Empiricus: Mais rápido do que eu imaginava, por Felipe Miranda

Publicado em 08/08/2014 12:14 e atualizado em 11/08/2014 14:15

It's the end of the world as we know it
It's the end of the world as we know it
It's the end of the world as we know it, and I feel fine

No dia 23 de julho, lancei o vídeo sobre O Fim do Brasil, cujas projeção e viralização assumiram caráter sem precedentes para a Empiricus. Pelos incapazes de enxergar a óbvia metáfora, fui acusado de antipatriota, terrorista, direitista, machista - o que eu ainda sequer entendi - e outros “istas” variados.

No geral, compreendo essa turma. Para dizer a verdade, já sabia que seria assim - falo isso no próprio vídeo. Mas confesso: prefiro o título de realista e dispenso as menções à senhora minha mãe, que nada tem a ver com a história.

Aos poucos familiarizados com o tema, resgato brevemente a tese, muito simples: a nova matriz econômica, adotada em 2009 em reação à crise iniciada com as hipotecas de alto risco nos EUA e cujo ápice é marcado pela quebra da Lehman Brothers, vem produzindo efeitos nefastos sobre a vida do brasileiro e sobre seu patrimônio.

A metáfora poderia ser resumida com a assertiva de que, se nasce um novo Brasil a partir do Plano Real em 1994 com estabilização da economia e resgate da confiança na moeda, esse mesmo país morre com as consequências da nova matriz econômica, de forma prematura, aos 20 anos de idade.

Para ilustrar o quão problemática tem sido a gestão da economia, elenco dez pontos capazes de caracterizar a coisa, a saber: 1) o crescimento econômico da era Dilma é o menor desde o Governo Collor; 2) a inflação tem sido persistentemente alta e acima do centro da meta; 3) as contas públicas estão completamente desajustadas; 4) o déficit em conta corrente atinge níveis preocupantes; 5) o mercado de trabalho se enfraquece em ritmo assustador; 6) estamos à beira do apagão; 7) a Petrobras foi simplesmente destruída; 8) a Eletrobras, com inveja, também foi destruída; 9) a indústria brasileira fica menor, a cada dia; e 10) o medo é também político.

Desde então, em cerca de apenas 15 dias, pergunto: aconteceu alguma coisa capaz de referendar ou refutar o argumento?

Sim, muita coisa. Posso dizer: embora a caminhada esteja se dando exatamente na direção esperada, o ritmo da deterioração é assustador, algo para Nouriel Roubini nenhum botar defeito.

Vejamos alguns pontinhos.

Ainda não temos dados do PIB atualizados - os próximos saem no final de agosto e o prognóstico é claro: recessão. Até mesmo conselheiros de Dilma, como Belluzzo, têm alertado para o risco de queda do PIB, mesmo que em apenas um ou dois trimestres.

Mas, ainda que não tenhamos dados frescos sobre PIB, houve novidades importantes de cunho oficial no período. Quando gravamos o vídeo do Fim do Brasil, ainda não dispúnhamos de dados das contas públicas de junho, nem de referências atualizadas do Caged.

Passamos a ter. Reforçando o completo descaso com as contas públicas, os números de junho apontaram o menor superávit primário no primeiro semestre em 12 anos. O déficit primário de R$ 2,1 bilhões em junho foi pior do que a pior estimativa para o período.

Em paralelo, dados do Caged mostraram a menor criação de vagas de trabalho em junho desde 1998, com apenas 25 mil novos postos.

A indústria também nos agraciou com indicadores atualizados. A produção de veículos caiu “apenas” 20,5% em julho. E de acordo com matéria publicada no site InfoMoney, a Rosenberg Associados, comentando os dados de junho, afirmou que o quadro para o setor industrial continua “absolutamente aterrador”.

Das contas externas, também não tivemos boas notícias. O fluxo cambial em julho ficou negativo em US$ 1,791 bilhão. O dólar, por sua vez, tem subido sistematicamente frente ao real, tendo atingido sua maior marca em quatro meses ao aproximar-se da relação de R$ 2,30 - o prognóstico de apreciação cambial é uma das mais contundentes considerações do vídeo O Fim do Brasil e eu entendo ser apenas o início de um movimento muito mais profundo.

No que tange à Petrobras, foi denunciado um esquema de farsa envolvendo a CPI da empresa, sem que houvesse nenhuma demissão, voluntária ou compulsória. Se a companhia dispusesse de algo mínimo de governança corporativa, Graça Foster teria imediatamente colocado o cargo à disposição.

Por fim, lembro que o vídeo alertava para a tentativa do Governo de calar vozes dissonantes, numa dinâmica cujo exemplo mais emblemático até o momento era a elaboração de uma lista de jornalistas a serem calados. Se isso já era suficientemente grave, conseguimos estabelecer um novo recorde, a partir das cabeças decepadas no Santander e da retirada de propaganda da Empiricus no Google.

Em resumo, ao menos até agora, as considerações do Fim do Brasil não somente têm se mostrado acertadas, como também vêm se materializando em ritmo superior ao previamente imaginado. Embora já esperássemos deterioração do ambiente, a velocidade da caminhada surpreende.

Os impactos sobre o patrimônio e a poupança das famílias serão dramáticos - já começaram a intensificar-se a partir da desvalorização cambial e da escalada do juro longo nos últimos dias.

Ainda dá tempo de proteger-se e blindar seu patrimônio diante da crise de proporções relevantes que está sendo formada. Fica o convite para você conhecer toda a argumentação ao final deste texto.

Replicando a frase clássica de Michael Stipe e dando-lhe uma pitadinha jaboticada, é o Fim do Brasil, como sabemos, mas eu não me sinto bem. Realmente, eu preferia não estar certo a este respeito.

Fritando nas entrelinhas (capítulo infinito)

As apostas de que a taxa básica de juro pode cair voltaram com força.

Em seu Boletim Regional, o Banco Central retirou a expressão “inflação resistente”, além de afirmar que não teme efeitos inflacionários com a alta do câmbio, dando combustível para o mercado fritar novamente nas entrelinhas.

O mesmo Banco Central que, na ata da sua última reunião, divulgada há duas semanas, fez questão de frisar que seu plano de controle da inflação não contemplará corte nos juros...

... isso, para corrigir uma brecha anterior, de comunicado que dizia que o juro foi mantido nos 11% “neste momento”.

Esse mesmo Banco Central que garantiu que não haveria cortes nos juros (política contracionista) e, um dia depois, anunciou a liberação de compulsório (política expansionista).

Nesse vai-e-vem de referências, o mesmo mensageiro passa seguidas informações díspares, gera volatilidade nos mercados, mais incerteza e parece ignorar um papel básico dos Bancos Centrais: o de lidar com as expectativas. Certamente, essa não é a maior qualidade desse governo como um todo.

01:23- O agravante (e as ressalvas)

Para somar às apostas de queda no juro - que, deixo claro, não compartilho - esta sexta traz manchetes do tipo:

 

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Esclarecimento óbvio, mas necessário: a inflação voltou para o limite de cima da banda, que é 6,5%, mas está longe da meta (de 4,5%).

E a menor taxa para um mês de julho desde 2010 se dá em meio à ressaca natural dos preços após a Copa, portanto, conta com um claro viés sazonal.

Agora, voltando ao comunicado citado na tira anterior...

Se o Banco Central “não teme efeitos inflacionários com a alta do câmbio”, então por que ele está segurando o câmbio, criando uma “encrenca” cada vez maior que terá de ser endereçada mais para frente?

02:03- A inflação escondida

A grande questão aqui não é a inflação atual ou a alta do câmbio.

É a inflação REAL, sem o represamento do câmbio, do preço dos combustíveis, da energia...

Há cerca de 2% de inflação escondida com os preços represados.

Então vamos reduzir o juro agora e adiar mais esses ajustes, agravando ainda mais a “encrenca” lá na frente?

Ou vamos fazer os ajustes, que são inevitáveis, colher o seu impacto sobre a inflação para depois ter de voltar com os juros para cima?

Se bem que estamos acostumados...

O vai-e-vem do Bacen não é só no discurso, mas também no ato...Enter your description

 

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02:57- Jogando para a torcida

Resumo da obra, até aqui: façamos o que está ao alcance para impactos imediatos, depois lidamos com as consequências.

Vejamos pelas ações da Petrobras...

De certa forma, voltar com o papo de reajuste no preço dos combustíveis agora “desarma”, ainda que parcialmente, um dos principais argumentos da oposição, e ainda não coleta o impacto disso sobre os índices inflacionários, o que aparecerá em segundo momento.

Parece um decisão inteligente sob o ponto de vista eleitoral (“parece” pois não tenho gabarito nem experiência para ciência política), mas falta clareza sobre o real impacto sobre a Petrobras e sobre a economia. Perguntas sobre o reajuste: como, quando e de quanto?

Déjà vu?

As ações da Petro subiram pregões seguidos na expectativa pelo Ibope e pela promessa (?) de um reajuste no preço dos combustíveis. Argumentos não se sustentaram. Hoje estão entre as maiores baixas.

Seguimos esperando algum reajuste (que já foi mais do que adiado) e a pesquisa eleitoral mostrou uma melhora marginal das chances da oposição, mas nada significativo (mais sobre os impactos dela no mercado logo abaixo, no PRO).

03:17- À procura da sustentabilidade (nos dividendos)

Essa semana debatemos aqui no M5M o dilema da Oi.

Na verdade, o trilema da companhia ter conciliar elevados investimentos em malha e um processo de desalavancagem, visto que sua dívida líquida monta a R$ 46 bilhões (!), de forma que o seu patamar de geração de caixa mostra-se insuficiente para pagar os juros dessa dívida.

Desfecho inevitável: a política de dividendos gordos da Oi não seria sustentável.

Mesmo sob esse cenário complexo, por anos seguidos a Oi despontou entre os maiores dividendos da Bolsa, sob a ótica do retorno via dividendos (yield). E muita gente ainda pergunta se trata-se de uma boa opção sob a ótica de dividendos.

Como se:

(i) dividendo passado fosse garantia de dividendo futuro;

(ii) O retorno via dividendos em si não estivesse sujeito a distorções, como quedas bruscas no valor de mercado da companhia, (que aumentam o yield) e distribuições e resultados não recorrentes que não voltarão a acontecer.

Na série Vacas Leiteiras de hoje falamos sobre os perigos de olhar apenas o yield, e o que são de fato dividendos sustentáveis, com um contra-exemplo prático ao caso da Oi.


04:09- Tiros no pé

Matéria da Bloomberg destaca a maneira curiosa que o presidente russo Vladimir Putin encontrou para penalizar seus adversário europeus e americanos, via sanções comerciais.

Quem ganha e quem perde mais com a relação abaixo?

+ As exportações para os EUA e Europa representam 13% do PIB da Rússia
+ As exportações para a Rússia impactam cerca de 0,1% no PIB americano
+ As exportações para a Rússia respondem por cerca de 0,8% do PIB da União Européia
+ 86% dos alimentos consumidos na Rússia são importados
+ Disso, os produtos americanos e europeus barrados de entrar na Rússia provém o equivalente a 38% dos alimentos importados que são consumidos no país

Falando em relações comerciais...

Depois do governo brasileiro dizer que a crise vem de fora, foi a vez da presidente argentina Cristina Kirchner culpar o Brasil pela queda na economia argentina:

“O Brasil tem crescimento previsto de 1,3% e é nosso principal sócio comercial”, justificou.

Na nossa relação com os hermanos, pelo menos não podemos nos queixar de desalinhamento de discurso: também para eles, a crise vem de fora.

(Empiricus)

 

EM VEJA, BLOG DE GERALDO SAMOR: -Agronegócio

Ourofino prepara um (raro) IPO do agronegócio

A Ourofino Agronegócio, a maior fabricante brasileira de produtos veterinários, pretende abrir seu capital e levantar recursos na BM&F Bovespa ainda este ano.

Os bancos coordenadores da operação, JP Morgan e Itaú BBA, devem entrar com o pedido de autorização na CVM nos próximos dias.

ourofino-largeA oferta de ações pode chegar a 500 milhões de reais e é uma espécie de unicórnio no mercado de capitais: um IPO em plena campanha eleitoral, uma época sempre marcada pela volatilidade da Bolsa.

A Ourofino tem uma história interessante para contar aos investidores: o Brasil tem o maior rebanho bovino comercial e, por consequência, é um dos maiores mercados veterinários do mundo.

Fundada em 1987, a empresa é uma das que mais crescem no mercado veterinário do País. Seu negócio se divide em três: uma linha terapêutica, com produtos de prateleira como antibióticos e vitaminas; uma linha biológica (vacinas para animais domésticos, cavalos e gado, incluindo contra febre aftosa); e uma linha reprodutiva (hormônios para inseminação artificial).

A Ourofino vem suprir uma lacuna importante na Bovespa: empresas que permitam aos investidores participar diretamente do sucesso avassalador do agronegócio brasileiro. Os nomes atuais são poucos: as três do açúcar e do etanol (Cosan, São Martinho e Tereos), as duas de terra (Vanguarda Agro e SLC Agrícola), a ferrovia ALL e a Fertilizantes Heringer.Ourovac_Aftosa_50ml_OF45

Com sede em Cravinhos, no interior de São Paulo, a Ourofino também faz defensivos agrícolas em uma fábrica com capacidade para 100 milhões de litros por ano.

No mercado veterinário, seus principais concorrentes são o laboratorio MSD Brasil (da Merck e da Schering-Plough), a Zoetis (umspinoff da Pfizer), o Hertape Calier e a Vallée.

A Ourofino também exporta para a América Latina, Ásia e África através de sua unidade de negócios Ourofino Animal Health.

Os fundadores da Ourofino, Jardel Massari e Norival Bonamichi, são amigos desde que passaram a infância juntos na cidade de Inconfidentes, no interior de Minas.

Decidiram largar a vida de assalariados para empreender e, com as economias, começaram uma distribuidora. Com o sucesso do negócio, resolveram começar a fabricar os próprios produtos. Tanto Massari quanto Bonamichi se formaram como técnicos agrícolas e mais tarde estudaram zootecnia.

No meio rural, a Ourofino é conhecida por fazer um bom trabalho com seus “promotores técnicos”, veterinários que vão a campo fazer palestras sobre saúde animal e aplicam os remédios direto no couro do gado.

Por Geraldo Samor, de veja.com.br

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Fonte:
Empiricus

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