por não-esquerdistas, por “estudantes que realmente estudam”, venceu a eleição para o DCE. A “Onda” derrotou cinco chapas esquerdistas, todas elas meras procuradoras de partidos de esquerda: Há Quem Sambe Diferente, Reinventar, Tempos Modernos e a Voz Ativa.

É por isso que a esquerdalha está com medo. Na USP, deu um golpe para evitar a derrota certa para a chapa “Reação”.

O movimento contra a partidarização dos DCEs ganha corpo no Brasil inteiro. A maioria silenciosa está com o saco cheio de ser massa de manobra desses radicalóides do sucrilho e do toddynho, cujo furor revolucionário é financiado pela conta bancária de pais abastados.

“Estudantes que estudam” de todo o Brasil, uni-vos! É possível derrotá-los!

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 15:21

OS golpistas da USP ainda têm a cara-de-pau de fazer passeata

Ora, é claro que não me esqueci da USP. É que não dá para tratar de todos os assuntos ao mesmo tempo. Ontem, os golpistas que estão ilegitimamente — e, entendo, ilegalmente também — à frente do DCE promoveram uma passeata na Avenida Paulista. Como sempre, multiplicam por três ou quatro o número de participantes: 3 mil, segundo os que organizaram a manifestação; 800, segundo a PM. Não passavam de 600, aposto eu. Passeata na Paulista sempre acaba tendo como participantes involuntários os passantes da avenida, né? O povo, que sustenta sem saber a universidade e a boa vida dos folgados, pára pra ver quem são aqueles esquisitos, alguns carregando bandeiras de coisas desconhecidas como “PCO” e “LER-QI”…

O que eles querem? Ah… “Fora PM”, “Fora Rodas” (João Grandino Rodas), essas coisas. Uma das reivindicações de mais longo prazo dos golpistas é eleição direta para reitor. É uma gente com autoridade para isso, né? Diante da iminência de perder o DCE para “estudantes que estudam”, o PSOL, com o apoio de outros grupelhos de extrema esquerda, promoveu um golpe e prorrogou o próprio mandato. SEM PRAZO!!!

A aposta é que a maioria silenciosa da USP esqueça o assunto. Quando a coisa estiver bem fria, aí eles tentam realizar o pleito. Ou, então, numa outra hipótese, tentam transformar a universidade em praça de guerra, mais ou menos como os radicais islâmicos estão fazendo no Egito.  Entendo. Não havia nem 1% dos estudantes da USP na rua ontem. É que os alunos de verdade ou estavam em sala de aula ou estavam trabalhando. Quem nem estuda nem trabalha porque está com a vida ganha — os pais já fizeram o trabalho por eles — tinha disposição e tempo para defender o golpe.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 14:56

Ministro das Cidades admite alteração em nota para obra da Copa

No Estadão Online:
O ministro das Cidades, Mário Negromonte, admitiu ter havido mudança no projeto de mobilidade urbana de Mato Grosso para implementar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, cuja execução foi reprovada pela COntroladoria-Geral da União (CGU), conforme revelou reportagem do Estado desta sexta-feira, 25. Em entrevista à Rádio Estadão ESPN, nesta manhã, Negromonte negou que a alteração do projeto foi feita de forma fraudulenta. Na entrevista, Negromonte negou fraude no caso, chamou o repórter do Estado de mentiroso e desligou o telefone durante a conversa.

“O que houve foi divergência de opiniões dos técnicos. Não tem fraude”, afirmou o ministro. Segundo ele, o chefe de gabinete do mistério, Cássio Peixoto, pediu que o projeto fosse reavaliado. “Ele não pediu ao meu mandado, não. Ele disse que solicitou a reanálise”, disse. Cássio Peixoto integra o Grupo Especial de Acompanhamento da Copa 2014 (Gecopa) e, de acordo com o ministro, a troca do modal, linha rápida de ônibus para VLT, foi uma decisão do grupo, feita a pedido do governo de Mato Grosso. “Se houve comportamento errado, a sindicância vai apurar. Não vou botar mão na cabeça de ninguém. Se houve erro, vai ser analisado”, afirmou.

Negromonte disse ainda desconhecer o relatório da CGU, que alertou que o VLT não deve ficar pronto até a Copa do Mundo de 2014. De acordo com o documento, o governo de Mato Grosso omitiu informaçõe sobre o gasto com a obra, orçada em pelo menos R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que a proposta original, da linha rápida de ônibus. “Apenas foi uma proposta do governo do Estado [do Matro Grosso], que tem autonomia federativa, para sugerir uma alteração do modal”, argumentou o ministro.

Nessa quinta-feira, 24, o estadão.com.br mostrou gravações em que funcionários do ministério falam sobre os estudos técnicos feitos sobre a obra e a opção que favorece o governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa (PDMB). O segundo estudo, que deu parecer favorável à obra, ficou com identificação igual a do primeiro, contrário ao projeto. Para Negromonte, entrentanto, não há indício de irregularidades. “Havia a opinião de um técnico dando um parecer e a opinião de outro técnico, da diretora Luiza Gomide Vianna, que é mais bem preparada, que reavaliou o parecer”, disse. “Não houve fraude. Estão querendo colocar chifre em cabeça de jumento.” O analista técnico Higor Guerra, que anteriormente deu parecer contrário à obra, negou-se a assinar o novo documento e há duas semanas pediu desligamento da pasta.
(…)

Por Reinaldo Azevedo


5/11/2011

 às 6:51

Fiéis petralhas, não tentem gostar de mim! Cada um no seu quadrado!

Eu não posso deixar de abordar aqui muitos comentários, muitos mesmo!, que tenho recebido e que NÃO TENHO PUBLICADO, às vezes contando com a anuência do comentarista, que deixa claro: “Não é para publicar…”

Vêm do mundo petista e até do mundo petralha. Vou sintetizar as mensagens em grupos:

Grupo um
“Embora eu o considere um reacionário (variações: de direita, tucano, conservador, neoliberal…), nesse caso de Belo Monte, acho que você está certo. Por que você não é decente assim também nos outros assuntos?”.
Grupo dois
“Embora eu não goste de você, fiquei surpreso. Achava que você pudesse usar esse vídeo para, mais uma vez, atacar a presidente Dilma, o Lula e o PT. Você até ganhou alguns pontinhos comigo…”
Grupo três
“Até que enfim eu o vejo apoiando uma decisão do governo. Espero que você caia na real e reconheça que os governos petistas mudaram o Brasil e coisa e tal…”

Comento
Em primeiro lugar, deixem de ser aborrecidos! Já sei que petistas e petralhas não gostam de mim. Por que me importaria não ser gostado por gente que nem conheço? A propósito: com alguma freqüência, eu faço é questão de ser detestado por GENTE QUE CONHEÇO! Se as pessoas que nos prezam dizem um tanto de quem somos, as que nos odeiam podem ser ainda mais eloqüentes, ora essa! De resto, vocês já me oferecem aquilo a que qualquer homem pode aspirar: a fidelidade!!! Ainda que não tenham se dado conta, já não podem viver sem mim!

Em segundo lugar, não imaginem, em nenhum momento, que o seu “reconhecimento” me comove. Eu não faço questão nenhuma de ser admirado, ainda que excepcionalmente, por gente que acredita que pode me patrulhar. Não pensamos as mesmas coisas. E não tenho problemas de carência afetiva.

Em terceiro lugar, é preciso ser muito bobo para considerar que qualquer forma de oposição a Dilma possa me interessar. Não mesmo! Eu é que não vou apoiar tolices obscurantistas só porque o alvo é um eventual adversário ideológico meu. Para lembrar uma das máximas que há por aí, o inimigo do meu inimigo não é necessariamente meu amigo. Quem viu o tratamento que dei àquele panfleto fascistóide contra os maconheiros da USP sabe muito bem disso.

Em quarto lugar e para encerrar, é uma tolice essa história de que nunca elogiei uma decisão de governo. Apoiei, por exemplo, a queda da taxa de juros — e fui criticado por muitos leitores do blog. Fazer o quê? Nesse particular, o que me espanta é outra coisa: se vocês dizem que estou certo no caso de Belo Monte, não lhes ocorre que possa estar igualmente certo em algumas outras questões?

Mas não vamos confundir as coisas. O papel de petistas e petralhas nesse enredo é me odiar. Eu tenho verdadeiro horror desse negócio de todo mundo, no Brasil, lutar pra ficar se acotovelando no centro. O Brasil precisa de mais confronto de idéias, não de menos.

Fiéis petralhas, jamais imaginem que estou tentando comovê-los. Cada um no seu quadrado!

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 6:49

A verdade sem produção de um anônimo contra a mentira produzida dos “bacanas”

Há um vídeo circulando na Internet feito por um rapaz — talvez da área de engenharia; não sei quem é — que deve ser visto e divulgado. Com simplicidade e paciência chinesa, sem crispações, recorrendo apenas a pincel e a algumas folhas, ele demole algumas das tolices sobre Belo Monte. É um pouco longo: 13 minutos. Mas trata de cada aspecto relevante da usina. Volto depois.

Além do conteúdo em si, esse vídeo é interessante porque opõe a verdade de um anônimo, sem amparo da produção audiovisual, às mentiras enfatuadas dos bacanas, feito com certo apuro profissional. Um profissionalismo, infelizmente, a serviço da mistificação.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 6:47

Sem controle - Metade de repasses a ONGs não foi registrada em sistema de convênios

Por Flávio Ferreira, na Folha:
Nos últimos três anos, 54% dos recursos repassados pelo governo federal a ONGs por meio de convênios não foram registrados no sistema criado para acompanhar a execução desses gastos, o Siconv. O número está em estudo da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro), que reúne instituições de Executivo, Legislativo, Judiciário e sociedade civil. Os dados mostram que, de setembro de 2008 a junho deste ano, R$ 26,5 bilhões não foram cadastrados no Siconv, o que contraria a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e dificulta investigações. O grupo ressalva, no entanto, que o governo pode exercer outros tipos de controles.

Segundo a Enccla, um dos órgãos com mais recursos fora do Siconv é o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), do Ministério da Educação. Procurado, o ministério disse controlar convênios e contratos em sistema próprio, mas estuda a transferência de dados para o Siconv. Segundo o Ministério do Planejamento, “grande parte dos convênios vigentes podem não estar no Siconv por terem sido celebrados antes da existência do sistema”. A pasta diz também estar em curso um processo de integração das ferramentas.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 6:45

CGU reprovou obra de R$ 1,2 bi que teve aval de pasta das Cidades após fraude

Por Leandro Colon, no Estadão:
Operada de maneira fraudulenta no Ministério das Cidades, conforme revelou o Estado ontem, a mudança do projeto de mobilidade urbana de Mato Grosso para implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi reprovada pela Controladoria-Geral da União em relatório datado de 8 de setembro deste ano, mesmo dia em que a pasta produziu uma nota técnica forjada para respaldar a proposta. A CGU alerta que o VLT não deve ficar pronto até a Copa do Mundo de 2014 e que o governo de Mato Grosso omitiu informações sobre os gastos com a obra do VLT, orçada em pelo menos R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que a proposta original, um linha rápida de ônibus (BRT). A controladoria avalia ainda que a troca do BRT pelo VLT é “intempestiva”.

A análise da CGU tem pontos coincidentes com a primeira nota técnica do ministério que era contrária ao VLT, mas que foi adulterada pela equipe do ministro, Mário Negromonte, para favorecer o projeto de interesse do governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB), em Cuiabá.

Um estudo incluído no relatório da CGU mostra também que o VLT de Cuiabá pode ser um dos mais caros do mundo, superando obras iguais na França e nos Estados Unidos.

A análise da CGU - relatório de número 2344 - foi feita a pedido do Ministério das Cidades e consta do processo da pasta que culminou na mudança do projeto de Cuiabá, cidade-sede da Copa, por meio de um documento forjado pelo chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto, e pela diretora de Mobilidade Urbana da pasta, Luiza Vianna. Ou seja, o ministério deu aval a uma obra na qual o órgão de controle do governo federal apontou sérios problemas de avaliação, planejamento, preço e execução. Por Leandro Colon, no Estadão:
Operada de maneira fraudulenta no Ministério das Cidades, conforme revelou o Estado ontem, a mudança do projeto de mobilidade urbana de Mato Grosso para implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi reprovada pela Controladoria-Geral da União em relatório datado de 8 de setembro deste ano, mesmo dia em que a pasta produziu uma nota técnica forjada para respaldar a proposta. A CGU alerta que o VLT não deve ficar pronto até a Copa do Mundo de 2014 e que o governo de Mato Grosso omitiu informações sobre os gastos com a obra do VLT, orçada em pelo menos R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que a proposta original, um linha rápida de ônibus (BRT). A controladoria avalia ainda que a troca do BRT pelo VLT é “intempestiva”.

A análise da CGU tem pontos coincidentes com a primeira nota técnica do ministério que era contrária ao VLT, mas que foi adulterada pela equipe do ministro, Mário Negromonte, para favorecer o projeto de interesse do governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB), em Cuiabá. Um estudo incluído no relatório da CGU mostra também que o VLT de Cuiabá pode ser um dos mais caros do mundo, superando obras iguais na França e nos Estados Unidos.

A análise da CGU - relatório de número 2344 - foi feita a pedido do Ministério das Cidades e consta do processo da pasta que culminou na mudança do projeto de Cuiabá, cidade-sede da Copa, por meio de um documento forjado pelo chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto, e pela diretora de Mobilidade Urbana da pasta, Luiza Vianna. Ou seja, o ministério deu aval a uma obra na qual o órgão de controle do governo federal apontou sérios problemas de avaliação, planejamento, preço e execução.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 6:43

Cidades - Nota técnica foi forjada para também enganar MP

Por Leandro Colon, no Estadão:
Num ato deliberado, o Ministério das Cidades forjou a nota técnica a favor do projeto de transporte público de Cuiabá para também enganar o Ministério Público Estadual. É o que revelou a diretora de Mobilidade Urbana da pasta, Luiza Vianna, na reunião com assessores na segunda-feira.

A gravação da conversa, obtida pelo Estado, mostra que a diretora, a mando do chefe de gabinete do ministro Mário Negromonte, Cássio Peixoto, avaliou que não poderia mandar para os promotores de Mato Grosso a nota técnica preparada pelo analista de infraestrutura do ministério Higor Guerra. A nota de Higor era contrária à troca do projeto de linha rápida de ônibus (BRT), estimado em R$ 489 milhões, pela construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), orçada em R$ 1,2 bilhão. “Considerando a minha prerrogativa de diretora, a gente cancelou o envio desse material”, disse a diretora Luiza Vianna na segunda.

E ela continuou: “Ele (Higor) não quis mudar nenhuma vírgula. A gente ficou numa situação sem saída. Se ele não quer mudar uma vírgula, não vai poder assinar a nota técnica que nós vamos mandar para o Ministério Público de Mato Grosso. Porque na verdade o que estou entendendo é que ele gostaria que o trabalho dele tivesse sido enviado para o Ministério Público de Mato Grosso. E nós entendemos que, daquela maneira como estava escrito, o trabalho do Higor não poderia ser mandado para o Ministério Público do Estado porque certamente sobraria para mim e para a Cristina, que temos cargo de confiança”, disse a diretora do ministério.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 6:41

Briga de foice no escuro - PT aproveita Lupi fraco para tentar ganhar espaço

Por Bernardo Mello Franco, na Folha:
Com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), enfraquecido no cargo, o PT mudou de estratégia e decidiu cobrar abertamente que a presidente Dilma Rousseff ordene uma faxina para varrer pedetistas de postos do segundo escalão da pasta. A medida esvaziaria o poder de Lupi, que ainda luta para permanecer no cargo após acusações de favorecimento a seus aliados. O presidente do PT, Rui Falcão, disse ontem à Folha que o governo deveria rever o domínio do PDT sobre as superintendências regionais do ministério, as antigas delegacias do trabalho. “O que estamos assinalando em relação ao Ministério do Trabalho é que a política de porteira fechada não é mais correta. As delegacias regionais deviam ser mais plurais”, afirmou Falcão.

Filiados ao PDT chefiam hoje 20 das 27 superintendências regionais do Trabalho, segundo levantamento publicado na segunda-feira pelo jornal “Valor Econômico”. De acordo com Falcão, o PT não se mobilizará para defender a saída ou a permanência do ministro pedetista até a reforma ministerial que Dilma planeja promover no início do ano que vem. “O PT não está propondo nem a manutenção nem a derrubada do ministro. Isso é uma avaliação que cabe à presidente fazer”, disse. Ele ainda contestou a versão de que seu partido faz lobby para voltar ao ministério, que foi comandado pelos petistas Ricardo Berzoini e Luiz Marinho no primeiro mandato do ex-presidente Lula. “Nós ocupamos ministérios importantes no governo. Não estamos fazendo pleito nesse sentido”, afirmou.

Por Reinaldo Azevedo

25/11/2011

 às 6:39

Alianças em torno de Haddad já preocupam o PT

Por Vera Rosa, no Estadão:
A falta de aliados com peso político para sustentar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo preocupa o governo e a cúpula do PT. Até agora, os principais partidos da base de apoio do governo Dilma Rousseff estão divididos: ou têm candidatos próprios ou namoram o PSD do prefeito Gilberto Kassab e o PSDB do governador do Estado, Geraldo Alckmin. Para piorar a situação, as mágoas dos que foram atingidos pelas crises na Esplanada têm contaminado as negociações e atrapalhado Haddad.

Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o tratamento para combater um câncer na laringe, o próprio Haddad entrou em campo, à caça de aliados, mas ainda não obteve êxito. Anteontem à noite, ouviu um “não” do PC do B, que quer lançar o vereador Netinho de Paula à sucessão de Kassab, e hoje conversará com a direção do PR, em São Paulo.

Defenestrado do Ministério dos Transportes no rastro de denúncias de corrupção, em julho, o PR não se conforma de não ter indicado o substituto de Alfredo Nascimento, hoje senador. “O problema é o seguinte: enquanto não se resolver essas questões nacionais a gente não vai ser Haddad mesmo”, resumiu um integrante da Executiva Nacional do PR, que pediu para não ser identificado. Na capital paulista, o partido é controlado pelo vereador Antonio Carlos Rodrigues, suplente de Marta Suplicy (PT).
(…)

Por Reinaldo Azevedo

24/11/2011

 às 20:28

Atores que fazem vídeo se acham acima da crítica e do questionamento

É incrível o autoritarismo dos nossos “artistas”. Não aceitam críticas. Não me refiro a Juca de Oliveira (post abaixo), que se expressou em termos elegantes, embora esteja bravo comigo. Falo sobre a virulência dos ataques que me fazem na rede, SEM CONTESTAR UMA ÚNICA CRÍTICA QUE FIZ. Nada! O tal movimento, mais um “coletivo” não sei do quê — “coletivo”, é? —, marcou uma reunião de emergência com especialistas e globais para responder aos “ataques” deste terrível e malvado jornalista, que não gosta de peixinhos…

Vejam vocês! Eles estrelam um vídeo. Dizem lá o que lhes dá na telha. Tentam fazer de conta que a “inundação” — ínfima, mínima, ridícula — vai destruir a Amazônia. Criticam as hidrelétricas como matriz energética porque produziriam energia suja. Propõem no lugar energias eólica e solar, o que é um delírio estúpido. Mentem sobre a remoção de índios, que não haverá. Dizem que as comunidades não foram ouvidas, o que também é falso. Tiram o sutiã, fazem gracejos tontos… E NÃO QUEREM SER CONTESTADOS!

Há “especialistas” no Brasil para justificar quase tudo, menos para dizer de onde sairá a energia elétrica de que o Brasil precisa para crescer e melhorar a vida dos pobres. Isso me lembra Marcos Palmeira criticando o novo código florestal, referindo-se à “agricultura” brasileira com ironia, fazendo aspas com os dedos, como se ela fosse, sei lá, uma farsa ou uma irrelevância. Quanta comida produz o seu sítio orgânico para os ricos do Leblon?

Se eu tivesse escrito aqui que Jesus Cristo não é de nada, que não passava de um farsante, que Ele é o verdadeiro culpado por tudo, a grita teria sido menor. Os cristãos, infelizmente, ainda são muito pouco organizados. Mas como OUSEI criticar artistas — e, ainda por cima, esses pensadores da Globo —, então é um verdadeiro deus-nos-acuda. Maitê Proença tira o sutiã — só não o queimou para não produzir gases do efeito estufa, acho —, mas Reinaldo Azevedo não pode fazer uma ironia com a peça que ela pôs em debate, não eu. Um rapaz lá com um ar meio rural diz que “646 km² serão inundados, destruídos…”, e este homem perverso aqui demonstra o que isso significaria em termos amazônicos, ainda que verdade fosse, e eles reagem como se eu tivesse chutado o corpo de Che Guevara (já que chutar o corpo de Cristo seria considerado, certamente, expressão de liberdade). Pra começo de conversa, no período das cheias, metade daquela área já é inundada mesmo…

Estou publicando, sim, comentários de pessoas contrárias a Belo Monte — até porque eu mesmo não fui um entusiasta do rumo que as coisas tomaram. Escrevi a respeito. Mas não publicarei boçalidades como “qualquer agressão à natureza é uma agressão”; “então pague você por Belo Monte, já que o dinheiro é nosso” e afins. Por esse critério, o Brasil estaria sem Itaipu e sem Tucuruí. Em vez de esses globais fazerem seu videozinho mequetrefe, cheio de inverdades e tolices, estariam no meio do mato, comunicando-se por sinais de fumaça.

Pra cima de mim, não! Podem me satanizar à vontade. Vão lá se encontrar com os encapuzados da USP! Não estou nem aí. Se eles têm bons argumentos, que usem, então, os bons, não os maus.

Olhem aqui: não temo correntes organizadas nem pelos estafetas dos poderosos pagos pra isso. Vê lá se vou me assustar com atores que não sabem fazer conta. Todos vocês têm o sacrossanto direito de dizer o que lhes der na telha. Eu só não entendi por que eu não teria. Ofendidos, vocês logo reúnem “o coletivo”… Eu sou o coletivo de um só — e muitos milhares de leitores, é verdade. Só que há uma diferença: eu não recorro à popularidade que adquiri como ator para tentar vender uma pauta que é política, que é ideológica.

A minha profissão é perguntar por quê. A minha profissão é tentar encontrar os porquês.

Acho bom vocês se conformarem com a democracia. Ademais, consta que a tal petição de vocês já tem mais de um milhão de assinaturas. Com tudo isso, não podem suportar as críticas de alguns milhares? Sejam mais tolerantes, seus bacanas! Aprendam a conviver com o contraditório.

Por Reinaldo Azevedo

Alô, Universidade Federal de Minas Gerais, viva o “algodão doce”! Entrem nessa onda, estudantes de verdade!!!

Existe uma chapa de não-esquerdistas disputando a direção do DCE da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A eleição termina hoje. A chapa que não é formada por militantes profissionais tem um nome interessante: “Onda”. Há um tanto de bom humor aí, como vocês lerão abaixo.

Os esquerdistas estão bravos. Leiam texto publicado no site em.com.br. Volto em seguida:
*
Termina nesta quinta-feira a eleição para o novo comando do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (DCE-UFMG), entidade que no ano que vem completa 80 anos. A nova direção só deve ser conhecida na madrugada desta sexta-feira , já que a votação se encerra às 22h.  A disputa este ano está movimentando o campus devido à participação no processo eleitoral de uma chapa classificada como de direita pelos adversários, rótulo rejeitado pelos seus integrantes, que se autodenominam “apartidários”. Batizada oficialmente de Onda, sigla para O Nosso Diretório Apartidário, a chapa 5 vem causando polêmica na disputa por causa do discurso contra a participação de alunos militantes de partidos políticos no comando do diretório.

Também estão na disputa as chapas Tempos Modernos, Há Quem Sambe Diferente, Reiventar e Voz ativa (que concorre à reeleição), todas com viés de esquerda. No mês passado, a hegemonia da esquerda há décadas no comando da Universidade de Brasília (UnB) foi quebrada com a vitória da chapa conservadora Aliança pela Liberdade. Em 2009, a chapa Reconquista também adotou discurso apartidário na campanha pelo DCE da Universidade de São Paulo (USP), mas acabou derrotada por outra, ligada ao PSOL.

Em sua página no Facebook, a Onda critica a participação do DCE-UFMG em debates como a crise no Egito, considerado como “assunto externo à UFMG”. “Todas as demais chapas que concorrem são vinculadas a partidos, todas têm rabo preso com PT, PCR (Partido Comunista Revolucionário), PSTU, PSOL, PDT, entre outros”, diz um trecho do manifesto.

Um dos integrantes da Onda, o estudante de ciências socioambientais Evandro José Graton, 36 anos, disse que a proposta da chapa é contra uma gestão com viés próximo da extrema-esquerda. “Se alguém disser no DCE que tem simpatia pelo PSDB, é execrado”, exemplifica. Para ele, 90% dos estudantes não se interessam pelo processo eleitoral porque não se sentem representados. Na eleição passada, votaram cerca de 10% dos 3 mil estudantes da UFMG. A Onda não tem ligação com a chapa homônima de esquerda que conquistou nos anos 80 o comando do DCE e que movimentou a cena cultural e política da capital mineira.

Algodão Doce
A nova Onda ofereceu show de rock e distribuiu algodão doce para alunos na saída do restaurante da universidade. “Disseram que a gente estava comprando voto. Não teve nada disso. Usamos desses recursos para chamar a atenção dos alunos.”, defende Evandro.

Integrante do atual diretório, Mateus Maltha, 25 anos, estudante de ciências sociais, diz que o discurso apartidário da Onda é de direita. “Ao longo dos tempos a direita vem perdendo espaço com a organização dos movimentos sociais e com o fortalecimento dos partidos. Esse discurso apolítico, em favor da não organização, é o discurso da direita, do fascismo”, rebate. Segundo ele, em honra à memória do ex-estudante da UFMG José Carlos da Mata Machado, que presidiu o diretório acadêmico da Faculdade de Direito e foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), morto pelo regime militar, é preciso rechaçar esse discurso. “Mata Machado lutou para que a gente pudesse ter eleição direta para o DCE , direito de pertencer a um partido político, entre outras coisas, por isso não podemos discriminar quem tem posição política ou é filiado a alguma partido”, defendeu.

A mesma crítica à Onda é feita pela estudante Isadora Scorcio, 19 anos, aluna de ciências sociais, integrante da Chapa Tempos Modernos, apoiada pela direção nacional da UNE. “Não ter posicionamento político a respeito de nada não tem jeito”. Para Mariah Mello, 25 anos, do curso de letras, que integra a chapa Há Quem Sambe Diferente, faz coro: “A gente fica preocupada com esse tipo de discurso, pois ele favorece os setores conservadores e enfraquece o movimento estudantil”.

Voltei
Esses esquerdistas são mesmo muito engraçados. Para eles, quem não tem partido “é de direita”. Bem, então o Brasil seria o pais mais direitista do mundo, né? Achei interessante a mocinha ali afirmar que seus adversários enfraquecem o movimento estudantil. É mesmo, é? Qual é a participação efetiva dos alunos da UFMG e das universidades públicas no processo eleitoral? Fraco e cooptado, o movimento estudantil está é hoje, certo? Ora, até por uma questão de lógica, a única chance que a UNE teria de deixar de ser pelega seria uma vitória improvável da direita para a sua direção.

Mas isso que chamam “direita” nem disputa a UNE porque as eleições SÃO INDIRETAS. Os sucessivos presidentes são, na prática, nomeados por um colégio eleitoral manipulado. Os antigos ditadores latino-americanos conseguiam ser mais… legítimos!

Comprar aluno com algodão doce? Tenham paciência! Isso é subestimar demais a inteligência dos estudantes! De resto, de “compra” e “venda”, quem entende é a UNE. O lulo-petismo comprou a entidade por R$ 40 milhões. E ainda vai lhe dar mais R$ 10 milhões.

Pra quê? Para nada! Para que os pelegos continuem “pelegando”…

Não sei se a “Onda” vai vencer. Tomara que sim! Não conheço ninguém nem tenho nada a ver com a chapa! Ainda que seja derrotada, o negócio é não desanimar e tentar de novo no ano que vem.

Quem quiser fazer militância partidária que vá atuar no partido, ora essa!

Por Reinaldo Azevedo

24/11/2011

 às 15:30

PPS pede que TCU apure fraude em obra da Copa

Na VEJA Online:
O PPS protocolou nesta quinta-feira na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados um pedido para que o Tribunal de Contas da União (TCU) apure a suspeita de fraude em obras para Copa do Mundo de 2014. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada desta quinta-feira informou que o Ministério das Cidades alterou o projeto de infraestrutura de Cuiabá (MT) para a Copa, elevando para 1,2 bilhão de reais o custo das obras - 700 milhões de reais a mais do que o orçamento original. A mudança foi feita com o aval do chefe de gabinete do já enrolado ministro da pasta, Mário Negromonte (PP).

“Queremos uma apuração rigorosa para que não se repita o que aconteceu nos jogos Pan-americanos, onde o próprio TCU apontou um festival de superfaturamentos e desvios de dinheiro público”, afirmou o líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR). Para o parlamentar, o Planalto também tem responsabilidade no caso.

“A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e a própria presidente Dilma chancelaram a obra e aprovaram o financiamento da Caixa”, disse. Bueno defendeu a suspensão do projeto.

Reportagem
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a diretora de Mobilidade Urbana do ministério, Luiza Viana, fraudou o parecer técnico que negava ao governo do Mato Grosso a possibilidade de alterar o projeto inicial, construindo um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) em vez de uma linha rápida de ônibus. Tudo foi feito com o aval do chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto. A partir de então, o ministério passou a respaldar o projeto.

Em resposta enviada ao jornal, o Ministério das Cidades não respondeu por que existem duas notas técnicas de número 123/2011 sobre o projeto de Cuiabá para a Copa do Mundo. Afirmou apenas que há um parecer com esse número, assinado pela diretoria e gerência de Mobilidade Urbana da pasta, “concordando com a defesa técnica do estado e aprovando a mudança na matriz de responsabilidade apresentada pelo governo do estado”.

Por Reinaldo Azevedo

24/11/2011

 às 8:05

Meus heróis não morreram de overdose. Alguns dos meus amigos de infância é que morreram no narcotráfico! E foi uma escolha!

ferrorama
Este será um texto difícil, leitores! Avançarei por um trilho que sempre evitei porque tenho tal horror à demagogia que o risco remoto de que nela pudesse resvalar sempre me impediu de continuar. Mas chega a hora, como disse o poeta, em que os bares se fecham. E então restamos com nossas verdades. E elas precisam ser não exatamente anunciadas, mas enunciadas. Chegou a hora de vocês saberem um pouco mais deste escriba. Mas vamos devagar nesta longa viagem noite adentro.

Enganam-se aqueles que supõem que tenho debatido, nestes dias, a formação de chapas para disputar o DCE da USP, da Unirio ou da UFPR. A questão, entendo, é bem mais ampla: trato aqui de regras de civilidade, da democracia e do estado de direito. Espanta-me que seja justamente nas universidades — em particular nas públicas — que direitos essenciais garantidos pela Constituição sejam aviltados; direitos que custaram os esforços de gerações de brasileiros. Modestamente, fiz parte dessa trajetória e corri riscos, desde bem menino, por isso. Constato, não surpreso, mas nem por isso menos indignado, que a defesa da lei no Brasil pode ser, sim, uma atitude perigosa, daí que eu tenha sido obrigado a tomar medidas para a minha proteção. Nem por isso vou desistir. Releiam o título deste post. Eu vou chegar lá.

Ontem, enquanto alguns leitores de Vladimir Safatle, o professor pró-invasão, liam a sua corajosa fuga do debate (ver post abaixo), um panfleto era distribuído na USP, com tiragem anunciada de 3 mil exemplares. Ataca-me com impressionante violência. Mais do que isso: incita o ódio, a agressão. Acusa-me, em última instância, de interferir numa questão que seus autores parecem considerar privada. Isto mesmo: eles privatizaram a Universidade de São Paulo e rejeitam por princípio a crítica. O curioso é que, em sua não-resposta, Safatle me acusava — este rapaz precisa tomar cuidado com seu eventual lado mitômano — de promover a violência retórica. Escreveu em sua “não-resposta” que ele pertence àquela categoria de pessoas que “nunca responderão a situações nas quais a palavra escrita resvala para o pugilato, nas quais ela flerta com as cenas da mais tosca briga de rua com seus palavrões e suas acusações ‘ad hominen‘. Seria, simplesmente, ignorar a força seletiva do estilo.” Bem, noto à margem que o latim de Safatle não é melhor do que seu português, sua filosofia, seus argumentos e seu talento de polemista. O certo é “ad hominem”, com “m”. A alternativa é não recorrer ao latim.

Não, eu não desferi um só palavrão contra este rapaz. Em compensação, aqueles aos quais ele dá suporte — costuma ministrar “aulas” em áreas públicas ocupadas, como já fez em Salvador! — percorrem todo o vocabulário da desqualificação para me atacar, com impressionante vulgaridade e boçalidade. Em suma: acusam-me de promover aquilo que eles próprios promovem. Quando um delinqüente intelectual divulga um panfleto asqueroso, que faz a apologia da pancadaria e da tortura, em vez de pedirem cadeia para o autor, preferem jogá-lo nas costas de seus adversários. É uma gente, parece, para a qual o crime sempre é útil, os próprios  ou os alheios.

Ataques e povo consumidor
Nos ataques que prosperam na rede, as Mafaldinhas e os remelentos mimados me acusam, ora vejam!, de ser um representante da “classe dominante” — ou de estar a serviço dela — e fechar os olhos e tapar os ouvidos ao sofrimento do povo, de que eles seriam os procuradores. Se o povo os ignora e, na verdade, repudia a sua pauta, então é porque está ainda esmagado pela opressão do capital e pelas artimanhas da ideologia dominante, que lhe incute uma falsa consciência que o impede de ter clareza de seu papel revolucionário. É aí que entra, então, o partido — o deles — com o seu papel de vanguarda e de organizador da luta. Escrevo isso e dou um meio-suspiro. Imaginem vocês se Marx estabeleceria esse encadeamento se os “revolucionários” em questão fossem estudantes universitários…

O que essa gente sabe “do povo”, Deus Meu? No máximo, tem notícia dele por intermédio de suas respectivas empregadas, certamente mais “reacionárias” do que eles próprios. Esses radicais, que hoje se querem à esquerda do PT — os petistas assistem aos absurdos da USP pensando apenas em como tirar proveito eleitoral do episódio —, explicam por que foi um operário meio ignorantão, Luiz Inácio Lula da Silva, a empurrá-los para a absoluta indigência intelectual e para o flerte com o banditismo.

Se Lula e seu PT têm promovido o que considero um contínuo rebaixamento institucional do Brasil por conta do aparelhamento do estado e de sua vocação para se estabelecer como partido único, o que certa esquerda considera “progressista”, é fato que o sucesso do Apedeuta, desde quando era sindicalista, se deve justamente a aspectos de sua pregação que esses radicalóides consideram “conservadores”, até mesmo reacionários. Desde quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Lula prega a uma platéia de consumidores, não de revolucionários. As três campanhas eleitorais vencidas pelo PT exercitaram, todos sabemos, à farta a lógica do “nós” contra “eles” — aquela bobajada tipicamente esquerdista —, mas sempre ancoradas na democratização das conquistas do capitalismo. Há, sim, uma vasta literatura de esquerda que provaria que Lula é um grande “reacionário”.

O ponto, meus caros, é que o povo vive o, como chamarei?, “malaise” da carência, enquanto esses esquerdistas enfatuados conhecem o “malaise” da abastança. PCO, LER-QI, PSOL e assemelhados oferecem “consciência revolucionária” aos pobres, e estes querem é geladeira nova. Os extremistas do sucrilho e do toddynho lhes propõem utopias, e eles estão de olho no computador. Os delirantes, em suma, lhes acenam com o socialismo, e eles só esperam que o capitalismo também lhes sorria. Foi Lula quem conduziu esses delinqüentes intelectuais para o hospício da política. Em certa medida, ninguém foi, segundo a ótica deles, mais contra-revolucionário do que o ex-presidente — o que não quer dizer que ele seja um democrata convicto. Eu não considero.

Desconhecem o povo
Esses extremistas de terceiro grau, sejam alunos, professores ou funcionários, não sabem o que é o povo, quem é o povo, o que quer o povo — e o resultado que logram nas urnas deixa isso muito claro. E então virá a pergunta fatal: “E você, Reinaldo, conhece?” Pois é, conheço, sim! SEM ME CONSIDERAR SEU REPRESENTANTE PORQUE NÃO FUI ELEITO POR NINGUÉM, DEIXO CLARO! E agora começa o caminho um tanto pedregoso, que sempre evitei, porque tenho verdadeiro asco de certas parvoíces sociologizantes. Mais do que isso: a cada vez que vi Lula tentando justificar algumas de suas escolhas equivocadas por causa de sua infância pobrezinha, meu estômago deu alguns corcovos. O Lula que mobilizou os consumidores, se querem saber, merece o meu respeito. O Lula que tenta fazer da pobreza uma cultura merece o meu solene desprezo.

Vamos lá, Reinaldão, coragem! Sabem os meus familiares, sabem os meus amigos próximos, alguns deles jornalistas (sim, os tenho, e queridos!), que fui muito pobre, muito mesmo! E nunca dei uma de coitadinho porque não pode haver poder mais discricionário e asqueroso do que o das vítimas — de quaisquer vítimas — se transformado em categoria de pensamento. A pobreza não existe nem para culpar nem para enobrecer ninguém. Vamos lá ao título. Não! Os meus heróis não morreram de overdose porque isso é luxo que não se consente a determinadas faixas de renda. Essa “overdose” sempre supõe que o tal “herói” foi uma espécie de paladino da luta contra a opressão. Qual opressão? Qualquer uma que possa servir de pretexto para enfiar o pé na jaca.

Se meus heróis não morreram de overdose, tive, isto sim, amigos de infância e pais de amigos que se meteram com a bandidagem e o narcotráfico e que hoje estão mortos. Morreram de “overbalas”. Meu pai trocava molas de caminhão; minha mãe chegou a trabalhar como doméstica. Não me orgulho da profissão que tiveram. Orgulho-me das pessoas que eram — minha mãe, felizmente, viva, forte e ainda mais cheia de opiniões do que eu, hehe. Orgulho-me de seu caráter. Orgulho-me de seu senso de honra. Morei em dois cômodos de madeira até os 5 anos; depois, em dois cômodos de alvenaria até os 15. No fundo do terreno, corria um rio fétido. Nas chuvas, a água invadia a casa. O que isso me ensinou? Digo daqui a pouco. E talvez surpreenda muita gente!

Eu era livre para escolher
Tive todas as oportunidades de delinqüir, às quais alguns sucumbiram, numa periferia aonde o asfalto chegou tardiamente, para ter um “Kichute” novo (ainda existe?), uma calça “Lee Americana”, como chamávamos à época, uma “vitrola” para os bailinhos — faziam-se “bailinhos” então. E sempre disse “não!” E fiquei sem o Kichute, a Lee Americana e a vitrola. Eu tenho uma novidade para esses delinqüentes encapuzados e seus professores picaretas: OS POBRES TAMBÉM FAZEM ESCOLHAS MORAIS. Não são umas bestas à espera da iluminação que vocês possam proporcionar. Aliás, eles as fazem mais freqüentemente do que os abastados porque, de fato, suas carências são maiores e maiores as chances de tentação de encontrar um caminho mais curto para obter o desejado.

Disse “não” muitas vezes — e não vai nisso heroísmo nenhum! Não fui o único. Sempre que leio textos de supostos especialistas a demonstrar como os pobres da periferia são vítimas passivas das circunstâncias, sou tentado a pegar um chicote. Porque essa gente não sabe O que nem DO que está falando.

Não, eu não acho que essa minha origem me qualifique para isso ou para aquilo. Não me liguei a grupos socialistas porque quisesse subir na vida (claro!) ou porque achasse que o estado tinha a obrigação de me dar moradia ou o que fosse. A minha questão, desde sempre, tinha a ver com a democracia. Achava, e ainda acho, inaceitável que um governo possa decidir o que devemos pensar, o que devemos dizer, o que devemos calar. Nem governos nem milícias comuno-fascistas da USP ou de qualquer outro lugar.

A propósito da ignorância dos extremistas. Lembro-me, eu tinha 15 anos, de uma “aula” com um “intelequitual” da Convergência Socialista (que está na pré-história do PSTU) a esculhambar o então apenas “sindicalista” Lula, em começo de carreira, porque este seria um “reformista”, empenhado “apenas” em conquistar salários melhores, o que, entendi, era ruim para a libertação dos trabalhadores. O que aquela gente sabia do povo, Deus Meu? Nada! O que sabe ainda hoje? Nada!

Todos os dias, recebo centenas de comentários mais ou menos assim: “Você, que nunca andou de ônibus…”; “Você, que nunca andou de trem…”; “Você, que nasceu em berço de ouro…” Costumo ignorar porque tenho outra novidade para os delinqüentes encapuzados: a abastança pode ser tão opressora quanto a carência! Os que não sabem o que fazer dos benefícios que herdaram podem ter um destino tão ou mais duro do que os que não sabem o que fazer das carências que herdaram. O ponto, desde sempre, não é o que fizeram de você, mas o que você vai fazer do que fizeram de você, compreenderam?

Ignorância com efeitos trágicos
Essa ignorância do que são e do que querem os pobres tem efeito terrível na vida dos próprios pobres. A cada vez que vejo ONGs nas favelas do Rio ou na periferia de São Paulo ensinando criança pobre a batucar, a fazer rap, a fazer funk (lá vem chiadeira…), vem-me de novo a vontade de pegar o chicote. Por que pobre tem de batucar? Aos 14 anos, eu já tinha lido toda a poesia de Cecília Meireles e boa parte do que sei de Drummond, por exemplo. Ali, na cozinha de casa. Não porque eu fosse um gênio, o que não sou, mas porque há pobres que se interessam por literatura e não estão dispostos a representar o papel de pobres para satisfazer os anseios dos remelentos e das Mafaldinhas revolucionárias. E não estão dispostos pela simples e óbvia razão de que… JÁ SÃO POBRES. NÃO PRECISAM REPRESENTAR!

Eu conheço o povo, aqueles alunos e professores remelentos não conhecem. Para a chateação e a fúria deles todos, conheço também os textos que lhes servem de referência, com a ligeira diferença de que os li. Safatle, aquele rapaz do cinturão do agronegócio, a esta altura, deve estar radiante: “Eu sabia! Esse Reinaldo é um pobre que se tornou reacionário para subir na vida; um arrivista!” E se sentirá, então, pacificado. Ele, das classes abastadas, se regozijará com a generosidade de sua entrega à causa popular, mesmo vindo das camadas superiores. Já eu, vejam que desastre!, em vez de estar na rua, carregando bandeira; em vez de estar empenhado na libertação da minha classe; em vez de estar exercendo o papel que me foi reservado pelo marxismo sem imaginação dessa canalha, eu, olhem que coisa!, estou aqui a dizer para Safatle que sua citação de um texto de referência é descabida. Corrijo também o seu português. Corrijo, para arremate dos males, o seu latim. Pobre reacionário é mesmo uma merda, né, Safatle? É só ler alguma coisinha, já sai corrigindo os ricos progressistas…

Por que isso tudo?
Por que isso tudo? Para tentar ganhar algumas credenciais junto à escumalha moral que anda me satanizando por aí? Eu quero mais é que essa gente se dane. Mas não venha, como se dizia na minha vila, “botar panca” (sim, o certo é “banca”) pra cima de mim, tentando me dar aula do que é povo, do que é pobreza, do que é carência. Eu lhes ensino, seus delinqüentes, como transformar dois ovos e um tomate numa refeição para quatro pessoas, com o acréscimo de farinha de rosca numa omelete sem queijo e sem presunto. A boa notícia para nós é que era gostoso. Fiz Dona Reinalda preparar o prato dia desses. Ficou bom, mas não era a mesma coisa, porque, para citar um trecho que decorei de “No Caminho de Swann, de Proust (só trechinhos, viu? Não quero passar falsas impressões, hehe), “tentamos achar nas coisas, que, por isso, nos são preciosas, o reflexo que nossa alma projetou sobre elas, e desiludimo-nos ao verificar que as coisas parecem desprovidas, na natureza, do encanto que deviam, em nosso pensamento, à vizinhança de certas idéias”. No caso, a omelete de farinha de rosca estava ali, mas as circunstâncias eram outras, como a água do rio que não passa duas vezes pelo mesmo lugar.

A minha história não me faz nem mais nem menos qualificado para coisa nenhuma! Também a pobreza pregressa não é categoria de pensamento. Eu espero que aqueles vagabundos que ficam demonizando meu nome por aí me desprezem ainda mais por isso. Têm a chance de descobrir que as nossas diferenças não estão apenas nas escolhas, mas também nas origens. A pobreza não me ensinou nada de especial. Cabe a cada um de nós o esforço ao menos de tomar a rédea do nosso destino, feito muito mais de opções do que freqüentemente supomos. Mas isso não é uma particularidade da pobreza. Também os ricos, reitero, podem ser oprimidos pela riqueza. “Mas qual opressão é melhor?”, pode perguntar um cínico.

Olhem aqui, minhas caras, meus caros, é claro que governos e políticas públicas têm de se ocupar da melhoria das condições de vida do povo. Com uma escola melhor, uma saúde melhor, uma segurança melhor, aumentam as chances de felicidade. Negá-lo seria uma estupidez. Chances de felicidade, no entanto, não são felicidade garantida. Na pobreza ou na abastança, o que quer que nos faça infelizes sempre está dentro de nós. E não há revolução que dê jeito.

Ah, sim: algum anseio insatisfeito da pobreza ainda me assalta hoje, já que “o menino é o pai do homem”, como escreveu Wordsworth, frase depois retomada por Machado de Assis em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”?

Um ferrorama lindão, gigantesco, cheio de traquitanas. No mais, nada faltou, nada excedeu. Cada vida existe na sua exata medida.

Beijo do Tio Rei.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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