Aprosoja-GO alerta sobre incêndios rurais e mostra exemplo de sucesso no combate ao fogo no Sudoeste goiano

Publicado em 19/09/2019 14:20
Produtores lutam para combater os prejuízos das queimadas nas propriedades e mantêm projeto que apaga o fogo e acende a esperança em comunidades locais

Clima seco, altas temperaturas, palhada no solo, ventania. Está lançado o combustível que fomenta o fogo nas beiras de estradas e propriedades rurais nesta época do ano. Todos os dias, os grupos de WhatsApp comunicam incêndios, pequenos ou grandes, nas diversas regiões de Goiás. Sejam áreas que estão prontas para o cultivo da soja a partir do dia 25, canaviais ou regiões próximas a linhas de transmissão de energia elétrica sem manutenção, basta uma fagulha para gerar focos de queimadas que podem crescer rapidamente e devastar tudo pela frente.

Neste período de alto potencial de incêndios nas propriedades, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) alerta os produtores a prevenir incidentes. “Nesses dias é importante não fazermos atividades de campo entre 10h e 15h, porque a probabilidade de incêndios é maior. Toda a população da zona rural ou urbana também pode contribuir, evitando queimar lixo e jogar bituca de cigarro nas estradas, por exemplo”, cita o presidente da entidade, Adriano Barzotto.

Diferente do que se propaga, o produtor rural não é o vilão das queimadas, pois é um dos agentes mais prejudicados. A prática do fogo não é recomendada agronomicamente, já que as perdas são maiores que os ganhos, explica o consultor técnico da Aprosoja-GO, Cristiano Palavro.

“As queimadas eliminam a cobertura vegetal e alteram as características físicas do solo, fomentando a erosão e favorecendo sua compactação, o que limita a infiltração de água e aumenta a resistência à penetração das raízes. Estudos mostram também que a queimada diminui a atividade biológica do solo, além de afetar a disponibilidade de nutrientes importantes para as plantas”, explica o engenheiro agrônomo.

Por isso, mais uma vez, os produtores rurais têm se mobilizado para evitar queimadas em suas lavouras. “Estamos com problemas sérios no Estado de Goiás e temos trabalhado para preservarmos o nosso ambiente, as nossas palhadas e as nossas propriedades”, ressalta o presidente da Aprosoja-GO.

Rapidez no combate ao fogo

Esse cenário que costuma gerar desespero e prejuízos vem mudando graças à união de produtores rurais (de grãos, cana-de-açúcar e pecuária) no Sudoeste goiano. Juntos, eles combatem o fogo pelas vias terrestre e aérea, uma soma de forças que na maioria dos casos consegue controlar o fogo rapidamente.

Assim que surge um foco de incêndio na região, a informação é compartilhada em grupos de WhatsApp formados por produtores, funcionários e gerentes de fazendas e militares do Corpo de Bombeiros. Enquanto mobilizam máquinas (trator com grade, caminhão pipa) e pessoal para ajudar a combater o fogo, o grupo de WhatsApp da Brigada Aérea é acionado para deslocar uma, duas ou três aeronaves, dependendo do tamanho do foco.

O trabalho tem feito a diferença na região. “Antes tinha vez que chegava a queimar 500, 800, 1.000 hectares de palhada e reserva ambiental”, conta Vanderlei Secco, agricultor em Rio Verde e idealizador do projeto. “Esse ano temos controlado grandes incidentes porque no momento do foco, a gente já aciona as brigadas terrestre e aérea. Tem vez que o avião só faz um lançamento de água [cada aeronave comporta cerca de 700 litros] e já ajuda o trabalho terrestre ou mesmo resolve o foco de incêndio”, ressalta, destacando a interação entre as brigadas para o sucesso das operações. 

Com o apoio do Sindicato Rural do município, os grupos no WhatsApp para avisar e combater queimadas funcionam em Rio Verde há alguns anos. O reforço aéreo veio no ano passado, depois que um grande incêndio na fazenda do Vanderlei foi controlado com a ajuda de um avião. Ele então decidiu reunir produtores para contratar a empresa de aviação agrícola na entressafra, justamente quando aumentam as queimadas e diminui a demanda pelos serviços de semeadura, adubação e pulverização aéreas.

“Muitas vezes acontecia de pegar fogo numa área grande e demorar de duas a três horas para o nosso avião chegar no local, porque os pilotos não estavam na base. Então, contratei mão de obra para ficar de prontidão para atender os momentos de urgência”, explica Beto Textor, piloto proprietário da Aerotex Aviação Agrícola, que também é credenciada junto ao governo federal para combater incêndios em áreas de conservação ambiental da União, por exemplo.

O projeto da Brigada Aérea de Rio Verde que começou com apenas uma aeronave, exclusiva durante um mês, deu tão certo que foi estendido por mais dois meses e hoje funciona de julho a setembro. O grupo de produtores cresceu – já são 150 membros, sediados em Rio Verde, Montividiu, Paraúna, Jataí, Santa Helena e Acreúna. E a quantidade de aeronaves foi ampliada para três, o que permite combater focos simultâneos em localidades diferentes ou reforçar operações maiores, como aconteceu recentemente quando o fogo atingiu uma plantação de eucaliptos.

Como funciona

Os produtores do grupo rateiam o custeio de manutenção dos aviões e de salários dos pilotos e técnicos. Quem aciona a brigada aérea é responsável por pagar as horas de vôo, mas os vizinhos acabam compartilhando esse custo porque sabem que se o fogo descontrolasse, poderia alcançar suas fazendas.

“O avião é a ferramenta mais ágil que o produtor dispõe hoje para controlar incêndios, ainda mais nessa época que as condições atendem a ‘regra dos 30’: temperatura acima de 30ºC, umidade do ar abaixo de 30ºC e vento acima de 30 km/hora”, explica Beto Textor, da Aerotex. “Fazemos um trabalho conjunto com as equipes de solo, porque o avião resfria as chamas para elas fazerem o rescaldo [operação para apagar todos os focos remanescentes que possam reacender as chamas]”, detalha.

Somente nos meses de julho e agosto a empresa fez cerca de 80 horas de vôo e 400 lançamentos de água para combater incêndios nas áreas do grupo de produtores. Em setembro, com o tempo mais seco e quente, o trabalho se intensificou.

Ação social

Além da integração dos produtores no combate a incêndios, o grupo estabeleceu que 50% do valor pago à Aerotex pelas horas voadas é revertido para entidades assistenciais de Rio Verde e região. No final de agosto, a Associação Beneficente Auta de Sousa, de acolhimento a idosos, e a Associação Pestalozzi Escola Dunga, que atende pessoas com deficiência e/ou em situação de risco, receberam R$ 30.000 cada. Em 2018, o Hospital do Câncer de Rio Verde foi contemplado com R$ 45.000,00.

“São inúmeros os benefícios de se ter uma brigada aérea em funcionamento. Primeiro, manter a preservação do meio ambiente: o produtor brasileiro é o que mais preserva no mundo e tem cuidado com incêndios florestais, mas é sempre acusado de colocar fogo. Outra vantagem da Brigada é a integração entre os produtores e o lado filantrópico”, ressalta o presidente da Aprosoja-GO, Adriano Barzotto, que também participa da Brigada Aérea de Rio Verde – um projeto pioneiro no Brasil que alia preocupação ambiental, soluções rápidas e integradas no combate a incêndios e compaixão à comunidade local.

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Fonte:
Aprosoja GO

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