Bahia investe em tecnologia para ampliar produção de mandioca

Publicado em 25/06/2010 08:32 e atualizado em 09/03/2020 06:12
A Bahia tem a maior área plantada de mandioca, em torno de 335 mil hectares.
O nome científico da planta é Manihot esculenta Crantz. Estranho chamar a mandioca por nome tão complicado. Mas isso não importa quando se chega ao campo e encontra o agricultor plantando, colhendo e depois fazendo farinha, tapioca e goma (fécula), transformando tudo em iguarias saborosas e nutritivas. Esta é a raiz comestível, produzida em todo o país, que tem na Bahia a maior área plantada, em torno de 335 mil hectares. O estado ocupa a segunda posição na atividade produtiva - com 4,2 milhões de toneladas/ano - e produtividade média de 12 toneladas por hectare.

Acreditando neste potencial e na versatilidade da cultura, o Governo do Bahia investe em tecnologias que contribuam para melhorar os índices de produção e produtividade, além do aproveitamento da planta, que é 100% utilizada, da raiz, ao caule e às folhas.

De acordo com Emerson Leal, presidente da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri), para cada dois hectares de mandioca plantados, um emprego direto é gerado. "Estamos trabalhando, a cada dia, para aperfeiçoar a assistência técnica e apoiar a sustentabilidade da agricultura familiar na Bahia", afirma.

Com métodos educativos de extensão rural, os técnicos da EBDA orientam os agricultores familiares realizando cursos, treinamentos, seminários, acompanhamento no campo e, por meio de associações, para produzir mais e melhor, diversificar os produtos oriundos da planta - feitos artesanalmente ou industrializados -, e comercializar, gerando renda extra para a família agrícola.

A empresa também trabalha com pesquisas participativas, envolvendo agricultores familiares, implantando campos de produção de maniva-semente de aipim (mandioca mansa) e mandioca industrial (mandioca brava).

Segundo o engenheiro agrônomo da EBDA, Paulo Beline, lotado na Gerência de Itabuna, a mandioca encontra-se entre as nove principais culturas do país, e é a sexta em valor de produção. "A cultura da mandioca é tão importante hoje que a fécula (co-produto) está sendo utilizada para vedação de perfuratriz de petróleo, em alto-mar", exemplifica o técnico.

Planta resistente

O cultivo é feito basicamente por agricultores familiares. Oitenta e sete por cento do segmento no país plantam mandioca, em todos os estados da Federação. A atividade figura ainda entre os principais meios de sobrevivência da população rural, por ser uma planta resistente, adaptável a diversos ecossistemas, e pelos múltiplos usos. "Com o passar dos anos, a pesquisa vem descobrindo e aprimorando novos usos da mandioca, a exemplo das indústrias de cosméticos e da construção civil", informa Paulo Beline.

Cândido Sales é maior produtor de mandioca na Bahia. No município não existe propriedade agrícola sem o plantio da raiz. "A mandioca é uma cultura de vital importância para a agricultura familiar, particularmente na região nordeste do país, por ser resistente à seca, adaptar-se à diversidade de clima e solo, e pelo grande número de produtos e co-produtos gerados a partir da planta", afirma o engenheiro Paulo Beline.

Novos subprodutos

Farinha, beiju (saboreado junto com suco de frutas, hortaliças e legumes), tapioca, utilizado na fabricação de bolos e de cuscuz, fécula, polvilho, sagus, entre outros ingredientes usados na alimentação humana, não são mais os únicos subprodutos da mandioca.

A partir da raiz também é produzido mel, industrializado para o consumo humano, e o melaço - que serve para alimentação humana e de animais. O vinagre, oriundo da manipueira (subproduto tóxico que tem diversas aplicações após tratamento apropriado) e aguardente (cachaça) são outras novidades.

Tanto a raiz quanto o caule e as folhas podem ser usados como ração animal. Em forma de pellets - fabricados utilizando folhas e o caule prensados -, de feno ou silagem, feitos a partir das folhas e raízes da mandioca, os produtos são usados no consumo animal diário, principalmente, em períodos críticos de seca.

A mandioca já é base para outros produtos, alguns mais refinados, a exemplo dos cosméticos - xampus, cremes hidratantes e nutritivos para cabelos -, e outros mais rústicos, como os tijolos ecológicos, utilizados na construção civil, fabricados a partir da mistura do barro com a manipueira. "Estamos acompanhando este trabalho, e várias casas estão sendo erguidas na região de Vitória da Conquista, com este tipo de material", conta Paulo Beline.

Variedades catalogadas

Apesar de ser planta tóxica em baixa quantidade (mandioca mansa ou aipim) ou em maior quantidade (mandioca industrial), quando se faz o manuseio correto, para eliminar compostos cianogênicos (ácido cianídrico), a raiz pode ser utilizada em diversos tipos de alimentos.

No Brasil são cerca de 4.300 variedades catalogadas, entre mandioca mansa e brava. A pesquisa vem indicando novas variedades mais resistentes e produtivas na Bahia, a exemplo dos aipins preto e eucalipto (mandioca mansa para mesa), plantadas na microrregião de Itabuna. Na mesma região, as variedades riqueza e caravela (mandioca brava) são utilizadas na indústria. Outras variedades indicadas pela pesquisa, para a região semiárida, são multiplicadas em campos de semente - maniva para distribuição aos agricultores familiares.

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Fonte:
Agrosoft

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