Governo federal anuncia leilão de arroz para travar recuperação dos preços

Publicado em 04/09/2013 08:06 e atualizado em 04/09/2013 11:30
Primeiro leilão conteve alta em agosto nas cotações para o arrozeiro e mecanismo é retomado. Preços se mantiveram estáveis em agosto

Ainda que diversos especialistas argumentem que os preços pagos pelo arroz aos produtores não está interferindo numa possível retomada da escalada inflacionária sobre a economia brasileira, o governo federal decidiu realizar novo leilão de oferta dos estoques públicos para evitar nova valorização do cereal aos arrozeiros. Nesta segunda-feira, dois de setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou no edital 417/13 a realização do terceiro leilão de oferta de arroz da temporada, com 50,6 mil toneladas de produto dos estoques públicos, no próximo dia 10, considerando que os dois primeiros leilões aconteceram na mesma data, em seis de agosto. Todo o volume ofertado está depositado no Rio Grande do Sul.

A cadeia produtiva já aguardava o leilão, uma vez que o governo federal ficou de discutir sua realização após o dia 28 de agosto, em reunião que acabou não acontecendo com representantes do ministro Antônio Andrade, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Na semana que passou, durante a visita do ministro à Expointer, sua assessoria confirmou que os editais estavam prontos para serem lançados. A indústria tem, por reivindicação, a manutenção de um mesmo patamar de preços – com base no preço mínimo – em todas as regiões. A expectativa inicial, ainda sem a confirmação dos preços de abertura do pregão, é de que a comercialização não supere a 65% da oferta. Na soma dos dois primeiros leilões, a média ficou próxima de 65%.

Enquanto o governo federal utiliza o argumento de “alta nos preços”, o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa para a saca de 50 quilos (58x10) à vista, subiu meros 0,12% ao longo de agosto. O cereal fechou o mês cotado a R$ 34,76, o equivalente a US$ 14,59, em dólares estadunidenses, pela cotação daquele dia. Nesta segunda-feira o cereal fechou o primeiro dia útil de setembro já acumulando o mesmo percentual de valorização: 0,12%, em R$ 34,80, como referencial, equivalendo a US$ 14,65 em moeda norte-americana. 

No mercado livre gaúcho a comercialização tem preços referenciais de R$ 34,00 a R$ 35,00 na maioria das praças, com destaque para os polos industriais, nos quais a saca chega a ser cotada em R$ 36,00, e as variedades nobres, que alcançam facilmente os R$ 36,00.

Na última semana os preços de venda pelo produtor gaúcho voltaram a aquecer, por conta da baixa oferta. O setor avalia que o arroz remanescente na mão de produtores ou está na mão de indústrias que o têm em depósito, ou na propriedade de arrozeiros capitalizados, que não têm pressa de vende-lo. 

A posição do governo federal segue a mesma: intervir no mercado sempre que o arroz passar de R$ 34,50 ao produtor. Esse gatilho objetiva “evitar o crescimento da inflação”. Os arrozeiros, por outro lado, conseguiram garantir com o ministro Antônio Andrade, que não faltarão recursos para a comercialização do arroz na próxima safra e que será retomada a negociação para estabelecer novos preços mínimos para o cereal gaúcho e catarinense, uma vez que os valores estão congelados há cinco safras em R$ 25,80/50kg (58x10). A pedida dos gaúchos é de elevação deste valor para R$ 27,50.

SAFRA

Na última semana o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), anunciou o primeiro prognóstico de safra de arroz para o Estado, prevendo o aumento de 2% na área, para 1,1 milhão de hectares contra 1,078 da safra passada. Para o presidente do Irga, Claudio Pereira, nesta safra as condições climáticas estão favoráveis ao plantio. No mesmo período do ano passado havia água para apenas 54% da área e neste ano 93% da lavoura está garantida. A expectativa é que a produtividade gaúcha aumente 3,2%, passando de 7.497 para 7.733 quilos por hectare por causa do clima mais favorável. A produção total deverá se aproximar de 8,3 milhões de toneladas. Para a safra 2013/14 existe a intenção de plantar soja em rotação com arroz em 296.442 hectares, uma área 9% maior que a safra anterior no Rio Grande do Sul.

ENDIVIDAMENTO

Nesta última sexta-feira terminou o prazo para que os arrozeiros corroborassem o ingresso no programa de repactuação das dívidas setoriais, quitando 10% do valor destas em sua primeira parcela e formalizando o contrato. A adesão foi parcial e estima-se que perto de R$ 400 milhões foram contratados por este modelo, considerando bancos estatais, cooperativos e privados. Com as instituições de crédito privadas os arrozeiros tiveram mais dificuldades de negociar. Federarroz irá avaliar com associações municipais o êxito do programa.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica preços médios estáveis em R$ 34,00 para a saca de arroz de 50 quilos, em casca (58x10) no Rio Grande do Sul, e referência de R$ 68,00 para o saco de 60 quilos de arroz branco (sem Icms). O canjicão de arroz alcança R$ 39,00 esta semana, com ligeiro aumento da procura, e a quirera manteve a estabilidade, em R$ 33,50. Ambos, embalados em 60 quilos e com preços FOB. O farelo de arroz também manteve seus preços nos últimos dias em R$ 380,00 a tonelada FOB/Arroio do Meio (RS).

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Fonte:
Planeta Arroz

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