Milho: Mercado recua ao menor patamar desde março frente à evolução no plantio dos EUA

Publicado em 27/05/2014 17:18

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão desta terça-feira (27) do lado negativo da tabela. As principais posições da commodity encerraram com perdas entre 8,25 e 10 pontos. O contrato julho/14 terminou o dia cotado a US$ 4,69 por bushel, com desvalorização de 1,7% em relação à última sessão.

Ao longo das negociações, o vencimento julho/14 atingiu o patamar de US$ 4,70 por bushel, o menor nível desde 4 de março, conforme informações divulgadas pela agência internacional de notícias Bloomberg. Ao todo, as cotações do milho baixaram cerca de 9,5% nos últimos 30 dias. O contrato setembro/14, que já chegou a ser negociado a US$ 5,15 por bushel, opera próximo de US$ 4,69 por bushel. 

A perspectiva de clima favorável nos Estados Unidos à evolução no plantio pressionou negativamente as cotações do cereal. Apesar dos problemas iniciais, a semeadura do grão segue de maneira satisfatória no país e até o último dia 18 de maio, cerca de 73% da área já tinha cultivada com o grão, contra a média dos últimos cinco anos de 76%, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Nos últimos dias, o clima seco e as temperaturas mais elevadas foram favoráveis à semeadura do milho. E a previsão de chuvas para os próximos dias melhora as expectativas para o desenvolvimento da cultura, segundo informações da Bloomberg.

Consequentemente, a perspectiva dos participantes do mercado é que o USDA reporte no boletim desta terça-feira, que a área cultivada com o milho tenha evoluído para 85% até 90%. E diante desse cenário, o analista de mercado da Cerrado Corretora, Mársio Antônio Ribeiro, afirma que os preços em Chicago têm espaço para alcançar patamares menores.

"Se observarmos os gráficos, podemos ver que os preços estavam em US$ 4,30 por bushel no início de 2014. E com a atual situação, nada impede que isso aconteça. Por enquanto, temos um suporte em US$ 4,60 por bushel e resistência em US$ 4,90 por bushel", diz Ribeiro.

E caso haja a confirmação de uma safra cheia nos EUA, a expectativa é que os preços do cereal trabalhem próximos de US$ 4,50 por bushel. Cenário que só deverá ser modificado se ocorrer uma quebra na safra norte-americana, superior a 5%, conforme acredita Ribeiro.

Por outro lado, a demanda pelo cereal norte-americano permanece aquecida. Ainda nesta terça-feira, o USDA divulgou que os embarques do milho totalizaram 1.060.147 milhão de toneladas até a semana encerrada no dia 22 de maio. O número é pouco menor do que o reportado anteriormente, de 1.063.857 milhão de toneladas.

No mesmo período do ano passado, os embarques eram de 315.505 mil toneladas. Já no acumulado do ano safra, com início em 1º de setembro, os embarques somam 32.680.689 milhões de toneladas, frente às 13.428.567 milhões de toneladas acumuladas no ano safra anterior. 

BMF&Bovespa

Na BMF&Bovespa, as cotações futuras do milho acompanham as quedas registradas na Bolsa de Chicago e também operam em queda. O contrato julho/14 era negociado a R$ 27,30, na tarde desta terça-feira.

Ainda na visão do analista, caso a safra norte-americana se confirme uma grande produção, os preços do cereal poderão ficar em R$ 25,00 na BMF. "No caso do Brasil, uma boa safra dos EUA deverá limitar nossa capacidade de exportação que para evitar uma grande queda nos preços precisaria alcançar no mínimo cerca de 20 milhões de toneladas. O país depende muito das exportações para equacionar sua relação oferta x demanda para o milho, e que temos um bom volume produzido neste ano, este é um fator de grande influência para os preços”, sinaliza Ribeiro.

Até o momento, entre janeiro e maio, as exportações brasileiras de milho totalizam 5,18 milhões de toneladas. O número representa cerca de 63% do volume total embarcado no mesmo período do ano passado, de 8,15 milhões de toneladas.

Mercado interno

De acordo com informações divulgadas pelo Cepea, o ritmo lento da comercialização do milho é decorrente da expectativa de boa disponibilidade de oferta interna de milho no segundo semestre. E na semana de 19 até 26 de maio, o indicador Esalq/BMF&Bovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu 1,93% fechando a R$ 27,88 a saca de 60 kg na segunda-feira.

Entretanto, nesse momento, a oferta de milho no mercado é pequena, já que boa parte da safra de verão foi negociada. E de um lado os vendedores estão retraídos, à espera de preços melhores, na outra ponta da cadeia, os compradores seguem adquirindo o produto da mão-pra-boca, pois acreditam em uma oferta maior, com a colheita da safrinha brasileira.

Diante desse cenário, os preços que estavam mais baixos, após apresentar uma valorização expressiva desde o início do ano, voltaram a apresentar certa estabilidade e até mesmo uma ligeira alta. Em Campo Mourão (PR), o valor de venda da saca de milho ficou em R$ 24,50, contra R$ 23,50 valor anterior. Já em Lucas do Rio Verde (MT), o preço subiu R$ 1,00 e é cotado a R$ 16,00. 

Em Mineiros (GO), o valor também apresentou valorização de R$ 1,00 e é negociado a R$ 23,50. Na região de Unaí (MG), o preço passou de R$ 24,00 para R$ 25,00. No MS, em Douradina, o valor é de R$ 20,00.

Ainda assim, em longo prazo, a expectativa é que os produtores rurais tenham melhores oportunidades de negociação para o milho safrinha. Até o final do ano, a previsão dos economistas é que o dólar chegue ao patamar de R$ 2,45, bem acima dos atuais R$ 2,22, e pode gerar preços em reais melhores aos agricultores. No segundo semestre, as exportações do produto brasileiro devem ganhar força e são estimadas em 20 milhões de toneladas, segundo projeções da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). 

“Com uma safra cheia nos EUA, podemos ter preços mais baixos em Chicago, em torno de US$ 4,50 por bushel. No entanto, se a projeção de dólar a R$ 2,45 se confirmar, teremos preços em reais, no segundo semestre, melhores do que no primeiro semestre”, ratifica o analista de mercado da Agrogt Corretora de Cereais, Gilberto Toniolo. 

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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